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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Blue Head Horse - Reprocessamento de uma captura problemática.



A Cabeça do Cavalo azul é uma nebulosa de reflexão das mais difíceis de se registrar. Bastante pálida e inacessível a filtros de banda estreita. Como acontece com as galáxias mais pálidas, é necessário deslocar-se para regiões escuras, como fazendas isoladas, para um bom registro. A Nebulosa está localizada próxima à cabeça do Escorpião, sendo visível principalmente durante o inverno. Apesar disso, não é um alvo muito comum entre os astrofotógrafos durante os encontros de Astrofotografia, por dois motivos, primeiro, mal aparece nos single frames, como você pode ver na imagem final do post, o que pode desanimar um pouco os astrofotógrafos. Mas acredito que a principal razão é pela nebulosa ter uma tamanho aparente muito grande, sendo um objeto ideal para fotografia com lentes. A imagem do post foi feita com uma lente de 135mm. Como a maioria dos Astrofotógrafos utiliza telescópios nestes encontros, são poucos os que tem equipamento adequado para o registro, como o Carlos Fairbairn, que já fez ótimos registros da nebulosa.

Eu tinha uma boa captura da Cabeça do Cavalo Azul. 36 frames de 3 minutos feitos com a lente de 135mm e Canon T2i no longínquo ano de 2014. Bem, boa captura entre aspas. Apesar do bom tempo de exposição total, com quase duas horas; dos frames estarem numa boa duração, em ISO 800 e das estrelas estarem redondas, os frames apresentaram problemas bastante difíceis de lidar: escurecimento na parte inferior e uma mancha rosada na parte esquerda inferior. Esse problema esteve em praticamente todas as capturas com DSLR daquele EBA, me fazendo pensar que, a minha Canon T2i havia chegado ao fim precocemente. Mas, após aquele evento, analisei que talvez o intervalo entre os frames, de cerca de 15 segundos para lightframes de 3 minutos, talvez tivesse sido muito curto. Logo, desde aquela época, tenho ajustado intervalos bem mais longos entre os frames de captura. Na opinião de alguns colegas astrofotógrafos, talvez até um pouco demais. Hoje, para frames de 3 minutos, numa câmera sem resfriamento, os intervalos que eu daria para o sensor esfriar seriam provavelmente de um minuto.

Não sei se os intervalos que tenho dado em minha captura estão exagerados. Sinceramente, não sei se havia alguma outra coisa afetando a captura naquela época, mas, desde que aumentei o tempo dos intervalos entre os frames, problemas assim nunca mais apareceram.

Abaixo, vemos um single frame da captura que gerou a imagem da Cabeça do Cavalo Azul. Nela percebemos alguns detalhes suaves da Nebulosa, que depois seriam realçados, com o filtro mínimo, para diminuição das estrelas; aumento da saturação; e "Ajuste Automático de Cores", no Adobe Photoshop. O processamento final bem que poderia ser um pouco mais cuidadoso, evitando-se estourar as estrelas da nebulosa vizinha, Rho Ophiuchi. O problema, devo admitir, é a falta de tempo, mas com o fim da produção de meu livro de fotos "O Viajante Espacial", que deve ser publicado mês que vem, eu devo ficar mais tranquilo, até por que o ano de 2018 está cheio de projetos, que eu devo falar no próximo Post.

Frame única da captura do Post, como aparecia na câmera.



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Nebulosa de Véu no EBA - Um pouco sobre a lente de 200mm FD - Parte 1

Nebulosas do Véu do Oeste e do Leste fotografada com Lente de 200mm F2.8 FD, Canon T2i modificada para astronomia e Montagem Celestron CG-5, sem o uso de guiagem


Acho que nem todo mundo aqui sabe, mas eu tenho uma lente de 200mm F2.8 da Canon. Sim é a lente dos sonhos de todo astrofotógrafo. Só que tem um porém, ela não é a moderníssima Canon EF 200mm f/2.8L II USM vendida hoje por quase 800 dólares no exterior e encontrada no Brasil por algo em torno de três mil reais no Mercado Livre ou na feira do Paraguai mais próxima de você. Trata-se de uma lente da época da fotografia com filme. Eu não sei exatamente quantos anos essa lente tem, mas uma coisa posso dizer, ela deve ser mais velha do que a maioria das pessoas que lê este blog.

Então  quer dizer que posso usar qualquer lente antiga da Canon na minha câmera digital, economizando milhares de reais e conseguindo resultados como as das lentes mais caras?

Bem, não é por aí.

Pra quem não sabe, FD é como a Canon chamava o encaixe das suas câmeras até o ano de 1987, quando foi introduzido o encaixe do tipo EF, que trouxe a eletrônica às lentes, embora ainda com o uso de filmes. O problema é que, em relação as modernas câmeras digitais o foco das lentes FD foi parar mais para dentro do sensor e DSLRs da Canon que usam lentes FD não conseguem foco no infinito, o que as inutilizou para astrofotografia.

É claro que os fotógrafos que possuem lentes FD caras não vão deixar isso barato, e trataram de adaptar as lentes às câmeras  digitais. Os chineses não perderam tempo e criaram adaptadores que além de mudar o encaixe das lentes FD para EF, incluíam um pequena *peça óptica adicional com a função de colocar o foco mais para dentro da câmera e atingir o sensor. Seria muito legal se não fosse um detalhe, uma única peça óptica, com somente a função de mudar o foco, certamente cria aberrações na óptica se não tiver outras peças para fazer as devidas correções. Pior ainda (muito pior mesmo!) é que essa peça óptica não é feita pela própria Canon, mas uma companhia chinesa desconhecida. O resultado é que esses adaptadores prejudicam demais a qualidade final das lentes, sendo totalmente desaconselhados por astrofotógrafo.

Mas um belo dia um fotógrafo muito pão duro teve que enterrar um parente e, para economizar uns trocados, comprou o menor caixão possível. Só que o falecido, de um metro e noventa de altura, não estava cabendo no caixão. Foi aí que o fotógrafo teve uma "grande ideia" e disse ao coveiro que serrasse as canelas do cunhado e tirasse uns vinte centímetros de pernas do infeliz. Depois era só cobrir com a calça que ninguém perceberia, já que ele ia ser enterrado deitado mesmo. Durante o  velócio, um ou outro parente soltou algo do tipo "Eu jurava que ele era mais alto", mas no final o plano foi um sucesso.

Logo depois do enterro, o fotógrafo lembrou de sua lentes FD caras que estavam acumulando mofo no armário, pois eram longas demais para o foco no infinito chegar ao sensor. Ele pensou: por que eu não faço o mesmo com minhas lentes!

E foi assim que a minha lente 200mm FD foi adaptada. Ele foi cortada antes de receber o adaptador EF, para diminuir seu comprimento e poder caber no caixão, quer dizer, conseguir atingir foco no infinito com as câmeras digitais. Não fui eu que fiz ou mandei fazer isso com minha lente de 200mm FD, comprei ela no Mercado Livre já modificada. É raro achar lentes FD adaptadas dessa forma, por isso tenha muito cuidado antes de comprar uma lente antiga que você não conhece, principalmente se for da Canon.

Desde a aquisição desta lente de 200mm FD, ela tem sido uma parceira indispensável nas imagens feitas em banda estreita com a CCD. Ela tem uma vantagem muito grande em relação a 200mm EF USM (além de ter custado menos da metade de uma lente nova), a abertura do diafragma pode ser ajustada manualmente, me permitindo ajustar a abertura enquanto fotográfo com a CCD. Inclusive deixando ela mais aberta quando estou localizando e enquadrando o objeto, podendo diminuir o tempo deste processo e fechando um pouco o diafragma quando eu começo a fotografar pra valer, o que melhora a qualidade da imagem. Se ela fosse do tipo EF, eu precisaria colocar a lente na câmera Canon T2i toda vez que quisesse mudar a abertura do diafragma e fazer um processo chato e perigoso de tirar a lente da câmera enquanto uma foto em longa exposição está sendo feita.

A lente FD claramente tem uma óptica inferior a 200mm EF. Ela não tem coma e nem aberração esférica, mas tem aberração cromática de sobra. O resultado disso são estrelas com halos azuis e violetas enormes quando uso a lente com a Câmera colorida, mas como com a CCD geralmente fotografo em banda estreita, essas aberrações desaparecem, já que com filtros de banda estreita, a faixa de luz capturada é muito restrita, não deixando passar a luz que geraria os halos.

O resultado disso é que as fotos que tenho feito com essa lente na CCD tem me dado orgulho, já as que faço com a DSLR podem até me deixar feliz, mas exigem dias de processamento, muitas tentativas e muitos erros até, quem sabe, ficarem boas.

A foto acima, da Nebulosa do Véu inteira, foi particulamente desafiadora, já que é uma região repleta de estrelas, tornando o problema dos halos ainda mais agravante. Apesar deste problema, me impressiona a capacidade da lente de capturar com nitidez os detalhes da nebulosa, a imagem abaixo mostra bem isso.


Crop da imagem anterior com processamento diferente.

 
O resultado do EBA é que a lente de 200mm FD tem um problema sério de aberração cromática, mesmo assim, acho que talvez seja um pouco cedo para me desfazer da lente. Ela tem seus pontos positivos e não sei se a 200mm EF irá mesmo superá-la na fotografia com a CCD. Eu já fiz uns testes e sei que se fechar mais o diafragma da 200mm FD, poderei conseguir estrelas bem mais pontuais. O preço que pagarei por isso é que precisarei de tempos maiores de exposição. A imagem acima foi feita sobre uma montagem sem guiagem, limitando o tempo de exposição a frames de 2 minutos, sendo que o ideal teriam sido frames de pelo menos 5 minutos, ou aumentar o ISO e fazer mais frames, coisas que eu não fiz. Por isso eu ainda espero conseguir bons resultados com esta lente.
 
*por peça óptica adicional entenda-se lente, mas a minha professora de redação dizia que eu não devia ficar repetindo muito as palavras num mesmo parágrafo.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Meu primeiro AAPOD!! Centro da Via Láctea fotografado com lente de 50mm

A imagem vencedora do AAPOD de 19 de agosto de 2014, feita num ENOC que participei no meio de 2013, mas só encontrou o seu processamento definitivo dois meses atrás.

Ontem tive uma bela ao chegar em casa. Tinha recebido um e-mail me avisando que, pela primeira vez desde que comecei na astrofotografia, uma imagem minha havia sido selecionada para o Amateur Astronomy Picture of The Day. Trata-se de um registro do Centro da Via Láctea feito com uma lente de 50mm F1.8 da Canon.
 
Eu já falei muitas vezes desta lente aqui no blog. Trata-se de longe do melhor custo benefício da Canon. Você pode encontrá-la por pouco mais de 300 reais em sites de leilão e produzir imagens de qualidade profissional com ela. Para astrofotografia é uma excelente lente para se começar se você tem uma DSLR e uma montagem equatorial motorizada, mesmo dos modelos mais simples, como por exemplo, uma EQ-1 com motor de acompanhamento simples.
 
A escolha para o AAPOD é um passo a mais no meu desenvolvimento como Astrofotógrafo e um reconhecimento de um site estrangeiro, o que me deixa muito feliz, já que, apesar de ser muito popular entre os amantes da Astronomia brasileiros, meu trabalho é bem pouco conhecido lá fora.
 

domingo, 10 de agosto de 2014

Sétimo EBA - Andrômeda com a Lente de 200mm FD

A Galáxia de Andrômeda, registrada com 40 frames de 2 minutos.


A Galáxia de Andrômeda, ou M31 é a rainha das galáxias no céu. Nenhuma outra galáxia aparece de forma tão espetacular como ela. Possui um comprimento aparente duas vezes maior do que o diâmetro aparente da Lua, é visível a olho nu da periferia de uma uma cidade média e é uma bela visão até para telescópios pequenos ou mesmo binóculos.

Com tanto brilho e tamanho, conseguir uma boa imagem de andrômeda era para ser algo fácil, mas quem já tentou obter uma grande imagem de M31 sabe que não é bem assim. Num céu com poluição luminosa um bom registro é quase impossível e mesmo num céu escuro, a imagem que aparece depois do empilhamento nada lembra algumas imagens espetaculares que vemos principalmente de alguns astrofotógrafos do norte. Sim, por que além de tudo, aqui no Sul ainda temos o problema de M31 estar baixa no horizonte, aumentando ainda mais o desafio.

A quarta noite do Sétimo encontro de Astronomia foi marcada pela chuva que a antecedeu, durante a tarde, e por um início com o céu totalmente nublado e até ameaçando algo pior. E como a noite anterior tinha sido de produtividade zero pra mim, por causa das nuvens, o resultado disso foi que, às onze horas da noite, eu estava dormindo. Felizmente um colega, que precisava de um acessório emprestado, bateu na porta do meu quarto avisando que o céu havia limpado completamente (e é claro, perguntando pelo acessório).

Uma hora depois, com o setup totalmente montado, era hora de testar pela primeira vez a lente de 200mm FD F2.8 da Canon com a DSLR. Esta lente eu comprei ano passado, no mercado livre. Lentes antigas do tipo FD, fabricadas pela Canon, normalmente não se adaptam às DLSRs modernas, pois o sensor das câmeras digitais da Canon está um pouco mais afastado da lente do que os filmes nas câmeras analógicas. Isso faz com que o foco no infinito esteja mais para dentro do que a lente pode alcançar. Assim o único jeito de se conseguir usar lentes FD para astrofotografia numa câmera digital da Canon é usando um adaptador óptico ou cortando a lente para diminuir seu comprimento.

A Nebulosa da Califórnia recebeu 30 frames de 2 minutos


Um adaptador óptico é um adaptador que permite conectar a lente tipo FD numa câmera com baioneta EF, das lentes modernas, mas que incluí uma lente para puxar o foco um pouco para fora. Existem basicamente dois tipos destes adaptadores. Genéricos, que podem ser encontrados no mercado livre por pouco mais de uma centenas de reais e os da própria Canon, que dizem ser caríssimos. Só os segundos prestam e dizem que são tão caros que só vale a pena se você era dono de uma Teleobjetiva de milhares de dólares para valer a pena o uso. Os adaptadores ópticos genéricos não são recomendados por ninguém, embora eu nunca tenha usado um. afinal, se ninguém recomenda, eu não quis gastar dinheiro com isso.

Mas a lente FD de 200mm F2.8 que encontrei no mercado livre era especial. Além da troca no encaixe de FD para EF, ela teve o tamanho de seu tubo encurtado para que a lente atingisse o foco no infinito numa DSLR, por isso a imagem chega ao sensor sem nenhuma distorção provocada por outra lente.

É claro que, mesmo com a adaptação, de forma alguma significava que essa lente FD seria tão boa quanto a atual Canon EF 200mm f/2.8L II USM que é hoje um dos sonhos de consumo para quase todo astrofotógrafo. A FD tem 7 elementos, contra 9 da EF. além disso as lentes são separadas por décadas de evolução tecnológica. a escolha pela FD foi pela custo (1200 reais contra 2800 da EF) e pelo diafragma ainda ser manual, o que facilitaria demais o uso deste lente com a CCD Atik 314L, já que o adaptador óptico que uso com a Atik não controla o diafragma das lentes atuais da Canon, sendo necessário para fechar o diafragma de uma lente EF, colocar ela na DSLR e retirar a lente com a máquina disparando uma imagem em longa exposição. Algo que a câmera pode não aceitar muito bem.

Canon FD de 200mm. Muito leve e com diafragma manual é perfeita para astrofotografia com CCD em banda estreita, mas para DSLR é necessário fechar um pouco mais o diafragma, exigindo mais tempo de exposição.


Com a Atik 314L e filtros de banda estreita esta lente FD de 200mm sempre se mostrou uma escolha perfeita, não deixando nada a desejar na fotografia em banda estreita. Mas vale lembrar que, para fotografia em banda estreita, não é exigido muito da óptica de uma lente. Já que o filtro deixa passar só uma pequena faixa do espectro. Por isso, mesmo que a lente apresente aberrações cromáticas, causada pela dispersão da luz, ela não vai afetar o resultado final. Já o coma e a aberração esférica podem ser um problema grave, obrigando o astrofotógrafo a fechar o diafragma até que eles desapareçam. Na CCD a lente de 200mm FD fotografa bem com o diafragma fechado em F4, muito bem em F5 e maravilhosamente em F6. Com a DSLR, percebi que é necessário somar 1 para cada um dos valores anteriores.
As imagens que fiz com a FD na DSLR tiveram uma grande complicação durante o EBA. Como este setup foi colocado numa montagem sem autoguiagem, eu não consegui tempos de exposição acima de dois minutos, o que me obrigou a abrir o diafragma mais do que seria o ideal (F4), e mesmo assim não acredito que captei o tempo de exposição necessário para algumas imagens.

O maior problema foram as estrelas, que ficaram com halos violetas em torno delas. Se eu pudesse ter fechado mais o diafragma, eles desapareceriam, mas daí muito pouco dos objetos apareceria.
Os resultados com a lente de 200mm FD ficaram aquém do esperado, tando que após esta noite eu não voltei a utilizá-la com a DSLR, mas acredito que numa montagem com a autoguiagem funcionando, com tempo de exposição de cinco minutos e o diafragma mais fechado, esta lente pode produzir imagens muito interessantes. Por isso não pretendo me desfazer dela até o próximo EBA, ainda mais com os excelentes resultados que ela produziu com a CCD em banda estreita, a melhor imagem que fiz no EBA, que ainda não foi publicada, foi com esse setup.

No oitavo EBA eu devo colocar a 200mm FD na DSLR, mas dessa vez com autoguiagem ao lado, para imagens realmente boas.


quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sétimo EBA: A cauda do Escorpião, para ver grande


Região da "Cauda" da Constelação do Escorpião
Alto Paraíso - Goiás - 24 de Julho de 2014
25x300 segundos ISO 800 (Canon T2i Modificada)
Lente: Canon Ef 50mm F/1.8 II
Montagem: CG-5 GT
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

CLIQUE AQUI PARA VER A IMAGEM NA RESOLUÇÃO MÁXIMA!!

Eu sempre digo que a lente de EF 50mm F1.8 II da Canon é com certeza o melhor custo benefício desta marca. Custando cerca de 400 reais numa feira do Paraguai ou no Mercado Livre, essa lente consegue fazer com que DSLRs de entrada produzam imagens que nada deixam a dever às DSLRs profissionais. qualquer outra lente que traga imagens comparáveis a 50mm F1.8 custará algumas vezes, ou mesmo dezenas de vezes o seu preço. Acho até que as câmeras DSLRs vendidas com lente deveriam vir com esta lente e não as tradicionais 18-55mm que as acompanham.

Para astrofotografia, a lente de 50mm F1.8 é uma pequena maravilha. Numa boa montagem com acompanhamento sua distância focal permite longos tempos de exposição, mesmo sem o uso de auto- guiagem, e com tanta nitidez que se você cortar um pedaço da imagem, pode até fazer alguém acreditar que aquele pedaço foi feito com um bom telescópio.

A 50mm F1.8 só tem dois defeitos. Primeiro, o campo demasiadamente grande é mais indicado para alguns pontos específicos do céu, e um uso regular da lente poderá fazer você em pouco tempo ficar sem saber o que registrar com ela. O segundo ponto a se considerar é que você de forma alguma deve pensar que poderá fazer suas imagens astrofotográficas com a lente em sua maior abertura: F1.8. O resultado será catastrófico, com estrelas gigantescas na borda, correndo para longe do centro.  A lente deve ser fechada em pelo menos F3.2 para resultados realmente bons. Na imagem acima eu fechei em F4 e mesmo nesta abertura é possível perceber que as estrelas da borda não estão redondas.

Mas nada do que foi escrito até aqui me faz pensar que não valha a pena levar uma 50mm F1.8 para um local como a pousada onde foi realizado o Sétimo Encontro Brasileiro de Astrofotografia, e o resultado da imagem acima é prova disso. Foi um enquadramento que eu nunca tinha feito e que me deixou muito feliz. O resultado, em termos de nitidez e cores está muito próximo do ideal para o tempo de exposição.

Um crop da imagem anterior, mostrando as Nebulosas Pata do Gato e da Lagosta. Essa imagem pode fazer um novato acreditar que ela foi feita com um telescópio e não com uma lente que cabe na palma da mão.

domingo, 14 de julho de 2013

Sexto EBA: Alpha Centauri, Hadar e, principalmente, Proxima Centauri


Clique na imagem para ver maior

Chegou a hora de começar a mostrar as fotos que fiz no Sexto EBA. Começo com a primeira foto de Wide Field que fiz. Os alvos foram as estrelas Alpha Centauri e Hadar. Uma das poucas áreas que não estavam cobertas por nuvens naqueles primeiros momentos da noite de sexta-feira em que o EBA começou (os dois primeiro dias tiveram algumas nuvens que depois sumiram, para alegria de todos).

Trata-se de uma imagem simples, composta por 32 frames de apenas 45 segundos de exposição, feitos com a Canon T2i sobre a montagem CG-5GT e com a lente de 135mm. Vale lembrar que a minha CG-5GT, que parecia estar com problemas, trabalhou muito bem no EBA, me deixando mais tranquilo em relação a seu funcionamento. Com o passar dos dias, eu fui aumentando o tempo de exposição, enquanto aperfeiçoava o alinhamento da montagem.

O mais legal da foto acima é que o objeto mais interessante para mim é apenas um pequeno ponto vermelho, que aparece misturado com a infinidade de estrelas. Trata-se de Proxima Centauri, a terceira estrela do sistema de Alpha Centauri, composto por duas estrelas de tamanho próximo ao Sol e uma anã vermelha, Próxima Centauri. Esta estrela é conhecida por ser a mais perto da Terra depois do Sol e é curioso que seja tão difícil de achar. Também acho surpreendente que esteja a enormes 0,2 anos luz de seu sistema central. Plutão, por exemplo, está a apenas 5 horas luz do nosso Sol. A estrela é considerada como parte do sistema de Alpha Centauri por estar presa gravitacionalmente às duas irmãs maiores, orbitando em torno do centro gravitacional das duas.

Abaixo eu fiz um crop da imagem acima. Neste crop vemos a posição de Proxima Centauri. Me surpreende ver como a estrela esta longe de seu sistema central e também por ser pouco tão pouco brilhante para a estrela mais próxima do Sol. Deve ser pouco visível até mesmo de um planeta em seu sistema central, brilhando como uma estrela pálida no céu. Já li histórias de que se desconfiava que o nosso Sol também teria uma estrela vermelha o orbitando, chamada Nêmesis, mas nunca foi encontrada e provavelmente nunca será, pois a sua ação gravitacional já teria sido identificada.

Proxima Centauri. A estrela mais próxima do Sistema Solar é o ponto vermelho ao lado da seta.


sábado, 8 de junho de 2013

Nebulosa da Lagoa com a Atik 314L - Finalmente o CCD no telescópio!

A primeira da Atik no telescópio. O resultado me deixou muito feliz.

Demorou um tempão, mas finalmente fotografei um objeto de céu profundo com a CCD monocromática Atik 314L usando o ED de 102mm. Na verdade deste o dia 30 de outubro de 2012, sete meses atrás, eu não tirava uma foto utilizando telescópio (Estou desconsiderando as imagens feitas com o Fabrício, onde eu somente ajudei).

Fotografar com telescópio é muito mais difícil do que se fotografar com lentes. Principalmente num CCD com sensor pequeno como o meu. O campo é muito menor, a distância focal maior torna o alinhamento muito mais difícil, sendo praticamente obrigatório o uso de auto-guiagem, até por que em meu ED a captação de luz, em F7, é muito mais lenta do que nos F2.5 que costumeiramente uso na lente. Tudo isso me afastou um pouco da astrofotografia de céu profundo com telescópio nos últimos meses, tanto que no último Enoc eu nem cheguei a levar o ED.

Mas a verdade é que eu nunca desisti da astrofotografia com telescópio, pelo contrário, durante este período estive mesmo é melhorando o Setup, principalmente a auto-guiagem. A guiagem antes era feita atráves de um TravelsCope da Celestron, de 70mm colado aos anéis do ED 102mm com durepox. Agora é feita com um Miniguider de 50mm da Orion, que nada mais é do que uma buscadora de 50mm em que você pode colocar a sua câmera de Guiagem. Eu coloco ela no lugar da buscadora na hora de fotografar e deixo o setup muito mais leve do que antes. O baixo peso da Atik 314L+ e do conjunto para filtros de 1,25 também ajudam a tornar as coisas muito mais leves para a CG-5GT.

O Setup com o telescópio. Em cima, vemos a auto-guiagem com o Miniguider de 50mm e a DBK41.

O primeiro alvo escolhido para fotografar com  a CCD foi a Nebulosa da Lagoa, que se revelou um alvo fácil de achar por seu brilho, mas difícil de enquadrar devido ao grande tamanho para o sensor da Atik 314. Eu até admito que o ideal na foto acima teria sido girar a câmera 90 graus antes de começar a capturar os frames, mas tenho que dizer que estava muito difícil reconhecer o que eu estava vendo com os frames curtos que uso para fazer os ajustes de enquadramento (em média com 10 segundos de exposição).

O ponto mais importante da noite era, sem dúvida, testar a auto-guiagem com o miniguider. Eu sei que com o telescópio só vou conseguir imagens legais com exposições acima de 3 minutos, e em banda estreita (Hubble Palette) o ideal é até que seja mais do que isso. Por isso, se a auto-guiagem não corresse bem, pelo menos aqui da varanda do meu apartamento a astrofotografia com telescópio não teria futuro.

Mas para minha alegria a guiagem com o Miniguider funcionou perfeitamente. Bastou a primeira calibração no software PHD Guiding que a montagem passou a acompanhar perfeitamente a estrela de guiagem. Comecei com frames de quatro minutos, mas logo percebi que poderia aumentar para seis. Só foi uma pena que após três frames de seis minutos o céu começou a nublar, a guiagem se perdeu e achei melhor recolher as coisas, o que foi uma boa ideia, pois o céu não voltou a melhorar.

Apesar das nuvens, consegui três frames de quatro minutos e três de seis minutos, somando meia hora de exposição, o que é um tempo aceitável para um primeiro teste e considerei os resultados muito bons. Fico ansioso para novas fotos, onde a partir de agora, vou ver o universo ainda mais de perto.

Aqui juntei a imagem de ontem (Luminance) com outra capturada com a Canon T2i durante o Quinto EBA (RGB). 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Rho Ophiuchi com a lente de 50mm. Quando o bom também é barato


Vejam a imagem acima. algumas pessoas tem dito que ela é a minha melhor  imagem. Não sei se é verdade, mas tenho que dizer que gostei muito dela. Trata-se do complexo nebular de Rho Ophiuchi, uma das regiões mais bonitas do céu.

A imagem foi feita durante o último Enoc, com a técnica simples de colocar câmera e lente sobre a montagem porcamente alinhada, tentar alguns lightframes e fazer darkframes. A câmera foi a Canon T2i modificada, mas é a lente que tenho que destacar. O "telescópio" usado para a foto acima foi uma lente Canon EF 50mm F1.8, que custa 120 dólares do exterior e no Mercado Livre pode ser encontrada nova por valores entre 300 e 400 reais. Uma pechincha em se tratando de lentes. Na verdade acho que é a lente mais barata da Canon.

Apesar de ser muito barata, a lente EF 50mm F1.8 sempre foi uma grata surpresa em praticamente todas as situações em que a utilizei. Seja filmando em locais escuros com a GH2, seja fotografando minha família ou mesmo paisagens, a qualidade desta lente sempre me impressionou. Enquanto a lente 18-55mm que vem com o kit da Canon trabalha em 50mm com uma distância focal de F5.6, a fixa EF 50mm F1.8 consegue ser até nove vezes mais rápida nesta mesma distância focal. Ou seja, o que a lente do kit faz em um décimo de segundo, a F1.8 precisa de apenas um centésimo. Isso pode significar a diferença entre precisar ou não de um tripé para fotos normais.

Mas não é só isso. Com uma abertura de F1.8 mesmo uma foto feita sob a luz do Sol fica muito melhor, pois fica com mais profundidade, pois com ela conseguimos aquele belo efeito em que vemos as pessoas em foco e o fundo completamente desfocado, dando muito mais destaque para o alvo da foto enquanto com a lente 18-55 a imagem fica chapada.

Mas é claro que em Astrofotografia não basta a lente ser clara, ela também precisa ser uniforme, garantindo o foco em toda a sua extensão e não produzindo coma na imagem final. Sim, a 50mm F1.8 não produz uma imagem plana com o diafragma totalmente aberto, mas na boa distância focal de 3.2 a imagem fica perfeita. A 18-55mm do kit também não fica perfeita em F5.6 precisando fechar ainda mais a lente.

Com uma distância focal de apenas 50mm, o alinhamento não precisa estar em sua plenitude, por isso pude fazer tempos de exposição de 90 segundos para a imagem acima sem que as estrelas apresentassem arrasto.

Eu acredito que é esta lente de 50mm que deveria acompanhar as DSLRs de entrada e não a 18-55mm, que sou obrigado a dizer, é de qualidade sofrível quando comparada com esta 50mm. Na verdade todas as lentes Zoom baratas da Canon, como a 70-300mm ou a 55-200mm são sofriveis. Mas acho que a 50mm não acompanha as câmeras por que as pessoas (eu me refiro ao público leigo) estão acostumadas demais com a ideia de que boas câmeras são as que tem mais zoom e não aceitariam bem uma lente sem  nenhum zoom, mas a verdade é que me parece que muitas pessoas só veem o quanto as suas DSLRs podem ser superiores a uma câmera compacta ou mesmo uma superzoom quando adquirem esta lente. Talvez por isso a 50mm F1.8 seja tão barata, o seu preço é a melhor forma de atrair os proprietários de DSLR para o mundo das lente de grande abertura.

Abaixo segue outra imagem com a mesma lente, dessa vez destacando o centro da Via Láctea.



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Vigésimo Primeiro ENOC, finalmente um céu escuro

O Cruzeiro do Sul, com a Canon T2i e a lente de 135mm F2.0

Cruzeiro do Sul
Luziânia - Goiás - 11 de maio de 2013
Exposição 21x90 segundos ISO 800
Canon T2i modificada
Canon 135mm F2.0 @2.5
Celestron CG-5GT

Esse fim de semana foi de Encontro Observacional do CAsB, quando o Clube de Astronomia de Brasilia organiza um evento numa fazenda ou pousada distante das luzes de Brasília para desfrutarmos de um céu sem poluição luminosa. Nesta edição o encontro foi numa fazenda, próxima de Luziânia, em Goiás. O Local não tem um céu como o da chapada dos Anões, mas é um deleite para quem está acostumado com o céu urbano de Brasília.

Eu fiz sete fotos. Quatro boas, duas mais ou menos e uma fail. Muito para uma noite apenas, já que não pude ir na sexta, devido ao trabalho. O elevado número de fotos numa única noite é principalmente pelo fato de que o Setup usado foram duas lentes, as Canons F135mm F2.0 e a 50mm F1.8, que foram usadas não com a Atik 314L, mas sim com a Canon T2i modificada, já que a Atik 314L foi distraidamente esquecida em casa.

No fim acho que ter esquecido a Atik foi algo até bom. Num céu escuro, bom mesmo é usar a Canon, que sendo colorida e tendo um grande campo acaba sendo muito mais divertida de usar do que a CCD monocromática. 

Me impressionou, principalmente, em ver como a lente 135mm F2.0 se comportou de maneira totalmente diferente da DSLR em relação à CCD. Na CCD focar é um martírio, e quando você pensa que atingiu o foco perfeito a imagem bagunça e halos surgem nas estrelas, quando os halos somem a imagem fica com um coma enorme, o que era inesperado para um sensor muito menor do que o da T2i. Nesta, mesmo em F2.0 a lente de 135mm quase não apresenta coma. A imagem acima foi feita com o diafragma aberto em F2.5 e não houve crop nem correção do coma. Mostrando que a lente valeu a grana pesada que investi nela.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

NGC 6188, Nebulosas da Lagoa e Trífida num bom sábado de astrofotografia

NGC 6188. A imagem ficou bonita, mas não ficou com a riqueza de cores esperada de uma foto em Hubble Palette.

Ultimamente o céu anda super instável aqui em Brasília. a maioria das noites tem sido nubladas, mas a qualquer momento você pode ser surpreendido por uma noite de céu limpo. A noite da sábado, quando eu estou descansado e não tenho que acordar cedo no dia seguinte, é disparada a melhor noite para astrofotografia. Por isso ter céu limpo justamente na noite de sábado, quando em todas as outras o céu esteve fechado, é para mim a maior sorte que pode acontecer. E foi isso que aconteceu no último fim de semana.

Tendo o céu aberto, a principal questão que passa pela minha cabeça é: Qual objeto fotografar. Isto ficou ainda mais importante agora que tenho uma câmera monocromática. A gente fica doido para tentar um objeto novo, de preferência que não tenha fotografado antes, mas também há várias imagens em que foram captados apenas frames em H-Alpha esperando por frames com os outros filtros para ficarem coloridas. Voltar para o mesmo objeto de semanas anteriores é mais chato, mas pode ser recompensador com uma bela imagem no final.

Bem, como o tempo ajudou no sábado, tentei fazer as duas coisas. Capturei os frames com os filtros de enxofre (SII) e Oxigênio (OIII) da Nebulosa NGC 6188 e aproveitei o resto da noite (antes da corrida de Fórmula 1, o único evento televisivo ao qual eu realmente dou importantância) para pegar alguns frames da Nebulosa da Lagoa e Trífida com o setup Atik 314L+Canon135mmF2.0.

Nebulosa da Lagoa e Trífida, mais uma imagem em que eu junto o Luminance capturado com a Atik com o RGB da Canon T2i, ambos capturados com lentes de 135mm.


Os resultados ficaram bons, não perfeitos, mas bons. Ainda tenho problemas com alinhamento dos frames devido ao coma apresentado pela lente quando mais aberta. No próximo fim de semana quero fazer uns testes com a lente em F4.0 para ver se ela realmente fica plana nessa distância focal com a Atik 314L.

Algo que marcou está noite foi saber que enquanto o céu estava totalmente aberto em Águas Glaras, a apenas vinte quilômetros dali, um amigo me informava que em Sobradinho o céu permanecia completamente fechado. Era até difícil acreditar nisso, mas a foto abaixo, tirada não deixa dúvida de que mesmo estando tão perto, o céu não estava nada bom em Sobradinho, mais engraçado ainda foi saber que ficou assim a noite inteira.

Enquanto no Águas Claras tínhamos um céu bastante razoável, do outro lado do Distrito Federal, em Sobradinho, as nuvens não davam chance.


segunda-feira, 18 de março de 2013

Fim de semana em preto-e-branco, mas com qualidade!

NGC 6188, bela nebulosa próximo ao asterismo da constelação de Escorpião. Reparem na supernova na parte inferior esquerda da foto.

É com muita alegria que digo que este último fim de semana não passou em branco em astrofotografia, passou em preto e branco, com boas fotos em H-Alpha. Na noite de Sábado para Domingo algumas nuvens chegaram a querer incomodar, mas deu pra brincar bastante com a Atik 314L+, a Canon 135mm F2.0 e o filtro H-Alpha 7.5nm.

Primeiro, vamos falar dos problemas: a Atik estava esquisita, não estava estabilizando a temperatura, embora raramente passasse de um grau acima da temperatura programada. Eu até coloquei o vidro de vedação de volta, mas não adiantou. Desconfiei da qualidade da alimentação elétrica do meu apartamento e conectei ela no Powertank (uma bateria feita para telescópios), mas não fez diferença. Também quando eu fazia frames curtos notei um ruído estranho, que desaparecia em frames mais longos. Esses problemas não pareceram afetar a imagem final, mas é bom eu ficar de olho.

Em relação a lente, estou alegre de ver que os halos, que tanto me atormentaram nos primeiros dias, praticamente desapareceram, mas noto que mesmo em F/2.5, ela apresenta coma, algo que, no nível em que pretendo fotografar, não é aceitável, por isso acho que terei que fechar ainda mais a lente. Espero que eu não tenha que passar de algo como F/3.0, se não vai ficar complicado, pois a captação vai ficar muito lenta acima disso. Só pra vocês terem ideia F/3.0 é 125% mais lento que F/2.0 e 44% mais lento do que os F/2.5 que usei nas imagens de hoje.

Bem mais brilhante, não foi preciso mais do que dois minutos para tirar muitos detalhes de Eta Carinae
A boa notícia é que estou conseguindo fazer frames de até 5 cinco minutos com o setup sobre a CG-5GT e acho que ainda posso conseguir mais. Algo em torno de 6 a 10 minutos. Com um tempo de exposição assim, fotografar com a lente em F/3.0 seria totalmente aceitável.

Os Alvos da noite foram duas grandes Nebulosas, cujo tamanho aparente se mostrou no limite do campo de  enquadramento da Atik 314L em 135mm, que não é pequeno. A primeira, fotografada entre as oito e nove da noite de sábado, foi a Nebulosa de Carina (que eu costumo chamar de Eta Carinae, o que não é a mesma coisa, rss). Essa Nebulosa é muito brilhante, por isso eu não precisei de mais do que dois minutos de exposição em cada um dos 27 frames.

Fiz questão de enquadrar a nebulosa Gabriela Mistral na imagem. Trata-se da nebulosa que você vê abaixo, na parte superior direita, repare que parece com o perfil desta senhora, agraciada com o Nobel de Literatura de 1945. A dica da nebulosa foi do Astrofotógrafo Gerson Pinto, que publicou uma foto da mesma nebulosa.

Nebulosa Gabriela Mistral, na verdade um pedaço meio desgarrado da Nebulosa de Carina, cuja forma parece o rosto desta escritora visto de perfil

Mas, apesar de não estar perfeita por causa do coma, não há dúvidas de que a grande imagem do fim de semana é a que aparece no topo deste post, da Nebulosa NGC 6188, na constelação de Ara, primeiro por que eu devo ser um dos primeiros a fotografá-la no Brasil e segundo que, com duas horas de exposição, tirar um foto destas de um apartamento no meio de Brasília e uma alegria enorme, mostrando que, com um bom filtro H-alpha, não há limites para o que posso fotografar, em termos de nebulosas, da varanda do meu apartamento. Vale lembrar que, para conseguir a imagem colorida, será necessário mais 4 horas de exposição, totalizando 6 horas. Eu vou ter que ter muita paciência para terminar esta foto e as outras duas últimas da qual captei o H-Alpha (Carina e aquela com a Pata do Gato e Lagosta).

É isso aí pessoal, até os próximos posts!

domingo, 10 de março de 2013

Nebulosas Pata do Gato e Lagosta, finalmente sem os enormes halos

NGCs 6334 e 6357. O filtro H-alpha realmente ignora a poluição luminosa de Brasília.

Após três semanas de muitas chuvas aqui em Brasília, finalmente o tempo resolveu me dar uma colher de chá, embora nem de longe tenha sido o ideal. Na madrugada de sexta para sábado, depois das duas da manhã, o céu abriu um pouco e eu pude tentar mais uma imagem com a Canon 135mm F2.0, com o objetivo principal de fazer desaparecer os halos nas estrelas, tão marcantes nas últimas fotos e que quase me fizeram desistir dessa lente.

Para diminuir os halos, dois procedimentos foram feitos, primeiro e, provavelmente mais importante, eu mudei a posição do filtro H-Alpha usado para fazer a imagem. Antes este filtro estava quase dois centímetros a frente do sensor. Se pensarmos que o diâmetro da objetiva é a metade da distância focal, fica fácil imaginar que se tivéssemos um telescópio com 1350mm de distância focal e 720 de abertura (imaginem como seria grosso o tubo deste telescópio), teríamos um filtro 20 centímetros a frente do sensor da câmera.

Para resolver a situação tive que colocar o filtro não acoplado a frente do adaptador da Geoptiks, como estava antes, mas o mais perto possível do sensor da Atik 314L+. Eu tirei o vidro que fica a frente do sensor da Atik, que serve para vedar o sensor e manter a temperatura, e troquei pelo próprio filtro que, agora, além de fazer a função de filtro, também faz a vedação do sensor. Diga-se de passagem a vedação ficou muito boa e o sensor ficou estabilizado em 2 graus centígrados sem problemas.

Dessa vez também fechei um pouco o diafragma da Canon 135mm F2.0 Fechei apenas dois pontos que mudaram a relação abertura/distância focal para F2.5. Eu não sou fã de fechar o diafragma. Melhora um pouco a imagem final, mas também aumenta o tempo de exposição. No caso a mudança de F2.0 para F2.5 incorre na necessidade de um tempo 56% maior para se conseguir o mesmo resultado. Isso deixou a Canon F2.0 com a mesma velocidade da Takumar F2.5 que vendi recentemente e ainda deu às estrelas mais brilhantes um aspecto de mamona, devido a luz que vaza pelo diafragma. Apesar destes problemas, a maior relação abertura/distância focal também significa maior profundidade de campo, o que resulta num foco razoavelmente mais fácil do que em F2.0.

Eu queria ter aproveitado o sábado para ter capturado frames com os filtros OIII e SII, mas infelizmente o tempo não colaborou. O céu estava mais para nublado do que embaçado e vou ter que esperar a próxima semana para tentar uma imagem colorida.

Abaixo, deixo uma comparação interessante. Ambas as imagem foram feitas por lentes de 135mm e em F2.5. A primeira com a Canon F2.0 e a segunda com uma Nikkor F2.5. A grande diferença é que enquanto a primeira foi feita com uma CCD Monocromática e um Filtro H-Alpha de 7,5nm a segunda foi feita com uma Canon T2i modificada. Nessa imagem podemos ver como o novo setup é eficiente. E a primeira foto foi feita com condições terríveis de poluição luminosa e nebulosidade no ar (mal estava dando para ver a constelação de escorpião).


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Eta Carinae e Orion com um ED 80mm e uma Canon Rebel XS da varanda do apartamento

Eta Carinae foi processada um pouco além da conta, mas o resultado, para o foto urbana, ficou bem interessante.

Esses dias o Fabrício Siqueira, astrofotógrafo brasileiro bastante conhecido no meio, veio aqui em casa com um ED de 80mm da Orion. O Fabrício, que antes tinha um refletor de 150mm da Sky-Watcher sobre uma Eq-3 motorizada está renovando o seu setup e começou pelo telescópio, aproveitando uma boa promoção no Armazém do Telescopio. Ele ainda não tem uma montagem para o aparelho e por isso trouxe o refrator aqui pra casa para testarmos a sua qualidade ótica sobre a minha montagem CG-5GT.

A câmera usada também foi do Fabrício, uma Canon Rebel XS 1000D não modificada. Assim, minha participação esteve em controlar a montagem, principalmente no alinhamento. Achei uma pena que sem auto-guiagem tenhamos conseguido apenas 40 segundos de exposição com o telescópio do Fabrício, sendo que na lente 135mm no dia anterior eu estava conseguindo até três minutos de exposição com a montagem na mesma posição. Talvez isso mostre como o alinhamento é mais fácil com lentes.

Eu disse várias vezes ao Fabrício que, se fosse hoje, teria comprado este refrator de 80mm e não o meu atual de 102mm. Sendo muito mais leve que o meu telescópio atual o ED de 80mm parece estar muito mais de acordo com a capacidade da CG-5GT para fotografia em alta exposição do que o meu refrator de 102mm, que com duas câmeras e um segundo telescópio para autoguiagem parece levar a montagem ao seu limite para um acompanhamento com qualidade. Vale dizer que hoje o Orion Premium ED 102mm não está mais no mercado. Me pergunto se um problema crônico apresentado no focalizador não teria sido um dos responsáveis por isso. Quando eu rodo as engrenagens do focalizador, preciso ajudar um pouco com a outra mão puxando ou empurrando o barril.

Devido a poluição luminosa  sobre o meu apartamento, optamos por alvos mais simples de serem encontrados, e também mais brilhantes: Eta Carinae e M42. A segunda nebulosa estava demasiadamente perto da Lua com metade do disco iluminado, por isso está foto acabou sendo mais prejudicada. Eu também não pude usar dark frames para calibrar as fotos, pois o Fabrício teve que ir embora antes que pudesse fazê-los aqui em casa. Sem acesso a estes darks e como a minha câmera DSLR é diferente da Rebel XS, eu acabei empilhando as imagens sem esses darks mesmo, mas usei alguns flats feitos pelo Fabrício, que ficaram muito bons, diga-se de passagem. Quase não vi vinhetagem nas imagens.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Prawn Nebula - Juntando o H-Alpha da Atik 314L com o RGB da Canon T2i

Clique na imagem para ver em tamanho maior

Depois de mais de mês de céus nublados em Brasília, parece que São Pedro resolveu definitivamente colaborar com os astrônomos e neste final de semana tivemos mais algumas noites de céu limpo. Eu não poderia perder a oportunidade de mais algumas fotos, principalmente por que ainda estou tentando me entender com a lente Canon 135mm F2.0, chegando até mesmo a cogitar a sua venda.

 O grande problema dessa época do ano pra mim é que depois que as últimas nebulosas do chamado braço de Orion somem atrás da parede do meu apartamento, que é apontado para o leste, eu tenho que esperar o surgimento do braço de sagitário, onde estão muitas nebulosas legais para serem fotografadas em Orion. então tive que esperar até às quatro da manhã para tentar uma imagem da Nebulosa IC 4628 (Prawn Nebula) em H-alpha.

algo muito legal é que consegui um alinhamento que me garante 3 minutos de exposição, do meu apartamento. Isso acontece por que conheço muito bem o local e as pastilhas da piscina, onde fica o setup, ajudam a marcar a posição correta.

os halos nas estrelas continuam incomodando, mas já bem menos. Eu ainda quero captar a linha de emissão do enxofre e do oxigênio da nebulosa para produzir uma imagem em Hubble Palette. Enquanto não faço isso, juntei a imagem em H-alpha com uma da mesma nebulosa que fiz em setembro de 2012 com a Canon T2i e outra lente de 135mm. Assim, consegui aproveitar as cores da imagem com a Canon T2i, que fez o papel de RGB, com os detalhes da imagem com a Atik 314L, que fez o papel de Luminance.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Primeiras imagens com a Canon 135mm F2.0

Roseta com a lente de 135mm em cores mapeadas (H-Aplpha, OIII e SII), infelizmente Halos nas estrelas prejudicaram a foto.

Após muitas e muitas semanas de céu nublado e chuvas aqui em Brasília, neste Carnaval o tempo finalmente abriu e pude estrear a Lente Canon 135mm F2.0, pela qual gastei uma fortuna, em astrofotografia. Foi uma estreia complicada. Em muitos aspectos fiquei até com saudades da Takumar de 135mm que já está sendo vendida. A Canon tem o foco muito mais difícil, e como vocês podem ver na imagem acima, se não for feito com exatidão, gerá incômodos halos em volta das estrelas. Apesar dessa dificuldade, devo dizer que fora os halos fiquei muito contente com a qualidade da imagem acima, da Nebulosa da Roseta, que fica próxima a constelação de Orion.

Por falar em Orion, também fiz uma imagem da Nebulosa de Orion (M42), que vocês podem ver abaixo. Repare que os halos aparecem aqui também. Outra falha na imagem é que não consegui não estourar o núcleo na Nebulosa. Eu até fiz frames de cinco segundos (também deveria ter feito de um segundo), mas o Deep Sky Stacker não conseguiu empilhá-los.

De Orion eu só consegui capturar o H-Alpha


Se eu conseguir resolver o problema dos halos, imagino que vou conseguir fotos bem legais no futuro com esta lente, as Nebulosas América do Norte e Pelicano deverão ficar lindas com esta técnica. O maior problema do foco é que o programa que vem com a Atik 314L não mostra uma imagem com muita qualidade e a verdade é que às vezes não sei muito bem o quo está acontecendo. O jeito foi passar a noite de hoje treinando até encontrar o ponto certo e espero que nas próximas fotos, esta falha diminua.

As duas imagens foram feitas com frames de 90 segundos, em dias diferentes. Em relação a nebulosa da Roseta, algo que me deixou triste é que antes de dormir resolvi testar quanto tempo o alinhamento aguentava e descobri que se tivesse feito frames com três minutos de exposição as estrelas ficariam redondas. Foi uma lição aprendida, sempre verifique até onde seu alinhamento está mantendo as estrelas redondas antes de fotografar, não faça como alguns que resolvem fazer isso depois que a noite acabou, rssss.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Noite de Raios e Nebulosas em Brasília

Clique na imagem para ver maior

Ontem foi uma noite rara, em que pela primeira vez eu pude fotografar raios no mesmo momento em que fotografava nebulosas, algo que eu nunca imaginei que aconteceria. O céu estava limpo sobre o meu apartamento, mas a uns vinte quilómetros dali, na direção de Sobradinho, uma tempestade de raios castigava o lugar.

Foi aí que aconteceu o improvável. Enquanto a CCD trabalhava sobre a montagem CG-5GT, com a lente Takumar 135mm, deixei a Canon T2i sobre o muro da varanda fotografando a tempestade, no horizonte. Quando percebi que os raios estavam cessando resolvi dar uma olhada nas imagens e descobri algumas boas fotos, como a que vocês veem no final deste post.

Quanto a CCD, a Atik 314L+, ela estava apontada para a Nebulosa do Cone, tirando vários frames em H-Alpha, OIII e SII. Infelizmente, quando ela captava o nono frame com o filtro de enxofre (SII), o céu nublou completamente. Pra vocês terem idéia, eu tinha feito 30 frames em H-alpha e 20 em OIII. Apesar disso acho que o resultado final da imagem ficou bem interessante, mesmo com problemas de alinhamento e foco.

Deixo aqui também uma foto que acho que vocês vão achar bem legal. Sou eu com o "telescópio" e câmera usados para fazer a imagem acima, uma lente Pentax Takumar 135mm e a Atik 314L+. Reparem como o conjunto é extremamente compacto e também leve. Muitos astrofotógrafos ao verem a imagem acima devem pensar que ela foi feita com um grande telescópio e ficariam impressionados ao verem que ela saiu do minúsculo conjunto que carrego na foto abaixo.

Eu com meu telescópio, câmera e buscadora.
Deixo claro de que não trata-se de um conjunto barato. A câmera custou 1550 dólares. A lente foi 500 reais somente por que é uma lente usada antiga comprada no mercado livre, se fosse nova seria várias vezes mais cara. E os filtros usados para produzir a imagem somaram cerca de 500 dólares, o que também não é nada barato. Mas devo mencionar que de forma alguma foi mais caro do que um equipamento maior com a mesma capacidade, já que o minúsculo aqui é o telescópio, que foi trocado por uma lente. É claro que um telescópio daria mais aumento e mostraria mais detalhes, mas o campo seria uma fração do que aparece na imagem acima. 

Notem também que um laser pointer está como buscadora. Esta solução, diga-se de passagem, mostrou-se maravilhosa para conseguir colocar os objetos no campo da câmera. Antes de usar este recurso, eu levei mais de uma hora para conseguir achar a Nebulosa da Roseta em outro dia. Também reparem que o laser pointer está preso ao dovetail por fita durex. Quem me conhece já está acostumado a saber que toda a minha engenharia se limita ao uso de fita, superBonder ou durepox, rsss.


Enquanto eu me ocupava com a CCD, a Canon estava largada no alpendre fotografando essa bela tempestade.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Nebulosa Cabeça do Cavalo - Finalmente o Hubble Palette


Acabou o meu período fotográfico na Chácara. Infelizmente as nuvens só me permitiram uma única noite boa, com uma única imagem, a da Nebulosa Cabeça do Cavalo feita com filtros de banda estreita. Essa única foto, apenas a segunda que fiz com a Atik 314L+ salvou a temporada. E olha que eu errei feio o foco no filtro OIII.

E como não tinha muito o que fazer, pude aproveitar este tempo para aprender algumas coisas e chegar ao melhor processamento que a captação me permitiria. Deixo aqui a imagem definitiva da Nebulosa Cabeça do Cavalo, em Hubble Palette. Essa é a terceira versão oficial da imagem. A primeira eu havia colocado aqui. Era uma imagem em banda estreita, mas não poderia ser considerada em Hubble Palette, pois o H-Alpha estava em vermelho e o normal, ou correto, em Hubble Palette, é deixar o H-Alpha em verde. Esta imagem também havia tido seus canais RGB empilhados pelo simples Fitswork. Agora estou empilhando com o PhotoShop, programa muito mais.

O mais complicado em se produzir uma imagem em Hubble Palette foi tirar o excesso do H-Alpha, que domina muito a imagem, que num primeiro momento fica toda verde. Os procedimentos para tirar esse excesso de verde compõem quase todo o pós processamento de uma imagem com essa paleta.

Gostei muito dessa nova imagem, pois ela mostra claramente as diferenças de composição entre as Nebulosas. A Nebulosa Cabeça do Cavalo, pelas imagem feitas em preto e branco, mostrou não ter praticamente nenhum oxigênio, o que aqui está bem mais visível.



domingo, 6 de janeiro de 2013

Primeira imagem colorida com a Atik 314L+


Depois de três dias com céu totalmente nublado na chácara, o tempo inesperadamente melhorou e finalmente puder ter uma noite produtiva aqui. Resolvi fotografar a nebulosa Cabeça do Cavalo. Sim, é uma nebulosa muito manjada, mas eu queria me dedicar somente ao aperfeiçoamento da técnica fotográfica.

Eu queria produzir minha primeira imagem colorida com a Atik 314L+, para isso usei os filtros de cores mapeadas, H-Alpha, OIII e SII. Escolhi esses filtros em vez dos RGB por que haviam várias luzes acessas na chácara no momento da captação. A piscina, por exemplo, estava sendo usada, com todas as luzes em volta acessas.

Mas é impressionante como esses filtros de banda estreita cortam a luz e essa foi mais uma coisa boa que vi no uso deles. Antigamente era comum eu esperar todo mundo dormir e apagarem as luzes da varanda para começar a fotografar. Então era frequente eu só começar a captar imagens a sério por volta da meia noite. Mas ontem, assim que o telescópio estava razoavelmente alinhado, pude começar a captar light frames.

A imagem que vocês veem acima está cheia de erros. Eu não tenho o photoshop aqui, por isso não pude usar as cores seletivas para criar uma imagem com cara de Hubble Palette. Eu também preferi deixar o H-Alpha como canal vermelho e em Hubble Palette o H-Alpha costuma ser o verde. Para juntar os canais usei o Fitswork, mas estou estudando para ver se consigo usar o Gimp para essas funções. Mas o maior erro que cometi, para variar, foi não ter me atentado ao foco na hora de captar com o filtro OIII.

No fim, para uma primeira imagem colorida com a CCD, até que está muito bom. Eu sofri com o alinhamento. Sonhava em frames de 3 minutos pelo menos, mas só consegui um minuto e meio. Eu não devo voltar para a nebulosa Cabeça de Cavalo por um tempo (não para captação). Se o tempo melhorar, acho que vou tentar a Roseta, Cone ou mesmo Eta Carinae se o céu se manter bom após a meia noite.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Nebulosa Cabeça de Cavalo da varanda do apartamento: A Atik 314L+ mostra a sua força



Sim, era para eu estar de férias, mas bastou eu empacotar minhas coisas no domingo à noite que o céu resolveu abrir completamente aqui em Brasília. Eu andava meio inconformado com isso, mas ontem, mesmo chegando em casa depois das onze da noite por causa de um curso, resolvi parar de me lamentar, desempacotar tudo e tentar umas fotos. Dessa vez não foi com a Canon T2i, mas com a Atik 314L+, que um amigo meu trouxe dos Estados Unidos e pela qual eu tenho enorme expectativa para 2013. Eu também usei um filtro h-alpha de 7.5nm, o que teoricamente, aliado a uma CCD monocromática, daria ótimos resultados.

E realmente o setup não decepcionou, pelo contrário, superou todas as minhas expectativas. Bastaram apenas 60 segundos de exposição com a lente de 135mm para que eu conseguisse uma imagem bem definida da nebulosa cabeça do cavalo. Fiz 42 frames e empilhei tudo no DSS. Não fiz nem darks nem flats frames. Já escutei que a Atik 314L+ é tão boa que muitas vezes isso não é preciso. E como disse no post anterior, uma lente de relação abertura distância focal F2.5 absorve luz 8 vezes mais rápido do que meu telescópio F7.1. Essa imagem, com um filtro de banda estreita, com frames de apenas um minuto de duração, comprova isso. 

Para juntar a Atik 314L a uma lente de câmeras Canon, estou usando um adaptador da Geoptik. Ele custou 120 Euros e mais 40 de frete. Para minha infelicidade, foi entregue pela UPS, que arranca até as nossas calças de tanta taxa que cobra na hora de entregar a encomenda. Apesar disso, estou muito satisfeito com esse adaptador, pois ele cumpre muito bem a função, conecta o setup ao tripé e, o melhor de tudo, permite rosquear um filtro astronómico na lente, que pode ser trocado sem se retirar a câmera, somente a lente sai. Acho que valeu muito a pena o investimento.

Também tenho que dizer que adorei utilizar a Atik 314L+. O programa de captura Artemis, que vem com o CD da 314L é simples e muito intuitivo. Configurei o programa para manter a câmera na temperatura de 5 graus e ela manteve-se nessa temperatura a noite toda, o que é fabuloso.

Antes de dormir, também fiz algumas imagens da Nebulosa da Rosetta. Esta foi um pouco mais difícil por que o céu começou a nublar, e isso sempre provoca uma queda de qualidade nas imagens, mesmo assim a imagem ficou interessante e merece ser publicada.


Eu sentia que estava devendo uma imagem realmente boa, mesmo daqui do meu apartamento. E fechar o ano com essa imagem da Nebulosa Cabeça do Cavalo mostra aos leitores deste blog que 2013 promete. Mas para frente vou começar a usar os filtros coloridos e os outros de banda estreita e tenho certeza que muita coisa legal vai aparecer por aqui.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

"Ocultação" de Júpiter pela Lua



Não é comum eu poder estar com o telescópio a postos quando tem algo interessante no céu. Ainda mais nesta época do ano, mais ainda no meio de semana. Mas hoje decidi acompanhar a suposta ocultação de Júpiter pela Lua. Bem, acho que aqui em Brasília a Lua não chegou a ocultar totalmente o planeta. A gif animada abaixo, feita a partir do Stellarium, mostra como Júpiter passou pela Lua no dia de hoje para quem estava em Brasília. O planeta chegou a ficar bem perto, mas não foi ocultado. Já quem mora no estado de São Paulo, viu Júpiter ser totalmente encoberto.

A imagem acima foi feita com uma câmera Imaging Source DMK21AU04.AS, emprestada de um amigo do CASB, colocada no meu ED102mmF7, que por sua vez estava sobre a montagem CG-5GT. Também foi usada a Shorty 2X Barlow. O céu estava bem embaçado pelas nuvens, por isso a foto me surpreendeu. Se olhar com mais atenção na imagem da Júpiter você vai perceber, que a sombra de uma das suas Luas estava cruzando o disco do planeta na hora foto. Trata-se de Ganimedes.


Como a ocultação foi vista a partir de Brasília