segunda-feira, 28 de março de 2016

Canon 200mm f/2.8 l ii usm: Finalmente a lente dos meus sonhos!





Finalmente adquiri a sonhada Canon 200mm EF F2.8L II USM, considerada por unanimidade uma das melhores lentes para astrofotografia. Os 200mm de distância focal fazem desta lente fotográfica praticamente um pequeno telescópio, permitindo imagens em grande campo que podem muito bem ser confundidas com as melhores imagens feitas por pequenos telescópios apocromáticos.

Pesando pouco mais de 700 gramas, a Canon 200mm EF F2.8L II USM está no tamanho certo para ser usada com o meu Ioptron Skytracker e conseguir tempos de exposição entre um e dois minutos. É o suficiente para, com as devidas configurações, fotografar praticamente tudo no céu. Acabo também tendo um setup super portátil, que me permite levar um bom equipamento astrofotográfico até em viagens de avião, ótimo para sair por aí em busca de um bom lugar para fotografar um cometa ou, quem sabe, um eclipse solar.
 
Antes de adquirir a 200mm F2.8 EF, eu tive uma Takumar 135mm (bom custo benefício), uma 135mm F2.0 EF da Canon ( até mais cara que a 200mm F2.8  EF), uma Nikon 135mm F2.8 (Um grande erro) e por fim, uma 200mm F2.8 FD da Canon, que embora tenha um desempenho muito bom, principalmente em astrofotografia com banda estreita em CCDs, deixa  a desejar quando comparada com o modelo novo ao ser usada na DSLR. Por sinal, parece que muitas pessoas acreditavam que a minha 200mm FD era na verdade EF, o que certamente deveria me diminuir um pouco como astrofotógrafo, pois na vendade estava registrando com um equipamento inferior ao que pensavam. A 200mm FD é muito boa, mas apresenta razoável cromatismo da abertura F4, o que prejudicava minhas capturas. A 200mm EF é quase perfeita em F4. Bem, na verdade 99% das pessoas diriam que ela é perfeita nesta abertura, mas com a prática astrofotográfica, a gente vai ficando cada vez mais chato, e definir algo como perfeito fica bem mais difícil após cinco anos neste hobby.

O fato de eu não ter comprado esta lente há pelo menos três anos é sem dúvida uma das maiores bobagens que fiz em termos de equipamentos para astrofotografia. E agora estou pagando o preço do meu erro, pois com um Obama valendo quase quatro Dilmas, não consegui esta lente por menos de 4 mil reais.

Acredito que o tipo de erro que cometi antes de adquirir a 200mm EF é muito comum entre astrofotógrafos: adquirir um equipamento inferior por que está mais barato ou mais a mão do que o equipamento ideal. Quando eu comprei a 135mm F2.0, por exemplo, eu tinha o dinheiro para a 200mm F2.8. Fui numa feira dos importados em São Paulo (uma cheia de asiáticos, na Av. Paulista) para comprar a 200mm, mas não encontrei. Como havia uma 135mm a mão, optei por essa lente, que é fantástica, mas sempre fiquei com vontade de ter uma 200mm e registrar os objetos de céu profundo um pouco mais de perto. Por fim, vendi a 135mm para comprar a 200mm EF. O problema foi que no meio do caminho achei uma 200mm FD, modificada para o uso com as novas câmeras digitais (O corpo da lente foi reduzido, para dar foco no infinito em sensores digitais). Com um preço tentador - menos da metade da EF nova - e a possibilidade de controlar o diafragma manualmente, o que ajuda muito na fotografia com CCDs, acabei mais uma vez deixando a 200mm EF para depois e peguei a FD. No fim, o forte cromatismo da 200mm FD, mesmo quando mais fechada, me fez continuar desejando a 200mm EF. Ano passado um amigo chegou a me oferecer a EF por cerca de dois mil reais, mas na época eu estava com pouca grana e passei a oferta. Foi algo que depois me deixou muito triste, mas infelizmente na época esses dois mil iriam me fazer muita falta.

Aprendi com essa história que quando você opta por quebra-galhos você termina sempre querendo adquirir o equipamento certo e apenas prolonga o caminho para o equipamento ideal. Isso não acontece só comigo. Todo tendo surgem colegas no Facebook mostrando um telescópio ou lente disponível para compra no Brasil, pedindo minha opinião, quase sempre na esperança de que eu as encoragem numa compra em que elas não se sentem totalmente seguras. A maioria das pessoas tem consciência de que o equipamento que estão me mostrando não é o ideal e geralmente sabem qual é o equipamento certo. O problema é que o equipamento correto só está disponível no exterior ou está bem mais caro e eles acham que este equipamento mais a mão irá resolver a questão.

Eu geralmente não recomendo a compra de um equipamento inferior, mas percebo que as pessoas ficam tristes devido a dificuldade de adquirir o equipamento correto. O único conselho que posso dar a estas pessoas é: tenha muita paciência, uma hora a chance vai aparecer. Bons equipamentos astrofotográficos usados aparecem frequentemente em fóruns de astronomia, ou mesmo em sites de leilões. Os sites brasileiros também demoram para renovar seus estoques, mas volta e meia bons produtos estão disponíveis. Além disso, sempre pode aparecer uma chance de ir para o exterior, seja para você ou para algum amigo. O importante é: sempre pense muito antes de trocar o certo que está mais difícil pelo duvidoso que está mais fácil. O duvidoso pode ser bom, mas em astrofotografia, a gente logo aprende que somente o ótimo irá nos satisfazer plenamente.

Galáxia de Andrômeda, registrada com a lente de 200mm EF 2.8 e Canon 450D. Foto do usuário Bilgebay, no Astrobin.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Falando sobre fraudes Astronômicas no "Astronomia ao Vivo"

No último domingo eu estive no "Astronomia ao Vivo", um excelente programa on-line em que alguns dos melhores astrônomos amadores se encontram para falar sobre ciência e espaço. Algumas vezes eu sou convidado, geralmente quando o foco é Astrofotografia, já que não me sinto suficientemente seguro para discutir temas mais científicos. Dessa vez foi para falar um pouco sobre fraudes na astrofotografia. O programa contou com a participação do Carlos Fairbairn, que já foi matéria neste blog e do Cristovão Jacques, um dos maiores astrônomos brasileiros, conhecido no meio por ter descoberto cometas de bastante destaque.

No vídeo eu falo um pouco sobre os APODs fake publicados recentemente, sobre a competitividade da astrofotografia e lembro alguns casos que movimentaram a comunidade astrofotográfica brasileira, ano passado.

Impossível para mim não destacar as palavras do Cristovão Jacques, aos 43m50s. Eu achava que ele, que para mim é praticamente um ídolo, nem sabia que eu existia, quando sou surpreendido por algumas das palavras mais marcantes que já me foram ditas no meio.


domingo, 13 de março de 2016

E a quantas anda o livro?

Conceito de uma provável capa do livro que estou escrevendo
Admito que esse blog anda um pouco parado. Esta época do ano é complicada em Brasília, com muita chuvas praticamente todos os dias. Quando eu acho que vi a maior chuva do ano, no dia seguinte aparece uma mais forte ainda. Mas a boa notícia é que na verdade o principal motivo de não estar atualizando muito o Blog é que estou totalmente concentrado no livro de Astrofotografia. Melhor ainda, o livro está em fase de revisão. Todo o conteúdo já foi escrito, mas é necessário um longo e trabalhoso processo para entregar aos leitores um conteúdo com o mínimo de erros e com o melhor texto possível.

No fim do mês passado, eu planejava entregar o livro para dois competentes  astrofotógrafos revisarem. Mas ao ler um cópia impressa vi que muita coisa precisava de correções, algumas pequenas, outras grandes. Para que estes colegas possam analisar o livro de forma apropriada, ele deve ter somente erros que eu não possa perceber sozinho. Então decidi revisá-lo da primeira à última página antes de entregar o primeiro rascunho para eles. Prevejo que termino este trabalho até o início de abril e com mais um mês, faço um revisão de uma cópia impressa (acho muito mais fácil perceber erros de digitação no papel) ao mesmo tempo que os dois amigos leem os rascunhos.

Curiosamente, ainda não cheguei na metade da revisão e o livro já perdeu quinze páginas. Isso acontece porque em muitos momentos encontrei textos repetidos, comentários pessoais inúteis, piadas infames e outras coisas que só faziam deixar o livro cansativo ou bobo. Esta revisão está claramente deixando o texto mais dinâmico e agradável.

O trabalho de procurar uma editora é que vai ser mais complexo. Eu já pensei em bancar a impressão, mas não faço ideia de quantos volumes vou vender e não quero comprometer as economias da família com um investimento tão arriscado. Existem editoras que são especializadas em publicar livros de autores iniciantes, mas elas são mais acostumadas a publicarem romances, em impressões integralmente composta por textos. Já fiquei sabendo que ilustrações coloridas agregam muito ao custo da impressão e o livro precisa de algumas. Além disso, algumas destas editoras parecem mais dispostas a ganhar dinheiro através do autor iniciante do que pelo leitor, o que me deixa muito desconfiado. A publicação somente via on-line é uma opção que está sob análise, embora eu sempre tenha escrito imaginando a obra como um texto impresso. Não sei como seria ler um livro destes através de um tablet.

De qualquer forma, acredito que antes do fim do semestre eu consiga disponibilizar meu livro de astrofotografia para vocês. Ele é fruto de um trabalho duro e que foi feito sempre com uma enorme preocupação quanto a qualidade. Há muita gente que me diz estar aguardando ansiosamente a publicação da obra, muita gente boa. E isso só faz aumentar a minha sensação de responsabilidade.