segunda-feira, 27 de agosto de 2012

NGC 6888 - Nebulosa do Crescente - A última foto do Quinto EBA

Nebulosa Crescente - NGC 6888
Alto Paraíso - Goiás - 22 de Julho de 2012
Exposição 15x300 segundos ISO 6400 (H-Alpha)
20x120 segundos ISO 3200 (Light)
Canon T2i modificada - ED 102mm F7 - CG-5GT
Guiagem - Travelscope 70mm - DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+15 darks e 10 offsets)
Junção das duas imagens (H-Alpha + Light): Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop 4.0


Finalmente chegamos a última imagem feita por mim durante Quinto Encontro Brasileiro de Astrofotografia. Eram quase duas da manhã, quando, após um céu repleto de nuvens até aquele momento, o céu limpou completamente. Eu fiquei pensando se faria duas ou três imagens mais simples antes que o sol aparecesse ou se tentaria algo mais ousado. Optei por algo mais usado e direcionei meu telescópio para a Nebulosa do Crescente. 

A Nebulosa Crescente é uma nebulosa que pode ser fotografada de várias maneiras, com resultados distintos. O problema dela é que está numa região repleta de estrelas. Se você aumentar demais o tempo de exposição, as estrelas vão acabar cobrindo a nebulosa completamente. Então normalmente fotos feitas sem nenhum filtro, mostram apenas as bordas da nebulosa, como na imagem que fiz no Enoc anterior.

Para conseguir realçar melhor o corpo da Nebulosa fiz 18 imagens com cinco minutos de exposição en H-Alpha. Como câmeras coloridas não são as mais indicadas para registros em banda estreita, usei iso 6400. Isso mesmo, para a mesma imagem em ISO 1600 eu precisaria de 20 minutos de exposição. Eu poderia até ter tentado isso, mas naquele momento a auto-guiagem não estava colaborando. Para compensar o ruído, fiz também 18 dark frames. É! gastar uma hora e meia com darks não é fácil, mas eu tinha que fazer.

Também fiz light frames sem o uso de filtros, para capturar o céu em volta. Foram 30 lightframes de 2 minutos de exposição em ISO 3200. Usei essa configuração por que já tinha dark frames feitos assim, das fotos anteriores. Juntei a imagem em H-Alpha com a imagem sem filtro num no programa Fitswork, que é muito simples de usar. Uma coisa interessante é que o Deep Sky Stacker não juntou bem as imagens em H-Alpha salvas em RAW, o resultado só ficou bem com os frames em JPG (por isso sempre salvo com as duas extensões).

domingo, 26 de agosto de 2012

A Luz cinérea - Fotografada durante o Quinto EBA

                         Lua de dois dias
Alto Paraíso - Goiás - 21 de Julho de 2012
Exposição 1x1/2 segundos + 1x1/125 segundos ISO 800
Canon T2i modificada - ED 102mm F7 - CG-5GT
Guiagem - Não
Pós-Processamento - Photo Shop CS4


Eis uma imagem do Quinto EBA que eu estava deixando passar. Trata-se de uma foto da Lua feita no último dia do evento, entre seis e sete da noite. Era um dia em que a Lua ainda podia ser considerada como Nova, com muito pouco do seu disco iluminado. O interessante, quanto vemos a Lua assim, é que, se para nós ela é nova, se você estivesse na Lua veria a Terra quase toda iluminada pelo Sol. Talvez seja até chamado de Terra Cheia. 

Bem, nós sabemos que em dias de Lua cheia, quando vamos para fora de casa (num local afastado da Poluição luminosa) nos impressiona a claridade provocada pela Lua. Às vezes chega até parecer que está de dia. A mesma coisa acontece na Lua quando é "Terra cheia", a parte não iluminada pelo Sol recebe uma grande claridade da Terra, que é chamada de Luz Cinérea.
Na foto acima, que é uma composição de duas imagens tiradas com tempo de exposição diferentes, podemos ver o meu registro da Luz Cinéria. Devido a diferença de intensitade da Luz do Sol com a da Terra, para se registrar a Luz cinéria, temos que estourar a parte iluminada pelo Sol e para conseguir registrar a parte iluminada pelo Sol com detalhes, a parte iluminada pela Terra acaba tão escura quanto o céu de fundo! Mas podemos juntas as duas imagens depois e fazer uma composição como a acima, que diga-se de passagem, parece muito com o que conseguimos ver com nossos olhos através do telescopópio.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Três fotos tiradas sob as nuvens do último dia de Quinto EBA

  Nebulosa do Haltere - M27
Alto Paraíso - Goiás - 21 de Julho de 2012
Exposição 16x120 segundos ISO 3200
Canon T2i modificada - ED 102mm F7 - CG-5GT
Guiagem - Não
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+16 darks)
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

O último dia do Quinto EBA se dividiu em dois momentos. Até a meia noite foi marcado por muitas nuvens, o que dasanimou muita gente. Vários astrofotógrafos, que iriam viajar cedo no dia seguinte começaram a desmontar seus equipamentos logo depois da janta. O céu estava repleto de nuvens, mas não totalmente fechado. Só que essas nuvens andavam muito rápido e estavam por todo lado, impedindo, principalmente, o uso da autoguiagem.


Neste período de céu nublado, somente eu e mais um amigo ficamos fotografando. A maioria do pessoal estava desmontando seus telescópio e uns quatro ficaram esperando o tempo melhorar, mas sem fotografar.

Como eu disse não seria possível usar autoguiagem com nuvens correndo o tempo todo e toda hora bloqueando a estrela de guiagem. Então, se eu queria fotografar com aquele tempo, o único jeito seria contar com o alinhamento do telescópio. Felizmente, como era o último dia de EBA, eu fui melhorando cada vez mais o alinhamento da CG-5 nos dias anteriores, a ponto de conseguir 2 minutos de exposição, sem estrelas corridas, mesmo sem o uso da autoguiagem.

  Galáxia do Redemoinho - M51
Alto Paraíso - Goiás - 21 para 22 de Julho de 2012
Exposição 24x120 segundos ISO 3200
Canon T2i modificada - ED 102mm F7 - CG-5GT
Guiagem - Não
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+16 darks)
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

Eu fui tirando várias fotos. É claro que muitas se perdiam por nuvens que passavam na frente. Em média perdi metados dos frames captados, mas no final fui recompensando com três fotos interessantes. 

Em M27, a primeira imagem deste post, apesar de eu já ter feito uma foto muito boa ano passado, essa nova chapa mostra a vantagem de se usar uma câmera modificada, com a parte vermelha da nebulosa aparecendo de forma bem mais clara. 

Já a Galáxia do Redemoinho, ou M51, já apareceu aqui no Blog só para constar como fail. Este é um dos objetos mais bonitos do céu, pois trata-se na verdade de duas Galáxias que estão se fundindo. A foto acima ficou legal, mas sei que com o meu setup dá pra tirar ainda mais.

A última foto é da Galáxia NGC 55, que faz parte do grupo de Escultor, do qual são membros NGC 253 e NGC 300. Trata-se de uma galáxia irregular, muito parecida com a Grande Núvem de Magalhães, com a diferença de que é vista de perfil, enquando a GNM é vista de frente (fonte: eternosaprendizes.com)

  Galáxia NGC 55
Alto Paraíso - Goiás - 22 de Julho de 2012
Exposição 18x120 segundos ISO 3200
Canon T2i modificada - ED 102mm F7 - CG-5GT
Guiagem - Não
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+16 darks)
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

Coloquei as três imagens no mesmo post por que elas foram tiradas da mesma forma, sob as mesmas circustâncias e achei que falar das três em posts diferentes ia ficar muito repetitivo. Falta somente uma foto para em encerrar o Quinto EBA, e é uma foto muito especial.

As fotos foram um pouco prejudicadas pela granda variação de temperatura que ocorreu no último dia do EBA. Só pra vocês terem idéia, lá pelas dez da noite eu estava com três blusas, mas à meia noite eu estava só de camiseta e as duas da manhã estava com três blusas novamente. Parecia que um bolsão de ar quente estava passando por Alto Paraíso. Essa diferença de temperatura com certeza prejudicou os dark frames, já que eles tem que ser feitos com a mesma temperatura dos lightframes.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Cassegrain de 14 polegadas é eleito o telescópio dos sonhos pelos leitores do Blog


Eu não sei se vocês sabem, mas o Blogger está de cara nova. Pelo menos pra mim. Na verdade já faziam meses que eu recebia uma mensagem dizendo que o painel ia atualizar, mas eu normalmente detesto mudanças no meu leiaute de trabalho e nunca apertei o botão para o novo painel.

Me pergunto se o painel mudou simplesmente por que tiraram o designe antigo do ar ou se eu sem querer apertei algum botão que me fez ir para o novo leiaute. Eu acho essas mudanças do Google uma enganação. Eles deviam é criar novas ferramentas e recursos sem infernizar a vida de seus usuários, mas devem pensar que mudando tudo faz seus inocentes usuários acreditarem que a ferramenta evoluiu mais do que realmente aconteceu.

Mas vamos voltar as atividades do blog e falar de uma pesquisa que já acabou faz umas três semanas. Após um mês e meio de votação os leitores desse blog elegeram, entre quatro modelos, ou nenhum deles, qual seria o telescópio de seus sonhos. O grande vencedor, com 33% dos votos, foi um Cassegrain de 14 polegadas sobre uma montagem CGE Pro. Foi interessante que o começo da votação foi totalmente dominado pelo Dobsoniano de 24 polegas mais uma escada, mas ele foi perdendo fôlego nas últimas semanas e acabou com 25% dos votos, abrindo espaço para o Cassegrain e também para o Takahashi FSQ de 106mm mais uma S-Big STL 11000, que recebeu 22% dos votos. Por sinal, este último telescópio, acompanhado dessa magnífica câmera, seria a minha primeira opção para uma bela e sincera carta para o Papai Noel. Eu também adoraria o SolarMax de 90mm com Double Stacking, telescópio solar em H-Alpha pouco votado, com apenas 3% dos votos, mas que proporcionaria imagens solares de tirar o fôlego. 

Não me animaria tanto com o Cassegrain por que é muito pesado. Só valeria a pena se eu tivesse um observatório numa área sem poluição luminosa. Aí seria muito interessante. Quanto ao dobsoniano, sem acompanhamento e também por ser um telescópio enorme, seria minha última opção.

Tivemos também 15% de votos para nenhum dos telescópios citados. Bem, devido a enorme gama de modelos existentes no mercado e da pesquisa ter ficado (só fui ter consciência disso depois) confusa, o número de votos para nenhum dos modelos ficou abaixo do esperado.

O grande vencendor. Quem não ia querer um desses? - crédito: Celestron.com

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Nebulosas da Águia (M16) e do Cisne (M17) fotografadas com uma antiga lente de 135mm, do Águas Claras

Wide Field Via Láctea - M16 e M17
Brasília - Distrito Federal - 08 de Agosto de 2012
Exposição 80x45 segundos ISO 800
Canon T2i modificada - EQ-1 Motorizada
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+20 darks e 20 Flats)
Pós-Processamento - Photo Shop 4.0


Trago a vocês mais uma imagem feita da varanda do apartamento com a Canon T2i modificada e com a EQ-1 recentemente adquirida. Mas com uma novidade, dessa vez foi utilizada uma lente de 135mm da Nikon, emprestada pelo Sandro Rosa, do CASB. Trata-se de uma lente muito antiga, provavelmente com mais de 30 anos, comprada pelo Sandro por cerca de 70 dólares. Uma curiosidade, ela originalmente foi feita para câmeras Nikon, mas hoje só pode ser usada em câmeras da concorrente Canon, através de um adaptador.

Apesar de ser uma lente muito antiga, ela estava em ótimas condições. Parece que muitos astrofotógrafos apreciam adquirir lentes antigas mas em boas condições, afinal, para Astrofotografia você não vai fazer questão de foco automático ou estabilizador de imagens, melhor dizendo, essas coisas não servem pra nada em Astrofotografia.

Essa lente vai ficar comigo até o meio de setembro, quando eu deverei ir para um local sem poluição luminosa e, se as nuvens deixarem, devo tirar algumas fotos legais com ela e minha 18x55mm. Enquanto isso, no próximo final de semana, pretendo fazer umas imagens de céu profundo com a DBK41 e voltar a fotografar o Sol.

Na imagem acima, mais uma vez usei os flats frames feitos tirando-se a lente do foco e fazendo flats com o mesmo tempo de exposição e ISO dos light frames. Mais uma vez funcionou maravilhosamente, eliminando já no empilhamento feito pelo Deep Sky Stacker toda a vinhetagem gerada pela poluição luminosa no Águas Claras.

domingo, 12 de agosto de 2012

QUINTO EBA - Terceiro Dia - Galáxia NGC 300

 Galáxia NGC 300
Alto Paraíso - Goiás - 21 de Julho de 2012
Exposição 9x180 segundos ISO 1600
Canon T2i modificada - ED 102mm F7 - CG-5GT
Guiagem - Travelscope 70mm - DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+8 darks)
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

Depois de uma pequena pausa nas fotos do Quinto EBA, deixo aqui a única imagem feita com a Canon T2i modificada na terceira noite do evento. Depois de ver que eu não estava me entendendo com a DBK41 naquela noite, resolvi mudar para a Canon. Mas é complicado mudar de setup no meio da madrugada. Além disso, como disse nos posts anteriores, eu havia dormido muito pouco e estava muito cansado naquele momento.

Mandei o Go-TO do telescópio seguir para NGC 300, uma enorme galáxia da Constalação do escultor, muito parecida com M33. Eu tirei apenas 9 frames da Galáxia antes que o céu ficasse bastante nublado, quase às três da manhã. Tirei alguns darks frames e como o céu permaneceu nublado, achei que era um bom momento para ir dormir. E foi o que fiz. Acreditei que com a minha sorte assim que desmontasse o telescópio o céu ia abrir e ficar maravilhosamente estrelado, mas quem ficou acordado me contou no dia seguinte que as coisas não melhoram. Então ainda bem que fui dormir.

A foto não ficou boa como outras feitas neste EBA, com apenas nove frames, alinhamento deficiente e ISO 1600 o ruído foi bastante elevado. Esse é decididamente um objeto ao qual quero voltar, com mais calma e menos sono.

sábado, 11 de agosto de 2012

Nebulosa do Haltere - M27, fotografada com um Refrator de 90mm sobre uma EQ-1 motorizada

 Nebulosa do Halter - M27
Águas Claras - Distrito Federal - 11 de Agosto de 2012
Exposição 50x15 segundos ISO3200
Canon T2i modificada - Refrator Acromático 90mmF10 - EQ-1 Motorizada
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+30 darks e 20 Flats)
Pós-Processamento - Photo Shop 4.0


Essa é mais uma foto da série setups insanos. Quem conhece esse blog sabe que uma das coisas que mais gosto de fazer e tentar fotografar com setups não tradicionais. Ontem eu e um amigo fomos longe. Pegamos um telescópio refrator acromático de 90mm F10 que já me pertenceu e hoje é deste amigo e coloquei sobre a EQ-1 motorizada que comprei recentemente. Nosso objetivo era tentar tirar uma foto de M27 com a Canon T2i acoplada ao telescópio. E ver o que conseguiríamos.

Eu sabia que seria algo desafiador. Afinal, um telescópio de um metro de comprimento com uma DSLR acoplada é um peso e tanto para uma modesta EQ-1. Além disso, na hora de localizar  o objeto ainda coloquei a minha buscadora de 9x50 com diagonal para ajudar na localização. Eu estava testando os limites da montagem.

E por falar em limites, o limite de exposição que conseguimos foi de 15 segundos. Ventava muito, o telescópio estava numa posição onde não havia proteção contra o vento e a grande maioria dos frames correu para todos os lados possíveis, mas o Deep Sky Stacker é um programa experto e empilhou tudo direitinho. Foram 50 frames de 15 segundos, mais 30 dark frames e 20 flat frames. Os flats foram feitos como na foto anterior, apenas tirando o foco da câmera. Teria funcionado maravilhosamente se uma estrela mais brilhante não tivesse atrapalhado a imagem. Esse defeito não aparece na imagem acima por que foi retirado do processamento.

A foto acima mostra que é possível fotografar com um refrator de 90mm mais uma DSLR sobre uma EQ-1. Mas devo dizer que não é recomendável. Foi tão estressante alinhar o telescópio e achar o objeto que em alguns momentos eu quase desisti. Por trás dessa imagem há um ano e meio de experiência de alguém que tem na Astrofotografia uma dedicação quase que exclusiva em se tratando de hobbies e também uma câmera modificada que custa quatro vezes o telescópio (câmera + modificação). Você também estaria limitado a objetos mais brilhantes e necessitária de ISOs altos para compensar o pouco tempo de exposição. Mas sim, é possível tirar fotos interessantes com um Refrator de 90mm sobre uma EQ-1 mais uma DSLR e se você tem as duas coisas em casa não custa tentar, mas um ED de 76mm com a metade da distância focal sobre uma CG-5 é um setup mil vezes mais fácil e agradável de se trabalhar e certamente trará resultados melhores.

Para a foto acima foi utilizado uma DSLR acoplada a um Astroview 90mm como o da foto acima, com motor em single Axis. Este telescópio custa cerca de 260 dólares no exterior o motor custa mais 80.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

EQ1 motorizada - Meu novo setup astrofotográfico de viagem


Eis uma novidade bem inesperada no meu setup astrofotográfico. Entrei no site da Astroshop e comprei uma EQ-1 (a última do estoque) e um moto driver single axis para ela. Mas por que o dono de uma CG-5 com go-to estaria comprando uma EQ-1? Isso não é andar para trás? O natural não seria adquirir uma EQ-6 com um refrator maior ainda e uma CCD monocromática? Sim, seria se eu tivesse em melhor condição financeira e se o meu carro tivesse espaço para todo esse equipamento e mais as coisas da minha filha recém nascida, já que não pretendo trocar de veículo tão cedo.

Então, pensando em portabilidade e também simplicidade, resolvi adquirir uma montagem que pudesse colocar no meu carro, um Gol, junto com as coisas da minha filhotinha, e que também pudesse ser levada numa viagem de avião ou ônibus sem transtornos. Decidi pela EQ-1 da Astroshop porque estava a disposição e por que eu já tinha sugerido esse setup para tantas pessoas que fiquei com vontade de eu mesmo testá-lo, já que todos aqueles para quem sugeri esse setup continuam batendo cabeça querendo comprar um telescópio, uma câmera e uma montagens boas, com menos de 2 mil reais e esperam tirar fotos iguais as feitas com equipamentos de dez mil reais.
 
A EQ-1, o motor e o frete, ficaram num total de 596 reais, que dividi em 5 vezes, uma Canon Rebel T3 pode ser encontrada por algo em torno de 1000 a 1500 reais no mercado livre. Esse sim é um execelente setup para astrofotografia de céu profundo por menos de 2 mil reais. Com prática seria possível tirar fotos incríveis da Via Láctea, de grandes nebulosas, das nuvens de Magalhãoes, de constelações, que realmente impressionassem e arrancassem elogios mesmo de astrofotógrafos experientes. Como é muito leve, mesmo um jovem sem carro poderia transportá-lo num ônibus ou de carona com amigos ou família, para aquela chácara ou fazenda sem poluição luminosa.

Num primeiro momento de uso, posso dizer que a EQ-1 teve coisas de que gostei e outras nem tanto. Adorei a leveza do setup, o que já era esperado e a simplicidade do funcionamento, mas não gostei da forma como o contra-peso bate nos componentes do tripé, prejudicando o posicionamento da câmera para alguns objetos. Também achei chato a alimentação ser via 4 pilhas tipo D. Como só ligo o acompanhamento quando já estou fotografando, as quatro pilhas Duracell que comprei devem durar muito, mas elas custaram 32 reais. O controle tem uma entrada de 6 volts, por isso vou estudar se não consigo usar uma fonte, desde que tenha certeza de que ela não vai queimar o controle.

Abaixo deixo o primeiro teste feito com o novo setup, que em minha sincera opinião, superou todas as expectativas. Afinal, a imagem não foi feita de uma fazenda em Alto Paraíso, como aquela imagem em câmera fixa que fiz no EBA, mas da varanda do meu apartamento, no Águas Claras, bairro com mais de 500 arranha-céus no meio do Distrito Federal. 

Em se tratando de tirar a poluição luminosa, na imagem abaixo devo dizer que também ajudou muito o uso de Flat frames, que eliminaram completamente a vinhetagem. Vale apontar a forma como os flat frames foram feitos: eu não usei nenhum aparato, simplesmente tirei o foco da câmera completamente e fiz mais 20 imagens com a mesma configuração das imagens anteriores, tanto em tempo de exposição como ISO, como fazemos com Dark Frames. Por isso os Dark frames também foram usados com Dark Flats, só esqueci de fazer os Off-sets.

Sobre a forma que fiz os flats, vale lembrar que uma estrela muito brilhante poderia ter prejudicado os flats, a imagem precisa estar totalmente plana. Eles também devem ser feitos antes de se movimentar o telescópio, para pegar a exata vinhetagem do momento.



Wide Field Via Láctea
Brasília - Distrito Federal - 08 de Agosto de 2012
Exposição 55x45 segundos ISO 800
Canon T2i modificada - EQ-1 Motorizada
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+30 darks e 20 Flats)
Pós-Processamento - Photo Shop 4.0

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Quinto EBA - Terceiro Dia - Star Trail no Pólo Sul


Deixo aqui mais uma foto em tripé fixo feita no Quinto EBA, mas completamente diferente das anteriores. Aqui a intenção não era alinhar as imagens para se conseguir uma imagem nítida da Via Láctea, mas captar o rastro das estrelas para mostrar a rotação do planeta Terra. É o que chamamos de Star Trail.

Para fazer essa imagem foram tiradas várias fotos de 20 segundos em ISO 1600. Os disparos foram feitos com um cabo disparador simples, por isso não houve intervalo entre as fotos. Infelizmente eu fiz a imagem num momento em que havia muita movimentação entre os participantes do EBA (inclusive alguém com uma forte lanterna de luz branca, que atrapalhou um bocado durante as noites). Na imagem também é possível ver a falsa estrela polar, feita pelos colegas do EBA. Ela ajuda a gente a alinhar o telescópio com a buscadora polar.

Como já estou tão habituado ao alinhamento, que acabei não usando essa estrela, mas isso se deve principalmente por que telescópios com Go-To podem ser alinhados sem o uso da buscadora polar, ou de outros métodos. É um truquezinho simples, que me foi ensinado pelo Sandro Rosa, do CASB: Quando você alinha o Go-To ele sempre pede duas ou mais estrelas para calibração. Quando você aponta para a primeira estrela, ela nunca está no centro da ocular (a não ser que você tenha dado muita sorte ou já estava com o telescópio na posição de outros dias). Neste momento o controle do Go-to pede para você posicionar a estrela no centro da ocular usando as setas do controle, mas na verdade você não deve fazer isso. Mova o tubo ótico manualmente, com os ajustes de longitude ou latitude da montagem (ou mesmo empurrando o tripe, para que a estrela fique posicionada no centro da ocular. Vale lembrar, você não deve movimentar o tubo do telescópio em relação a montagem, e sim movimentar a montagem para que o tubo se movimente até a estrela ficar no centro da ocular. Isso vai fazer um ajuste e tanto para o seu alinhamento polar. Mais para frente, quando acabar essa série do EBA, vou ver se faço um vídeo sobre isso, ando precisando dar uma acordada no meu canal do Youtube.

Para fazer a imagem acima usei um programa com um nome bem sugestivo: Startrails, que é muito simples e pode ser baixado no link a seguir. Se você tem uma câmera capaz de fazer exposição de alguns segundos em fotos contínuas e um céu razoavelmente sem poluição luminosa a disposição, já pode começar:

domingo, 5 de agosto de 2012

Quinto EBA - Terceiro Dia - Imagens em Tripé Fixo

 Via Láctea - Wide Field
Alto Paraíso - Goiás - 21 de Julho de 2012
Exposição 57x15 segundos ISO6400
Canon T2i modificada - Tripé Fixo
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+22 darks e 10 offsets)
Pós-Processamento - Photo Sho 4.0/IRIS

Chegamos ao terceiro dia do Quinto Encontro Brasileiro de Astrofotografia. Depois de uma maratona incrível de seis excelentes imagens no segundo dia, o dia seguinte seria totalmente diferente. Eu queria tirar esse dia para fazer fotos com a DBK 41AU02.AS, mas elas não ficaram boas. Por uma bobeira da minha parte eu fiz pouquíssimos dark frames. Me faltou paciencia para, após 60 light frames com um minuto de exposição, gastar mais uma hora com darkframes, o que resultou numa bola fora. As imagens com a DBK ficaram tão ruins que decidi não publicá-las, pois seria uma injustiça com a câmerazinha que já me deu belas imagens. Se eu tivesse dormido mais durante o dia, talvez a noite tivesse sido mais produtiva.


Mas enquanto eu fazia besteira com o telescópio e a DBK, eu não deixei a Canon T2i modificada parada. Coloquei ela num simples tripé fotográfico (que tenho a mais de quinze anos) e tirei duas interessantes fotos em tripé fixo. Vale repetir: tripé fixo é a astrofoto feita sem acompanhamento, com um tripé de câmera fotográfica comum e não uma montagem equatorial motorizada. A imagem acima mostra que é possível conseguir excelentes imagens feitas com essa técnica. E olha que a lente usada foi a 18-55mm que acompanha a minha câmera fotográfica e é considerada uma das lentes mais simples que existem, praticamente uma quebra-galho.

Para se fazer a imagem acima eu tirei 57 fotos com quinze segundos de exposição em ISO 6400, distância focal em 18mm e o diafragma da lente aberto ao máximo (3.5). Para calibração foram usados 22 Darks frames. Devido principalmente a câmera ser modificada, consegui uma imagem até melhor do que a que fiz ano passado, na chácara da minha família, feita com frames de 3 minutos em ISO 1600 e com acompanhamento motorizado com a câmera sobre a CG-5. Para mim o detalhe mais legal da foto acima é que, bem no meio da imagem é possível ver claramente a patinha da Nebulosa Pata do Gato - NGC 6334, algo que com a câmera não modificada seria improvável, ou no mínimo muito mais difícil.

Abaixo deixo outra imagem feita em tripé fixo, que embora não tão boa como a primeira deste post ainda é uma foto de que me orgulho, nela consegui capturar a nebulosa América do Norte, que está bem no meio da foto. Outras Nebulosas da Constelação do Cisne aparencem na imagem. Com frames de 25 segundos, acho que passei um pouco da conta no tempo de exposição e as estrelas ficaram com rastros, visíveis quando se vê a imagem em tamanho maior, mas isso na chega a estragar o resultado.

Região da Contelação de Cisne - Nebulosa América do Norte - Wide Field
Alto Paraíso - Goiás - 21 de Julho de 2012
Exposição 28x25 segundos ISO6400
Canon T2i modificada - Tripé Fixo
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+38 darks e 10 offsets)
Pós-Processamento - Photo Sho 4.0/IRIS

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

QUINTO EBA - Segundo dia, última imagem imagem - Nebulosa da Tarântula - NGC 2070


Nebulosa da Tarântula - NGC 2070
Alto Paraíso - Goiás - 20 de Julho de 2012
Exposição 10x180 segundos ISO 1600
Canon T2i modificada - ED 102mm F7 - CG-5GT
Guiagem - Travelscope 70mm - DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+15 darks e 10 offsets)
Pós-Processamento - Photo Sho 4.0/IRIS

Chegamos a última imagem do segundo dia do Quinto EBA, numa incrível maratona de seis boas imagens numa única noite, em que a auto-guiagem funcionou perfeitamente, as nuvens quase não incomodaram e eu estava muito bem disposto depois de ter passado o dia dormindo como um urso, ao contrário da primeira noite, em que eu carregara a carga de um dia inteiro de trabalho, acordado desde as seis e meia da manhã.

Foi um dia que não se repetiu, e essa série especial do Quinto EBA vai terminar mais cedo do que muitos devem star pensando, as outras duas noites foram bem complicadas.

Como última foto da segunda noite do Quinto EBA apresento a Nebulosa da Tarântula. Esta imagem teve apenas 10 frames, e meia hora de exposição em ISO 1600 por que os frames seguintes já estavam sendo muito atrapalhados pelas primeiras luzes da manhã, o que foi uma pena.

Ano passado, no Quarto EBA eu tentei fotografar a nebulosa da Tarântula, mas ainda era muito noob e fotografei uma outra nebulosa, que não tinha nada a ver. Este ano, sabendo usar o Go-to da CG-5GT, não tinha como errar.

Tarântula é uma nebulosa espetacular, pois ao contrário da imensa maioria das nebulosas que os amadores podem fotografar como alvo principal e com grande nível de detalhes, ela é uma estrangeira que está em outra Galáxia, na Grande Nuvem de Magalhães. Vale lembrar que se esta nebulosa estivesse à mesma distância que a Nebulosa de Orion (M42) ela teria um diâmetro aparente trinta vezes maior.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

QUINTO EBA - Segundo dia, Quinta imagem - Nebulosa da Hélice - NGC 7293


Nebulosa da Hélice - NGC 7293
Alto Paraíso - Goiás - 20 de Julho de 2012
Exposição 18x180 segundos ISO 1600
Canon T2i modificada - ED 102mm F7 - CG-5GT
Guiagem - Travelscope 70mm - DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+15 darks e 10 offsets)
Pós-Processamento - Photo Sho 4.0/ Bibble 5


Chegamos a penultima foto do segundo dia do Quinto EBA. Mais uma foto totalmente inédita. Dessa vez da nebulosa da Hélice, ou NGC 7293. No último EBA eu quis fotografar esse nebulosa, mas não lembrei o número NGC dela e não consegui encontrar no Stellarium. Eu até pensei em perguntar para alguém, mas de preguiça fui para outro objeto. Dessa vez eu estava com o Guia Ilustrado de Astronomia, da Editora Zahar, e consegui achar o número da nebulosa sem ter que perguntar para alguém.

Para não ter que fazer mais dark frames, eu mantive a configuração das imagens anteriores, com frames de 3 minutos em ISO 1600. Se eu mudasse, isso me custaria o tempo de mais um objeto em dark frames, e naquela noite meu objetivo era fazer mais objetos. Apesar de ter insistido no ISO 1600, os resultados do Quinto EBA me deixaram convicto de que o ISO 800 é sem dúvida a melhor resolução para se fotografar com a Canon T2i (e outras DSLRs) a imagem da Nebulosa Trífida - M20, feita com apenas seis frames de quatro minutos em ISO 800 mostra essa superioridade. Lembrando que Trífida ajudou por ser um nebulosa mais brilhante. Para nebulosas muito pálidas o tempo de exposição necessário em ISO 800 pode ser tão elevado que pode não valer a pena ou ser muito erriscado o uso de ISOs mais baixos. Depende das condições do alinhamento e do entendimento da montagem com a auto-guiagem.

Vale lembrar que ano passado eu havia feito toda uma relação de objetos que queria fotografar antes de ir para o EBA. Este ano, devido a correria por causa do nascimento da minha filha, fui para o EBA sem o mínimo planejamento sobre quais objetos iria fotografar. OS livros que levei me salvaram em muitos casos.