quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mais uma de Omega Centauri - NGC 5139




O Aglomerado globular NGC 5139, ou Omega Centauri é provavelmente o objeto que mais fotografei até hoje, por vários motivos, primeiro: por que é lindo, afinal é o maior aglomerado globular que se pode fotografar, com mais de um milhão de estrelas, segundo por que é um objeto de céu profundo possível de se fotografar mesmo da poluição luminosa de uma área urbana, terceiro por que sempre está numa posição visível, não importa onde esteja. E por último, por que eu simplesmente adoro esse objeto.

Uma outra coisa que acho legal de Omega Centauri é que ele é visível somente do hemisfério Sul, matando de inveja nossos colegas astrônomos do Hemisfério Norte, que possuem como Aglomerado Globular mais forte, o Aglomerado de M13, um inseto se comparado com os gigantes que temos no sul, Omega Centauri e 47 Tucanae, o segundo maior.

A técnica de captação foi a mesma mostrada no post anterior, segurando o cabo disparador da câmera e tirando fotos de trinta segundos sem intervalos, o que era possível sem o uso do netbbok. foram apenas 18 frames de 30 segundos em ISO 1600. Eu evitei o uso de um ISO maior por que esse é um objeto em que deve-se tomar o cuidado de não deixar estourar o núcleo. Uma boa foto de Omega Centauri ou de qualquer outro aglomerado globular sempre deixa visível as estrelas em seu núcleo.

O resultado me surpreendeu, e como! O foco e o alinhamento estavam muito bons, só as cores que eu acho que poderiam estar um pouco melhores.

Para comparação, abaixo deixo as imagens de "outros" Omegas Centauri que fotografei:

Testando o refrator acromático de um amigo, em março de 2012

Preparando o Setup antes do Quarto EBA, na casa de um amigo do CASB no Lago Norte, em Julho de 2011


Tentando muitos frames da janela do meu antigo apartamento, no Guará, em junho de 2011 (a data na foto está errada!)

Uma das primeiras feitas na janela do apartamento, em maio de 2011


Minha primeira foto de céu profundo, há pouco mais de um ano e um mês, em abril de 2011.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Minha primeira imagem de NGC 6888 - a Nebulosa Crescente


Vamos começar com minhas poucas e simples fotos do décimo oitavo Encontro Observacional do CASB (ENOC). Como eu disse no post anterior, no primeiro dia de ENOC não havia energia, e eu acabei ficando sem computador, sem autoguiagem e tendo que controlar a câmera com um cabo disparador. Talvez o certo fosse nem tentar fotografar nessas condições, por que os resultados dificilmente seriam bons, mas eu gosto muito desse hobby e não estava preocupado com os resultados e sim com o prazer de passar a noite tirando fotos do céu.

Eu decidi que as fotos feitas usando o cabo disparador, teriam no máximo 30 segundos de exposição, sendo fotografadas pelo sequenciador da câmera, que não gera intervalos entre as fotos. 30 segundos é o tempo máximo do sequenciador, acima disso eu teria que usar o modo BULB e ficar o tempo todo olhando a telinha da câmera, sempre apertando o botão quando a câmera chegasse ao tempo que queria. Isso provocaria erros e seria muito cansativo. Eu também sabia que não teria muitas dificuldades em alinhar o telescópio para 30 segundos de exposição, mesmo estando em terreno desconhecido. Para compensar o pouco tempo de exposição, colocaria o ISO nas alturas, algo que eu não faria se a autoguiagem estivesse disponível.

Uma das fotos que eu mais tinha em mente para esse ENOC, era a nebulosa NGC 6888, conhecida como nebulosa do Crescente. Trata-se de um objeto desafiador, ainda mais que de Luziânia, onde foi realizado o evento, o norte é a área do céu com maior poluição luminosa, já que é a direção onde está Brasília. A Nebulosa do Crescente fica na constelação do cisne (eu devia ter calculado isso antes do evento!).

Sem poder tirar fotos com exposições maiores então, o esperado era que eu simplesmente desistisse desse objeto, que é muito pálido. Mas eu tive a curiosidade de tentar um frame e ver o que aparecia na tela da câmera. Usei o Go-to para achar a nebulosa e fiquei surpreso ao ver que, mesmo com 30 segundos de exposição, ela apareceu na imagem, embora de forma tímida. Eu captei 37 frames e os empilhei no Deep Sky Stacker. O pós-processamento foi feito no IRIS, no Bibble 5 e no PhotoShop CS4. O equipamento foi meu setup padrão para DSOs (Canon T2i-ED102mm e CG-5GT) O resultado não foi o que eu sonhava para o evento, mas ficou bastante satisfatório para as condições enfrentadas, até por que não é um objeto comumente fotografado no Brasil.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Voltando do 18. Encontro Observacional do CASB

Sócios do CASB observam o Sol com o Coronado PST Modificado durante o 18. ENOC do CASB

Ontem eu cheguei do décimo oitavo Encontro Observacional do CASB, ou ENOC. Uma semana atrás eu jurava que não poderia participar do encontro devido a assuntos pessoais. Mas acabou que pude ir, de carona com um valente amigo do CASB que se dispôs a levar a minha tralha junto com o equipamento dele.

O que posso dizer desse ENOC? É claro que foi legal. Como sempre estava lá uma turma que eu adoro, sempre com ideias e histórias que valem a pena conhecer. Sempre há alguém para conversar ou para lhe dar uma mão. Mas vocês me conhecem. Para mim, ir num encontro desses e não poder tirar boas fotos do céu é como ir ao Hopi Hari e ao chegar lá descobrir que nenhum brinquedo estava funcionando. Então é sempre muito importante que dê tudo certo, e um pequeno cabo esquecido pode por tudo a perder.

E as coisas foram um pouco complicadas dessa vez. No primeiro dia houve céu limpo, mas não houve energia elétrica. Havíamos esquecido o cabo de energia do CASB, uma enorme extensão de 200 metros, no local onde foi realizado o EBA, e aconteceu aquela situação em que um liga para o outro perguntando pela extensão e recebe como resposta: - Mas o cabo não está com você?

Alguns dos sócios, com maior tato para esse tipo de coisa, tentaram resolver o problema juntando todas as extensões dos sócios, mas não funcionou, a energia não chegava ao local de observação. Então tivemos que nos virar com as baterias. Era algo que eu não esperava, já que em todos os encontros do CASB que participei até hoje, houve fornecimento de energia. Felizmente eu estava com meu Power Tank, que foi levado para alimentar duas cintas de aquecimento que instalei no telescópio para aquecer o tubo e evitar acumulo de umidade na lente, o que gera embaçamento. Através de um cabo para ligar em acendedor de cigarro eu ia poder usar o telescópio normalmente.
Membros do CASB ajudam a arrumar o telescópio de um dos sócios. Essa é uma das grandes vantagens de se fazer parte de um clube de astronomia. -  Em pé, com um copo plástico na mão, você vê o autor desse blog.

Mas com o notebook não funcionou, pois não consegui achar o cabo para acendedor de cigarros,  e para piorar ele estava com a bateria zerada. O resultado é que tive que fotografar do jeito que fazia nos meus primeiros dias de astrofotografia, segurando um cabo disparador e olhando tudo pela pequena tela LCD da Canon T2i. E sem o Stellarium para me guiar, tive que alinhar o Go-to da minha CG-5. Eu nunca tinha usado o Go-To, a não ser para testar, e confesso que foi muito bom digitar o nome de um objeto e já ver ele na tela da câmera. Acho que vou acabar viciando nisso.

As fotos da primeira noite foram todas tiradas com 30 segundos de exposição através do disparo automático da câmera, acima disso eu teria que usar o Bulb e ficar o tempo todo em cima do telescópio. Devido a esse disparo automático, não houve intervalo entre os frames o que pode ter prejudicado o resultado final. Eu também usei ISO 6400, algo que eu achei que não ia mais fazer. Mas sem auto-guiagem para conseguir tempos de exposição maiores, acho que essa foi a melhor solução para fotografar objetos como a Nebulosa do Véu ou Crescente. Os resultados desta noite em vou publicar durante a semana.

No segundo dia o pessoal conseguiu resolver o problema de energia e fazer o cabo Frankeinstein funcionar. Mas o mar não estava mesmo para peixe e o céu nublou. Eu consegui tirar uns quatro frames de um objeto supermanjado e pouco interessante (M4) e não pude fazer mais nada senão tomar chocolate quente e jogar conversa fora.

Foi uma pena por que meu setup estava legal e eu podia ter tirado fotos muito melhores do que as que tirei, mas como sempre é fantástico estar com a galera. Houve um momento muito especial para mim, quando montei o Coronado PST modificado durante a manhã, para que os sócios pudessem ver o Sol. Eu achei uma excelente combinação de uma Ocular Plossi de 10mm com um redutor focal da GSO. A imagem ficou realmente espetacular e o Sol estava com uma erupção gigantesta. O sorriso no rosto das pessoas, que se maravilhavam com o que viam, foi absolutamente recompensador. Pena que não pude registrar a erupção, já que naquele momento ainda não tinhamos energia e eu precisava do notebook para conectar a DMK..

Mas o que é uma pena mesmo e que eu não possa ir no próximo ENOC, quando será bem difícil que hajam nuvens, mas com certeza estarei no EBA, durante pelo menos 4 dias e espero ter o meu melhor momento astronômico do ano neste evento.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Trapalhadas na Sexta acabam com uma possível boa foto de M51 - Mas eu voltarei!

M51, com apenas 24 minutos de exposição, se eu não tivesse feito tantas trapalhadas, essa foto teria ficado boa

 Eu comecei o final de semana bastante empolgado. Apesar da lua ainda estar aparecendo próximo a meia noite, o céu estava limpíssimo, e noites na varanda do apartamento fotografando o céu era tudo o que eu precisava para relaxar depois de uma semana estressante.

Na sexta-feira, montei o telescópio no canto direito da varanda, fora da piscina, de onde poderia fotografar objetos ao norte (à direita, dentro da piscina, eu tenho uma perfeita vista da área do zoodíaco e um pouco do Sul - dá até pra pegar Ômega centauro). O Alvo principal da noite era M51, ou a Galáxia do Redemoinho. Este fantástico objeto é composto por duas Galáxias, em que a maior aparenta estar engolindo a menor (ou talvez seja o contrário). Infelizmente o meu céu ao norte sofre com muita poluição luminosa e eu não sabia como a foto ficaria. 

Como semana que vem eu provavelmente vou no ENOC, encontro do Casb numa fazenda próxima a Brasília, com céus escuros, também achei que deveria usar auto-guiagem para praticar. Mas ao colocar o Travelscope de 70mm sobre o ED de 102mm notei que o peso da DMK sobre o travelscope estava fazendo o telescópio girar, pois ele é preso somente com um parafuso e por mais que eu o apertasse, o peso da DMK21, mais elevado que o da antiga Neximage, fazia a parte de trás do Travelscope descer. A solução gambiarrística foi firmar o telescópio com o dovetail fazendo duas cintas com fita isolante para firmá-lo. Posso dizer que funcionou maravilhosamente e a autoguiagem tem funcionado sem dores de cabeça desde então. Talvez meus problemas e com autoguiagem no passado sejam por que o telescópio guia não estivesse devidamente firme. 

Meu sistema de guiagem, devidamente preso com fita isolante.


É claro que fixar o telescópio totalmente me faz perder a vantagem de procurar uma estrela mais brilhante virando o telescópio para os lados, como eu fazia antes, mas agora estou com uma DMK, capaz do tempo de exposição que eu quiser e não mais a Neximage, que não passava de dois décimos de segundo, por isso sou capaz de capturar muito mais estrelas. Além disso, tenho um redutor focal que, em caso de necessidade, pode aumentar o campo de visão da câmera. E a estabilidade que consegui não tem preço

Com tudo pronto fui para M51, que estava numa boa altura no céu, apesar da já mencionada poluição luminosa. Ajusto a câmera, preparo a auto-guiagem, que funciona perfeitamente e tiro os primeiros frames, mas depois de umas quatro imagens, percebo que o foco não estava muito bom. Mas tudo bem, M51 ainda vai ficar muito tempo à vista. Ajusto o foco, que dessa vez fica perfeito e depois de alguns frames vou para a sala ver o que anda passando na TV, volto mais um vez e depois quando estava no décimo frame, vou tomar café. Mas quando volto, a primeria tragédia da noite, eu não tinha colocado o cabo de energia no netbook, que havia desligado pois ficou sem bateria e só tinha tirado dois frames enquanto eu tomava café, algo que levou mais de 20 minutos. Paciencia, ligo tudo de novo, coloco M51 no lugar e vamos para mais frames.

Mas tragédia das tragédias, quando terminam 20 frames, que com os doze já gravados daria mais de uma hora de exposição, descubro que eu não tinha colocado as fotos em RAW. Como arquivos em RAW gastam muito espaço no cartão, quando estou tirando fotos para ajustar alinhamento, foco ou enquadramento, costumo tirar elas erm JPG no menor tamanho possível, mas acabei esquecendo de voltar a configuração para RAW antes de recomeçar com os frames e simplesmente havia perdido 40 minutos de esposição.

Por isso a foto de M51 que deixo acima foi considerada um fail, com apenas 24 minutos de exposição sendo que precisaria de pelo menos uma hora para ficar bom, pois depois que descobri a cagada que tinha feito acabei desanimando com esse objeto e fui para outro.

Bem, deixo esse post aqui para mostrar que nem todas as minhas noites são maravilhosas (mas com certeza ela foi melhor do que a da barata que matei quando passava debaixo da meia cadeira!), em certos dias muita coisa dá errado. Afinal, é tanta coisa para pensar na hora de se fotografar: foco, guiagem, enquadramento, alinhamento, alimentação, dark frames, configuração da imagem, entre outras coisas. Em certas noites, por mais que você esteja descançado e tranquilo, algumas coisas acabam passando. Mas valeu pelos ajustes que fiz na guiagem, que agora está muito mais precisa.

Mas eu não desisto e tenho certeza que em breve todos verão uma boa imagem de M51 nesse blog, falta só essas nuvens que tomaram o céu desde sábado sumirem. Eu tenho outras coisas para falar do fim de semana, mas esse post já está muito longo, eu continuo depois.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A impressionante imagem da Nebulosa Eta Carina feita pelo Hubble - 500 megapixels

Um pequeno pedaço da imagem, quando ampliado, mostra detalhes incríveis, como este, da nebulosa Caterpillar

Posts com astrofotos que não são minhas, ou pelo menos de outros astrofotógrafos amadores, não são o foco desse blog, mas uma imagem postada pelo Marcio Schinkoeth, na comunidade "Astronomia!" no Orkut, me impressionou. Trata-se de uma imagem de Eta Carinae feita pelo Hubble, uma foto com simplesmente mais de 500 megapixels, tamanho suficiente para você fazer um poster do tamanho de uma parede.

Ver a foto na tela de seu computador é uma viagem. Dando zoom para ver mais mais de perto você vai se deparar com objetos interessantíssimos. É impressionante como os detalhes surgem quando você aumenta a imagem, como mostrado na montagem acima. É com certeza uma das fotos mais legais que já vi.

Para ver a imagem em alta resolução você deve clicar no link abaixo, mas não tente abrir a foto no seu navegador. Ele provavelmente vai dar erro ou vai abrir só uma parte da foto. Clique com o botão direito do mouse no link e depois em "Salvar link como". Depois que o download terminar, você pode abrir em qualquer bom visualizador. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

O Sol em 5 de maio de 2012


Neste momento posso dizer que a minha fotografia solar passar por uma pequena crise. Eu gostaria de tirar muito mais fotos (se fosse possível, todos os dias). O maior problema tem sido o horário, consequência do meu apartamento atual ser virado para o Sol nascente aliada ao relativo sucesso que tenho tido em fotografar céu profundo daqui, o suficiente para me divertir. Como tenho tido condições de fotografar somente no fim de semana, é comum em passar as noites de sexta e sábado acordado até altas horas da noite, o que torna muito difícil a fotografia solar durante a manhã, pois em noites de astrofotografia de céu profundo, chego a dormir às sete da manhã e a acordar depois da uma da tarde no dia seguinte, quando o Sol já está se escondendo atrás do meu prédio. Além disso fotos do Sol nesse horário são terrivelmente desconfortáveis de se tirar devido a luz e ao calor.

Mas no último final de semana tivemos lua cheia, o que me desanima completamente de tentar céu profundo durante a noite. Por consequência acabei acordando cedo no sábado e fiz alguns vídeos solares para depois conseguir algumas imagens. Tenho notado que entre oito e dez da manhã o seeing é realmente melhor do que ao meio dia, quando o calor emitido pelos prédios do Águas Claras, entre eles o meu, geram uma terrível turbulência na atmosfera.

A imagem acima foi a minha preferida. Ela teria ficado ainda melhor se eu não tivesse tido problemas ao juntar as três fotos do mosaico no Fitswork, que deixa o fundo preto em algumas imagens e vermelho em outras, tornando muito difícil uma foto mais uniforme. Se não fosse por isso eu poderia ter mostrado ainda mais detalhes das proeminências (repare que o fundo do lado direito da foto está ligeiramente mais escuro que o fundo do lado esquerdo).


sábado, 5 de maio de 2012

A super lua cheia de 5 de maio

Clique na imagem para ver em alta resolução

Esse fim de semana tivemos a chamada super Lua. Não é um termo para ser levado tão a sério. Nem chega perto de ser algo como um eclipse. Mas não deixa de ser um acontecimento interessante. Isso acontece por que ela fica cheia bem no momento em que está mais perto da Terra. Durante o evento, a Lua está 15 por cento maior do que em seu tamanho mínimo e brilha 30 por cento a mais.

Eu montei o equipamento antes das seis da tarde, queria pegar a Lua cedo e, quem sabe, fotografar ela nascendo atrás da linha do horizonte. Teria sido muito bonito, mas para minha decepção, a Lua apareceu atrás das nuvens já numa altura que não daria para colocar ela e a cidade no mesmo campo de visão do ED de 102mm.

Depois disso ainda fiquei na esperança de que um avião passasse entre a Lua e o meu telescópio. Eu já vi muitas fotos da Lua com aviões passando na frente dela, mas sonho em tirar uma assim também. Como o aeroporto estava bem na direção do horizonte onde a lua ia nascer, eu tinha grandes expectativas de que um avião aparecesse em alguma imagem. Mas hoje é sábado e pude comprovar que o trânsito de aviões do aeroporto de Brasília é muito fraco nesse dia. Logo a Lua ficou alta no céu, numa altura em que eu sabia que nenhum avião ia passar na frente.

Bem o negócio agora era tentar uma foto realmente boa da Lua. Pelo menos eu nunca tinha fotografado a Lua cheia. Seria uma imagem inédita e um desafio interessante. A Lua cheia tem uma complicacão para se fotografar. Não há áreas de grande contraste como quando é possível ver o terminator (região de transição entre a parte iluminada pelo sol e a parte escura), por isso é muito importante se conseguir uma imagem muito nitida, onde se possa fazer ajustes no contraste depois.

Eu comecei com algumas tentativas de disparo único. Para esse tipo de foto deve se colocar o ISO no mínimo possível, pois quanto menos ISO, menos ruído e mais contraste a imagem terá. Felizmente para uma Lua como a de hoje não foi necessário aumentar demais o tempo de exposição para se conseguir compensar o baixo ISO. Afinal, a Lua estava brilhando tanto que mais um pouco eu colocava o Coronado PST para ver ela (piadinha besta!!!)

Eu tirei algumas fotos com ISO 200 e tempo de exposição em 1/200 segundos. Gostei do resultado que vi (é a imagem do final do post), mas senti que podia fazer mais. Foi daí que resolvi usar o sempre Excelente EOS Movie Recorder. Resolvi fazer alguns filmes de pedaços isolados da Lua atraves do recurso de Zoom5x que esse programa possui. Depois empilhei os filmes no Registax para gerar frames únicos (preferi o 5, pois o Registax 6 não estava conseguindo alinhar os frames). Os filmes ficaram com apenas 500 frames, pois a captura estava lenta, mas felizmente o seeing estava muito bom, o que é uma raridade aqui do meu apartamento, e deu para empilhar praticamente todos os frames. O passo seguinte foi juntar as imagens parciais no Fitswork e depois  aumentar o contraste no PhotoShop CS4.

O resultado da imagem feita com filmes do EOS Movie Recorder (a imagem do começo do post), ficou muito interessante. O Registax levou um tempão para empilhar o Fitswork é muito manhoso, mas acho que no fim, o esforço valeu muito a pena!

Equipamentos utilizados:
Telescópio Orion Premium ED 102mm F7
Câmera Canon T2i 
Montagem Celestron CG-5GT
Netbook 12 polegadas

Imagem feita com frame único, captado em RAW e processado no Bibble 5.


terça-feira, 1 de maio de 2012

Reprocessamento da foto da Nebulosa Pata do Gato - Aplicando o filtro Mínimo em sua Astrofoto

Clique na imagem para ver maior


Hoje deixo aqui um reprocessamento que me deixou muito feliz, da imagem da Nebulosa Pata do Gato que tirei no EBA no unício de agosto de 2011. Essa imagem ainda mantem meu recorde de captação, com uma hora e quarenta e cinco minutos de exposição total e foi tirada no espetacular céu de Alto Paraíso. O problema foi que eu havia cometido um erro durante a captação. O foco não estava perfeito e o resultado do processamento foram estrelas enormes que pareciam querer esconder a nebulosa. 

Eu nunca havia conseguido resolver esse problema até que esses dias, ao publicar a foto da Nebulosa da Lagoa que tirei da varanda do meu apartamento no Cosmofórum, o ótimo astrofotógrafo português João Vieira deu a dica do filtro Mínimo, que faz diminuir o tamanho das estrelas e nos permite ver com mais destaque aquilo que realmente era o alvo da captacão.

O caminho para o Filtro Mínimo no PhotoShop CS4 (Filters-Other-Minimum)
A Janela do Filtro Mínimo aberta. Um Radius de 1 é o suficiente para a maioria das imagens. Não dê bola para o que o Preview mostra. A imagem não tem nada a ver com a que aparece quando você clica em "OK". Se não gostar da imagem, clique em CTRL-Z.

Depois de conhecer o filtro, eu obviamente lembrei de algumas imagens que tirei no Quarto EBA que ficariam muito boas se eu usasse esse filtro. A imagem do Falso Cometa era um caso perdido, mas muitas outras ficaram ótimas com ele. O caso mais bem sucedido até agora foi o dessa imagem da Pata do Gato que mostro acima. Essa foto ficou tão boa que até parece que foi captada com outro equipamento. Mas é claro que eu usei outros recursos que aprendi deste a última vez que trabalhei com essa imagem, principalmente o ótimo LAB Colors. Abaixo você pode ver uma interessante comparação entre o processamento anterior e o de agora.

Comparação entre o processamento anterior (à esquerda) e o novo processamento. Reparem que na imagem antiga as estrelas estavam enormes e embranquiçadas, denunciando a falta de um foco mais apurado. Na nova imagem as estrelas estão lá, mas menores e pontilhadas, e possuem cores. Além disso agora é a nebulosa que domina a cena.