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sábado, 9 de setembro de 2017

Finalmente o eclipse total do Sol

Meu primeiro Eclipse total do Sol - Composição de duas capturas com a lente de 200mm, uma com 1/250 e outra com 1/1600 de exposição, as duas em ISO 100.

Um eclipse solar total é considerado por muitos o evento mais dramático que o céu pode nos proporcionar. Então, para um amante da Astronomia como eu, presenciar um eclipse total já era um sonho antigo, mas ver um evento destes não é fácil. Eles são raros, são visíveis em faixas estreitas e duram muito pouco tempo. Por isso, eu cheguei à beira dos quarenta anos sem ter presenciado o evento.

Na verdade, quem deseja assistir à um eclipse solar total deve aceitar que é preciso viajar. E foi o que fiz. Para acompanhar o eclipse total de 21 de agosto, comprei uma passagem Brasília-Los Angeles e, junto com um amigo, dirigimos até o estado do Wyoming, nos Estados Unidos, para acompanhar o eclipse na pequena cidade de Shoshoni, mais exatamente no Boysen State Park, um pequeno parque, cuja atração principal é uma represa, próximo à cidade.

O local estava bastante cheio. Na verdade, o trânsito para os locais do eclipse estava um loucura. Era legal ver o interesse das pessoas pelo evento celeste. Era um clima que me lembrou quando fui assistir jogos da Copa do Mundo. Mas a torcida aqui não era pela vitória de um time, mas para que as nuvens, que estavam bastante assustadoras nos dias anteriores, dessem um sossego na hora do evento. Felizmente o time da casa venceu de goleada, e o eclipse aconteceu com o céu absolutamente aberto. Não podia ter sido melhor.

Para registrar o eclipse, levei a minha querida lente de 200mm F2.8 da Canon, a câmera DSLR Canon T2i e um tripé, sem qualquer acompanhamento motorizado. Também levei um filtro da Baader improvisado no parasol da lente. Como seria meu primeira eclipse total do Sol e a totalidade não duraria muito mais do que uns dois minutos, eu estava bastante tenso. 

Algo interessante a se saber é que, num eclipse solar total: você deve utilizar filtro específico para o Sol durante o período em que a Lua está se colocando à frente da estrela, mas no momento em que ela cobre o disco solar por completo, o filtro deve ser retirado. Foi aí que cometi o meu maior erro. Eu sabia que o filtro tinha que ser retirado no momento do Eclipse, só não lembrei de que, com a retirada do filtro, o ponto focal da lente muda, tirando a nitidez do registro. Felizmente, eu percebi isso alguns segundos depois, mas perdi algumas fotos que teriam ficado interessantes. Depois fiz algumas fotos com tempos de exposição variáveis. Estourei "um pouco" a coroa, mas fiz bons registros das proeminências solares, aquelas que vemos com filtros H-alpha solares caríssimos, mas que durante o eclipse aparecem até para câmeras DSLRs sem filtros. Esta é a imagem do início do post.

Os dois minutos de totalidade me pareceram ter durado uns quinze segundos, tamanha a tensão que eu estava. Ainda assim, após conseguir algumas imagens com a lente de 200mm, coloquei a lente 10-22mm e tentei uma panorâmica do Eclipse. Esta é a imagem que você veem abaixo:

Eclipse registrado com lente 10-22mm em 13mm. Podemos ver um pouco do parque onde fiquei durante o evento.
Registro "levemente" estourado da Coroa Solar. Ainda assim, é interessante percebermos a presença da estrela Régulo, da Constelação do Leão, próxima ao Sol (às sete horas)

Aguardando a totalidade. Foto feita com Celular.


O equipamento utilizado, com o filtro no parasol da lente.


domingo, 26 de fevereiro de 2017

Eclipse solar parcial em Brasília. Eu não passei em branco!

Eclipse parcial do Sol, em 26 de fevereiro de 2017, registrado com câmera Canon T2i e Lente Canon 200mm F2.8 L II USM.

Foi difícil. Parecia que ia ficar só na vontade. Mas nos últimos instantes, quando a lua já ia se retirando da frente do disco solar, percebi a claridade entrando pela janela do meu apartamento e corri para a varanda.

Eu acordei mais ou menos nove e meia da manhã. Estava até considerando a possibilidade de montar o telescópio na varanda do apartamento, mas de cara percebo que está um pouco escuro. Vou até a varanda e um leve chuvisco caia sobre Brasília. O céu estava completamente tampado. Deu até vontade de voltar pra cama, mas como eu tinha dormido razoavelmente cedo na noite anterior (para os meus padrões), já estava sem sono.

Quando já tinha até colocado o almoço pra esquentar, percebo que, do lado de fora do apartamento, estava mais claro. O céu ainda estava muito tampado, mas raios de Sol estavam atingindo o vidro das janelas. Corro para a varanda e tento fotografar o eclipse.

De cara, a primeira dificuldade, o Sol estava exatamente no zênite e o tripé de máquina fotográfica não conseguia apontar exatamente pra cima. Não dava tempo de pegar a montagem do telescópio. Bem, o Sol brilha muito, então daria para fotografar com a câmera na mão mesmo. É o que fiz. Só que a claridade do Sol é tão forte que não dava pra ver o que o LCD da câmera mostrava. Eu tinha que fotografar olhando o visor da câmera.

Foram cerca de vinte tentativas, num espaço de cinco minutos. Algumas imagens ficaram fora de foco, outras escuras ou claras demais, mas na insistência consegui um registro muito bom para uma lente de 200mm, que vocês veem no alto do post.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Nebulosa da Roseta em três visões


Como eu já disse um milhão de vezes, esta época do ano é sempre complicada para astrofotografia, devido às chuvas. Mas às vezes o céu abre, ou pelo menos finge que abre, e mesmo com nuvens ralas sobre meu apartamento, em Brasília, ou na chácara onde meus pais moram, em Uberlândia, consigo fazer algumas imagens interessantes.

Quem me acompanha há mais tempo, sabe que eu adoro combinar imagens de câmeras diferentes, principalmente cores com luminance. Faço isso desde que descobri o Software Fitswork e seus inúmeros recursos. 

Em dezembro fiz uma interessante captura da Nebulosa da Roseta, quando estive na chácara para as festas de fim de ano. Foram 64 frames de 40 segundos de exposição. O tempo limitado por frame foi devido a eu estar usando o Ioptron Skytracker e ter esquecido de levar a buscadora polar. Se tivesse levado, talvez conseguisse pelo menos um minuto por frame, com a lente Canon Ef 200mm F/2.8l Ii Usm, usada na captura. A câmera foi a boa Canon T2i modificada, velha de guerra.


Nebulosa da Roseta, capturada no último dia de 2016, na chácara onde moram meus pais. com lente de 200mm Canon USMII EF 2.8, Canon T2i e montagem Ioptron Skytracker.

Ao voltar pra Brasília, tive a chance de, da varanda de meu apartamento, capturar 28 frames de 5 minutos com o filtro H-alpha, na câmera Atik 314L+. Para isso, usei a mesma lente de 200mm e a montagem HEQ5 da Sky-Watcher, que me permitiram frames mais longos. O resultado desta combinação você vê abaixo. Repare que o campo está limitado pelo sensor da Atik, bem menor do que o da Canon. Nesta imagem, o H-alpha faz o papel de Luminance e a captura da Canon dá somente as cores ao registro.


Nebulosa da Roseta, com adição de H-alpha capturado com a Atik 314L+ e a mesma lente de 200mm.



Mas eu também tinha um registro em Hubble Palette de 2015, feito com a já vendida lente 200mm FD. Esse registro, em alguns aspectos é até superior ao atual, onde eu errei no foco do H-alpha, mas naquela captura eu não fiz flat frames, o que prejudicou o resultado final, principalmente o céu de fundo, que ficou repleto de manchas, me forçando a escurecer demais o fundo. Nesta nova captura, o fundo está muito mais uniforme. Neste caso, a imagem de 2015 serviu não apenas para dar cores, mas também para melhorar a definição do núcleo da Nebulosa, com o recurso de Mosaico do Fitswork.




As chuvas devem continuar em Brasília e deve demorar um pouco para pararem, mas eu nem estou com pressa. Com a represa que alimenta meu bairro secando, prefiro ficam uns tempos sem fotografar do que ficar sem água, ou que pelo menos chova muito no meio de semana e o céu abra sábado à noite, o melhor dia para fotografar, quando não preciso dormir e nem acordar cedo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Grandes Expectativas para 2017

2017 está começando. Como sempre, nesta época do ano, as chuvas dominam a paisagem. Eu também não ando tão ativo como gostaria. Perto dos quarenta anos de idade, com uma filha para dar atenção, um complexo livro para terminar, e o emprego que me sustenta exigindo cada vez mais, muitas vezes não encontro tempo ou energia que gostaria para astrofotografar. Apesar disso, este ano é de grandes expectativas para mim no ramo da astrofotografia. São muitos os projetos que tenho em mente.

Veja abaixo, o que espero para o ano de 2017.

1 - Finalmente publicar o livro de Astrofotografia: para alguns pode até parecer que este projeto esfriou, mas a boa notícia é que isso nunca aconteceu. O que realmente acontece é que o processo de revisão foi muito mais denso e difícil do que eu esperava. Após finalizar a primeira versão do livro, encontrei uma série de problemas de coerência, erros de digitação e trechos que não ficaram bem escritos. Além disso, muitas vezes, quando se corrige um erro, aparecem outros, principalmente de digitação. O livro foi revisado três vezes, mas agora finalmente estou com uma cópia impressa, corrigindo erros bastante pontuais e vejo que todo o trabalho está começando a valer a pena. Percebo que ler o texto que escrevi é uma tarefa agradável, o que me deixa feliz. Tenho praticamente certeza de que, este ano, finalmente publicarei o livro.

2 - Ver o eclipse solar total nos Estados Unidos: depois do livro, este é o projeto que mais me empolga. Finalmente vou ter a oportunidade de ver um eclipse solar total, ver o céu ficar escuro no meio do dia, ver a coroa solar. Isso será em agosto e estarei acompanhando o pessoal do CASB no dia do evento. Acredito que vai ser uma experiência incrível, mas também tensa. Eu não tenho nenhuma experiência em fotografar eclipses solares e terei pouco mais de dois minutos para fazer imagens. Por isso preciso estudar e me preparar muito até lá.

Chamado de "The Great American Eclipse", o eclipse solar de agosto de 2017 vai cruzar o território dos Estados Unidos da Costa Oeste à Leste.


3 - Fazer muitas fotos planetária: A fotografia planetária tornou-se muito mais interessante para mim depois que adquiri um refletor de 8 polegadas e uma câmera Expanse Mono. Dizem por aí que estas câmeras  Expanse têm apresentado problemas, simplesmente parando de funcionar. Bem, enquanto a minha estiver funcionando, quero tirar o máximo dela e se ela parar, com certeza vou adquirir outra. Fotografia planetária, principalmente de Júpiter, é apaixonante demais para parar.

Filtro Baader UV-IR Cut. Ano passado, usei um similar, emprestado por um amigo, que rendeu ótimas imagens.


Recentemente, um amigo trouxe para mim um filtro IR-UV Cut da Baader comprado em um site na Inglaterra. Vale dizer, custou 230 reais lá, que não é considerado um país barato, enquanto o mesmo filtro está sendo vendido por 850 reais no Mercado Livre, aqui no Brasil. Esse é o custo de viver em nosso país.

Com este filtro IR-UV, espero fazer imagens bastante interessantes de Júpiter, mesmo com um telescópio razoavelmente pequeno para este tipo de fotografia, onde os grandes papas usam telescópios de 12 a 16 polegadas.

4 - Tirar o máximo da minha lente de 200mm: A minha maior (e melhor) aquisição astrofotográfica ano passado foi a lente de 200mm F2.8 da Canon, considerada por muitos como uma joia da astrofotografia. Mas sinto que não tirei todo o potencial desta lente. Acredito que o maior problema é que a estou usando com o Ioptron Skytracker, que, se quebra o galho quando comparado a uma EQ1 ou EQ2, está longe de se comparar à HEQ5 com Go-To. Nos próximos encontros do CASB, pretendo usar a lente na HEQ5 e conseguir tempos de exposição maiores, tirando o máximo que esta lente pode me dar.

Imagem das Nebulosas Barnard 33 e M42, feita na chácara, com a lente de 200mm. Foram 133 frames de apenas 40 segundos de exposição, no Ioptron Skytracker. Imagino se fosse frames de 5 minutos. Veja a imagem em tamanho grande.


5 - Adquirir um novo Notebook: um outro objetivo nos Estados Unidos é adquirir um notebook melhor. Ano passado, resolvi me desfazer do Desktop que possuía. O aparelho, que tinha 4 anos, começou a apresentar alguns problemas, ocupava espaço demais e exigia manutenção constante. Decidi que já estava na hora de abandonar este tipo de equipamento. Infelizmente, isto causou impacto na minha produção astrofotográfica. Perdi poder de processamento e acho que a falta já está impactando muitas imagens. Com muita demora para aplicar filtros e outros comandos, além de constante travamentos, tenho diminuído o trabalho no processamento das imagens, o que me deixa triste. Numa viagem ao exterior, a compra de um bom notebook pode fazer compensar todo o investimento da viagem.

É isso aí pessoal, espero trazer boas imagens e notícias para vocês em 2017. O EBA vai ser mais curto, já que, ao contrário dos anos anteriores, eu não vou estar de férias no evento, mas a varanda do apartamento deve seguir firme e forte. Quanto ao livro, eu não sei muito o que fazer com ele depois de finalizado. Estou aberto a sugestões. Já recebi algumas, mas toda informação é válida.

Um grande abraço a todos e que 2017 nos traga bons céus.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Raios: O prozac do astrofotógrafo brasiliense.



Raios capturados com lente de 50mm, em tempestade próxima a meu apartamento. 2 frames de 10 segundos em ISO 100.

Quinta-feira. Passa da meia-noite. Eu me preparo para dormir. Apago a luz do quarto e me deito. Mas, de repente, percebo um clarão iluminar a cortina do quarto. Sim, deve estar caindo uma tempestade em algum lugar próximo do meu apartamento. Logo, mais um clarão, e depois outro e mais outro. Eu começo a pensar que talvez devesse dar uma olhada no que está acontecendo lá fora. Pronto! Lá vou eu ficar acordado até as três horas da manhã.

Foi uma noite meio atrapalhada. Talvez eu já estivesse com um pouco de sono. Mas a imagem acima mostra que valeu a pena ter levantado da cama, mesmo que no dia seguinte eu tenha sofrido com o sono. Não é a toa que só fui publicar a imagem em meu Facebook dois dias depois. Já que na noite de sexta eu cheguei do trabalho e caí na cama.

Nesta época do ano, a fotografia de raios é o prozac do astrofotógrafo brasiliense mais empolgado. Com o céu sem dar uma chance faz meses, com uma ou outra abertura muito esporádica quando já é hora de dormir, os belos flashes de luz, que iluminam a capital quando as chuvas estão voltando pra valer, são capazes de consolar qualquer um com uma boa vista do horizonte.

No sábado seguinte também voltou a trovejar, só que a tempestade agora estava muito mais distante. Por isso, enquanto a primeira foto deste post foi feita com uma lente de 50mm, a primeira imagem abaixo, feita no sábado, teve o uso de uma lente de 200mm de distância focal. Raios mais distantes também podem ficar mais fracos, exigindo atenção do fotógrafo quanto ao tempo de exposição. Enquanto a primeira foto foi feita com dois frames de 10 segundos, a segunda também foi feita com dois frames, mas de 4 segundos (sim, cada imagem são duas capturas separadas e integradas no Deep Sky Stacker, mesmo software que uso para integrar fotos astronômicas).

Se usasse o mesmo tempo de exposição nas duas imagem, os raios provavelmente teriam ficado muito fracos na segunda composição. Como um raio é um flash que dura alguns centésimos de segundo, quando maior o tempo de exposição de sua foto, mais fraco o raio fica em relação a imagem final. Se o tempo de exposição for muito reduzido, o raio pode ficar forte demais em relação ao resto da paisagem. Sem contar que, com tempos de exposição muito reduzidos, você vai ter que tirar muito mais fotos, gastando muito mais memória de seu cartão, limitando o tempo que vai poder acompanhar a tempestade e reduzindo o tempo de vida de sua câmera DSLR.


Raios capturados com lente de 200mm, em tempestade que ocorreu numa distância muito maior. Repare como as nuvens estão avermelhadas, devido à grande quantidade de atmosfera entre as nuvens e o local da fotografia. Dois frames de 4 segundos em ISO 100.

A mesma tempestade da foto anterior, mais próximo da Torre de TV Digital. Dois frames de 4 segundos em ISO 100.
Às vezes eles vem tão forte que mesmo com dez segundos de exposição o seu brilho estoura a imagem. Frame único de 10 segundos em ISO 100.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

A Super Lua de 14 de Novembro - Nem sempre um evento astronômico é motivo de alegria.

Super Lua de 14 de Novembro. Registrada da varanda de meu apartamento.


Na noite de 14 para 15 de Novembro, tivemos a maior Super Lua dos últimos tempos. Este é um evento que sempre causa grande mobilização na Internet, mas confesso que não acho a Super Lua dos acontecimentos celestes mais interessantes. Trata-se de uma Lua Cheia que ocorre quando nosso satélite está num ponto mais próximo de sua órbita em relação à Terra, que pode ser até dez por cento mais próximo do que quando ela está no ponto mais distante. De fato, acho conjunções planetárias,   eclipses lunares e muitos outros eventos bem mais interessantes. Mas pelo menos é melhor do que a "Lua Azul".

Para um fotógrafo, algo que "tira um pouco o brilho" da Super Lua é o fato de que não é exatamente um evento fotografável. Perceber a diferença entre uma foto da Lua cheia no horizonte durante a Super Lua ou numa Lua Cheia normal não é das tarefas mais fáceis. Na verdade, o barato está mesmo em dizer: fiz a foto durante a Super Lua. Fora isso, configurações de exposição e lentes tiram quaisquer diferença perceptível entre uma Super Lua e uma Lua Cheia normal.

Um tipo de composição interessante é fazer um registro durante uma Lua Cheia normal e depois fazer, com o mesmo equipamento, um registro da Lua cheia durante a Super Lua, colocar as duas imagens lado a lado, com o centro recortado, e apresentar uma comparação entre os eventos.

Aqui em Brasília, a noite da Super Lua foi bem nublada, com um pouco de abertura lá pelas nove da noite. Eu estava gripado, então não pude ficar muito tempo na varanda fazendo registros. O meu preferido é o que você vê acima do post, com a lente de 11-22mm em 18mm. Vemos a já manjada vista de meu apartamento, com a Lua passando atrás das nuvens. 

Algo que me deixa muito triste quando ocorrem eventos como a Super Lua é a quantidade de foto montagens que se espalham pela internet. Há todo tipo de absurdo e recortes tão mal feitos que me deixam constrangido. Mas o pior é ver que estes recortes muitas vezes são mais compartilhados nas redes sociais do que fotos autênticas, feitas por fotógrafos ou astrotógrafos que se deslocam para pontos distantes, com equipamentos caros, até mesmo colocando a própria segurança em risco, para trazer ângulos originais da Super Lua. Vale lembrar que estas fotos autênticas muitas vezes apresentam a Lua não com todos os seus detalhes, mas apenas como uma mancha branca, como ocorre na imagem do alto do post. Isso é devido a imensa diferença de brilho entre a Lua e o resto da paisagem. Enquanto isso, gente que se diz fotógrafo copia e cola uma foto da Lua sobre a sua imagem sem a menor vergonha, para que as pessoas pensem que ele conseguiu captar a Lua em todos os detalhes junto com a paisagem.

É importante dizer que fazer a Lua aparecer em todos os detalhes nas imagens, na maioria das vezes, não se resolve somente com HDR. Quando se aumenta o tempo de exposição para se pegar com mais detalhes a paisagem, a Lua não apenas fica estourada, toda branca, mas também aumenta muito de tamanho, pois o estouro dos pixels tende a se espalhar no sensor da câmera. Na imagem do alto do post, o círculo aparente da Lua era umas quatro vezes menor do que a mancha branca que aparece no registro da câmera.  Para resolver este problema, alguns fotógrafos aumentam o tamanho da Lua na foto, para não ficar uma mancha branca na imagem. A verdade é que isso ocorre na maioria das fotos em que você viu detalhes da Super Lua em composições com paisagens.

Esta comparação mostra dois registros da Lua Cheia com DSLR e lente de 200mm. Com as mesmas configurações, ao se aumentar o tempo de exposição, surgem belas nuvens na imagem, mas aumenta-se também o tamanho aparente da Lua. Não é possível corrigir essa mancha apenas fazendo-se uma composição das imagens. Por isso, Muitos fotógrafos recortam e aumentam o tamanho da primeira imagem da Lua, para tampar completamente a mancha branca do segundo registro.

Resultando quando se aplica o que foi dito na imagem anterior. Acredito que você já deve ter visto coisa parecida na Internet

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Nuvem Estelar M24 e IC1284

M24 e IC 1284: Câmera: Canon T2i modificada Lente: Canon EF F2.8 L USMII @F4 Montagem: Ioptron Skytracker 57x60 segundos ISO 800


Mais uma imagem feita com a lente Canon 200mm F2.8 da Canon. Trata-se M24, também chamado de Nuvem Estelar de Sagitário. Na verdade trata-se de um pedaço da Via Láctea, cujo brilho mais intenso, fez com que Charles Messier a incluísse em seu catálogo de objetos, em 1974. O objeto em si é a nuvem mais clara que vemos do lado esquerdo do objeto. À direita dela vemos uma das formações que acho das mais interessantes na Via Láctea, uma nuvem de poeira que apresenta a forma de um triângulo reto. Algo bastante inusitado.

A pequena nuvem vermelha dentro do triângulo reto é a pálida nebulosa IC1284. Tanto M24 como o triângulo são visíveis a olho nu, em locais bens escuros, e ótimos alvos com binóculos. Já o vermelho de IC1284 é visível somente em fotos. Imagem feita durante o Nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia, em julho, em Padre Bernardo.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Altair, Tarazed e a Nebulosa "E"

 
 
Deixo hoje uma composição muito interessante feita durante o Nono encontro de Astrofotografia. A grande estrela azul à direita na imagem é Altair. Trata-se de décima segunda estrela mais brilhante do céu noturno e a mais brilhante da Constelação de Aquila. Destaca-se principalmente no inverno Brasileiro, como uma das primeiras estrelas do Norte Celeste. É uma estrela oito vezes mais brilhante do que o Sol e esta localizada a somente 16 anos luz de distância. Para os padrões astronômicos, é literalmente uma de nossas vizinhas da Via Láctea. Um vizinha das mais novas, po...is tem cerca de um bilhão de anos, quase cinco vezes menos que o Sol.
 
Já Tarazed, a estrela vermelha no centro da imagem, é na verdade uma estrela dupla que, apesar de ser muito mais brilhante do que Altair, está a uma distância quase trinta vezes maior.
As duas nebulosas escuras na parte direita da imagem são os objetos Barnard 142 e Barnard 143. As duas Nebulosas também são chamadas de Nebulosa E. Se você prestar atenção vai ver que elas formam o desenho da letra "E" maiúscula (de trás pra frente).
 
Esta imagem foi capturada com 34 frames de um minuto (bastante curta para os padrões atuais), com Lente de 200mm F2.8 Canon EF USMII em F4, Canon T2i e Montagem Ioptron Skytracker, durante o Nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia, em Padre Bernando - Goias.
 
Se estiver vendo num bom monitor, não deixe de ver na resolução máxima: http://www.astrobin.com/full/256095/0/?real&mod

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Fotografando com DSLR sob a poluição luminosa

Quatro anos atrás, mudei para o Águas Claras, bairro (ou cidade satélite, como chamam por aqui) densamente povoado de Brasília, marcado pela presença de centenas de arranha-céus. Parecia que no novo apartamento eu estaria limitado à fotografia de planetas, do Sol e da Lua. Mas a aquisição de filtros de banda estreita e uma CCD monocromática logo mostraram que inúmeros objetos de céu profundo, em especial as Nebulosas de Emissão, estariam a meu alcance. Tanto que acabei vendendo meu telescópio solar com filtro H-alpha, devido à falta de tempo para este tipo de astrofotografia.
 
Mas o que acontece quando trocamos os filtros de banda estreita por um Orion SkyGlow, comprado quase vinte anos atrás, nos primórdios da minha vida de astrônomo amador, e a CCD por uma DSLR modificada para astronomia? Bem, obviamente não podemos esperar os mesmos resultados espetaculares que se conseguiria com este equipamento no céu de uma fazenda em Alto Paraíso, ainda assim, as brincadeiras dos últimos fins de semana, quando o céu abriu em Brasília, mostram que é possível fazer mais do que geralmente se espera.

Eu quis fotografar com DSLR, principalmente devido ao belo triângulo que podemos ver na constelação de Escorpião, com Marte, já bem brilhante, bastante próximo de Saturno e da Estrela Antares. Como meu objetivo era somente pegar estes três objetos mais brilhantes, coloquei a lente de 50mm na DSLR sobre o Ioptron Skytracker, para uma imagem de grande campo. Fiz frames com 60 segundos de exposição e ISO800, com a lente fechada em F4. O resultado você vê abaixo, com Marte destacado no centro da imagem, Saturno à direita e Antares no alto. Nestes light frames, nenhum detalhe mais evidente da Via Láctea aparece na composição.

Os frames individuais dão a impressão de que só as estrelas mais brilhantes aparecerão na imagem final.


Ainda assim, continuei fotografando. Fiz 81 frames da mesma imagem, mais duas dezenas de dark frames e joguei no Deep Sky Stacker. O resultado, pra mim, foi uma grande surpresa. Abaixo vemos a imagem após ser integrada no DSS e receber os ajustes no próprio software, na tela pós-processamento. A imagem foi girada 180 graus, para um enquadramento mais convencional. 


Após integração de 81 frames no Deep Sky Stacker, a região de Rho-Ophiuchi torna-se visível.

Nesta nova imagem, já podemos ver enorme evolução em relação a somente um frame. Percebemos como o empilhamento nos permite ver detalhes da região de Rho-ophiuchi. A foto mostra o poder da técnica de integração e o benefício que os desenvolvedores destes softwares promovem à astrofotografia. Para finalizar, fiz alguns ajustes na imagem no Fitswork e no Adobe PhotoShop. O resultado, você vê na próxima imagem:

Ajustes de cores e contraste tornam a imagem mais viva.

O resultado final, mesmo que muito abaixo do que eu conseguiria num céu escuro, me surpreendeu pelas condições de captura e pelo próprio light frame inicial.

É importante mencionar que eu não fiz flatframes. Tenho usado este recurso mais quando estou fotografando com CCDs, pois manchas no sensor quase não aparecem na DSLR e acho que a vinhetagem e o gradiente tem sido muito bem removida pelos comandos "normalizar nebulosas automaticamente" e "remover gradiente automaticamente", do software Fitswork, na barra de títulos, em "Ajustes - Harmonização". Esses comandos apresentam excelentes resultados, bastando um clique na opção.

Numa outra noite, também aproveitei para fazer a primeira imagem de céu profundo com a lente Canon 200mm F2.8 EF USMII, adquirida recentemente. Originalmente, a ideia era estrear a lente somente nos primeiros encontros do CASB, em fazendas próximas a Brasília, mas eu simplesmente não aguentei esperar. Apontei para a área mais óbvia do céu nesta época do ano, com a Nebulosa da Lagoa (M8) e da Trífida (M20) e fiz 65 frames de 30 segundos em ISO 1600, com esta lente também em F4. Foram pouco mais de meia hora de tempo total de exposição, mas um resultado que me deixou muito feliz e cheio de expectativas para os encontros do CASB, a partir de junho.

Imagem feita com lente de Canon 200mm EF USM 2.8




segunda-feira, 28 de março de 2016

Canon 200mm f/2.8 l ii usm: Finalmente a lente dos meus sonhos!





Finalmente adquiri a sonhada Canon 200mm EF F2.8L II USM, considerada por unanimidade uma das melhores lentes para astrofotografia. Os 200mm de distância focal fazem desta lente fotográfica praticamente um pequeno telescópio, permitindo imagens em grande campo que podem muito bem ser confundidas com as melhores imagens feitas por pequenos telescópios apocromáticos.

Pesando pouco mais de 700 gramas, a Canon 200mm EF F2.8L II USM está no tamanho certo para ser usada com o meu Ioptron Skytracker e conseguir tempos de exposição entre um e dois minutos. É o suficiente para, com as devidas configurações, fotografar praticamente tudo no céu. Acabo também tendo um setup super portátil, que me permite levar um bom equipamento astrofotográfico até em viagens de avião, ótimo para sair por aí em busca de um bom lugar para fotografar um cometa ou, quem sabe, um eclipse solar.
 
Antes de adquirir a 200mm F2.8 EF, eu tive uma Takumar 135mm (bom custo benefício), uma 135mm F2.0 EF da Canon ( até mais cara que a 200mm F2.8  EF), uma Nikon 135mm F2.8 (Um grande erro) e por fim, uma 200mm F2.8 FD da Canon, que embora tenha um desempenho muito bom, principalmente em astrofotografia com banda estreita em CCDs, deixa  a desejar quando comparada com o modelo novo ao ser usada na DSLR. Por sinal, parece que muitas pessoas acreditavam que a minha 200mm FD era na verdade EF, o que certamente deveria me diminuir um pouco como astrofotógrafo, pois na vendade estava registrando com um equipamento inferior ao que pensavam. A 200mm FD é muito boa, mas apresenta razoável cromatismo da abertura F4, o que prejudicava minhas capturas. A 200mm EF é quase perfeita em F4. Bem, na verdade 99% das pessoas diriam que ela é perfeita nesta abertura, mas com a prática astrofotográfica, a gente vai ficando cada vez mais chato, e definir algo como perfeito fica bem mais difícil após cinco anos neste hobby.

O fato de eu não ter comprado esta lente há pelo menos três anos é sem dúvida uma das maiores bobagens que fiz em termos de equipamentos para astrofotografia. E agora estou pagando o preço do meu erro, pois com um Obama valendo quase quatro Dilmas, não consegui esta lente por menos de 4 mil reais.

Acredito que o tipo de erro que cometi antes de adquirir a 200mm EF é muito comum entre astrofotógrafos: adquirir um equipamento inferior por que está mais barato ou mais a mão do que o equipamento ideal. Quando eu comprei a 135mm F2.0, por exemplo, eu tinha o dinheiro para a 200mm F2.8. Fui numa feira dos importados em São Paulo (uma cheia de asiáticos, na Av. Paulista) para comprar a 200mm, mas não encontrei. Como havia uma 135mm a mão, optei por essa lente, que é fantástica, mas sempre fiquei com vontade de ter uma 200mm e registrar os objetos de céu profundo um pouco mais de perto. Por fim, vendi a 135mm para comprar a 200mm EF. O problema foi que no meio do caminho achei uma 200mm FD, modificada para o uso com as novas câmeras digitais (O corpo da lente foi reduzido, para dar foco no infinito em sensores digitais). Com um preço tentador - menos da metade da EF nova - e a possibilidade de controlar o diafragma manualmente, o que ajuda muito na fotografia com CCDs, acabei mais uma vez deixando a 200mm EF para depois e peguei a FD. No fim, o forte cromatismo da 200mm FD, mesmo quando mais fechada, me fez continuar desejando a 200mm EF. Ano passado um amigo chegou a me oferecer a EF por cerca de dois mil reais, mas na época eu estava com pouca grana e passei a oferta. Foi algo que depois me deixou muito triste, mas infelizmente na época esses dois mil iriam me fazer muita falta.

Aprendi com essa história que quando você opta por quebra-galhos você termina sempre querendo adquirir o equipamento certo e apenas prolonga o caminho para o equipamento ideal. Isso não acontece só comigo. Todo tendo surgem colegas no Facebook mostrando um telescópio ou lente disponível para compra no Brasil, pedindo minha opinião, quase sempre na esperança de que eu as encoragem numa compra em que elas não se sentem totalmente seguras. A maioria das pessoas tem consciência de que o equipamento que estão me mostrando não é o ideal e geralmente sabem qual é o equipamento certo. O problema é que o equipamento correto só está disponível no exterior ou está bem mais caro e eles acham que este equipamento mais a mão irá resolver a questão.

Eu geralmente não recomendo a compra de um equipamento inferior, mas percebo que as pessoas ficam tristes devido a dificuldade de adquirir o equipamento correto. O único conselho que posso dar a estas pessoas é: tenha muita paciência, uma hora a chance vai aparecer. Bons equipamentos astrofotográficos usados aparecem frequentemente em fóruns de astronomia, ou mesmo em sites de leilões. Os sites brasileiros também demoram para renovar seus estoques, mas volta e meia bons produtos estão disponíveis. Além disso, sempre pode aparecer uma chance de ir para o exterior, seja para você ou para algum amigo. O importante é: sempre pense muito antes de trocar o certo que está mais difícil pelo duvidoso que está mais fácil. O duvidoso pode ser bom, mas em astrofotografia, a gente logo aprende que somente o ótimo irá nos satisfazer plenamente.

Galáxia de Andrômeda, registrada com a lente de 200mm EF 2.8 e Canon 450D. Foto do usuário Bilgebay, no Astrobin.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O "Super" Eclipse total da Lua de 28 de setembro de 2015

O Eclipse de ontem e as estrelas em volta. Destaque para HIP1421 prestes a ser ocultada pela Lua.


Ontem tivemos um belo eclipse total da Lua ocorrendo sob os céus dos brasileiros que tiveram a sorte de não terem nuvens entre eles e o fenômeno. Estas nuvens, por sinal, infelizmente atrapalharam a maioria dos meus colegas em outros lugares do Brasil, enquanto aqui em Brasília esperaram o ápice do evento para invadirem os céus. Na verdade, pelo que tenho visto nas redes sociais, parece que quase ninguem conseguiu registrar o eclipse totalmente em nosso país. A partir das onze e meia da noite as nuvens mandaram ver no Brasil.

Mas o tempo que tive antes do céu nublar foi bem agradável. Da varanda de meu apartamento acompanhei tudo sentado ao lado de um tripé, com o Ioptron SkyTracker e a Canon sobre ele. E, é claro, também estava com minha lente de 200mm FD velha de guerra.

Minhas companhias foram minha esposa e filha de 3 anos, que numa noite tão quente estavam alegres de acompanharem o evento da varanda, pois estava difícil ficar dentro de casa.

Fiquei sabendo que o Clube de Astronomia de Brasília organizou um evento de observação pública e encontro de telescópios na Praça dos Três poderes. Parece que o evento fez um estrondoso sucesso, com cerca de cinco mil pessoas presentes. Foi o Woodstock da astronomia observacional amadora em Brasília. Yeah!! De negativo só a história de quem um dos participantes, sem o conhecimento do clube, decidiu cobrar para que as pessoas pudessem observar em seu telescópio. Isso não se faz, ainda mais por que o evento foi patrocinado pelo CASB, que sempre permite que as pessoas observem gratuitamente em eventos na praça dos três poderes.

Da tranquilidade de minha varanda eu fiz até algumas fotos interessantes. A lente de 200mm foi escolhida no lugar do telescópio por que mostra mais em volta da Lua e eu queria pegar as estrelas que ficariam visíveis durante o eclipse. Mas confesso que a preguiça de montar e desmontar o telescópio também foi fator determinante.

Para fazer a imagem do topo deste post eu fiz uma única exposição, de 10 segundos em ISO 400. Um dark frame também foi feito, com o mesmo tempo de exposição e ISO, como deve ser, e subtraido no Adobe Photoshop, com o comando "Aply Image - subtract". O Skytracker da Ioptron permitiu tanto tempo de exposição sem que as estrelas deixassem rastros. No Adobe Um filtro máximo em 2x foi aplicado para aumentar as estrelas, que depois foram levemente desfocadas. Nenhum tratamento foi aplicado sobre a Lua, que está em cores naturais.

O eclipse logo no início, registrado com a lente de 200mm e depois recortado para mostrar detalhes do nosso satélite. A quantidade de detalhes que se vê, para um foto com lente, impressiona.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Nebulosa de Véu no EBA - Um pouco sobre a lente de 200mm FD - Parte 1

Nebulosas do Véu do Oeste e do Leste fotografada com Lente de 200mm F2.8 FD, Canon T2i modificada para astronomia e Montagem Celestron CG-5, sem o uso de guiagem


Acho que nem todo mundo aqui sabe, mas eu tenho uma lente de 200mm F2.8 da Canon. Sim é a lente dos sonhos de todo astrofotógrafo. Só que tem um porém, ela não é a moderníssima Canon EF 200mm f/2.8L II USM vendida hoje por quase 800 dólares no exterior e encontrada no Brasil por algo em torno de três mil reais no Mercado Livre ou na feira do Paraguai mais próxima de você. Trata-se de uma lente da época da fotografia com filme. Eu não sei exatamente quantos anos essa lente tem, mas uma coisa posso dizer, ela deve ser mais velha do que a maioria das pessoas que lê este blog.

Então  quer dizer que posso usar qualquer lente antiga da Canon na minha câmera digital, economizando milhares de reais e conseguindo resultados como as das lentes mais caras?

Bem, não é por aí.

Pra quem não sabe, FD é como a Canon chamava o encaixe das suas câmeras até o ano de 1987, quando foi introduzido o encaixe do tipo EF, que trouxe a eletrônica às lentes, embora ainda com o uso de filmes. O problema é que, em relação as modernas câmeras digitais o foco das lentes FD foi parar mais para dentro do sensor e DSLRs da Canon que usam lentes FD não conseguem foco no infinito, o que as inutilizou para astrofotografia.

É claro que os fotógrafos que possuem lentes FD caras não vão deixar isso barato, e trataram de adaptar as lentes às câmeras  digitais. Os chineses não perderam tempo e criaram adaptadores que além de mudar o encaixe das lentes FD para EF, incluíam um pequena *peça óptica adicional com a função de colocar o foco mais para dentro da câmera e atingir o sensor. Seria muito legal se não fosse um detalhe, uma única peça óptica, com somente a função de mudar o foco, certamente cria aberrações na óptica se não tiver outras peças para fazer as devidas correções. Pior ainda (muito pior mesmo!) é que essa peça óptica não é feita pela própria Canon, mas uma companhia chinesa desconhecida. O resultado é que esses adaptadores prejudicam demais a qualidade final das lentes, sendo totalmente desaconselhados por astrofotógrafo.

Mas um belo dia um fotógrafo muito pão duro teve que enterrar um parente e, para economizar uns trocados, comprou o menor caixão possível. Só que o falecido, de um metro e noventa de altura, não estava cabendo no caixão. Foi aí que o fotógrafo teve uma "grande ideia" e disse ao coveiro que serrasse as canelas do cunhado e tirasse uns vinte centímetros de pernas do infeliz. Depois era só cobrir com a calça que ninguém perceberia, já que ele ia ser enterrado deitado mesmo. Durante o  velócio, um ou outro parente soltou algo do tipo "Eu jurava que ele era mais alto", mas no final o plano foi um sucesso.

Logo depois do enterro, o fotógrafo lembrou de sua lentes FD caras que estavam acumulando mofo no armário, pois eram longas demais para o foco no infinito chegar ao sensor. Ele pensou: por que eu não faço o mesmo com minhas lentes!

E foi assim que a minha lente 200mm FD foi adaptada. Ele foi cortada antes de receber o adaptador EF, para diminuir seu comprimento e poder caber no caixão, quer dizer, conseguir atingir foco no infinito com as câmeras digitais. Não fui eu que fiz ou mandei fazer isso com minha lente de 200mm FD, comprei ela no Mercado Livre já modificada. É raro achar lentes FD adaptadas dessa forma, por isso tenha muito cuidado antes de comprar uma lente antiga que você não conhece, principalmente se for da Canon.

Desde a aquisição desta lente de 200mm FD, ela tem sido uma parceira indispensável nas imagens feitas em banda estreita com a CCD. Ela tem uma vantagem muito grande em relação a 200mm EF USM (além de ter custado menos da metade de uma lente nova), a abertura do diafragma pode ser ajustada manualmente, me permitindo ajustar a abertura enquanto fotográfo com a CCD. Inclusive deixando ela mais aberta quando estou localizando e enquadrando o objeto, podendo diminuir o tempo deste processo e fechando um pouco o diafragma quando eu começo a fotografar pra valer, o que melhora a qualidade da imagem. Se ela fosse do tipo EF, eu precisaria colocar a lente na câmera Canon T2i toda vez que quisesse mudar a abertura do diafragma e fazer um processo chato e perigoso de tirar a lente da câmera enquanto uma foto em longa exposição está sendo feita.

A lente FD claramente tem uma óptica inferior a 200mm EF. Ela não tem coma e nem aberração esférica, mas tem aberração cromática de sobra. O resultado disso são estrelas com halos azuis e violetas enormes quando uso a lente com a Câmera colorida, mas como com a CCD geralmente fotografo em banda estreita, essas aberrações desaparecem, já que com filtros de banda estreita, a faixa de luz capturada é muito restrita, não deixando passar a luz que geraria os halos.

O resultado disso é que as fotos que tenho feito com essa lente na CCD tem me dado orgulho, já as que faço com a DSLR podem até me deixar feliz, mas exigem dias de processamento, muitas tentativas e muitos erros até, quem sabe, ficarem boas.

A foto acima, da Nebulosa do Véu inteira, foi particulamente desafiadora, já que é uma região repleta de estrelas, tornando o problema dos halos ainda mais agravante. Apesar deste problema, me impressiona a capacidade da lente de capturar com nitidez os detalhes da nebulosa, a imagem abaixo mostra bem isso.


Crop da imagem anterior com processamento diferente.

 
O resultado do EBA é que a lente de 200mm FD tem um problema sério de aberração cromática, mesmo assim, acho que talvez seja um pouco cedo para me desfazer da lente. Ela tem seus pontos positivos e não sei se a 200mm EF irá mesmo superá-la na fotografia com a CCD. Eu já fiz uns testes e sei que se fechar mais o diafragma da 200mm FD, poderei conseguir estrelas bem mais pontuais. O preço que pagarei por isso é que precisarei de tempos maiores de exposição. A imagem acima foi feita sobre uma montagem sem guiagem, limitando o tempo de exposição a frames de 2 minutos, sendo que o ideal teriam sido frames de pelo menos 5 minutos, ou aumentar o ISO e fazer mais frames, coisas que eu não fiz. Por isso eu ainda espero conseguir bons resultados com esta lente.
 
*por peça óptica adicional entenda-se lente, mas a minha professora de redação dizia que eu não devia ficar repetindo muito as palavras num mesmo parágrafo.

domingo, 10 de agosto de 2014

Sétimo EBA - Andrômeda com a Lente de 200mm FD

A Galáxia de Andrômeda, registrada com 40 frames de 2 minutos.


A Galáxia de Andrômeda, ou M31 é a rainha das galáxias no céu. Nenhuma outra galáxia aparece de forma tão espetacular como ela. Possui um comprimento aparente duas vezes maior do que o diâmetro aparente da Lua, é visível a olho nu da periferia de uma uma cidade média e é uma bela visão até para telescópios pequenos ou mesmo binóculos.

Com tanto brilho e tamanho, conseguir uma boa imagem de andrômeda era para ser algo fácil, mas quem já tentou obter uma grande imagem de M31 sabe que não é bem assim. Num céu com poluição luminosa um bom registro é quase impossível e mesmo num céu escuro, a imagem que aparece depois do empilhamento nada lembra algumas imagens espetaculares que vemos principalmente de alguns astrofotógrafos do norte. Sim, por que além de tudo, aqui no Sul ainda temos o problema de M31 estar baixa no horizonte, aumentando ainda mais o desafio.

A quarta noite do Sétimo encontro de Astronomia foi marcada pela chuva que a antecedeu, durante a tarde, e por um início com o céu totalmente nublado e até ameaçando algo pior. E como a noite anterior tinha sido de produtividade zero pra mim, por causa das nuvens, o resultado disso foi que, às onze horas da noite, eu estava dormindo. Felizmente um colega, que precisava de um acessório emprestado, bateu na porta do meu quarto avisando que o céu havia limpado completamente (e é claro, perguntando pelo acessório).

Uma hora depois, com o setup totalmente montado, era hora de testar pela primeira vez a lente de 200mm FD F2.8 da Canon com a DSLR. Esta lente eu comprei ano passado, no mercado livre. Lentes antigas do tipo FD, fabricadas pela Canon, normalmente não se adaptam às DLSRs modernas, pois o sensor das câmeras digitais da Canon está um pouco mais afastado da lente do que os filmes nas câmeras analógicas. Isso faz com que o foco no infinito esteja mais para dentro do que a lente pode alcançar. Assim o único jeito de se conseguir usar lentes FD para astrofotografia numa câmera digital da Canon é usando um adaptador óptico ou cortando a lente para diminuir seu comprimento.

A Nebulosa da Califórnia recebeu 30 frames de 2 minutos


Um adaptador óptico é um adaptador que permite conectar a lente tipo FD numa câmera com baioneta EF, das lentes modernas, mas que incluí uma lente para puxar o foco um pouco para fora. Existem basicamente dois tipos destes adaptadores. Genéricos, que podem ser encontrados no mercado livre por pouco mais de uma centenas de reais e os da própria Canon, que dizem ser caríssimos. Só os segundos prestam e dizem que são tão caros que só vale a pena se você era dono de uma Teleobjetiva de milhares de dólares para valer a pena o uso. Os adaptadores ópticos genéricos não são recomendados por ninguém, embora eu nunca tenha usado um. afinal, se ninguém recomenda, eu não quis gastar dinheiro com isso.

Mas a lente FD de 200mm F2.8 que encontrei no mercado livre era especial. Além da troca no encaixe de FD para EF, ela teve o tamanho de seu tubo encurtado para que a lente atingisse o foco no infinito numa DSLR, por isso a imagem chega ao sensor sem nenhuma distorção provocada por outra lente.

É claro que, mesmo com a adaptação, de forma alguma significava que essa lente FD seria tão boa quanto a atual Canon EF 200mm f/2.8L II USM que é hoje um dos sonhos de consumo para quase todo astrofotógrafo. A FD tem 7 elementos, contra 9 da EF. além disso as lentes são separadas por décadas de evolução tecnológica. a escolha pela FD foi pela custo (1200 reais contra 2800 da EF) e pelo diafragma ainda ser manual, o que facilitaria demais o uso deste lente com a CCD Atik 314L, já que o adaptador óptico que uso com a Atik não controla o diafragma das lentes atuais da Canon, sendo necessário para fechar o diafragma de uma lente EF, colocar ela na DSLR e retirar a lente com a máquina disparando uma imagem em longa exposição. Algo que a câmera pode não aceitar muito bem.

Canon FD de 200mm. Muito leve e com diafragma manual é perfeita para astrofotografia com CCD em banda estreita, mas para DSLR é necessário fechar um pouco mais o diafragma, exigindo mais tempo de exposição.


Com a Atik 314L e filtros de banda estreita esta lente FD de 200mm sempre se mostrou uma escolha perfeita, não deixando nada a desejar na fotografia em banda estreita. Mas vale lembrar que, para fotografia em banda estreita, não é exigido muito da óptica de uma lente. Já que o filtro deixa passar só uma pequena faixa do espectro. Por isso, mesmo que a lente apresente aberrações cromáticas, causada pela dispersão da luz, ela não vai afetar o resultado final. Já o coma e a aberração esférica podem ser um problema grave, obrigando o astrofotógrafo a fechar o diafragma até que eles desapareçam. Na CCD a lente de 200mm FD fotografa bem com o diafragma fechado em F4, muito bem em F5 e maravilhosamente em F6. Com a DSLR, percebi que é necessário somar 1 para cada um dos valores anteriores.
As imagens que fiz com a FD na DSLR tiveram uma grande complicação durante o EBA. Como este setup foi colocado numa montagem sem autoguiagem, eu não consegui tempos de exposição acima de dois minutos, o que me obrigou a abrir o diafragma mais do que seria o ideal (F4), e mesmo assim não acredito que captei o tempo de exposição necessário para algumas imagens.

O maior problema foram as estrelas, que ficaram com halos violetas em torno delas. Se eu pudesse ter fechado mais o diafragma, eles desapareceriam, mas daí muito pouco dos objetos apareceria.
Os resultados com a lente de 200mm FD ficaram aquém do esperado, tando que após esta noite eu não voltei a utilizá-la com a DSLR, mas acredito que numa montagem com a autoguiagem funcionando, com tempo de exposição de cinco minutos e o diafragma mais fechado, esta lente pode produzir imagens muito interessantes. Por isso não pretendo me desfazer dela até o próximo EBA, ainda mais com os excelentes resultados que ela produziu com a CCD em banda estreita, a melhor imagem que fiz no EBA, que ainda não foi publicada, foi com esse setup.

No oitavo EBA eu devo colocar a 200mm FD na DSLR, mas dessa vez com autoguiagem ao lado, para imagens realmente boas.


domingo, 3 de agosto de 2014

Sétimo EBA: A Galinha Corredora - IC 2944



IC 2944 - Running Chicken Nebula
Alto Paraíso - Goiás - 23 de Julho de 2014
Luminance: 32x240 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com lente de 135mm
Lente: Canon 200mm FD
Montagem: HEQ5
Guiagem - Refrator ED 102mm F7 e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das cores: Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

No Sexto EBA eu certamente me decepcionei com o resultado que obtive com o CCD. Aquele EBA foi salvo pelas imagens que fiz com uma lente de 135mm na DSLR, usando uma outra montagem enquanto apanhava do CCD na montagem HEQ5 com o telescópio e filtros LRGB. Neste Sétimo EBA foi muito diferente, as melhores imagens que fiz certamente foram com o CCD. O principal motivo foi que eu deixei de acreditar que não vale a pena fotografar em Banda Estreita durante o EBA e mandei ver com o filtro H-alpha de 7nm que possuo.

Antes eu achava que não valia a pena fotografar em Banda Estreita durante o EBA, porque da minha casa é possível fazer este tipo de foto, mas muitas coisas fazem valer usar um filtro H-alpha também em Alto Paraíso: primeiro, apesar de pouco, a poluição luminosa atrapalha sim a fotografia em H-alpha aqui de casa e em alguns casos, como quando faço imagens de objetos do norte, ela se torna bastante evidente. Além disso, aqui de casa várias partes do céu são bloqueadas, limitando muito o meu alcance. O objeto da imagem acima, A Nebulosa Running Chicken, por exemplo, fica pouquíssimo tempo visível na varanda do meu apartamento e me obriga a colocar o setup na ponta da varanda para captá-la por pouco mais de uma hora apenas, antes que ela se esconda atrás da parede do meu prédio. E isso só numa época específica do ano.

Além disso, no EBA é muito fácil conseguir um bom alinhamento. Basta fazer um falsa estrela polar no polo celestial Sul e apontar a montagem para ela, enquanto do meu apartamento o Sul é bloqueado. Isto me permitiu fazer imagens com frames de até 12 minutos com o telescópio. Nem é o caso da imagem acima, que usou frames bastante curtos e que consigo mesmo com um alinhamento ruim. Mas para muitas nebulosas mais pálidas, fotografar com frames mais longos é fundamental quando se está usando filtros H-alpha.

Running Chicken faz parte de minhas nebulosas favoritas. Ela ó ótima para se fotografar com qualquer setup, de lentes de 50mm a grandes telescópios, com DSLRs ou CCDs resfriada. Só é recomendável que a DSLR seja modificada, com a retirada do filtro original que bloqueia grande parte do vermelho, se não os resultados podem decepcionar um pouco.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Voltando a fotografar na varanda - Muita produtividade no feriado.

As chuvas estão começando a diminuir e estou finalmente podendo fazer as primeiras capturas da varanda. Ainda estou sofrendo com alinhamento e quase sempre as sessões são interrompidas por nuvens que voltam a fechar o céu no meio da madrugada, mas estou voltando a me divertir.

Mesmo com guiagem, o alinhamento tem me permitido exposições de 6 a 8 minutos com a lente de 200mm FD, enquanto o telescópio mal consegue chegar aos 3 minutos. Sem guiagem os tempos de exposição máximos são respectivamente 2 minutos com a lente e 1 minuto com o telescópio. A HEQ5 tem se mostrado meio birrenta, mais do que a CG-5 da Celestron Tem hora que me da saudades da montagem da Celestron.

Bem, como a lente de 200mm tem sido mais generosa com os tempos de exposição e é mais rápida, inclusive podendo ter a sua abertura regulada pelo diafragma manual, ela tem sido a minha preferida. Mas eu sei que uma hora vou me cansar dela. O telescópio aproxima muito mais, mostra detalhes incríveis com a Atik 314L, que é uma câmera muito sensível. Eu preciso de apenas 5 minutos de exposição para começar a fotografar mais com ele.
 
Veja abaixo algumas capturas feitas neste enorme feriado de quatro dias que tivemos no último fim de semana.


O Luminance dessa imagem das nebulosas da Lagoa e NGC 6559 foi captada com apenas cinco frames de 6 minutos feitos com a lente de 200mm FD e incorporado a um RGB antigo, feito com a lente de 135mm.

Mais um luminace capturada com a lente de 200mm e incrementado com RGB da lente de 135mm, aqui da Nebulosa NGC 6188. Foram 20 frames de 8 minutos num dia em que o alinhamento estava muito bom.



O Luminance desta imagem da Nebulosa do Camarão testava sendo feito com frames de 3 minutos, com o telescópio, mas o mau alinhamento me fez desistir de continuar. Posteriormente eu processei os frames, arrumei um pouco as estrelas e considerei o resultado, mesmo que imperfeito, aceitável.
 
Nebulosa da Lagosta, Luminance captado com a Lente de 200mm e a Atik. O RGB é de uma imagem feita com a Canon T2i e lente de 135mm, na chácara dos meus pais, ano retrasado.

Até o momento, como vocês podem perceber, eu tenho me limitado a capturar Luminances em H-Alpha, me aproveitando de grande gama de imagens que já tenho e que podem fornecer o RGB. Prevejo que mais pra frente, principalmente quando a seca começar, devo me esforçar para captar outros RGB, principalmente com os outros filtros de banda estreita.
 
A conclusão que chego com as imagens acima e que o acompanhamento tem sido o meu grande gargalo na astrofotografia. Sem falsa modéstia, tenho dominado bem grande parte das questões em astrofotografia: enquadramento, processamento, foco. Essas coisas estão indo bem. O que tem me impedido de conseguir as fotos que eu sonho fazer com certeza é a incapacidade de conseguir tempos maiores de exposição, principalmente com o telescópio. O grande problema tem sido o alinhamento, já que não tenho visão para o Sul e não posso usar o telescópio polar da montagem para achar o pólo celestial Sul.
 
Como tive que guardar a montagem para a reforma do apartamento, perdi o melhor posicionamento para ela e pode levar algum tempo até recuperar, mas bom mesmo será quando eu tiver um teto móvel na varanda e poderei deixar o telescópio mais tempo no mesmo lugar, mas agora estou completamente sem grana e isto deve levar um tempo.


terça-feira, 15 de abril de 2014

Eclipse da Lua de 15 de abril de 2014


A Lua atrás do monumento do Memorial JK. Algumas pessoas podem me perguntar por que não coloquei a Lua na mão do JK. Eu fiz uma foto assim, mas esta, com a Lua parecendo um capacete na cabeça do JK me pareceu muito mais interessante. Faz o nosso ex-presidente parecer um astronauta apontando para o céu. O ponto brilhante à esquerda é a estrela Spica. Para esta foto foi usada a lente de 200mm 2.8  FD.

 
Ontem foi dia, ou melhor, noite de eclipse total da Lua. É um evento raro e merecia ser acompanhado de algo também raro: eu sair de meu apartamento no meio da madrugada, em pleno meio de semana para tentar fazer algumas fotos.
 
O que eu queria mesmo, se pudesse, era ficar na varanda, com o telescópio ao lado. Mas como a vista para o oeste é bloqueada pelo meu próprio prédio, o negócio foi acordar no meio da madrugada e, munido da Canon T2i e um tripé simples, procurar um bom local para os registros.
 
O pessoal do Clube de Astronomia de Brasília até se reuniu, no eixo monumental, num encontro bastante movimentado e até com presença da imprensa. Mas apenas com câmera e uma humilde lente de 200mm e outra de 50mm. Se eu quisesse uma foto realmente interessante, frente a tantas feitas com telescópios, eu tinha que ir atrás de alguns locais legais.
 
Felizmente bem perto do local onde o CASB se reuniu está o Memorial Juscelino Kubitschek. O cenário é meio clichê, por isso eu tentei uma foto mais criativa, com a Lua na cabeça do ex-presidente, como o capacete de um astronauta.
 
Depois fui para a praça dos três poderes. eu queria um registro com o Congresso Nacional, mas o ângulo não ajudou e a imagem feita com o monumento Dois Cândangos ficou muito mais interessante.




Nesta foto, tendo como cenário a Praça dos Três Poderes, fotografei o monumento Dois Candangos com a Lua perto. O astro, além de em pleno Eclipse Total, estava em conjunção com a estrela Spica, à esquerda, e o planeta Marte, abaixo. Aqui foi usado a lente de 50mm.