terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Resoluções para 2015 e melhores imagens de 2014

2014 está acabando! Alguns estão felizes porque o ano está indo embora, enquanto outros sentirão saudades destes tempos. Felizmente, eu posso dizer que tive um ano que valeu a pena viver, principalmente em Astrofotografia. Problemas aconteceram, mais de uma vez, mas sem os dias ruins como eu poderia definir o que é um dia bom? Agora é hora de pensar em 2015 e ver quais caminhos devo tomar na Astrofotografia e também em Astronomia.

Meu principal objetivo em 2015 é terminar o livro de Astrofotografia que estou escrevendo. Atualmente já tenho 118 páginas de texto. Estou terminando de divagar sobre a captura e caminhando para o capitulo final, sobre processamento. Depois serão alguns meses ilustrando e revisando, e talvez mais alguns procurando uma editora ou trabalhando para publicar por mim mesmo.

Minha principal resolução de ano novo é terminar este livro, ter ele em mãos completamente revisado (uma de minhas maiores dificuldades) e pronto para publicação. Para isso, a má notícia é que, devido a minha enorme escassez de tempo livre, eu vou precisar deixar este blog um pouco de lado até o término deste trabalho. Isso não quer dizer que o blog vai parar, mas deixa de ser a minha prioridade, tendo posts quando eu realmente tiver algo legal ou relevante para dizer.

Eu também tenho que fazer uma palestra e uma oficina para a Campus Party 2015, em São Paulo, no dia 5 de fevereiro. Por isso, com dois grandes trabalhos a fazer, pelo menos até este evento o blog deve ficar quase parado.

Mas vou continuar por aqui, sempre que possível respondendo as dúvidas dos leitores. Eu havia ficado meio bravo com algumas pessoas, digamos ingratas, no meio do ano e havia dito que ia parar de responder questões técnicas, mas eu gosto do assunto e acabo não resistindo em ajudar a quem está começando, mesmo correndo o risco de ter que escutar reclamações depois.

Eu não devo adquirir muitos equipamento em 2015. Sonho com uma lente de 200mm F2.8 nova e uma montagem portátil para fotos feitas só com câmera e lente, mas tenho muitas outras prioridades financeiras, que tornam difícil a aquisição de novos equipamentos no curto prazo. Quem sabe o livro não renda alguns trocados para uma ou outra atualização do meu setup :)!

Em meus planos também está incluído utilizar pelo menos um Encontro Observacional do CASB somente para a prática de Astronomia Observacional. Afinal, agora tenho um refletor de 200mm, um telescópio realmente adequado para esta atividade e num céu escuro tenho certeza que terei uma experiência muito agradável e que depois será compartilhada com vocês aqui no Blog.

Finalizo o post com as fotos que considero terem sido as minhas melhores de 2014.

Esta imagem das nebulosas América do Norte e Pelicano, feita com a lente de 200mm na Atik 314L+ foi uma das melhores captações que fiz com lentes.

Está imagem da Nebulosa da Águia ficou com cores muito legais!

Esta imagem, feito com a Atik 314L+ num refletor de 200 mostrou detalhes incríveis da Nebulosa da Hélice.

Está imagem da Nebulosa do Camarão foi um marco na minha captação em banda estreita.

Esta imagem da Constelação de Escorpião podia ser expandida a tamanhos enormes, devido à qualidade.


Este registro de uma parte da Nebulosa Running Chicken me fez sentir viajando pelo espaço.

Esta imagem, da Galáxia de Andrômeda com lente de 200mm na Canon T2i foi bastante comentada.


É isso aí pessoal! Um feliz ano novo para todos, com muitas noites de céu limpo (mas nem tantas a ponto de esvaziar os reservatórios de água em São Paulo), muita saúde e muitas alegrias em 2015.

Um grande abraço!
Rodrigo Andolfato

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Visita ao Centro de Estudos do Universo

Eu (à esquerda) ao lado do Sérgio Cabau. Ao fundo, o telescópio de 16 polegadas.
Foto: Rogério Siqueira


Finalmente tive a oportunidade de visitar o Centro de Estudos do Universo, ou simplesmente CEU. Trata-se de uma fundação localizada na cidade de Brotas - São Paulo, que possui um observatório, um grande planetário e um centro de atividades, entre outras coisas, como a réplica de um esqueleto de dinossauro em tamanho natural e também do Stonehenge. O centro é voltado principalmente para o ensino de astronomia, astronáutica e geologia. Se bem que para um amante da Astronomia como eu, a visita ao local é também uma grande diversão.

Gostei muito do planetário, que está tinindo de novo, com um moderno projetor e uma grande tela que nos faz sentir em movimento enquanto viajamos pelo universo. Achei muito legal também o conteúdo ter sido produzido pela própria fundação.

Eu fui recebido pelo Sérgio Cabau Jr., que me mostrou as instalações, inclusive o grande telescópio de 16 polegadas instalado no espaçoso observatório. Infelizmente o tempo não tem colaborado nas últimas semanas e no dia da visita não fui diferente. Com o céu completamente fechado (inclusive com pingos de chuva aindo do lado de fora) Tudo o que pude fazer foi admirar o fantástico instrumento fabricado pela Meade, enquanto imaginava como seria ver a Nebulosa de Orion através dele.


As instalações do Centro (foto: viajebrotas.com.br)

Instalado numa cidade turística, o CEU é uma excelente opção para quem, depois dos passeios em cachoeiras e corredeiras, procura uma opção noturna na pequena cidade de Brotas. Mas deve-se ficar atento que as visitas só são abertas aos sábados ou em feriados prolongados, e devem ser agendadas com antecedência, para não se correr o risco de perder a viagem, que felizmente é bem curta, já que o centro está colado à cidade. O pagamento, de 25 reais a meia entrada, deve ser feito em dinheiro, e a programação normal incluí as atividades abaixo. Eu não fiz esta programação, já que fui no meio de semana, basicamente para visitar o Sérgio e conhecer as instalações.

Programação prevista para céu limpo:
20h00 às 20h30 – recepção dos visitantes e passeio pelas atrações;
20h30 às 20h45 – boas-vindas e instruções para a observação do céu com telescópios;
20h45 às 21h45 – sessão de observação com telescópios;
21h45 às 22h00 – intervalo com Astroshop (loja de souvenirs) e passeio pelas atrações;
22h00 às 22h45 – sessão de cine-dome (planetário) “Palco Celeste”;
22h45 – encerramento.

Programação prevista para céu nublado ou chuvoso:
20h00 às 20h30 – recepção dos visitantes e passeio pelas atrações;
20h30 às 20h45 – boas-vindas;
20h45 às 21h30 – sessão de cine-dome (planetário) “Palco Celeste”;
21h30 às 21h45 – intervalo com Astroshop (loja de souvenirs) e passeio pelas atrações;
21h45 às 22h45 – apresentação multimídia “Gravidade Zero”;
22h45 – visita ao observatório e encerramento.



A replica de dinossauro ao lado do cinema ao ar livre


No meio de semana o Centro recebe muitas excursões de escolas, principalmente grupos que estão no Acampamento Peraltas, ao lado. Para estes grupos, as atividades incluem explorações em cavernas artificiais construídas ao lado do observatório, onde as crianças até mesmo simulam escavações. Há também um cinema ao ar livre em que efeitos de som e luzes aumentam a sensação de imersão do público.

Eu realmente torço pelo CEU. Acho fantástico este tipo de empreendimento no Brasil. Também acho que as pessoas deveriam saber mais sobre o lugar, que com o aumento do público, poderia trazer atrações ainda maiores, ou quem sabe, abrir outras unidades pelo país, aumentando a divulgação do ensino de ciências, algo tão importante para o desenvolvimento de um povo e que o Brasil tanto carece.

Sala de aula em forma de caverna onde são realizadas atividades práticas com estudantes.


sábado, 25 de outubro de 2014

Objetos Astronômicos e Astrofotográficos: A Grande Galáxia de Andrômeda - M31

Imagem da Galáxia de Andrômeda Captada por uma lente de 200mm. Foram 40 frames de 2 minutos. Essa imagem é um recorte do campo da lente, que é bem maior.


A Galáxia de Andrômeda, ou M31, é a rainha do nosso grupo local de galáxias, constituido por ela, pela nossa Galáxia, pela Galáxia do Triângulo (M33) e por galáxias menores, como as nuvens de megalhães, que são satélites a nossa galáxia, além de M32 e M110, satélites de Andrômeda, entre outras.

Andrômeda está a cerca de 2,5 milhões de anos luz da Via Láctea, mas tem um diâmetro estimado de mais de 200 mil anos luz, o dobro de nossa Galáxia, por isso é facilmente visível a olho nu de locais sem poluição luminosa, sendo considerado o objeto mais distante que podemo ver sem a ajuda de instrumentos.

A Galáxia foi considerada por muitos séculos como sendo uma nebulosa,.Estudos até indicavam que estava mais distante de nós do que outras nebulosas conhecidas, mas foi a análise das variáveis cefeidas que permitiu estimar a real distância de Andrômeda, o que também permtiu estimar que seu tamanho era superior ao da própria Via-láctea, revelando que o universo era muito maior do que se imaginava e que nossa galáxia não era a única no universo. O estudo das variáveis cefeidas como instrumento de calculo de distâncias celestes foi iniciado por Henrietta Leavitt, e Edwin Hubble foi quem utilizou a técnica para descobrir a distância de Andrômeda em relação a Terra.

Andrômeda esta se aproximando de nós. Na verdade a interação gravitacional fará que que, daqui a milhões de anos, Andrômeda, Via Láctea, Triângulo e as galáxias satélites tornem-se uma só, enquanto o resto do universo está se afastando de nós.

A observação de M31 não é difícil, principalmente se você está num local afastado de luzes urbanas. É possível encontrar a galáxia ao norte, nos meses de julho a dezembro. Com um binóculo, o núcleo aparece mais brilhante, mas não mostra muitos detalhes, com um pequeno telescópio, acima de 80mm já é possível ver suas galaxias satélites. Telescópios de 200mm ou mais são recomendados para a observação de detalhes na galáxia, isso num céu realmente sem interferências luminosas.

Uma boa fotografia de Andrômeda é um dos maiores desejos de todo astrofotógrafo e todo iniciante aponta seu telescópio para ela. Mas sem o equipamento adequado, com uma montagem capaz de frames de pelo menos três ou cinco minutos sem rastros, opticas livre de coma e aberrações, uma câmera de qualidade e com campo suficiente, além de um céu sem poluição luminosa, os primeiros registros podem ser muito frustrantes.

Frame único e sem tratamento da imagem anterior num céu completamente livre de poluição luminosa.


Fotografar Andrômeda é muito fácil, mas obter uma fotografia realmente boa é um tarefa bem mais complicada do que se conseguir uma boa foto de uma nebulosa brilhante. O céu tem que realmente estar escuro, pois filtros de banda estreita não captam os campos estelares da galáxia e mesmo em céus escuros, os primeiros frames que aparecem nas captações podem decepcionar um iniciante na galáxia. Mas é preciso entender que é isso mesmo. Para que o objeto fique como estamos acostumados a ver nas melhores imagens é necessário um intenso e cuidadoso processamento. Não é como fotografar a nebulosa da Lagoa, que já aparece linda no primeiro frame bem fotografado.

Uma das maiores dificuldades no processamento esta por causa do núcleo brilhante de M31. Ele não é tão brilhante a ponto de exigir frames com tempos diferentes de exposição, como acontece com a Nebulosa de Orion, mas na hora de processar o resultado final do empilhamento no Adobe Photoshop ou outro programa, é preciso se tomar muito cuidado para que o núcleo não estoure ao se aumentar o contraste, e, acredite, você vai ter que aumentar muito o contraste da galáxia para realçar os detalhes e diferenciar os braços constituídos de campos estelares bastante pálidos para nós. Outra dificuldade também é realçar o contraste e manter as estrelas que aparecem no campo com suas cores originais (ou algo que lembre isso), por isso o recomendado é processar M31 por partes, separando o núcleo e as estrelas do resto da galáxia enquanto aumenta-se o constraste.

É possível se conseguir boas fotos mesmo com DSLRs sem modificação. A modificação torna as maiores nebulosas de emissão da galáxia visíveis, mas somente uma composição acrescentada  de captações feitas com um bom filtro h-alpha mostrará as maiores nebulosas de Andrômeda em seu esplendor. As fotos que incluem captações em h-alpha costumam estar entre as melhores que se vê deste objeto.

Com um telescópio de 700mm de distância focal e uma câmera DSLR de entrada, com sensor APS-C (Canon T4i, T5i, 60D e outras) a Galáxia de Andrômeda ocupará todo o campo do sensor, e você ainda terá que deixá-la numa orientação diagona para não perder nenhum pedaço. Com distâncias focais maiores, ou sensores menores, terá que aceitar que Andrômeda não aparecerá inteira num único registro.

É um objeto muito interessante para a fotografia com lentes, principalmente com distâncias focais de 135mm até 300mm. Abaixo disso a imagem passa a apresentar poucos detalhes e acima disso um telescópio apresentará melhor custo benefício.

Recomenda-se pelo menos 3 minutos de exposição para telescópios mais rápidos e no mínimo 5 minutos para distâncias focais mais elevadas em relação a abertura. Quanto mais frames, melhor. Por causa do brilho no núcleo, tempos de exposição muito elevados não são recomendados, exceto para a captação das nebulosas com um filtro em h-alpha.

Nessa imagem, feita com um telescópio razoavelmente pequeno, de 700mm de distância focal e uma DSLR Canon T2i, eu tive que deixar a galáxia em orientação diagonal para que ele coubesse no sensor da câmera.
Aqui foi processado um crop da imagem feita com telescópio para destacar nebulosas escuras próximas ao núcleo.
Com um telescópio pequeno é possível também captar algumas nebulosas escuras na galáxia satélite M110.


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Objetos Astronômicos e Astrofotógraficos: A Nebulosa Cabeça do Cavalo

Barnard 33 registrada com telescópio refrator de 102mm de abertura e câmera  CCD monocromática. O filtro em H-alpha, utilizado aqui é a melhor forma de mostrar mais detalhes da nebulosa mesmo em céus com poluição luminosa. O H-alpha foi combinado com as cores naturais da Nebulosa, capturadas com uma câmera DSLR.
Atendendo a pedidos de um amigo, vou começar a fazer posts dedicados aos objetos mais fotografados pelo autor deste Blog (que sou eu!), Com uma explanação do objeto e das técnicas e dificuldades para fotografá-lo. Agradeço ao Antônio Benazzi pela sugestão e espero que gostem da matéria:


BARNARD 33 - NEBULOSA CABEÇA DO CAVALO

Esta nebulosa é com certeza uma das mais queridas entre os astrofotógrafos, por dois motivos óbvios, é uma nas mais bonitas do céu, com sua forma que realmente lembra a cabeça de um cavalo, principalmente a peça do jogo de xadrez, e também por ser uma das nebulosas mais fáceis de serem encontradas. Ela fica bem ao lado da estrela Alnitak, que você conhece melhor como sendo a estrela mais ao leste do Cinturão de Orion, conjunto de estrelas que nós aqui no Brasil costumamos chamar de Três Marias.

A Nebulosa Cabeça do Cavalo está a aproximadamente 1500 anos-luz da Terra. E foi  descoberta 1888 por Williamina Fleming, no observatório da Universidade de Harvard, e possui uma extensão de 16 anos-luz, que é duas vezes maior que a distância da Terra até a estrela Sirius. Apesar disso é uma nebulosa pequena, se comparada, por exemplo, à Nebulosa da Lagoa, que tem 110 anos luz de extensão.

A coloração vermelha característica de Cabeça do cavalo é devido à grande quantidade de hidrogênio ionizado, que predomina por trás de uma nuvem de poeira escura que forma a cabeça do cavalo propriamente dita. O hidrogênio é ionizado pela estrela Sigma Orionis, estrela brilhante que aparece a oeste da Nebulosa. Vale lembrar que a brilhante Alnitak não está relacionada com a nebulosa, estando somente a 800 anos-luz da Terra.

O brilho da Nebulosa Cabeça do Cavalo é fraco, sendo de difícil visualização por observação ao telescópio. Para quem quiser tentar enxergá-la ao vivo, normalmente recomenda-se um telescópio bem grande, um céu bastante escuro e o uso de um filtro H-beta rosqueado na ocular. Também é bom que a Nebulosa esteja numa grande altitude no céu, o que para nós no Brasil é possível durante o verão.

A Estrela Sygma Orionis (marcada com a seta em vermelho) ioniza a Nebulosa Cabeça do Cavalo.
Em relação a Via Láctea, a Nebulosa Cabeça do Cavalo está localizada no braço de Orion, ou seja, sua visão aponta para a área externa da nossa galáxia, com muito menos estrelas do que se ela estivesse apontada para o centro da Galáxia. Isso facilita realçar seus detalhes sem uma explosão de estrelas em volta. Característica que prejudica muito a captura da Nebulosa do Véu, por exemplo. O único problema é o brilho de Alnitak. Em imagens feitas com câmeras coloridas, esta estrela pode literalmente explodir no resultado final da captura.

Por ser uma nebulosa pálida, muito mais do que outras nebulosas conhecidas, como a Nebulosa de Orion ou as nebulosa brilhantes das constelações de Sagitário ou Escorpião, a captura da Nebulosa Cabeça do Cavalo deve ser feita preferencialmente em um céu com pouca poluição luminosa. Quanto mais escuro e isolado o local de captura, melhor. A modificação de sua câmera, retirando o filtro que bloqueia parte da luz vermelha e trocando por um que a realce, também é muito recomendada.

Num céu com poluição luminosa a solução é a captura em banda estreita, com câmeras monocromáticas (o uso com câmeras coloridas também é possível, embora com resultados inferiores). O melhor filtro para a captura da Nebulosa é o H-alpha para céu profundo (não confundir com filtros H-alpha solares). Essa nebulosa possui uma quantidade de hidrogênio muito grande em relação a enxofre e oxigênio, sendo de pouco acréscimo o uso destes filtros. Uma combinação do h-alpha com a imagem com as cores originais da nebulosa (RGB) trará resultados mais satisfatórios. O filtro H-alpha, além de tirar a poluição luminosa, mostra muito mais detalhes da nebulosa e reduz muito o brilho das estrelas, principalmente de Alnitak, sendo interessante mesmo num céu sem poluição luminosa.

Cabeça do Cavalo possui uma vizinhança muito rica. Bem ao lado dela estão a Nebulosa da Chama (NGC 2024, ao norte) e NGC 2023 (a leste). São nebulosas de características bastantes diferentes. NGC 2023 é uma nebulosa de reflexão e a Nebulosa da Chama, embora seja uma nebulosa de emissão, como a Cabeça de Cavalo, apresenta uma coloração bem menos avermelhada e uma formação mais complexa, parecendo uma folha, formato que lembra muito a Nebulosa Gamma Cygni.

Quando fotografando com muito aumento, o foco do astrofotógrafo é sempre na cabeça do cavalo, como na imagem que abre este post. Já com aumentos menores, vale a pena incluir a Nebulosa da Chama na imagem, colocando um enquadramento que balanceie as duas Nebulosas. Ao se fotografar em grandes campos, com lente, vale a pena colocar a Nebulosa de Orion no mesmo campo e mostrar como as duas nebulosas interagem.

Apesar de haver poucas estrelas em volta da Nebulosa do Cavalo, algumas são bastante brilhantes, e é possível guiar com uma delas mesmo com webcams não modificadas. O tempo de exposição recomendado é  acima de 5 minutos, em ISO 800, mas é sempre possível conseguir ótimos resultados mesmo com tempo de exposição menores. O comum é a imagem ser publicada com a cabeça do cavalo virada pra cima, com a estrela Alnitak do lado esquerdo da Nebulosa. Orientações diferentes podem deixar as pessoas confusas. É aconselhável pelo menos uns dez frames para a redução dos ruídos e uns cinco dark frames. Flat frames ajudarão a reduzir efeitos da poluição luminosa bem como eliminar manchas provocadas por sujeira no sensor da câmera.

No Brasil, uma das maiores dificuldades de se registrar ou observar esta nebulosa, é que ela normalmente encontra-se a boas altitudes no céu durante o verão, época em que chove muito em grande parte das regiões mais populosas no país ( e nas outras partes normalmente chove muito em qualquer época), sendo difícil encontrar um dia de Lua nova, céu limpo e que você esteja sem outros compromissos que lhe permitam o registro ou a observação da nebulosa. Com filtros H-alpha é possível registrá-la mesmo durante a Lua cheia, contanto que a Lua não esteja próxima demais da nebulosa.

Esta imagem foi feita com uma câmera DSLR não modificada no primeiro EBA que participei, mas só foi possível devido a um céu extremamente escuro e um grande esforço de processamento.

Aqui, com uma lente de 50mm, podemos ver mais do entorno da Nebulosa Cabeça do Cavalo, com a Nebulosa de Orion ao lado. No alto da foto, bem fraco, é possível ver a Nebulosa Cabeça de Bruxa acima da estrela Rigel, a mais brilhante da imagem. Essa foto foi feita muito próximo ao amanhecer e foi prejudicada pela poluição luminosa da Luz Zodiacal e principio dos raios solares. 



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Nebulosa de Véu no EBA - Um pouco sobre a lente de 200mm FD - Parte 1

Nebulosas do Véu do Oeste e do Leste fotografada com Lente de 200mm F2.8 FD, Canon T2i modificada para astronomia e Montagem Celestron CG-5, sem o uso de guiagem


Acho que nem todo mundo aqui sabe, mas eu tenho uma lente de 200mm F2.8 da Canon. Sim é a lente dos sonhos de todo astrofotógrafo. Só que tem um porém, ela não é a moderníssima Canon EF 200mm f/2.8L II USM vendida hoje por quase 800 dólares no exterior e encontrada no Brasil por algo em torno de três mil reais no Mercado Livre ou na feira do Paraguai mais próxima de você. Trata-se de uma lente da época da fotografia com filme. Eu não sei exatamente quantos anos essa lente tem, mas uma coisa posso dizer, ela deve ser mais velha do que a maioria das pessoas que lê este blog.

Então  quer dizer que posso usar qualquer lente antiga da Canon na minha câmera digital, economizando milhares de reais e conseguindo resultados como as das lentes mais caras?

Bem, não é por aí.

Pra quem não sabe, FD é como a Canon chamava o encaixe das suas câmeras até o ano de 1987, quando foi introduzido o encaixe do tipo EF, que trouxe a eletrônica às lentes, embora ainda com o uso de filmes. O problema é que, em relação as modernas câmeras digitais o foco das lentes FD foi parar mais para dentro do sensor e DSLRs da Canon que usam lentes FD não conseguem foco no infinito, o que as inutilizou para astrofotografia.

É claro que os fotógrafos que possuem lentes FD caras não vão deixar isso barato, e trataram de adaptar as lentes às câmeras  digitais. Os chineses não perderam tempo e criaram adaptadores que além de mudar o encaixe das lentes FD para EF, incluíam um pequena *peça óptica adicional com a função de colocar o foco mais para dentro da câmera e atingir o sensor. Seria muito legal se não fosse um detalhe, uma única peça óptica, com somente a função de mudar o foco, certamente cria aberrações na óptica se não tiver outras peças para fazer as devidas correções. Pior ainda (muito pior mesmo!) é que essa peça óptica não é feita pela própria Canon, mas uma companhia chinesa desconhecida. O resultado é que esses adaptadores prejudicam demais a qualidade final das lentes, sendo totalmente desaconselhados por astrofotógrafo.

Mas um belo dia um fotógrafo muito pão duro teve que enterrar um parente e, para economizar uns trocados, comprou o menor caixão possível. Só que o falecido, de um metro e noventa de altura, não estava cabendo no caixão. Foi aí que o fotógrafo teve uma "grande ideia" e disse ao coveiro que serrasse as canelas do cunhado e tirasse uns vinte centímetros de pernas do infeliz. Depois era só cobrir com a calça que ninguém perceberia, já que ele ia ser enterrado deitado mesmo. Durante o  velócio, um ou outro parente soltou algo do tipo "Eu jurava que ele era mais alto", mas no final o plano foi um sucesso.

Logo depois do enterro, o fotógrafo lembrou de sua lentes FD caras que estavam acumulando mofo no armário, pois eram longas demais para o foco no infinito chegar ao sensor. Ele pensou: por que eu não faço o mesmo com minhas lentes!

E foi assim que a minha lente 200mm FD foi adaptada. Ele foi cortada antes de receber o adaptador EF, para diminuir seu comprimento e poder caber no caixão, quer dizer, conseguir atingir foco no infinito com as câmeras digitais. Não fui eu que fiz ou mandei fazer isso com minha lente de 200mm FD, comprei ela no Mercado Livre já modificada. É raro achar lentes FD adaptadas dessa forma, por isso tenha muito cuidado antes de comprar uma lente antiga que você não conhece, principalmente se for da Canon.

Desde a aquisição desta lente de 200mm FD, ela tem sido uma parceira indispensável nas imagens feitas em banda estreita com a CCD. Ela tem uma vantagem muito grande em relação a 200mm EF USM (além de ter custado menos da metade de uma lente nova), a abertura do diafragma pode ser ajustada manualmente, me permitindo ajustar a abertura enquanto fotográfo com a CCD. Inclusive deixando ela mais aberta quando estou localizando e enquadrando o objeto, podendo diminuir o tempo deste processo e fechando um pouco o diafragma quando eu começo a fotografar pra valer, o que melhora a qualidade da imagem. Se ela fosse do tipo EF, eu precisaria colocar a lente na câmera Canon T2i toda vez que quisesse mudar a abertura do diafragma e fazer um processo chato e perigoso de tirar a lente da câmera enquanto uma foto em longa exposição está sendo feita.

A lente FD claramente tem uma óptica inferior a 200mm EF. Ela não tem coma e nem aberração esférica, mas tem aberração cromática de sobra. O resultado disso são estrelas com halos azuis e violetas enormes quando uso a lente com a Câmera colorida, mas como com a CCD geralmente fotografo em banda estreita, essas aberrações desaparecem, já que com filtros de banda estreita, a faixa de luz capturada é muito restrita, não deixando passar a luz que geraria os halos.

O resultado disso é que as fotos que tenho feito com essa lente na CCD tem me dado orgulho, já as que faço com a DSLR podem até me deixar feliz, mas exigem dias de processamento, muitas tentativas e muitos erros até, quem sabe, ficarem boas.

A foto acima, da Nebulosa do Véu inteira, foi particulamente desafiadora, já que é uma região repleta de estrelas, tornando o problema dos halos ainda mais agravante. Apesar deste problema, me impressiona a capacidade da lente de capturar com nitidez os detalhes da nebulosa, a imagem abaixo mostra bem isso.


Crop da imagem anterior com processamento diferente.

 
O resultado do EBA é que a lente de 200mm FD tem um problema sério de aberração cromática, mesmo assim, acho que talvez seja um pouco cedo para me desfazer da lente. Ela tem seus pontos positivos e não sei se a 200mm EF irá mesmo superá-la na fotografia com a CCD. Eu já fiz uns testes e sei que se fechar mais o diafragma da 200mm FD, poderei conseguir estrelas bem mais pontuais. O preço que pagarei por isso é que precisarei de tempos maiores de exposição. A imagem acima foi feita sobre uma montagem sem guiagem, limitando o tempo de exposição a frames de 2 minutos, sendo que o ideal teriam sido frames de pelo menos 5 minutos, ou aumentar o ISO e fazer mais frames, coisas que eu não fiz. Por isso eu ainda espero conseguir bons resultados com esta lente.
 
*por peça óptica adicional entenda-se lente, mas a minha professora de redação dizia que eu não devia ficar repetindo muito as palavras num mesmo parágrafo.

domingo, 21 de setembro de 2014

12 fatos que você precisa saber antes de se tornar um astrofotógrafo amador!


Imagem rara de um astrofotógrafo sendo flagrado em plena ação!
(Imagem: Thomas Shahan)

Após três anos e meio de Astrofotografia amadora, sinto-me na obrigação de avisar aos aspirantes a este maravilhoso hobby sobre o que eles vão encontrar pela frente. Segue a relação de tudo o que lhe espera a partir do momento em que você realmente começar a praticar astrofotografia:

  1. Muita gente vai te perguntar qual o sentido de fazer imagens com seu telescópio se existe o Hubble.
  2. Um em cada dois de seus amigos vai te perguntar se você já fotografou um disco voador.
  3. Sempre existem pessoas que vão te dizer que a forma que ele pratica astronomia é melhor do que a sua e que você não é um astrônomo amador de verdade.
  4. Você vai se estressar durante a captura, um grande número de vezes e com alto nível de intensidade.
  5. Em muitas noites, assim que você terminar de montar o seu equipamento, o céu vai nublar, e assim que você terminar de guardá-lo, o céu imediatamente irá abrir maravilhosamente!
  6. Muitos astrofotógrafos vão produzir imagens melhores do que a sua porque sabem mais de Photoshop do que você.
  7. Muitas pessoas vão parar de comentar suas fotos porque você não comenta as delas.
  8. Após uma noite inteira de astrofotografia de céu profundo, na hora de guardar tudo, às cinco da manhã, você vai se perguntar qual é o sentido disto tudo, enquanto tenta se manter acordado (ou lúcido).
  9. Você vai perceber a maioria dos defeitos de sua imagem depois de publicá-la.
  10. A sua imagem mais popular será algo que você pensou muitas vezes antes de publicar. A sua imagem preferida receberá cinco likes e um comentário da sua mãe perguntando se você vai na festa da sua tia.
  11. O único momento em que você vai realmente fazer dinheiro com astrofotografia, é na hora de vender seu equipamento.
  12. Quando você ficar muito tempo sem astrofotografar, esquecerá de todos os onze itens anteriores, sentirá uma saudade imensa daquelas noites sob o céu estrelado, ao lado de seu telescópio e  ficará doido para montar o seu setup novamente.

Muitos astrônomos tem dificuldade pra aceitar humor quando se fala em astronomia amadora. Mas este texto é uma homenagem aos astrofotógrafos amadores, que praticam a atividade somente por amor ao céu. Por isso espero que você não tenha odiado este texto e tenha ao menos achado interessante. Se você é um astrofotógrafo como eu, imagino que verá que temos muitas coisas em comum.

sábado, 6 de setembro de 2014

E o desenvolvimento do meu livro de astrofotografia finalmente começa a acelerar!

Imagem da Nebulosa que cerca a estrela Gamma Cygni, no coração da constelação de Cisne.  


Desde que voltei do Sétimo encontro de Astrofotografia, em Alto Paraíso, a minha produção astrofotográfica se limitou a uma imagem da nebulosa Gamma Cygni que fiz com a lente de 200mm FD e a Atik 314L da varanda do meu apartamento. Para está foto, que você vê acima, captei apenas o luminance em H-alpha, com 21 frames de 8 minutos, e juntei com um RGB que fiz com a lente de 135mm ano passado. Nada muito especial. Devido a estiagem, a quantidade de poeira e fumaça no noite da captação estava muito elevada e isto certamente prejudicou o resultado final.

A ideia neste final de ano é realmente dar uma diminuída na astrofotografia de céu profundo. Já fiz cerca de 40 boas imagens este ano, algumas das quais tenho muito orgulho e estou muito satisfeito com a produtividade de 2014.

Vale lembra que eu havia me comprometido a, até o final deste ano, terminar de escrever o livro de astrofotografia que estou desenvolvendo, para depois passar três meses revisando e ilustrando a obra. Mas com apenas 72 páginas escritas até agora, de um total que, tenho consciência, será de mais de 300, devo admitir que estou bastante aquém do que esperava. Faltam menos de 120 dias para o ano terminar e eu preciso escrever mais de uma página por dia se quiser cumprir o meu cronograma.

Com a volta das chuvas a partir desta semana, acho que este é o momento certo de me dedicar ao livro. A partir de semana que vem vou começar a sair um pouco mais cedo do meu serviço e recentemente mudei minha área de trabalho no livro da sala para o quarto em meu apartamento, onde tenho mais tranquilidade para escrever. Também tenho me comprometido a digitar pelo menos duas páginas por dia, o que tem acelerado muito os trabalhos. Depois de um período onde levei quatro meses para sair da página 30 até a 46, nas últimas duas semanas escrevi quase mais 30 páginas, o que é muito bom.

O livro vai englobar as três áreas principais da astrofotografia, equipamentos, captura e processamento. É um projeto ambicioso, talvez até exagerado para um público que, embora crescendo muito, ainda é pequeno. Mas eu tenho prazer de escrever sobre astrofotografia, por isso minhas ambições são muito maiores em relação a qualidade do material que estou produzindo do que em relação ao retorno que possa obter com ele.

É claro que a astrofotografia em si não vai ficar parada, muito pelo contrário. Eu estou esperando uma câmera planetária chegar no Armazém do Telescópio, para finalmente me dedicar pra valer a esta área e tenho sim, alguns objetivos interessantes em céu profundo para cumprir até  final do ano. Além disso, astrofotografia é algo que faço somente por que adoro, e sempre chega um momento onde a vontade de colocar o setup da varanda me faz esquecer de tudo e me conectar mais uma vez com o universo.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Meu primeiro AAPOD!! Centro da Via Láctea fotografado com lente de 50mm

A imagem vencedora do AAPOD de 19 de agosto de 2014, feita num ENOC que participei no meio de 2013, mas só encontrou o seu processamento definitivo dois meses atrás.

Ontem tive uma bela ao chegar em casa. Tinha recebido um e-mail me avisando que, pela primeira vez desde que comecei na astrofotografia, uma imagem minha havia sido selecionada para o Amateur Astronomy Picture of The Day. Trata-se de um registro do Centro da Via Láctea feito com uma lente de 50mm F1.8 da Canon.
 
Eu já falei muitas vezes desta lente aqui no blog. Trata-se de longe do melhor custo benefício da Canon. Você pode encontrá-la por pouco mais de 300 reais em sites de leilão e produzir imagens de qualidade profissional com ela. Para astrofotografia é uma excelente lente para se começar se você tem uma DSLR e uma montagem equatorial motorizada, mesmo dos modelos mais simples, como por exemplo, uma EQ-1 com motor de acompanhamento simples.
 
A escolha para o AAPOD é um passo a mais no meu desenvolvimento como Astrofotógrafo e um reconhecimento de um site estrangeiro, o que me deixa muito feliz, já que, apesar de ser muito popular entre os amantes da Astronomia brasileiros, meu trabalho é bem pouco conhecido lá fora.
 

domingo, 17 de agosto de 2014

Sétimo EBA: Análise da Atik 314L+ e mais algumas imagens.



Nebulosas América do Norte (NGC7000) e do Pelicano (IC5070), capturadas durante o sétimo EBA com a Atik 314L+ e lente de 200mm.


Após mais de um ano de uso, dois EBAs e quase uma centena de captações, chegou a hora de fazer a minha análise da Atik 314L+, câmera que adquiri em fevereiro de 2013 e desde então tem sido o instrumento mais importante de minha atividade astrofotográfica tanto aqui do apartamento, como também foi no último Encontro Brasileiro de Astrofotografia, quando, ao contrário do ano passado, a produção com a CCD foi muito superior ao realizado com a DSLR.

A Atik 314L+, ao contrário da minha outra câmera de deep sky, a DSLR Canon T2i, é uma câmera já feita se pensando em Astrofotografia. Na verdade a própria Atik Cameras é um empresa totalmente dedicada a astrofotografia, criada pelo inglês Steve Chambers e pelo português Rui Tripa a menos de uma década. Apesar de tão nova, a empresa já é uma das maiores referências na fotografia de céu profundo. Suas câmeras são simples, leves e mais baratas do que a média do mercado de câmeras astrofotográficas, além de produzirem imagens que batem de frente com as melhores marcas do mercado. Características que foram definitivas para que eu tivesse certeza primeiro que queria uma Atik, para depois escolher entre os modelos da marca.

As características mais importantes da Atik 314L+ são as seguintes:

  • Monocromática: quer dizer que a câmera tira fotos em preto e branco. Isso pode parecer ruim para um leigo em astrofotografia, mas quase todos os astrofotógrafos avançados preferem câmeras monocromáticas às coloridas. Isso por que nas câmeras coloridas os pixels precisam intercalar microfiltros que depois serão interpolados, gerando ruído. Além disso, para cada quatro pixels destas câmeras, somente um é vermelho, diminuindo muito a sensibilidade para a emissão do hidrogênio, da qual são compostas grande parte das nebulosas mais espetaculares. Na câmera monocromática não há interpolação, por isso o ruído é muito menor e todos os pixels captam luz da mesma forma, sem microfiltros à frente,absorvendo o máximo de luz possível.
  • Resfriada: Quer dizer que a Atik não deixa o sensor esquentar quando está fazendo longas exposições. Este recurso não existe nativamente nas DSLRs, onde é preciso sempre tomar um cuidado com a temperatura do sensor, evitando exposições demasiadamente longas e dando bom intervalos entre as fotos. Além de ser necessário cuidados extras na produção dos frames de calibração. A Atik não apenas mantem a câmera resfriada, como permite estabilizar o sensor na temperatura desejada, limitado a 27 graus abaixo da temperatura ambiente.
  • Possuí um sensor pequeno: O tamanho do sensor da Atik 314L+, o Sony ICX285AL  é de 11mm de diagonal, pequeno se comparado com as câmeras que possuem o sensor Kodak Kaf8300, o sensor mais popular atualmente entre astrofotógrafos avançados.Você pode até dizer que o sensor da câmera é o maior entre os sensores pequenos. Seu tamanho é pouco maior do que os sensores da Atik 314e e Atik 320e. Já em relação ao KAF8300, ele é bem menor, tendo menos da metade da área.
  • O sensor ICX285AL da Atik314L+ possui pixels com 6,45 micrômetros, enquanto os pixels do Kaf8300 possuem 5,4 micrômetros. Isso quer dizer que os pixels da Atik 314L+ possuem uma área de absorvição 42% maior. Isso se reflete numa grande sensibilidade. Pra você ter ideia, a câmera mais próxima com pixels maiores, a Atik4000 (quem sabe um dia minha próxima CCD) custa mais do que o dobro da 314L.
  • O sensor possuí 1,3 megapixels. Realmente não parece grande coisa. O KAF8300 tem 8 megapixels de resolução, mas vale lembrar que o sensor da 314L+ é tão bom que não é raro que eu publique imagens com mais de 3 megapixels. Isso devido ao recurso de Drizzle no programa Deep Sky Staker. Vale lembrar que o DSS não conseguiria aplicar este recurso na imagem inteira se a resolução fosse muito maior, me obrigando a aumentar somente um pedaço da imagem e não ela inteira.

A CCD Atik314L+ que utilizo a cerca de um ano e meio. Muito mais leve do que o corpo de uma DSLR de entrada e capaz de produzir imagens muito superiores.


O resultado disso tudo é uma câmera leve, rápida, com pouquíssimo ruído e mesmo que o campo de captura seja pequeno, ele permite mostrar objetos de muito perto com telescópios e fica excelente com o uso de lentes entre 130 e 300mm, ficando menos expostos as falhas de óptica que aparecem nas bordas da projeção de lentes e espelhos. Ou seja, um sensor pequeno é bem menos exigente com a óptica do que um sensor grande. Eu nunca teria uma câmera full frame sem um telescópio e lentes com óptica perfeitas, algo que praticamente nenhum dos meus instrumentos ópticos tem, por isso eles conversam bem com a Atik 314L+. É claro que nem tudo são flores quando se tem um sensor pequeno. Colocar o objeto no campo é mais difícil, o enquadramento é mais delicado, principalmente se você faz registros do mesmo objeto em momentos diferentes, o enquadramento deve estar perfeito para não haver perda de campo. Além disso, a câmera é menos tolerante a erros de foco e alinhamento. Por isso, ter uma CCD com sensor pequeno pede um astrofotógrafo bastante concentrado no que está fazendo. Você pode esconder estes erros numa CCD de alta resolução diminuindo o tamanho da imagem, mas numa câmera com resolução pequena não há muito espaço para reduções na imagem.

A Atik 314L certamente é uma câmera menos popular do que as câmeras com sensor KAF de 8 megapixels. Na época da compra desta câmera eu fiquei muito em dúvida sobre qual câmera comprar. Até por que a diferença de preço entre elas estava praticamente irrisória. Embora reconheça uma certa superioridade do modelo com sensor KAF8300, a 314L+ é mais leve, tem mais sensibilidade e produz imagens com qualidade incrível, sem exigir muito da óptica. Hoje posso dizer que estou muito feliz com a escolha.

A se criticar, somente o plug onde você encaixa a fonte de energia. É com certeza o maior defeito da câmera. Qualquer movimento e a fonte perde contato com a energia. Devia ser algo que ficasse travado na câmera, por que ficar perdendo contato com a fonte pode até levar o aparelho a estragar, principalmente quando o resfriamento está ligado. Onde encontro conectores de 12v com presilha?

Quanto a minha experiência com a câmera, eu tenho me concentrado mais nas imagens em banda estreita. É onde tenho conseguido resultados que me deixam realmente feliz. Eu sei do potencial dela para imagens feitas com RGB, principalmente de galáxias, mas a diferença para uma boa DSLR colorida não assim coisa de outro mundo e o esforço da captura monocromática pode acabar não valendo a pena, mas quando se coloca um filtro H-alpha na frente da câmera, ela vira outra.

A Atik 314L+ conectada ao telescópio durante o Sexto EBA. Esperando para começar a fotografar.


No Brasil, a Atik 314L pode ser encontrada por cerca de 7000 mil reais. Um preço bastante salgado, que faz valer muito a pena comprar no exterior, onde custa pouco mais de 3000 mil reais. Com a diferença de preço da pra ir pegar ela no exterior e passear um fim de semana em Nova York. Como é muito leve, pedir para um amigo que esteja viajando para fora trazer para você não será considerado um abuso por ele. Mas peça para que ele seja cuidadoso.

Eu ainda devo ficar com essa câmera uns dois anos, para tirar tudo dela que eu puder. Depois disso, talvez pense num upgrade para um modelo com sensor maior, uma Atik 4000 ou 11000. Se alguém me pedir uma sugestão se deve comprar a Atik 314L+ ou a Atik 383, eu certamente irei sugerir a compra do modelo com sensor KAF8300 pelas vantagens e facilidades de um campo maior e mais resolução. A compra de uma 314L+ deve ser analisada com mais cuidado. Mas a verdade é que no momento, pela sensibilidade, pela leveza e eficiência, estou mais do que feliz com a minha CCD.

NGC 6188, capturada no sétimo EBA, com a Atik 314L+ e telescópio de 102mm.


domingo, 10 de agosto de 2014

Sétimo EBA - Andrômeda com a Lente de 200mm FD

A Galáxia de Andrômeda, registrada com 40 frames de 2 minutos.


A Galáxia de Andrômeda, ou M31 é a rainha das galáxias no céu. Nenhuma outra galáxia aparece de forma tão espetacular como ela. Possui um comprimento aparente duas vezes maior do que o diâmetro aparente da Lua, é visível a olho nu da periferia de uma uma cidade média e é uma bela visão até para telescópios pequenos ou mesmo binóculos.

Com tanto brilho e tamanho, conseguir uma boa imagem de andrômeda era para ser algo fácil, mas quem já tentou obter uma grande imagem de M31 sabe que não é bem assim. Num céu com poluição luminosa um bom registro é quase impossível e mesmo num céu escuro, a imagem que aparece depois do empilhamento nada lembra algumas imagens espetaculares que vemos principalmente de alguns astrofotógrafos do norte. Sim, por que além de tudo, aqui no Sul ainda temos o problema de M31 estar baixa no horizonte, aumentando ainda mais o desafio.

A quarta noite do Sétimo encontro de Astronomia foi marcada pela chuva que a antecedeu, durante a tarde, e por um início com o céu totalmente nublado e até ameaçando algo pior. E como a noite anterior tinha sido de produtividade zero pra mim, por causa das nuvens, o resultado disso foi que, às onze horas da noite, eu estava dormindo. Felizmente um colega, que precisava de um acessório emprestado, bateu na porta do meu quarto avisando que o céu havia limpado completamente (e é claro, perguntando pelo acessório).

Uma hora depois, com o setup totalmente montado, era hora de testar pela primeira vez a lente de 200mm FD F2.8 da Canon com a DSLR. Esta lente eu comprei ano passado, no mercado livre. Lentes antigas do tipo FD, fabricadas pela Canon, normalmente não se adaptam às DLSRs modernas, pois o sensor das câmeras digitais da Canon está um pouco mais afastado da lente do que os filmes nas câmeras analógicas. Isso faz com que o foco no infinito esteja mais para dentro do que a lente pode alcançar. Assim o único jeito de se conseguir usar lentes FD para astrofotografia numa câmera digital da Canon é usando um adaptador óptico ou cortando a lente para diminuir seu comprimento.

A Nebulosa da Califórnia recebeu 30 frames de 2 minutos


Um adaptador óptico é um adaptador que permite conectar a lente tipo FD numa câmera com baioneta EF, das lentes modernas, mas que incluí uma lente para puxar o foco um pouco para fora. Existem basicamente dois tipos destes adaptadores. Genéricos, que podem ser encontrados no mercado livre por pouco mais de uma centenas de reais e os da própria Canon, que dizem ser caríssimos. Só os segundos prestam e dizem que são tão caros que só vale a pena se você era dono de uma Teleobjetiva de milhares de dólares para valer a pena o uso. Os adaptadores ópticos genéricos não são recomendados por ninguém, embora eu nunca tenha usado um. afinal, se ninguém recomenda, eu não quis gastar dinheiro com isso.

Mas a lente FD de 200mm F2.8 que encontrei no mercado livre era especial. Além da troca no encaixe de FD para EF, ela teve o tamanho de seu tubo encurtado para que a lente atingisse o foco no infinito numa DSLR, por isso a imagem chega ao sensor sem nenhuma distorção provocada por outra lente.

É claro que, mesmo com a adaptação, de forma alguma significava que essa lente FD seria tão boa quanto a atual Canon EF 200mm f/2.8L II USM que é hoje um dos sonhos de consumo para quase todo astrofotógrafo. A FD tem 7 elementos, contra 9 da EF. além disso as lentes são separadas por décadas de evolução tecnológica. a escolha pela FD foi pela custo (1200 reais contra 2800 da EF) e pelo diafragma ainda ser manual, o que facilitaria demais o uso deste lente com a CCD Atik 314L, já que o adaptador óptico que uso com a Atik não controla o diafragma das lentes atuais da Canon, sendo necessário para fechar o diafragma de uma lente EF, colocar ela na DSLR e retirar a lente com a máquina disparando uma imagem em longa exposição. Algo que a câmera pode não aceitar muito bem.

Canon FD de 200mm. Muito leve e com diafragma manual é perfeita para astrofotografia com CCD em banda estreita, mas para DSLR é necessário fechar um pouco mais o diafragma, exigindo mais tempo de exposição.


Com a Atik 314L e filtros de banda estreita esta lente FD de 200mm sempre se mostrou uma escolha perfeita, não deixando nada a desejar na fotografia em banda estreita. Mas vale lembrar que, para fotografia em banda estreita, não é exigido muito da óptica de uma lente. Já que o filtro deixa passar só uma pequena faixa do espectro. Por isso, mesmo que a lente apresente aberrações cromáticas, causada pela dispersão da luz, ela não vai afetar o resultado final. Já o coma e a aberração esférica podem ser um problema grave, obrigando o astrofotógrafo a fechar o diafragma até que eles desapareçam. Na CCD a lente de 200mm FD fotografa bem com o diafragma fechado em F4, muito bem em F5 e maravilhosamente em F6. Com a DSLR, percebi que é necessário somar 1 para cada um dos valores anteriores.
As imagens que fiz com a FD na DSLR tiveram uma grande complicação durante o EBA. Como este setup foi colocado numa montagem sem autoguiagem, eu não consegui tempos de exposição acima de dois minutos, o que me obrigou a abrir o diafragma mais do que seria o ideal (F4), e mesmo assim não acredito que captei o tempo de exposição necessário para algumas imagens.

O maior problema foram as estrelas, que ficaram com halos violetas em torno delas. Se eu pudesse ter fechado mais o diafragma, eles desapareceriam, mas daí muito pouco dos objetos apareceria.
Os resultados com a lente de 200mm FD ficaram aquém do esperado, tando que após esta noite eu não voltei a utilizá-la com a DSLR, mas acredito que numa montagem com a autoguiagem funcionando, com tempo de exposição de cinco minutos e o diafragma mais fechado, esta lente pode produzir imagens muito interessantes. Por isso não pretendo me desfazer dela até o próximo EBA, ainda mais com os excelentes resultados que ela produziu com a CCD em banda estreita, a melhor imagem que fiz no EBA, que ainda não foi publicada, foi com esse setup.

No oitavo EBA eu devo colocar a 200mm FD na DSLR, mas dessa vez com autoguiagem ao lado, para imagens realmente boas.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sétimo EBA: Nas garras da Tarântula! - NGC 2070



NGC 2070 - Nebulosa da Tarantula
Alto Paraíso - Goiás - 26 de Julho de 2014
Luminance: 23x300 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com DSLR
Telescópio: Refrator ED 102mm f7
Montagem: HEQ5
Guiagem - miniguider 50mm e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das cores: Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

NGC 2070, ou como é conhecida: Nebulosa da Tarantula é um objeto de céu profundo enorme, comparada a ela, a Nebulosa de Órion é um pardal ao lado de uma avestruz. NGC 2070 é 30 vezes maior do que a Nebulosa de Orion. Só não aparece gigantesca em nossos céus por que está em outra Galáxia, na Grande Nuvem de Magalhães.


Mesmo estando tão longe, a Nebulosa da Tarântula é uma das mais bonitas de se fotografar, mesmo com pequenos telescópio. Um bom filtro H-alpha numa câmera monocromática revela detalhes ainda mais impressionantes.


Não acredito que a imagem acima seja tudo o que eu posso conseguir desta nebulosa. Grande parte dos frames foi captada com foco ruim e o socorro talvez tenha vindo um pouco tarde. A captação foi somente do Luminance, que recebeu as cores de uma imagem anterior, feita com a DSLR no mesmo telescópio. Mesmo assim é um enorme progresso em relação as imagens anteriores do mesmo objeto.



terça-feira, 5 de agosto de 2014

Sétimo EBA: Running Chicken com telescópio



IC 2944 - Running Chicken Nebula
Alto Paraíso - Goiás - 23 de Julho de 2014
Luminance: 25x360 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com lente de 135mm
Telescópio: Refrator ED 102mm f7
Montagem: HEQ5
Guiagem - miniguider 50mm e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das cores: Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

Uma coisa chata durante as noites do EBA é que às sete horas da noite começa a janta. Sim, na maioria das vezes é um saco ter que parar para jantar. Mas felizmente astrofotografia é uma atividade que, se você conseguir ajustar tudo de forma afinada, pode passar até horas longe do telescópio enquanto o equipamento trabalha para você, e, se nada de errado acontecer, quando voltar terá a alegria de encontrar horas de exposição daquela tão sonhada nebulosa. Por outro lado também pode descobrir que cinco minutos após você sair de perto do telescópio a guiagem perdeu a estrela de referência, o notebook ficou sem bateria por que você esqueceu de ligá-lo na energia, um pico de energia fez a montagem desligar e reiniciar, entre outras muitas coisas que que podem acontecer. Por isso, sair de perto do telescópio nem sempre é uma boa ideia.

Mas quando chega a hora da janta, não adianta. Se você não ir fazer a refeição da pousada onde o EBA ocorre, mesmo que ela se limite a caldos e pães caseiros (bem gostosos sejamos justos) pode acabar se rendendo ao cansaço no meio da noite. Por isso, deixar o telescópio fotografando algo, mesmo que nada dê certo, sempre será algo lucrativo (a não ser que chova enquanto você está a 500 metros do seu equipamento).

Na quinta noite do EBA, o céu estava repleto de nuvens, mas o Sul estava aberto e como eu não tinha muito para onde apontar, mirei em Running Chicken novamente, mas dessa vez não com a lente e sim com o telescópio. O resultado é menos campo, mas mais detalhes. Além disso, num campo pequeno as chances das nuvens estragarem a foto é bem menor.

Após jantar, voltei para o telescópio cerca de uma hora e meia depois de deixá-lo fotografando e para minha alegria, apesar do céu estar horrível, o sul ainda estava limpo e o CCD seguia fotografando. Analisei os frames e descobri que quase todos estavam bons. Uma prova de que nem sempre damos azar.

O resultado não é a minha imagem favorita do EBA, mas acho sim que é uma foto legal. É possível ver vários glóbulos de Bok, nuvens escuras de poeira que são uma das marcas registradas de Running Chicken. Está é com certeza uma das nebulosas mais bonitas que existem e voltar a ela, num bom céu e com mais tempo de exposição, certamente valerá a pena.

domingo, 3 de agosto de 2014

Sétimo EBA: A Galinha Corredora - IC 2944



IC 2944 - Running Chicken Nebula
Alto Paraíso - Goiás - 23 de Julho de 2014
Luminance: 32x240 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com lente de 135mm
Lente: Canon 200mm FD
Montagem: HEQ5
Guiagem - Refrator ED 102mm F7 e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das cores: Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

No Sexto EBA eu certamente me decepcionei com o resultado que obtive com o CCD. Aquele EBA foi salvo pelas imagens que fiz com uma lente de 135mm na DSLR, usando uma outra montagem enquanto apanhava do CCD na montagem HEQ5 com o telescópio e filtros LRGB. Neste Sétimo EBA foi muito diferente, as melhores imagens que fiz certamente foram com o CCD. O principal motivo foi que eu deixei de acreditar que não vale a pena fotografar em Banda Estreita durante o EBA e mandei ver com o filtro H-alpha de 7nm que possuo.

Antes eu achava que não valia a pena fotografar em Banda Estreita durante o EBA, porque da minha casa é possível fazer este tipo de foto, mas muitas coisas fazem valer usar um filtro H-alpha também em Alto Paraíso: primeiro, apesar de pouco, a poluição luminosa atrapalha sim a fotografia em H-alpha aqui de casa e em alguns casos, como quando faço imagens de objetos do norte, ela se torna bastante evidente. Além disso, aqui de casa várias partes do céu são bloqueadas, limitando muito o meu alcance. O objeto da imagem acima, A Nebulosa Running Chicken, por exemplo, fica pouquíssimo tempo visível na varanda do meu apartamento e me obriga a colocar o setup na ponta da varanda para captá-la por pouco mais de uma hora apenas, antes que ela se esconda atrás da parede do meu prédio. E isso só numa época específica do ano.

Além disso, no EBA é muito fácil conseguir um bom alinhamento. Basta fazer um falsa estrela polar no polo celestial Sul e apontar a montagem para ela, enquanto do meu apartamento o Sul é bloqueado. Isto me permitiu fazer imagens com frames de até 12 minutos com o telescópio. Nem é o caso da imagem acima, que usou frames bastante curtos e que consigo mesmo com um alinhamento ruim. Mas para muitas nebulosas mais pálidas, fotografar com frames mais longos é fundamental quando se está usando filtros H-alpha.

Running Chicken faz parte de minhas nebulosas favoritas. Ela ó ótima para se fotografar com qualquer setup, de lentes de 50mm a grandes telescópios, com DSLRs ou CCDs resfriada. Só é recomendável que a DSLR seja modificada, com a retirada do filtro original que bloqueia grande parte do vermelho, se não os resultados podem decepcionar um pouco.

sábado, 2 de agosto de 2014

Sétimo EBA - A alvorada da Barnard 33


Barnard 33 - IC434
Alto Paraíso - Goiás - 27 de Julho de 2014
Luminance: 8x480 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com DSLR não modificada.
Telescópio: ED 102mm F7
Montagem: HEQ5
Guiagem - Orion Miniguider 50mm e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das duas imagens (H-Alpha + Light): Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

A Nebulosa Cabeça do Cavalo, catalogada como Barnard 33 e também como IC 434 é uma das Nebulosas mais populares entre os astrofotógrafos. De difícil observação através de visualização por oculares, os tempos maiores de exposição que uma câmera permite em registros fotográficos fazem aparecer formas que encantam os amantes da astronomia, em especial a nebulosa escura, cuja forma lembra a cabeça de um cavalo de um jogo de xadrez.

Cabeça do Cavalo é uma nebulosa fácil de encontrar, na verdade muito fácil. Basta apontar para Alnitak, a estrela mais a oeste das Três Marias, que a nebulosa aparece. Por isso Cabeça do Cavalo foi presença constante em minhas fotos quando a CCD Atik 314L havia acabado de chegar, sendo várias vezes fotografada com Lentes, tanto de 135mm como de 200mm.

Mas faltava uma boa imagem de Barnard 33 feita com a CCD num telescópio. A evolução do uso desta câmera com distâncias focais mais elevadas, produzindo belas imagens aqui da varanda durante o inverno, captando nebulosas até mais pálidas, deixava claro que quando Cabeça de Cavalo começasse a ficar mais alta no céu, antes do amanhecer, ela seria a primeira nebulosa do Braço de Orion a ser registrada.

Eu acabei me antecipando. Aproveitei a boa auto-guiagem durante o EBA e tentei o registro da Nebulosa. Foram apenas oito frames, com oito minutos de exposição, mas o foco perfeito ajudou a uma imagem final que me deixou muito feliz. Para finalizar incluí o RGB de uma imagem que havia feito com a DSLR, em outro EBA, para dar as cores.