terça-feira, 20 de maio de 2014

Chegou o Refletor de 200mm


Chegou o meu novo telescópio, o refletor de 200mm da Orion UK comprado no Caleidocosmo! A entrega foi rápida, pois eu comprei o tele na terça-feira passada, e, devido ao horário, a coleta pela transportadora só pôde ser feita na quarta. Mesmo assim, sexta à tarde o telescópio já estava aqui.
 
A embalagem que chegou foi grande, mas de cara me surpreendeu positivamente por ser leve, o que é muito bom, já que uma das minhas maiores preocupações com este novo tubo óptico é o peso. O tubo óptico pesou apenas 6,2 quilos sem a buscadora, então imagino que os sete quilos da especificação são com a buscadora que acompanha o OTA. Com a câmera e o meu portátil sistema de guiagem, ficou apenas 7.6 quilos, 56% da capacidade máxima da HEQ-5, o que é bem aceitável para astrofotografia.

O Orion UK 200mm foi pesado com os acessório, totalizando 7,6 quilos.
Eu vou tentar falar da forma mais imparcial possível sobre os dois problemas que vi. O primeiro foi com os anéis que envolvem o telescópio. O Pedro, do Caleidocosmo já havia comentado que não tinha os dovetails dele, mas eu disse que estava tranquilo, pois tinha um dovetail sobrando. O problema é que os anéis que vieram com o telescópio são totalmente incompatíveis com o dovetail que tenho, que são o que se encontra no mercado brasileiro, padrão Vixen. Os aneis do Orion UK tem dois furos cada, bastante rasos, e que me parecem encaixarem sobre pressão lateral.
 
Eu pensei em adquirir um dovetail desses, mas não encontrei no Brasil e mesmo em sites estrangeiros estava difícil entender qual seria o dovetail certo. Optei por adquirir novos anéis no Armazém do Telescópio, que estavam a venda exatamente na espessura do tubo do refletor.
 
Fica então um aviso para quem quer vender telescópios no Brasil. Tomem cuidado com a compatibilidade do equipamento que estão vendendo, muito principalmente quando não for um telescópio completo, sem a montagem, como no caso deste tubo óptico. É muito frustante receber um produto em casa e descobrir que ele não é compatível com a sua montagem ou dovetail, precisando de outras peças. O problema torna-se mais grave quando lembramos que estamos no Brasil, onde a compra de acessórios é mais demorada e complexa, muitas vezes obrigando os astrônomos amadores a recorrem a sites estrangeiros, pagando caro em impostos e esperando semanas com o produto na caixa enquanto aguarda a chegada dos acessórios necessários. Nada contra o Caleidocosmo, mas no lugar deles eu teria consciência da dor de cabeça e mesmo frustração que esses anéis causariam no comprador e tentaria dar um jeito antes de passar para a frente. Felizmente neste caso encontrei os acessórios num site brasileiro.
 
Já o segundo problema foi mais sério em minha opinião. Quando fui girar o focalizador, me assustei com o tanto que ele estava desalinhando cada vez que eu movia a peça, então resolvi apertar os parafusos de pressão, que ficam embaixo dele. No caso do focalizador do Orion UK há dois parafusos. O problema é que mal girei as peças e elas caíram para dentro do focalizador, então eu tive que abrir a peça e descobri que os parafusos eram pequenos demais, ou falta alguma coisa dentro que deveria firmá-los. A solução foi encontrar outros parafusos aqui em casa e colocar no lugar dos que vieram. Pô! ter que desmontar o focalizador logo de cara e fazer uma gambiarra é algo que não está nos planos de alguém que compra um aparelho deste nível.

O focalizador com o parafuso que encontrei na minha bagunça.
A boa notícia é que conversei com o Avaní, um importante astrofotógrafo Lunar e Planetário Brasileiro e ele me disse que, pela óptica, eu fiz uma excelente compra. O Avaní também me explicou sobre um tal de teste Zygo, que acompanha o telescópio. Ele é feito por uma empresa especializada em testes e a Orion Uk envia para mostrar como a óptica é boa. Infelizmente é raro achar esse tipo de testes para outros telescópios, muitas vezes por que as empresas simplesmente não querem mostrá-lo.
 
É interessante dizer que o teste em questão foi para o exemplar que recebi, o Avaní comparou os resultados com o do modelo dele e ficou impressionado com o resultado. Os do meu refletor foram até superiores ao do modelo de 10 polegadas que ele comprou. Vale lembrar que, devido a menor razão focal do meu modelo em relação ao telescópio do Avaní, que é F6.3 contra F4.5 do meu refletor, uma maior qualidade óptica é mesmo mais necessária.
 
Agora é esperar os anéis chegarem e o céu melhor um pouco para os primeiros testes. Espero não ter mais surpresas negativas e sim boas imagens.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Vem aí meu primeiro refletor!!!

O VX8 de 8 polegadas da Orion UK. Com razão focal F4.5 é duas e vezes e meia mais rápido que o atual ED de 102mm e será minha primeira experiência com refletores.

Acabei de comprar meu primeiro telescópio refletor, um Orion VX8 de 200mm de abertura, será meu primeiro refletor, algo totalmente novo pra mim. O Telescópio foi comprado no site Caleidocosmo.com.br, um dos quatro bons sites para material astrofotográfico no Brasil.
 
A escolha pelo VX8 foi devido a sua razão focal. Com apenas 900mm de distância focal o refletor tem uma razão focal F4.5, sendo 150% mais rápido do que o meu ED de 102mm e praticamente tão rápido quanto as lentes que uso para astrofotografar quando estão em sua melhor qualidade (há uma perda devido ao espelho secundário, mas é pequena em termos de área).
 
O contra-ponto foi o peso do equipamento. Com 7 quilos, é bem mais pesado que o meu ED, mas felizmente eu tenho um Setup pronto para recebê-lo da forma ideial, já que a Atik tem meros 400 gramas e o setup de guiagem composto por um miniguider de 50mm e a DBK pesa pouco mais de um quilo. Eu terei um total de cerca de nove quilos sobre o telescópio. Se os 7 quilos da especificação do tubo incluirem a buscadora de 50mm, será ainda menos, pois ela será substituida pelo miniguider durante as captações.
 
Eu vou usar o Setup com a HEQ5, já que não tenho condições de comprar outra montagem no momento, mas em 2015 vou adquirir uma EQ6. Até lá, vou brincando.
 
Também devo investir mais em astrofotografia planetária, já que o meu ED sempre foi meio limitado devido a pouca abertura. Mais para frente, quando estiver mais tranquilo vou analizar a compra de uma ZWO ou QHY para fotografia planetária.
 
O VX8 é fabricado pela Orion UK. Não se trata de uma filial da Orion Americana, mas uma empresa independente. Este tubo é pelo menos duas vezes mais caro do que um equivalente da Orion Americana, mas tem reputação de enorme qualidade óptica e é feito na Inglaterra, a mão. Então tenho muitas razões para ficar otimista.
 
O novo telescópio deve chegar na semana que vem, e as primeiras imagens com ele devem aparecer logo. Vale dizer que custou 3100 reais, com o frete, via depósito bancário. Considerando que ele está 841 Euros na Telescope Express, com o Euro custando hoje mais de 3 reais, ficou um preço excelente.
 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Nebulosa do Camarão - Uma viagem na Astrofotografia.

Eu estou em minha nave espacial, viajando pela galáxia, em busca de um belo lugar para conhecer. Alguém me fala sobre uma bela nebulosa, chamada Falso Cometa. Até me mostra uma foto dela. Eu acho a imagem linda, e decido mudar a rota de minha nave e partir até lá.


Eu vejo a nebulosa pela primeira vez, ainda de longe. O foco está ruim, as cores são mal vistas. Tudo o que vejo são três grandes nebulosidades rosas atrás de um mar de estrelas embaçadas.

Eu continuo me aproximando. Agora sei que na verdade a parte rosa tratava-se da Nebulosa do Camarão e que Falso Cometa era o conjunto da qual ela faz parte, que incluía também os aglomerados em volta. Agora mais perto, eu consigo ver o bem o desenho do camarão, com os dois olhinhos escuros na extremidade da nebulosa.






Mas eu quero entender melhor para onde estou indo, e me afasto para observar o entorno do lugar. Vejo como a nebulosa faz parte do conjunto chamado de Falso cometa, com vários aglomerados ao lado, fazendo um desenho como se fosse a calda de um cometa, com a Nebulosa do Camarão fazendo o papel de núcleo. Para quem vê de muito longe deve mesmo parecer um cometa.




Para retomar a viagem, mudo para uma nave mais rápida. Só que o começo da viagem é turbulento. Eu vejo a nebulosa de longe, sem cores. Faltam detalhes, as estrelas estão embaçadas. Eu espero que as coisas melhorem.


Sim, as coisas melhoram e eu volto a enxergar bem a nebulosa. Detalhes antes invisíveis aparecem em volta da nebulosidade principal. Com uma janela especial em minha nave, que me permite ver as cores de forma diferente. Eu começo a ver algumas tonalidades interessantes, embora ainda fracas.


Eu já estou há dois anos viajando, e finalmente agora começo a ver bem a nebulosa, os detalhes em volta são muito bons, as cores estão evidentes. Sinto que está muito próximo. Decido ativar a velocidade de dobra de minha nave, para chegar realmente perto.

Eu estou quase chegando, desligo a velocidade de dobra e vejo a nebulosa da janela especial de minha nave. Estou praticamente ao lado dela. Vejo detalhes que nunca imaginei que poderia ver, mas ainda não está perfeita como eu sonhava, talvez dê para chegar um pouco mais perto.



 Eu finalmente cheguei! Agora da nave vejo a nebulosa do Camarão, catalogada na Terra como IC 4628. Ela é como eu sempre sonhei, com grandes montanhas douradas e nuvens azuladas sobre elas. É realmente um lugar lindo. Antes de ir embora eu faço um registro. Valeu a pena chegar até aqui.

Fim.




O post acima teve um estilo totalmente diferente do que vocês estão acostumados neste blog. Ele foi feito após eu fazer está última foto que aparece nele, na quarta-feira desta semana. Na minha opinião é meu melhor registro até hoje.

A finalidade disto tudo foi mostrar de forma lúdica o sentimento que eu tenho com a astrofotografia, o sentimento de estar viajando pelo espaço da varanda de meu apartamento, da chácara ou da pousada onde participo do EBA.  As registros foram apresentadas na ordem cronológica em que foram feitos.

A Nebulosa do Camarão foi o objeto que mais fotografei desde que comecei na astrofotografia, foram oito registros, começando com uma câmera não modificada, quando eu ainda era um novato em astrofotografia e mal sabia focar corretamente, passando por uma boa foto já com a câmera modificada embora a montagem mal alinhada. A mudança da DSLR para o CCD foi dramática, envolveu um grande aprendizado e também muitos erros. Mas com cuidado a Nebulosa foi se revelando, até a imagem feita nesta última quarta, que me fez chegar realmente perto da Nebulosa do Camarão.

Ps: As naves espaciais são as câmeras e não o telescópio. É interessante notar que tanto a primeira imagem como a última foram feitas exatamente com o mesmo telescópio, um ED de 102mm. Isso mostra como a troca da câmera e os filtros de banda estreita, aliada a mais experiência fez toda a diferença, muito mais do que um telescópio maior ou mais caro faria.
A janela especial são  os filtros de banda estreita.