terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Montando o Ioptron Skyguider pela primeira vez.

Conforme prometido no post anterior, logo após a abertura da caixa do Ioptron Skyguider, eu faria um vídeo instalando a pequena montagem no tripé que aparecia no vídeo. Eu na verdade publiquei o vídeo na mesma noite, mas um erro de edição fez com que eu tivesse que refazê-lo e por isso só consegui finalizar o upload hoje de madrugada.

Segue o vídeo então, espero que gostem.


domingo, 17 de dezembro de 2017

Vídeo - Abrindo a caixa do Ioptron Skyguider

Essa semana chegou a minha nova montagem portátil, o tracker Ioptron SkyGuiderTM Pro, adquirido no Tellescopio.com. Decidi fazer algo diferente ao receber esta montagem, filmar a abertura da caixa. Isso é uma prática comum em vídeos estrangeiros e chama-se "Unboxing". O vídeo tem pouco mais de quinze minutos de duração, uma edição pobre e o apresentador é feio. Mas acho que pode ser interessante para quem estiver interessado em adquirir equipamentos parecidos.




Neste post mostro somente a abertura do Skyguider, já que eu não tinha muita noção de como montá-lo. No vídeo seguinte, irei falar um pouco da montagem do equipamento.

http://andolfato.blogspot.com.br/2017/12/montando-o-ioptron-skyguider-pela.html

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Meus planos astrofotográficos para 2018

Chegamos ao fim de 2017. O ano que está para acabar foi um dos mais atípicos que já tive desde o começo da Astrofotografia. Certamente, o maior acontecimento deste ano foi a publicação do meu guia de astrofotografia, o Astrofotografia Prática. Após três anos de trabalho, muitos desafios, entre eles um gigantesco processo de revisão, finalmente o tão prometido livro foi publicado, com excelente recepção por parte dos astrofotógrafos. As duas versões, a impressa e a digital, tornaram-se os dois livros de fotografia mais vendidos do site Clube de Autores e a versão impressa está disponibilizada na Livraria Cultura, sem contar os grandes elogios que o livro recebeu.

Aguardando o Eclipse total do Sol em 21 de agosto, nos Estados Unidos.

Só um acontecimento do tamanho da publicação do Astrofotografia Prática para que o primeiro Eclipse Solar Total que presenciei, com uma viagem para os Estados Unidos, não se tornasse o maior acontecimento do ano. Ver um eclipse solar total é algo que todos em algum momento de sua vida devem tentar fazer.  É certamente um dos maiores e mais belos acontecimento que os céus podem nos proporcionar.

O Eclipse foi um evento inesquecível, mas foi eclipsado (ha ha!) pela publicação do livro.


Na astrofotografia em si, o ano foi um pouco pobre, marcado principalmente por fotos planetárias, principalmente belos registros de Júpiter. Por não ter férias disponíveis para o período, o Encontro Brasileiro de Astrofotografia foi o que minha participação foi mais curta até hoje. Nem a presença da nova câmera QHY163m foi capaz de evitar que fosse um dos meus EBAs menos produtivos. A falta de uma montagem portátil, com a venda do excelente Ioptron SkyTracker também foi um fator a se considerar. AQHY163m funcionou muito bem no EBA, mas o sensor maior não dialogou com a imensa poluição luminosa do apartamento em que moro.

A outra câmera QHY que comprei, a QHYIII-224c foi ainda menos aproveitada do que a QHY163m. Até agora, essa câmera planetária colorida foi muito mais utilizada como câmera de guiagem do que em fotografias. Eu sempre me perguntei se a QHY290mono não teria sido uma compra melhor (e teria), mas eu estava afim de ter um pouco de experiência com câmeras planetárias coloridas. Júpiter está chegando no começo do ano e só os resultados com este planeta mostrarão se esta compra realmente valeu a pena, nem que tenha sido pela curiosidade.

Mas 2018 está chegando. Uma nova estiagem virá, Júpiter e Saturno estarão disponível para fotografia, uma espetacular oposição de Marte ocorrerá em Julho, época sem nuvens, e os projetos para céu profundo são muitos.

O ano de 2018 deve começar com a publicação de um novo livro. Isso mesmo! Mas não será um guia de Astrofotografia. Será o meu primeiro livro de fotos. Algo que muita gente me pedia, principalmente meus amigos e seguidores que são mais interessados em Astronomia do que propriamente em Astrofotografia, e mesmo quem não é da área da Astronomia, mas que gostaria de ter um livro com essas fotos me perguntava por este livro. Eles me diziam: :"Eu não quero um livro sobre como fazer fotos, eu quero um livro com as suas fotos". Por isso, logo após o Astrofotografia Prática, eu iniciei a confecção do Viajante Espacial. A ideia era publicar o livro antes do Natal, mas decidi adiar a publicação por dois motivos: um melhor processo de revisão e também não correr o risco de ver pessoas comprando o livro como presente de Natal e não receberem o exemplar a tempo, o que deixaria muitas pessoas tristes. Decidi deixar a publicação para janeiro. Assim, não haverá preocupação de que o livro seja entregue numa data específica.

Com a publicação do Viajante Espacial, eu poderei ter um ano astrofotográfico muito mais intenso do que o anterior. Uma de minhas maiores apostas é que voltarei a ter uma montagem ultraportátil para Astrofotografia com lentes, principalmente a de 200mm. O já vendido Ioptron Skytracker será substituído pelo SkyGuider, também da Ioptron. Esse tracker tem duas vantagens relevantes em relação ao Skytracker. Possui pacote com contrapeso e também entrada para autoguiagem. Eu estava entre este Skyguider e a minimontagem SmartEQ, também da Ioptron.

A SmartEQ tem uma grande vantagem em relação ao Skyguider. Possui motorização no eixo de declinação, o que permite que a montagem também tenha GoTo e possa ser controlada por computador. Mas tem uma desvantagem considerável. É maior e mais pesada do que o Skyguider, sendo menos portátil. É uma montagem um pouco mais complicada para ser transportada numa mochila ou numa viagem de avião. Além disso, vi alguns comentários negativos em relação ao acabamento da SmartEQ, que muitas vezes necessita que o astrofotógrafo faça modificação no equipamento para funcionar perfeitamente.

Para quem não tem um observatório, ter uma montagem ultra portátil é sempre algo a se considerar. Já deixei de participar em muitos eventos de Astrofotografia simplesmente porque não estava disposto ao trabalho de arrumação e transporte de um telescópio e uma montagem EQ5 depois de uma semana puxada no trabalho. Com uma montagem menor, é sempre mais fácil eu largar a preguiça e me animar para uma viagem de uma ou duas noites para Astrofotografia, principalmente para lugares mais distantes.

O Ioptron Skyguider é basicamente o Skywatcher Adventurer da Ioptron.

Mas o ano de 2018 não será feito só de Skyguider e fotografia com lentes. Também adquiri recentemente um corretor de coma da Baader, para o refletor de 200mm, que apresentava coma mesmo quando utilizado com a Atik314L+ e seu pequeno sensor de 2/3 polegadas. Com este corretor, poderei usar o refletor até com a QHY163m. A atik314L+, diga-se de passagem, não será vendida. Esta câmera é bem menos sensível à poluição luminosa de Brasília do que a QHY163m e capaz de produzir uma imagem de objetos menores superior. Por isso, não vejo razão para me desfazer da Atik314L+

Mas 2018 não trará somente equipamentos novos. Também trará diferenças na minha forma de tratar a Astrofotografia. Nos últimos meses, eu tenho consumido muito mais material sobre Astronomia do que vinha consumindo nos anos anteriores. Por isso, o futuro deste blog é ser mais astronômico e não somente tão astrofotográfico, usando minha fotos mais como base dos posts, mas sempre falando de qualquer aspecto astrofotógráfico que seja relevante.

É isso aí pessoal. Já estou há seis anos dedicado à astrofotografia e posso dizer que me sinto tão empolgado como no início. Nesses anos eu vi colegas começando e saindo da astrofotografia. Muitos enfrentaram obstáculos em suas vidas, outros iniciaram novos projetos, principalmente os mais novos. Mas o tema é enorme. Há ainda milhares de objetos esperando serem visitados por mim, galáxias, nebulosas, algumas que já devia ter visitado faz tempo, e espero que 2018 seja um ano bastante intenso na astrofotografia e, principalmente, neste blog.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Blue Head Horse - Reprocessamento de uma captura problemática.



A Cabeça do Cavalo azul é uma nebulosa de reflexão das mais difíceis de se registrar. Bastante pálida e inacessível a filtros de banda estreita. Como acontece com as galáxias mais pálidas, é necessário deslocar-se para regiões escuras, como fazendas isoladas, para um bom registro. A Nebulosa está localizada próxima à cabeça do Escorpião, sendo visível principalmente durante o inverno. Apesar disso, não é um alvo muito comum entre os astrofotógrafos durante os encontros de Astrofotografia, por dois motivos, primeiro, mal aparece nos single frames, como você pode ver na imagem final do post, o que pode desanimar um pouco os astrofotógrafos. Mas acredito que a principal razão é pela nebulosa ter uma tamanho aparente muito grande, sendo um objeto ideal para fotografia com lentes. A imagem do post foi feita com uma lente de 135mm. Como a maioria dos Astrofotógrafos utiliza telescópios nestes encontros, são poucos os que tem equipamento adequado para o registro, como o Carlos Fairbairn, que já fez ótimos registros da nebulosa.

Eu tinha uma boa captura da Cabeça do Cavalo Azul. 36 frames de 3 minutos feitos com a lente de 135mm e Canon T2i no longínquo ano de 2014. Bem, boa captura entre aspas. Apesar do bom tempo de exposição total, com quase duas horas; dos frames estarem numa boa duração, em ISO 800 e das estrelas estarem redondas, os frames apresentaram problemas bastante difíceis de lidar: escurecimento na parte inferior e uma mancha rosada na parte esquerda inferior. Esse problema esteve em praticamente todas as capturas com DSLR daquele EBA, me fazendo pensar que, a minha Canon T2i havia chegado ao fim precocemente. Mas, após aquele evento, analisei que talvez o intervalo entre os frames, de cerca de 15 segundos para lightframes de 3 minutos, talvez tivesse sido muito curto. Logo, desde aquela época, tenho ajustado intervalos bem mais longos entre os frames de captura. Na opinião de alguns colegas astrofotógrafos, talvez até um pouco demais. Hoje, para frames de 3 minutos, numa câmera sem resfriamento, os intervalos que eu daria para o sensor esfriar seriam provavelmente de um minuto.

Não sei se os intervalos que tenho dado em minha captura estão exagerados. Sinceramente, não sei se havia alguma outra coisa afetando a captura naquela época, mas, desde que aumentei o tempo dos intervalos entre os frames, problemas assim nunca mais apareceram.

Abaixo, vemos um single frame da captura que gerou a imagem da Cabeça do Cavalo Azul. Nela percebemos alguns detalhes suaves da Nebulosa, que depois seriam realçados, com o filtro mínimo, para diminuição das estrelas; aumento da saturação; e "Ajuste Automático de Cores", no Adobe Photoshop. O processamento final bem que poderia ser um pouco mais cuidadoso, evitando-se estourar as estrelas da nebulosa vizinha, Rho Ophiuchi. O problema, devo admitir, é a falta de tempo, mas com o fim da produção de meu livro de fotos "O Viajante Espacial", que deve ser publicado mês que vem, eu devo ficar mais tranquilo, até por que o ano de 2018 está cheio de projetos, que eu devo falar no próximo Post.

Frame única da captura do Post, como aparecia na câmera.



sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Os Girinos Cósmicos



Essa época do ano costuma ser uma das piores para fotografar, por isso, quando tempos uma noite aberta, ainda mais sem Lua, costuma ser uma oportunidade de ouro para capturarmos nebulosas que há muito tempo queremos registrar e as nuvens sempre atrapalham. Mas também pode ser uma época interessante para descobrirmos novos objetos no céu, ou mesmo, como no caso da imagem deste post, descobrir que é possível registrar nebulosas que imaginávamos estarem além do nosso alcance.

Na noite do feriado de 12 de outubro, eu percebi que poderia apontar meu telescópio, mesmo da varanda do meu apartamento, para algumas nebulosas interessantes no norte. O alvo que me parecia mais interessante era a nebulosa Flaming Star, catalogada como IC405.
Eu já tinha apontando o telescópio para Flaming Star quando notei que bem ao lado daquela nebulosa estava um dos objetos que eu acho mais interessantes no céu e que eu acreditava não ser possível fotografar do Brasil, muito menos de meu apartamento. 

Trata-se da Nebulosa do Girinos, catalogada como IC410. Acho que o nome não é muito popular no Brasil. Parece meio sem glamour, eu acredito, mas em inglês ela é conhecida como Tadpole Nebula, cuja tradução é girino. Acho que outra opção que teríamos é chama-lás de Nebulosa dos Espermatozóides. O problema é que daí não demorariam a encurtar o nome da nebulosa, que logo viraria Nebulosa do Esperma. Talvez seja melhor deixar como dos Girinos mesmo.

Apesar do céu estar bem aberto nos dias do registro, as condições estavam longe de serem as ideais. Devido à seca pela qual Brasília está passando, havia muita poeira e fumaça na atmosfera e isso acaba espalhando ainda mais a intensa poluição luminosa que enfrento da varanda de meu apartamento. Mais uma vez o sensor maior da QHY163m conversou com dificuldades com a poluição luminosa da varanda do meu apartamento e eu vejo que esta câmera é mais adequada para ser usada durante os encontros em fazendas, enquanto a Atik314L+  parece melhor para o apartamento.

De qualquer forma, capturar IC410 foi uma grande alegria. Mesmo com os defeitos da imagem, eu não lembro de outro astrofotógrafo brasileiro ter feito esta captura, o que é um grande orgulho.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Comparando a QHY163m com a Atik314L+ - Foi a nova câmera um Upgrade relevante?

Ômega Centauri com QHY163m - Tempo total de exposição: 36 minutos - 8 frames de 90 segundos em Bin 2x2 para cada cor.





Ômega Centauri com Atik314L+ - Tempo total de exposição: 2 horas e 40  minutos - 20 frames de 5 minutos de luminância e 4 frames de 5 minutos em Bin 1x1 para cada cor.

Já fazem alguns meses que estou com a minha nova câmera astronômica monocromática QHY163m, que, com seus 16 megapixels de resolução, veio "substituir" a Atik 314L+, com somente 1,3 megapixels, mas que tantas alegrias me deu nos últimos anos. Adquirida no início de maio e recebida no inicio de junho, não usei a QHY163m tanto quanto eu gostaria, mas já posso ter uma boa ideia do desempenho dela em relação à Atik 314L+.

Primeiro, devo dizer algo sobre a Atik 314L+. Se, em termos de resolução, seus 1,3 megapixels deixavam ela atrás das câmeras com sensores maiores, trabalhar com a QHY163m provou que eu estava completamente certo quanto aos motivos que me fizeram adquirir a Atik 314L+ a época. Sim, trabalhar com uma câmera com sensor pequeno como o 2/3 polegadas da Atik 314L+ traz alguns problemas. É mais difícil apontar e enquadrar o objeto, deve-se tomar cuidado principalmente quando se troca de filtros, ainda mais em capturas feitas em mais de uma sessão, para se perder o mínimo de campo possível. Qualquer movimento do telescópio, na hora da troca de filtro, pode incorrer em perda de uma proporção considerável de campo na Atik 314L+. Com a QHY163m é mais fácil achar os objetos e o seu grande sensor de 4/3 polegadas aceita melhor alguma perda de campo.

Mas com um sensor menor, a Atik 314L+ se adaptou imediatamente a todo o meu econômico setup astronômico, sejam os tubos ópticos ou acessórios de 1,25 polegadas. Não houve necessidade de adquirir filtros maiores (e bem mais caros) nem aplanadores ou corretores de coma. Telescópios imperfeitos como os que possuo costumam realçar suas deficiências nas bordas da imagem. No centro, as aberrações são quase imperceptíveis. Poder usar a Atik 314L+ por muitos anos sem ter gastos adicionais foi uma tremenda vantagem.

Mas não é só pelo equipamento que uma câmera com sensor maior traz dificuldades. A óptica do telescópio pode ser corrigida com acessórios e os filtros de 1,25 polegadas estão dando uma vinhetagem muito leve na QHY163m, facilmente corrigida por flatframes. Entretanto, uma câmera com sensor maior também sofre mais com poluição luminosa. A vinhetagem e o gradiente que recebo em meu apartamento, numa área densa em Brasília, era praticamente irrelevante com a Atik 314L+ quando com filtros de banda estreita. Com a QHY163m, eu estou tendo um pouco mais de dificuldades na hora de processar as imagens de capturas feitas em meu apartamento, mesmo capturadas com filtros de banda estreita.

Lidar com arquivos maiores também foi uma adaptação difícil pra mim. Como esperado, os arquivos de 16 megapixels da QHY163m levam mais tempo para carregar do que os de 1,3 megapixels da Atik314L+. Sim, a QHY tem entrada USB3.0, show de bola, mas os arquivos são quase 16 vezes maiores. E a porta USB3.0 do meu notebook não consegue compensar isso. Essa maior demora no carregamento dos arquivos não faz muita diferença quando já estamos registrando os lightframes, que podem durar vários minutos. Esperar dez segundos de download entre um lightframe e outro não é um grande sacrifício. Mas quando estamos fazendo os ajustes de foco, enquadramento, entre outras coisas, essa maior demora começa a desgastar a paciência. Até por que, nos softwares que utilizei, a QHY163m só faz Binning 2x2, fazendo uma imagem com ainda quatro megapixels de tamanho mesmo para uma prévia, enquanto a Atik 314L+ faz até Binning 8x8. Na hora dos ajustes de imagem eu sinto muitas saudades dos arquivos pequenos da Atik 314L+, que carregavam em um segundo.

Mas vale dizer, estes inconvenientes citados são todos devidos a uma característica superior da QHY163m. Agora os problemas verdadeiros: provavelmente por ser uma câmera com sensor CMOS, a QHY163 apresenta um tipo de defeito em imagens integradas que eu nunca vi na Atik314L+, mas já tinha percebido algumas vezes na Canon T2i e em imagens de outros astrofotógrafos que utilizaram câmeras com sensor CMOS. O resultado da integração apresenta linhas de ruídos inclinadas, como você pode perceber na imagem abaixo, crop de uma captura de NGC 6188 também feita no 10°EBA. Eu não sei o que causa isso. Não aparece em todas as imagens e é pouco perceptível. Ainda não fiz um estudo sobre este problema e se alguém quiser colaborar, sinta-se a vontade. Não é algo que destrói a imagem, mas exige um certo cuidado durante o processamento.

Repare nas linhas inclinadas para a esquerda neste crop de um lightframe da QHY163m

Mas o que tem incomodado mesmo na QHY163m é o tal do Amplifier Glow. Uma mania de sensores do tipo CMOS (a Atik usa um sensor CCD) de deixarem partes da imagem mais claras do que outras. Num primeiro momento, pode até ser confundido com vinhetagem ou gradiente na imagem, que geralmente é causada por luzes parasitas na óptica e deve ser tirado com Flat Frames. Mas é algo que está no sensor da câmera e não na óptica. Por isso, tem de ser tirado com Dark Frames. Sendo assim, pelo que tenho visto, enquanto é possível astrofotografar com uma câmera CCD como a Atik 314L+ sem dark frames, com uma CMOS, Dark Frames são obrigatórios.

Amplifier Glow (região mais clara a direita) em single frame da Nebulosa do Camarão.
O grande problema que estou tendo com o Amplifier Glow é que, com o ganho da QHY163m em zero, o Amplifier Glow sai facilmente com os dark frames, mas quando elevo o ganho para 30 (o ajuste vai até 60), o resultado da integração, mesmo com dark frames, é prejudicado. Tanto que os registros que fiz com esse nível de ganho não ficaram, digamos, publicáveis. Isso acaba tirando uma das vantagens que eu esperava desta câmera em relação à Atik 314L+, que era fazer frames curtos com ganho elevado, integrar muitos deles e conseguir imagens que só conseguiria com frames muito longos com a Atik 314L+.

Após tantos comentários negativos, pode até parecer que a conclusão foi que a QHY163m não foi um bom upgrade em relação a Atik 314L+. Mas não é o que acontece. Os problemas causados pelo sensor maior são todos decorrentes de estar usando um equipamento superior, que exige uma óptica melhor e um céu em melhores condições. É o preço que se paga por ter um equipamento de maior capacidade. Com seus 16 megapixels de resolução, a QHY163 produz imagens muito mais nítidas, com estrelas menores e maior campo do que a Atik 314L+. Quanto a seus defeitos reais. Eles são contornáveis. Darks e Flat frames podem tirar quase todos os defeitos dos lightframes. E recursos simples do Fitswork removem quase todos os problemas ópticos restantes. Sim, não estou conseguindo usar ganhos maiores, mas mesmo no menor ganho a câmera apresenta excelente sensibilidade. Além disso, ganho é algo meio relativo em astrofotografia de céu profundo, já que no fim teremos que ajustar os níveis da imagem integrada, geralmente bem escura.

Para mim, a maior prova do avanço da QHY163m em relação a Atik 314L+ está no fato de que estou finalmente produzindo meu primeiro livro de fotos e basicamente todas as imagens que eu fiz com a QHY163m substituíram registros feitos com a Atik 31L+, por apresentarem fotos mais bonitas e ficarem melhores no formato A4 que o livro vai ter. E olha que em muitos casos foram registros com a QHY163 que tinham uma fração do tempo de exposição da Atik 314L+, como o do Aglomerado Globular NGC 5139, no alto deste post. Isso mostra que o upgrade valeu muito a pena.

Mas a QHY163m não vai me fazer vender a Atik314L+. Se a foto da QHY163m fica mais nítida e bonita que a da Atik314L, quando olhamos os objetos mais de perto e analisamos os detalhes capturados pelas duas câmeras, a Atik314L+ me parece ser capaz de uma imagem mais definida. Para galáxias de menor campo, que caibam com sobras no sensor desta câmera, acho que a Atik 314L+ permanecerá imbatível.

Onde a QHY163 me parece surpreender mais é nas imagens em RGB. Imagens em cores naturais nunca foram o ponto forte da Atik 314L+ e eu já estou começando a ficar um pouco saturado de imagens em Hubble Palette. Então, no próximo EBA devo tentar explorar ao máximo a capacidade da QHY163m e focar em objetos diferentes das nebulosas de emissão, como galáxias, campos estelares, nebulosas escuras ou de reflexão. O resultados de amigos que estão utilizando esta câmera para fotos RGB têm mostrado isso.

Este é um post baseado em opiniões pessoais, de quem está constantemente aprendendo. Por isso, não se assuste se, no futuro, algumas opiniões mudarem. Pode acontecer de, por exemplo, que eu consiga resolver a questão de usar ganhos elevados com a QHY163m, o que seria muito interessante.


Nebulosa da Lagosta registrada no EBA de 2017, com a QHY163m em refrator de 102mm

Nebulosa da Lagosta, registrada com a Atik314L+, com o mesmo telescópio refrator.


sábado, 16 de setembro de 2017

A Árvore e a Galáxia

A Árvore é a Galáxia.
Frame único de 80 segundos em ISO 3200.
Câmera Canon T2i
Lente EF-S 10-22mm f/3.5-4.5 USM
 .


Eu não faço muito astrofotografia de frame único, de composições da Via Láctea com paisagens. Geralmente isso ocorre por falta de tempo (estou com a câmera numa montagem, preferindo Wide Field com muitos frames) ou por que acho que câmeras com sensor cropado, como a minha Canon T2i (550D) não são as mais adequadas para o serviço, sendo preferível, câmeras com sensor Full Frame, como a Canon 6D, um de meus sonhos de consumo.

Mas a imagem que você veem acima me deixou  mais animado quanto a capacidade de astrofotografia com paisagens de minha Canon T2i, ainda mais neste momento que não tenho uma montagem portátil para levar para eventos e viagens e fazer Wide Field, depois que vendi o Ioptron Skytracker. O desempenho, principalmente num ISO tão levado (3200), me surpreendeu para esta câmera num único frame.

A imagem na verdade foi feita para a composição de um star trail, mas eu cometi um erro, o intervalo entre os frames ficou mais alto do que deveria. Isso aconteceu por que a lente usada, com 10mm de distância focal, tem um campo muito grande e se as estrelas próximas ao Polo Sul andam muito pouco, as da linha do equador andam muito mais rápido. O resultado foi que as estrelas da parte de cima da imagem ficaram picotadas, ficando a imagem de frame único melhor do que o Star Trail.

sábado, 9 de setembro de 2017

Finalmente o eclipse total do Sol

Meu primeiro Eclipse total do Sol - Composição de duas capturas com a lente de 200mm, uma com 1/250 e outra com 1/1600 de exposição, as duas em ISO 100.

Um eclipse solar total é considerado por muitos o evento mais dramático que o céu pode nos proporcionar. Então, para um amante da Astronomia como eu, presenciar um eclipse total já era um sonho antigo, mas ver um evento destes não é fácil. Eles são raros, são visíveis em faixas estreitas e duram muito pouco tempo. Por isso, eu cheguei à beira dos quarenta anos sem ter presenciado o evento.

Na verdade, quem deseja assistir à um eclipse solar total deve aceitar que é preciso viajar. E foi o que fiz. Para acompanhar o eclipse total de 21 de agosto, comprei uma passagem Brasília-Los Angeles e, junto com um amigo, dirigimos até o estado do Wyoming, nos Estados Unidos, para acompanhar o eclipse na pequena cidade de Shoshoni, mais exatamente no Boysen State Park, um pequeno parque, cuja atração principal é uma represa, próximo à cidade.

O local estava bastante cheio. Na verdade, o trânsito para os locais do eclipse estava um loucura. Era legal ver o interesse das pessoas pelo evento celeste. Era um clima que me lembrou quando fui assistir jogos da Copa do Mundo. Mas a torcida aqui não era pela vitória de um time, mas para que as nuvens, que estavam bastante assustadoras nos dias anteriores, dessem um sossego na hora do evento. Felizmente o time da casa venceu de goleada, e o eclipse aconteceu com o céu absolutamente aberto. Não podia ter sido melhor.

Para registrar o eclipse, levei a minha querida lente de 200mm F2.8 da Canon, a câmera DSLR Canon T2i e um tripé, sem qualquer acompanhamento motorizado. Também levei um filtro da Baader improvisado no parasol da lente. Como seria meu primeira eclipse total do Sol e a totalidade não duraria muito mais do que uns dois minutos, eu estava bastante tenso. 

Algo interessante a se saber é que, num eclipse solar total: você deve utilizar filtro específico para o Sol durante o período em que a Lua está se colocando à frente da estrela, mas no momento em que ela cobre o disco solar por completo, o filtro deve ser retirado. Foi aí que cometi o meu maior erro. Eu sabia que o filtro tinha que ser retirado no momento do Eclipse, só não lembrei de que, com a retirada do filtro, o ponto focal da lente muda, tirando a nitidez do registro. Felizmente, eu percebi isso alguns segundos depois, mas perdi algumas fotos que teriam ficado interessantes. Depois fiz algumas fotos com tempos de exposição variáveis. Estourei "um pouco" a coroa, mas fiz bons registros das proeminências solares, aquelas que vemos com filtros H-alpha solares caríssimos, mas que durante o eclipse aparecem até para câmeras DSLRs sem filtros. Esta é a imagem do início do post.

Os dois minutos de totalidade me pareceram ter durado uns quinze segundos, tamanha a tensão que eu estava. Ainda assim, após conseguir algumas imagens com a lente de 200mm, coloquei a lente 10-22mm e tentei uma panorâmica do Eclipse. Esta é a imagem que você veem abaixo:

Eclipse registrado com lente 10-22mm em 13mm. Podemos ver um pouco do parque onde fiquei durante o evento.
Registro "levemente" estourado da Coroa Solar. Ainda assim, é interessante percebermos a presença da estrela Régulo, da Constelação do Leão, próxima ao Sol (às sete horas)

Aguardando a totalidade. Foto feita com Celular.


O equipamento utilizado, com o filtro no parasol da lente.


segunda-feira, 31 de julho de 2017

Voltando do Décimo Encontro Brasileiro de Astrofotografia

IC2944, Nebulosa Running Chicken com Glóbulos de Bok ao centro. Imagem feita com telescópio refrator de 102mm F7, Câmera QHY163m e filtros de banda estreita.

Mais uma vez eu volto de um Encontro Brasileiro de Astrofotografia, o décimo realizado e o sétimo em que participo. Desde o Quarto EBA, eu não faltei a nenhum evento. Infelizmente, este último teve que se o mais curto em que compareci. Ao contrário dos três últimos, em que estive seis noites, neste só pude ficar por três. Não pude tirar as devidas férias porque no próximo mês vou usar os dias que ainda tenho direito este ano para uma viagem de duas semanas nos Estados Unidos, quando pretendo observar e registrar meu primeiro eclipse solar total.

Este último EBA teve outras complicações além da falta de tempo. O frio que vem fazendo no Centro Oeste e a previsão de noites nubladas quase me fez desistir do evento, mas no fim, acho que foi muito bom. Sim, houveram algumas nuvens, mas nada muito pior do que em outros EBA que participei. No fim, foi um evento divertido, muito bem organizado e, como sempre eu volto com algumas imagens interessantes.

Dessa vez, ao contrário do que fiz nos outros eventos, começo publicando a que foi provavelmente a minha melhor captura do Décimo EBA, da Nebulosa Running Chicken. Eu fiquei muito feliz de conseguir esta imagem, por que as condições foram bastante adversas. A Nebulosa fica pouco tempo visível nesta época do ano, pois quando o Sol se põe ela está a pouco mais de três horas de também se por. Como está muito ao sul, também fica bem baixa a noite toda, vulnerável a mais nuvens do que estaria se estivesse mais próxima do equador celeste. E as noites foram nubladas principalmente no início durante esse EBA. Apesar disso tudo, com o setup bem ajustado, na segunda noite do EBA, eu consegui registrar a nebulosa desde o primeiro momento de escuridão e a segui sem problemas até que ela estivesse baixa demais para boas imagens.

Meu objetivo não era exatamente a nebulosa Running Chicken, mas as intrigantes nuvens escuras no centro da Nebulosa, chamadas de Aglomerados de Bok. Estas nuvens são áreas de formação estelar que estão muito próximas de formarem as suas estrelas. As da Nebulosa Running Chicken são provavelmente as mais bonitas, seu contraste com a nuvem de emissão da nebulosa permite uma profundidade única aos registros dessa região celeste. Na imagem acima podemos ver os aglomerados de Bok de Running Chicken bem no centro do registro, como pequenas manchas escuras. Clique na imagem para ver em tamanho maior.

terça-feira, 4 de julho de 2017

13 coisas para se saber sobre a Astrofotografia de Banda Estreita e o Hubble Palette.

Nebulosa América do Norte, capturada com filtros de banda estreita e composta na técnica chamada Hubble Palette.


Em 2012, quando me mudei para um apartamento na cidade satélite mais densamente povoada de Brasília, chamada Águas Claras, eu estava decidido a morar num cobertura, para continuar praticando meu hobby favorito, a Astrofotografia. Num primeiro momento, devido à grande poluição luminosa da região, eu acreditava que estaria limitado à fotografia solar, lunar ou planetária, mas foi então que descobri a astrofotografia de banda estreita, com a técnica de processamento chamada Hubble Palette. 

Com filtros de banda estreita e uma câmera astronômica monocromática é possível fotografar de áreas urbanas nebulosas de emissão que seriam difíceis para câmeras DSLRs mesmo nos locais mais escuros. Infelizmente, com estes filtros acabamos registrando não exatamente a cor dos objetos. É aí que entra o Hubble Palette, que com suas cores nos mostra uma visão totalmente nova das nebulosas de emissão, proporcionando um contraste e profundidade únicos. É por isso que as fotos do Hubble usam está técnica, com filtros H-alpha, Oxigênio 3 (OIII) e Enxofre 2 (SII), que tornam-se respectivamente, os canais verde, azul e vermelho.

Então, após cinco anos de experiência com o Hubble Palette, tendo bons e maus momentos com a técnica, escrevo este post, mostrando o que aprendi sobre astrofotografia de banda estreita neste período e o que você precisa saber  se está pensando em astrofotografar com esta técnica:

  1. Astrofotografia de banda estreita é para câmeras monocromáticas: embora seja possível o uso com câmeras coloridas, a única diferença que você verá ao utilizar filtros de banda estreita com câmeras coloridas será nas cores do Hubble Palette e na redução das estrelas, mas nem de longe terá a qualidade de definição das nebulosas que uma câmera monocromática com filtros de banda estreita permite, além de produzir uma quantidade de ruído um pouco além da conta.
  2. Astrofotografia de banda estreita pode ser feita em regiões de grande poluição luminosa: essa é uma das maiores vantagens da astrofotografia de banda estreita. Como os filtros deixam passar somente uma faixa específica de luz, é possível tirar grande parte da poluição luminosa com a utilização destes filtros. É por isso que fotografo tanto de meu apartamento em Brasília com filtros de banda estreita.
  3. Astrofotografia de banda estreita pode ser feita durante a Lua Cheia: como elimina quase todo a poluição luminosa, nem mesmo a lua cheia afugenta o astrofotógrafo armado com uma câmera monocromática e filtros de banda estreita. A nebulosa de emissão registrada só não pode estar próxima demais da Lua. É aconselhável que esteja algo em torno de 30 graus afastado dela. Geralmente, quando a Lua está cheia, eu procuro objetos mais ao norte ou ao sul da esfera celeste.
  4. Astrofotografia de banda estreita é para nebulosas de emissão: Essa é uma das maiores limitações da astrofotografia de banda estreita. Ela não serve para galáxias, aglomerados estelares, nebulosas de reflexão e outros objetos que não sejam as nebulosas vermelhas de hidrogênio. Felizmente, estes objetos estão entre os mais espetaculares do céu e estão em grande número, garantindo anos de diversão para o astrofotógrado dedicado.
  5. O filtro H-alpha pode ser usado para realçar nebulosas de emissão em galáxias: não dá para fazer um Hubble Palette de uma galáxia e nem fazer luminance destes objetos com filtros de banda estreita, mas você pode usar o H-alpha para realçar as nebulosas de galáxias mais próximas, como Andrômeda e Triângulo.
    Galáxia de Andrômeda, registrada com filtros RGB e complementada com filtros H-alpha para realçar as nebulosas de emissão (vermelhas). Imagem Giuliano Pinazzi.
  6.  Telescópios refratores mais simples podem ser usados em astrofotografia de banda estreita: uma é uma das características inusitadas das capturas em banda estreita, elas são bastante tolerantes com telescópios que apresentem grande aberração cromática, já que a faixa de luz que eles capturam é muito restrita, não produzindo desvios significativos. Mas é preciso prestar atenção em duas questões: isso não vale para outras aberrações, como coma e curvatura de campo, e também faz com que seja necessário ajustar o foco a cada troca de filtro, pois cada filtro de banda estreita terá um ponto focal diferente. Dependendo do telescópio (se for muito ruim) a diferença pode ser bem grande.
  7. Astrofotografia de banda estreita é mais fácil do que a Astrofotografia com câmeras monocromáticas em RGB: Ok, isso é uma opinião bastante pessoal. Pode até ser pelo fato de que como fotografo muito em banda estreita eu tenha mais prática nesta técnica do que na fotografia em RGB. Mas vejamos: ao se registrar em Hubble Palette você não precisa se preocupar com fidelidade das cores, afinal, a liberdade é muito maior. As estrelas já aparecem muito pequenas, enquanto em registros com filtros RGB elas podem ficar enormes, principalmente em áreas com muitas estrelas, como na Constelação do Cisne. É até um pouco menos difícil quando o H-alpha é o luminance de uma captura H-alphaRGB, mas ainda assim, este tipo de captura impõe vários desafios, dependendo do objeto registrado, e não funciona com toda nebulosa (Por exemplo, Trífida-M20).
  8.  O H-alpha pode ser usado para fotos RGB: como dito no item anterior, podemos fotografar nebulosas com filtros de banda estreita com suas cores naturais, usando o H-Alpha como luminância ou simplesmente mesclando o filtro com a imagem RGB, para termos nebulosas de emissão com muito mais detalhes e em suas cores naturais.
  9. O H-alpha é sempre a luminancia em imagens de Hubble Palette: A verdade é que nesta técnica os filtros de Oxigênio e Enxofre basicamente têm a função de dar cores. Você pode até mesclar as imagens e criar uma imagem com a luminância a partir das três cores, mas criar a imagem de cor e depois juntar com o H-alpha como luminância gera um resultado muito superior;
  10.  Após a composição das cores do Hubble Palette o resultado é geralmente uma imagem verde: como o H-alpha é o filtro dominante na captura com filtros H-alpha, OIII e SII, não fique surpreso se, na hora de juntar os canais, a imagem ficar muito verde. São necessários alguns passos para dar à imagem aquelas cores amarelas e azuis que estamos acostumados a ver em sites de Astrofotografia. É necessário aplicar os passos indicados neste site
  11. O Hubble Palette funciona melhor em nebulosas de emissão com grande presença de oxigênio: nem toda nebulosa de emissão vai ficar maravilhosa no Hubble Palette, algumas têm bem pouco oxigênio e por isso é difícil conseguir alguma coisa com o filtro OIII, que irá gerar a cor azul. É interessante também lembrar que a emissão do OIII é a mais visível ao olho humano, por isso, as nebulosas de emissão que conseguimos ver bem quando usamos telescópios ou binóculos para observar o céu, são também as melhores para se registrar no Hubble Palette.
    Nebulosa da Lagosta. Nesta nebulosa de emissão há pouca emissão de OIII, o que impede uma imagem com o constraste que vimos no registro do início do post.
  12. Com os filtros do Hubble Palette, se você deixar o H-alpha vermelho irá criar uma imagem muito parecida com a imagem com cores originais: se estiver fotografando num céu com muita poluição luminosa,e não gostar do Hubble Palette, você pode usar os filtros H-alpha, OIII e SII para fazer uma imagem semelhante àquela com cores originais. Não ficará exatamente igual, principalmente estrelas e áreas de reflexão, ainda assim, ficará próximo à imagem com cores originais. Só não deixe de informar na descrição de imagem que, apesar da semelhança, trata-se de uma captura com cores falsas.
  13. O Hasta La Vista Green pode ser usado para tirar o Magenta das estrelas: isso foi algo que descobri recentemente. Quando juntamos os canais de cor da captura de banda estreita com o Hubble Palette é comum que as estrelas fiquem todas com uma cor rosada (magenta). Há uma forma rápida de tirar este magenta e deixar as estrelas com cores diferentes, o que fica muito bom. Basta inverter as cores da imagem final e aplicar o Hasta La Vista Green na imagem, que as estrelas mudam completamente.
É isso aí pessoal. Espero que tenham gostado do post. Talvez tenham surgido dúvidas devido à quantidade de termos técnicos utilizada. Para quem se sentiu meio confuso, lembro que o Astrofotografia Prática já está a venda tanto na versão impressa como digital e é uma excelente leitura para quem quer iniciar na Astrofotografia Amadora.

Um grande abraço,
Rodrigo





sábado, 17 de junho de 2017

Primeira imagem com a QHY163

Nebulosa da Lagoa, capturada com a QHY163m no refrator de 102mm. Foram 36 frames de 2 minutos com filtro H-alpha e 10 frames de dois minutos para os filtros de Oxigênio 3 e Enxofre 2. Composição em Hubble Palette.

Finalmente chegaram as câmeras QHY163m e QHY5III-224c que adquiri no Tellescopio.com. Ou melhor, na verdade elas chegaram bem antes do que eu esperava. O site dizia que faria as encomendas no dia 31 de maio. E como as câmeras viriam da China, eu esperava, na mais otimista das expectativas, que elas chegassem no meio de julho, antes do Encontro Brasileiro de Astrofotografia. Quando recebi a mensagem, dia 9 de junho, de que as câmeras estavam sendo preparadas para envio, foi uma tremenda surpresa.

As câmeras chegaram na terça e eu já comecei a utilizá-las na quarta-feira. De cara percebi uma desvantagem das QHY em relação aos modelos da ZWO. Enquanto as ZWO já eram encontradas pelos softwares que utilizo, as QHY precisam mais de um sistema chamado de ASCOM para conversarem com softwares astronômicos. Num primeiro momento eu fiquei meio chateado. Sempre achei que trabalhar com ASCOM era coisa para engenheiros e a documentação existente na internet não ajuda muito. Felizmente, descobri que é muito mais simples do que eu pensava. Fuçar um pouco já resolveu o problema. Você precisa apenas, instalar os drivers da câmera, encontrar os drivers no ASCOM, como se estivesse abrindo a câmera num software de captura, e depois disso basta selecionar a "câmera" ASCOM no software de captura. O software até vai perguntar qual câmera eu quero conectar. Isso aconteceu comigo por que tenho duas câmeras QHY conectadas ao mesmo tempo.

Como diz o José Carlos Diniz, as câmeras astronômicas com sensores CMOS são bichos diferentes das câmeras com sensor CCD. A principal diferença que vemos logo de cara são as opções de ajuste de Ganho e Offset. O ajuste de ganho é bastante claro, equivale ao ajuste de ISO das câmeras DSLR que conhecemos. Já o ajuste de OFFset está relacionado com o ajuste do nível da cor preta. Eu entendo mais do ganho. Sei que mais ganho gera mais ruído, mas permite frames mais curtos e uma maior quantidade de frames pode compensar o maior ruído. Mas selecionar os melhores valores para estes ajustes pode afetar o Range Dinâmico da câmera. Pelo que vi, valores maiores são interessantes para objetos muito pálidos e de brilho uniforme, como nebulosas de emissão extensas, mas para nebulosas com muita variedade de brilho, como a Nebulosa da Lagoa, de Orion, ou Galáxias, que têm um núcleo muito mais brilhantes que o resto do corpo, um maior ganho e mais OFFset pode gerar imagens estouradas (o OFFset também afeta o range dinâmico). Desculpem se falei besteira, mais para frente quero entrar mais a fundo neste assunto, que gera dúvidas até entre astrofotógrafos mais experientes. Felizmente, a QHY163 já veio com um preset de ganho e OFFset para céu profundo e podemos utilizar estes parâmetros pré-definidos. Mesmo assim eu aumentei um pouco o ganho para 30, o que provavelmente gerou o estouro do núcleo da Nebulosa da Lagoa na imagem do início do post.

Eu já tinha utilizado uma câmera astronômica resfriada com sensor CMOS, a ASI174. E agora com a QHY163 percebo que nestas câmeras é normal que determinadas regiões apresentem clareamento de áreas do sensor. Esse clareamento é chamado de Amplifier Glow e pode ser totalmente retirado com o uso de Dark Frames. A ATIK314L+ nunca apresentou este tipo de alteração nos frames. Então, se na Atik 314L+ eu podia até dispensar dark frames, em câmeras CMOS eles são obrigatórios.

Depois de tanto tempo com o pequeno sensor 2/3 de polegada da ATIK314L+, ter uma câmera com sensor 4/3 de polegada (o dobro da diagonal e 4 vezes mais área) é algo maravilhoso. É muito mais fácil encontrar e enquadrar os objetos e a perda de campo na troca de filtros não causa arrepios. Mas algo que me preocupa com a QHY163 é em relação à vinhetagem. A câmera tem um sensor praticamente do tamanho do diâmetro de um filtro de 1,25 polegadas. Na imagem que vemos acima eu fiquei na dúvida se houve ou não vinhetagem. As bordas estão um pouco mais escuras do que o resto da imagem. Mas também estão azuis. Os flat frames mostraram vinhetagem bem nos cantos da imagem, mas que pode ser totalmente retirada com a aplicação destes frames de calibração. A verdade é que se o setup apresentar vinhetagem na imagem final, eu vou conviver com isso por um bom tempo, pois filtros de 2 polegadas são muito mais caros do que os de 1,25 polegadas e repor todo meu conjunto de filtros, RGB, IR/UV Cut e banda estreita, além da roda de filtros, pode custar um bom dinheiro.

A imagem acima não teve uma captura perfeita porque eu estava com pressa de ter uma experiência completa com a nova câmera. Não quis perder tempo com alinhamento e a guiagem, feita com a também nova QHY5-III 224c não aguentaria mais do que dois minutos por frame sem deixar rastros. Mas o relaxo mesmo foi no foco. O software que eu utilizei foi o EZcap, desenvolvido pela própria QHY e ele tem a função de assistente de foco, mas nem me dei ao trabalho de usar.

Apesar de tudo, fico muito feliz com essa primeira imagem e tenho certeza de que, com mais apuro, imagens fantásticas estão por vir.

Abaixo, algumas imagens interessantes que mostram as características do setup utilizado:

Flat frame feito com a QHY163 com roda de filtros de 1,25 polegadas mostra leve vinhetagem nas bordas da captura, provocado pelos filtros praticamente do tamanho do sensor.

Dark frame (com aumento de brilho) mostra áreas mais claras na imagem, efeito chamado de Amplifier Glow. A câmera estava com sensor em temperatura de cerca de zero grau

Light frame H-alpha (com brilho aumentado) mostra como áreas mais claras aparecem, mas serão eliminadas com a aplicação dos darks.

Canal H-alpha com integração de 36 light frames, 10 darks e 30 flats.
Setup utilizado na captura. Vemos a QHY163 no telescópio principal, com roda de filtros de 1,25 polegadas, o aplanador de campo da Orion à frente da roda de filtros. Também vemos a QHY5III-224 com lente Nikon de 135mm F2.8 como telescópio de guiagem. A montagem é a HEQ5 da SkyWatcher.




domingo, 4 de junho de 2017

O Problema do Mercado de Equipamentos Usados em Astronomia

Desde a crise econômica e alta do dólar, uma das coisas que mais se tem falado dentro da Astronomia Amadora e mais ainda na Astrofotografia amadora, mais dependente de equipamentos, é a elevação exponencial dos preços dos equipamentos de Astronomia para o público brasileiro. Ah, não tem como não lembrar que eu paguei apenas 2900 reais na minha Sky-Watcher HEQ5, montagem computadorizada capaz de carregar o meu refletor de 200mm em sessões até de capturas de céu profundo. Enquanto isso, dias atrás tinha um cara no Mercado Livre vendendo uma EQ1 por mais do que isso. Uma montagem que não consegue carregar nem um pequeno refrator de forma aceitável para fotografia de céu profundo. E pior, a montagem nem sequer tinha motorização. Após muitas reclamações ele baixou um pouco o preço. Mesmo assim ficou acima de dois mil reais. No mínimo o dobro do que a montagem normalmente custa, mesmo nesta época de dólar alto.

Estes dias vi um post no Facebook reclamando sobre os preços abusivos que estão cobrando por equipamentos astronômicos. Achei interessante um comentário dizendo que "muitos astrofotógrafos se fazem de santos, mas também cobram preços abusivos por seus equipamentos". Bem, vou dizer a minha opinião sobre isso.

Se um astrofotógrafo tem uma câmera, que ele acha que é muito boa e sabe que ela vale muito e que tem gente disposta a pagar por isso. Não existe absolutamente nada de errado dele cobrar um alto valor pelo equipamento. Se ele comprou barato no exterior, foi por que também gastou com passagens, hotel e outras coisas para adquirir o produto. Se quando ele comprou a câmera o dólar estava baixo, agora está alto. Ele pode estar vendendo o produto porque está querendo fazer um upgrade e vai ter que pagar o preço atual do dólar por este novo equipamento. Não tem como ele entrar numa máquina do tempo e comprar o produto novo pelo dólar de 2014. Ele também pode não estar a fim de vender o produto tão cedo. Muitas pessoas fazem isso com imóveis, por exemplo. Quando você compra uma casa de um casal recém divorciado, pode ser que consiga um excelente preço. Mas se está de olho na casa de um morador que não está com pressa nenhuma de sair de sua residência, pode ter que pagar caro pelo imóvel.

O verdadeiro problema está no fato de que, na verdade, a maioria dos astrofotógrafos vende seus produtos usados por preços bastante em conta, só que parece que existem pessoas nos grupos de vendas de equipamentos que estão se especializando em adquirirem rapidamente produtos ofertados por valores baixos, para pouco depois revenderem por valores muito mais elevados. Elas acabam comprando o produto antes de quem realmente vai utilizar o equipamento, impedindo de comprar por um bom preço e o obrigando a pagar um valor muito maior do que o inicialmente ofertado. Para mim, é quase como um sequestro do equipamento, mas quem faz isso é mais conhecido como atravessador, neste caso, um atravessador oportunista.

No mercado de usados é possível diferenciar um atravessador de um astrônomo ou astrofotógrafo legítimo. Geralmente o atravessador tem pouco conhecimento do produto que está ofertando. Ele vai dizer algo como: "comprei e só usei duas vezes, por isso não sei muito sobre o produto". Pode até mesmo dizer que comprou, mas teve um problema financeira e nem usou, apenas tirou da caixa. Por isso, não sabe muito. Pelos anúncios deles nestes grupos você vai chegar a conclusão de que estes caras estão com um sério problema de indecisão, adquirindo vários produtos e só usando umas duas vezes. Ou mesmo, quando ele assume ser um atravessador, o que não é incomum, você pode achar que equipamentos de astronomia não servem pra muita coisa, pela quantidade de pessoas que compram equipamentos caros e usam somente duas ou três vezes antes de passar o produto para os atravessadores.

Não existem soluções fáceis contra este problema. O ideal seria o boicote contra estes vendedores enquanto eles estiverem pedindo preço que sejam abusivos. Por abusivo, entenda-se não somente o preço final, mas se você notar que estão aparecendo produtos a venda em fóruns de Astronomia e logo depois eles reaparecem a preços muito mais altos, recomendo evitar estes vendedores. Eles não são astrônomos vendendo produtos que usaram, são só gente que se aproveitou de uma pessoa pouco ambiciosa para lucrar em cima do vendedor e do comprador.

Atravessadores também costumam ter uma gama de produtos que pode estar acima do considerado normal para um astrônomo amador. Mas também não tenha preconceito achando que só por que o cara é um atravessador, merece ir para o inferno. Estes grupos também têm (poucos) bons atravessadores. Que podem praticar preços justos. Antes de comprar seu produto, pesquise o preço do equipamentos no exterior. Não compre nada que esteja mais em reais do que o preço em dólares multiplicado por dez. Por exemplo, se algo custa 100 dólares nos Estados Unidos, um preço acima de 1000 reais no Brasil tem grandes chances de estar abusivo.

O mais recomendado é, se você precisa de algo importante e espera adquirir no mercado de usados: acompanhe os fóruns e sites de vendas com muita frequência e quando aparecer um produto por um preço justo, que esteja sendo vendido por alguém que claramente prática astronomia, não espere muito para adquirir, ou peça para o vendedor reservar o produto por uns dois ou três dias, enquanto você pesquisa para saber se vai fazer a melhor compra. 

Mesmo produtos que pareçam baratos à primeira vista podem enganar o consumidor leigo. Esses dias, tinha um atravessador vendendo uma Imaging Source DBK41 usada, por dois mil reais, alegando que a câmera custava quase 500 dólares lá fora. Pode parecer uma boa oferta, mas a verdade é que, apesar de ainda custar caro, a DBK41 é uma câmera ultrapassada e ninguém com conhecimento compraria essa câmera por esse preço. Uma QHY5 ou uma ASI120 fariam imagens muitíssimo superiores, possuem entrada ST4, para autoguiagem e podem ser encontradas novas por cerca de mil reais, ou até menos quando usadas.

O mais correto é sempre procurar alguém com conhecimento antes de adquirir qualquer equipamento. Em grupos respeitados de redes sociais, como o "Equipamentos Astronômicos" é possível encontrar muitos astronômos amadores experientes dispostos a ajudar os iniciantes; Muitos vezes vemos até amadores experientes questionando sobre produtos nestes grupos. Informação nunca é demais.

No próximo post, eu fiz um levantamento de informações dadas por colegas no Facebook e Whatsapp sobre importação direta de equipamentos e vou compilar elas aqui pra vocês.


quarta-feira, 24 de maio de 2017

A História da Astrofotografia no Astronomia ao Vivo

Pra quem não conhece, o ASTRONOMIA AO VIVO é um canal gerenciado pela super simpática Cris Ribeiro que geralmente faz uma transmissão nas noites de domingo, com convidados relacionados à Astronomia. Por este programa já passaram alguns dos maiores astrônomos amadores e profissionais do Brasil, além de personalidades como o astronauta Marcos Pontes. Como a Cris gosta muito de Astrofotografia amadora, volta e meia temos grandes astrofotógrafos entre os principais convidados,  falando sobre as questões mais importantes e interessantes da Astrofotografia amadora.

No último domingo, o convidado da noite foi o Conrado Serodio, um dos maiores astrofotógrafos planetários e lunares brasileiros. O Conrado fez um belo resumo da história da Astrofotografia, focando nos primórdios desta atividade, passando pela popularização da Astrofotografia entre os amadores e divagando sobre o futuro da atividade.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Em Breve: Novas câmeras para Astrofotografia planetária e de céu profundo.

Quem me acompanha com mais frequência sabe que atualmente não dá pra comprar um novo equipamento todo dia (embora eu quisesse), principalmente quando estamos falando dos equipamentos principais para Astrofotografia: câmera, tubo óptico e montagem. Mas pelo menos uma vez por ano eu faço questão de comprar um exemplar destes equipamentos, para dar uma renovada no ímpeto astrofotográfico. Afinal, quando você compra um equipamento novo, principalmente câmera ou tubo óptico, de repente se vê com disposição para registrar todos os objetos que fotografou mais uma vez, afinal, sabe que agora poderá conseguir resultados completamente diferentes.

Atualmente eu tenho dois telescópios principais, um refrator ED de 102mm de abertura e um refletor newtoniano de 200mm, além de três lentes muito boas para astrofotografia, a "quase um telescópio" Canon 200mm F2.8 EF L USM II, a boa e barata 50mm F1.8 e uma última de 10-22mm, voltada para paisagens e campos enormes. Apesar do Refrator já estar meio velhinho e o focalizador de ambos os telescópios estarem precisando serem trocados, a óptica dos dois tubos está perfeita, então definitivamente tubo óptico não é algo para ser trocado. Bem, na verdade eu até gostaria de um refletor de 300mm de abertura, para quem sabe fazer imagens planetárias de tirar o fôlego, mas esta mudança iria exigir uma montagem maior do que a minha HEQ5 atual. E uma boa EQ6 está difícil de encontrar no Brasil por menos de 10 mil reais.

Mas, com a época das secas chegando em Brasília (talvez até seca demais desta vez) e os céus começando a ficar estrelados durante a noite, a vontade de gastar foi ficando mais intensa. E neste momento surge uma promoção do site Tellescópio.com.br com câmeras da QHY e da ZWO com 25 por cento de desconto. A compra é feita por encomenda e os produtos devem chegar em cerca de dois meses. Mas eu não resisti. E adquiri dois exemplares logo de uma vez. Uma QHY5-III 224C, para fotos planetárias, e uma Câmera QHY163M Mono - Cooled. São basicamente uma excelente câmera planetária e uma ótima câmera para céu profundo.

A pequena QHY5-III 224C será usada para captura de planetas e como guiagem da 163M.

A QHY5-III224C tem o mesmo sensor da consagrada ASI224MC. Ela me trará uma experiência diferente da câmera atual, me permitindo fazer imagens planetárias sem o uso de roda de filtros. Optei pela 224C e não uma com sensor monocromático porque gosto do balanço de cores que as câmeras coloridas conseguem com planetas. Esta câmera também tem muito mais sensibilidade do que a minha atual Expanse 120 e, combinando com a saída USB 3.0, deverá conseguir uma taxa de frames absurdamente alta. 

Já a QHY163M trará uma avanço incrível para a Astrofotografia de céu profundo. Ela tem 16 megapixels, contra 1,3 da minha atual Atik 314L+. Essa diferença de megapixels não reflete de forma justa a real diferença entre as câmeras, por que o sensor CCD da Atik, apesar de pequeno, tem pixels grandes e sensíveis, ainda assim, a versatilidade e os recursos do sensor da QHY163 deverão melhorar em pelo menos duas vezes a qualidade de minhas fotografias de céu profundo.

A QHY163M tem sensor de 16 megapixels do tamanho 4/3 (pouco menor do que o de uma DSLR de entrada) e resfriamento.


A brincadeira toda ficou em cerca de 5500 reais. Dói no bolso e, até as câmeras chegarem, certamente vou ficar bastante ansioso, torcendo para que tudo dê certo. Mas eu confio no site Tellescopio.com.br. Eles têm até um banner aqui no blog, mas não é por que eles me pagam por isso. O banner foi colocado sem qualquer custo porque considero que lojas de equipamentos astronômicos são fundamentais para a Astrofotografia Brasileira e precisam do apoio de aficionados como eu.

A promoção vai até o dia 30 de maio. Pelo que entendi do site, o esquema é o seguinte. Durante um mês as câmeras ficam em promoção, mas o Tellescopio só faz a encomenda ao fim da promoção, para poder fazer um pedido de um lote maior, conseguindo preço melhores. Você pode acessar o site clicando no link abaixo:




quinta-feira, 11 de maio de 2017

Júpiter, Saturno e a surpresa com a Barlow 2,25x

Júpiter, com a grande Mancha Vermelha em destaque, primeiro registro feito com a Baader 2,25 no lugar do Extender 5x da Explore Scientific

Nos últimos dois meses eu tenho me dedicado  astrofotografia planetária. O registro dos planetas, embora eles sejam tão poucos, pode rapidamente ficar tão viciante quando à astrofotografia de céu profundo. Isso acontece por que, apesar de serem num número reduzido, os planetas apresentam um comportamento muito dinâmico, mudando muito de um dia para o outro, em alguns casos até mesmo poucos minutos podem fazer uma grande diferença. Isso faz com que você fique com vontade de registrá-los todos os dias.

O telescópio que utilizo é o Orion UK VX8. Um refletor de 8 polegadas de abertura. Isto é provavelmente o mínimo que eu recomendaria para se fazer Astrofotografia planetária de forma mais séria. Se eu tivesse condições, adoraria ter um telescópio de pelo menos 12 polegadas (300mm).
Meu refletor tem 900mm de distância focal, o que lhe dá uma razão focal de 4,5. É basicamente um telescópio curto e como a Astrofotografia planetária é geralmente feita com razões focais acima de F20, eu logo adquiri um Extender de 5x da Explore Scientific para usar com este refletor.

A combinação Orion UK VX8 mais Extender 5x sempre se mostrou uma combinação interessante, com alguns problemas. O principal é que eu quase nunca consigo capturar com o filtro de luminância com este Extender. Sempre que tento capturar a luminância o resultado é uma imagem sem detalhes. Geralmente tenho que usar o vermelho como luminância, o que tem o inconveniente de fazer a Grande Mancha Vermelha desaparecer.

O Extender (Extensor) 5x da Explore Scientific e a Barlow 2,25x da Baader.


Meio desapontado com o Extender, no dia oito de abril, resolvi trocar por uma Barlow de 2,25 que comprei para usar no refletor não com planetas, mas com capturas de céu profundo, algo que ainda estou devendo. Coloquei a Barlow e de cara me impressionei com o contraste que a imagem de Júpiter mostrava com o filtro de luminância, mesmo que o planeta estivesse menor. Resolvi fazer algumas capturas. A primeira coisa que notei foi, devido à menor razão focal, uma maior absorção de luz. Com a Barlow eu podia capturar muito mais frames por segundo do que com o Extender 5x. Uma média de quatro vezes mais, e como o planeta ficava pequeno na tela, isso não consumiu muito espaço em disco e permitia uma taxa de frames veloz através da entrada USB da câmera Expanse. Cheguei a mais de 110 frames por segundo. Na hora de integrar os frames, para compensar o menor tamanho do planeta, usei Drizzle de 3x.

O resultado final com a Barlow 2,25x me surpreendeu, estando melhor do que a grande média de capturas que fiz com o Extender 5x, com a vantagem de que pude sempre usar o filtro de luminância. É interessante, pois estou usando uma razão focal de aproximadamente F10, bem mais baixo do que o recomendado para este tipo de registro. Mas acredito que fotografar com este setup seja muito semelhante a fotografar com mais aumento se a minha câmera tivesse pixels maiores, que fossem mais sensíveis. O uso de Drizzle em câmeras com pixels grandes costuma ser muito eficiente. E com capturas de mais de 20 mil frames, acabo conseguindo resultados surpreendentes com essa Barlow. 

Alguns astrofotógrafos não concordam comigo, mas eu começo a me perguntar seriamente se fotografar em F10 não seria melhor do que registros com a razão focal acima de F20, utilizando menores ampliações para se conseguir mais sensibilidade, com mais frames por segundos e compensando o menor aumento com o recurso de Drizzle.

Registro feito mais recentemente. Nesta imagem gostei muito dos detalhes das regiões mais próximas aos polos.


Outra vantagem que percebi com o uso da Barlow, foi uma menor diferença entre o brilho dos planetas e de seus satélites naturais. Essa diferença foi tão grande que até mesmo numa captura de Saturno as luas deste planeta apareceram. E olha que geralmente fotos de Saturno e suas Luas só são possíveis com capturas separadas do planeta e das Luas, montadas depois no Photoshop, quando chegam a se usar frames de até um segundo de exposição para capturar as Luas.



Mesmo sem o uso de técnicas de capturas com tempos de exposição elevado para as luas de Saturno, elas apareceram nesta captura com a Barlow 2,25.

Bem, se fotografar em distâncias focais menores e vantajoso a distâncias maiores é algo que ainda não tenho, mas o que posso dizer é que a Barlow que estou usando, a Baader Hyperion Zoom Barlow 2,25x realmente foi uma aquisição surpreendente e que está me impressionando com os resultados e certamente virou o meu instrumento principal de Astrofotografia planetária.

Abraços a todos!