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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Nebulosa da Roseta em três visões


Como eu já disse um milhão de vezes, esta época do ano é sempre complicada para astrofotografia, devido às chuvas. Mas às vezes o céu abre, ou pelo menos finge que abre, e mesmo com nuvens ralas sobre meu apartamento, em Brasília, ou na chácara onde meus pais moram, em Uberlândia, consigo fazer algumas imagens interessantes.

Quem me acompanha há mais tempo, sabe que eu adoro combinar imagens de câmeras diferentes, principalmente cores com luminance. Faço isso desde que descobri o Software Fitswork e seus inúmeros recursos. 

Em dezembro fiz uma interessante captura da Nebulosa da Roseta, quando estive na chácara para as festas de fim de ano. Foram 64 frames de 40 segundos de exposição. O tempo limitado por frame foi devido a eu estar usando o Ioptron Skytracker e ter esquecido de levar a buscadora polar. Se tivesse levado, talvez conseguisse pelo menos um minuto por frame, com a lente Canon Ef 200mm F/2.8l Ii Usm, usada na captura. A câmera foi a boa Canon T2i modificada, velha de guerra.


Nebulosa da Roseta, capturada no último dia de 2016, na chácara onde moram meus pais. com lente de 200mm Canon USMII EF 2.8, Canon T2i e montagem Ioptron Skytracker.

Ao voltar pra Brasília, tive a chance de, da varanda de meu apartamento, capturar 28 frames de 5 minutos com o filtro H-alpha, na câmera Atik 314L+. Para isso, usei a mesma lente de 200mm e a montagem HEQ5 da Sky-Watcher, que me permitiram frames mais longos. O resultado desta combinação você vê abaixo. Repare que o campo está limitado pelo sensor da Atik, bem menor do que o da Canon. Nesta imagem, o H-alpha faz o papel de Luminance e a captura da Canon dá somente as cores ao registro.


Nebulosa da Roseta, com adição de H-alpha capturado com a Atik 314L+ e a mesma lente de 200mm.



Mas eu também tinha um registro em Hubble Palette de 2015, feito com a já vendida lente 200mm FD. Esse registro, em alguns aspectos é até superior ao atual, onde eu errei no foco do H-alpha, mas naquela captura eu não fiz flat frames, o que prejudicou o resultado final, principalmente o céu de fundo, que ficou repleto de manchas, me forçando a escurecer demais o fundo. Nesta nova captura, o fundo está muito mais uniforme. Neste caso, a imagem de 2015 serviu não apenas para dar cores, mas também para melhorar a definição do núcleo da Nebulosa, com o recurso de Mosaico do Fitswork.




As chuvas devem continuar em Brasília e deve demorar um pouco para pararem, mas eu nem estou com pressa. Com a represa que alimenta meu bairro secando, prefiro ficam uns tempos sem fotografar do que ficar sem água, ou que pelo menos chova muito no meio de semana e o céu abra sábado à noite, o melhor dia para fotografar, quando não preciso dormir e nem acordar cedo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Nuvem Estelar M24 e IC1284

M24 e IC 1284: Câmera: Canon T2i modificada Lente: Canon EF F2.8 L USMII @F4 Montagem: Ioptron Skytracker 57x60 segundos ISO 800


Mais uma imagem feita com a lente Canon 200mm F2.8 da Canon. Trata-se M24, também chamado de Nuvem Estelar de Sagitário. Na verdade trata-se de um pedaço da Via Láctea, cujo brilho mais intenso, fez com que Charles Messier a incluísse em seu catálogo de objetos, em 1974. O objeto em si é a nuvem mais clara que vemos do lado esquerdo do objeto. À direita dela vemos uma das formações que acho das mais interessantes na Via Láctea, uma nuvem de poeira que apresenta a forma de um triângulo reto. Algo bastante inusitado.

A pequena nuvem vermelha dentro do triângulo reto é a pálida nebulosa IC1284. Tanto M24 como o triângulo são visíveis a olho nu, em locais bens escuros, e ótimos alvos com binóculos. Já o vermelho de IC1284 é visível somente em fotos. Imagem feita durante o Nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia, em julho, em Padre Bernardo.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Altair, Tarazed e a Nebulosa "E"

 
 
Deixo hoje uma composição muito interessante feita durante o Nono encontro de Astrofotografia. A grande estrela azul à direita na imagem é Altair. Trata-se de décima segunda estrela mais brilhante do céu noturno e a mais brilhante da Constelação de Aquila. Destaca-se principalmente no inverno Brasileiro, como uma das primeiras estrelas do Norte Celeste. É uma estrela oito vezes mais brilhante do que o Sol e esta localizada a somente 16 anos luz de distância. Para os padrões astronômicos, é literalmente uma de nossas vizinhas da Via Láctea. Um vizinha das mais novas, po...is tem cerca de um bilhão de anos, quase cinco vezes menos que o Sol.
 
Já Tarazed, a estrela vermelha no centro da imagem, é na verdade uma estrela dupla que, apesar de ser muito mais brilhante do que Altair, está a uma distância quase trinta vezes maior.
As duas nebulosas escuras na parte direita da imagem são os objetos Barnard 142 e Barnard 143. As duas Nebulosas também são chamadas de Nebulosa E. Se você prestar atenção vai ver que elas formam o desenho da letra "E" maiúscula (de trás pra frente).
 
Esta imagem foi capturada com 34 frames de um minuto (bastante curta para os padrões atuais), com Lente de 200mm F2.8 Canon EF USMII em F4, Canon T2i e Montagem Ioptron Skytracker, durante o Nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia, em Padre Bernando - Goias.
 
Se estiver vendo num bom monitor, não deixe de ver na resolução máxima: http://www.astrobin.com/full/256095/0/?real&mod

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Fotografando com DSLR sob a poluição luminosa

Quatro anos atrás, mudei para o Águas Claras, bairro (ou cidade satélite, como chamam por aqui) densamente povoado de Brasília, marcado pela presença de centenas de arranha-céus. Parecia que no novo apartamento eu estaria limitado à fotografia de planetas, do Sol e da Lua. Mas a aquisição de filtros de banda estreita e uma CCD monocromática logo mostraram que inúmeros objetos de céu profundo, em especial as Nebulosas de Emissão, estariam a meu alcance. Tanto que acabei vendendo meu telescópio solar com filtro H-alpha, devido à falta de tempo para este tipo de astrofotografia.
 
Mas o que acontece quando trocamos os filtros de banda estreita por um Orion SkyGlow, comprado quase vinte anos atrás, nos primórdios da minha vida de astrônomo amador, e a CCD por uma DSLR modificada para astronomia? Bem, obviamente não podemos esperar os mesmos resultados espetaculares que se conseguiria com este equipamento no céu de uma fazenda em Alto Paraíso, ainda assim, as brincadeiras dos últimos fins de semana, quando o céu abriu em Brasília, mostram que é possível fazer mais do que geralmente se espera.

Eu quis fotografar com DSLR, principalmente devido ao belo triângulo que podemos ver na constelação de Escorpião, com Marte, já bem brilhante, bastante próximo de Saturno e da Estrela Antares. Como meu objetivo era somente pegar estes três objetos mais brilhantes, coloquei a lente de 50mm na DSLR sobre o Ioptron Skytracker, para uma imagem de grande campo. Fiz frames com 60 segundos de exposição e ISO800, com a lente fechada em F4. O resultado você vê abaixo, com Marte destacado no centro da imagem, Saturno à direita e Antares no alto. Nestes light frames, nenhum detalhe mais evidente da Via Láctea aparece na composição.

Os frames individuais dão a impressão de que só as estrelas mais brilhantes aparecerão na imagem final.


Ainda assim, continuei fotografando. Fiz 81 frames da mesma imagem, mais duas dezenas de dark frames e joguei no Deep Sky Stacker. O resultado, pra mim, foi uma grande surpresa. Abaixo vemos a imagem após ser integrada no DSS e receber os ajustes no próprio software, na tela pós-processamento. A imagem foi girada 180 graus, para um enquadramento mais convencional. 


Após integração de 81 frames no Deep Sky Stacker, a região de Rho-Ophiuchi torna-se visível.

Nesta nova imagem, já podemos ver enorme evolução em relação a somente um frame. Percebemos como o empilhamento nos permite ver detalhes da região de Rho-ophiuchi. A foto mostra o poder da técnica de integração e o benefício que os desenvolvedores destes softwares promovem à astrofotografia. Para finalizar, fiz alguns ajustes na imagem no Fitswork e no Adobe PhotoShop. O resultado, você vê na próxima imagem:

Ajustes de cores e contraste tornam a imagem mais viva.

O resultado final, mesmo que muito abaixo do que eu conseguiria num céu escuro, me surpreendeu pelas condições de captura e pelo próprio light frame inicial.

É importante mencionar que eu não fiz flatframes. Tenho usado este recurso mais quando estou fotografando com CCDs, pois manchas no sensor quase não aparecem na DSLR e acho que a vinhetagem e o gradiente tem sido muito bem removida pelos comandos "normalizar nebulosas automaticamente" e "remover gradiente automaticamente", do software Fitswork, na barra de títulos, em "Ajustes - Harmonização". Esses comandos apresentam excelentes resultados, bastando um clique na opção.

Numa outra noite, também aproveitei para fazer a primeira imagem de céu profundo com a lente Canon 200mm F2.8 EF USMII, adquirida recentemente. Originalmente, a ideia era estrear a lente somente nos primeiros encontros do CASB, em fazendas próximas a Brasília, mas eu simplesmente não aguentei esperar. Apontei para a área mais óbvia do céu nesta época do ano, com a Nebulosa da Lagoa (M8) e da Trífida (M20) e fiz 65 frames de 30 segundos em ISO 1600, com esta lente também em F4. Foram pouco mais de meia hora de tempo total de exposição, mas um resultado que me deixou muito feliz e cheio de expectativas para os encontros do CASB, a partir de junho.

Imagem feita com lente de Canon 200mm EF USM 2.8




segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O "Super" Eclipse total da Lua de 28 de setembro de 2015

O Eclipse de ontem e as estrelas em volta. Destaque para HIP1421 prestes a ser ocultada pela Lua.


Ontem tivemos um belo eclipse total da Lua ocorrendo sob os céus dos brasileiros que tiveram a sorte de não terem nuvens entre eles e o fenômeno. Estas nuvens, por sinal, infelizmente atrapalharam a maioria dos meus colegas em outros lugares do Brasil, enquanto aqui em Brasília esperaram o ápice do evento para invadirem os céus. Na verdade, pelo que tenho visto nas redes sociais, parece que quase ninguem conseguiu registrar o eclipse totalmente em nosso país. A partir das onze e meia da noite as nuvens mandaram ver no Brasil.

Mas o tempo que tive antes do céu nublar foi bem agradável. Da varanda de meu apartamento acompanhei tudo sentado ao lado de um tripé, com o Ioptron SkyTracker e a Canon sobre ele. E, é claro, também estava com minha lente de 200mm FD velha de guerra.

Minhas companhias foram minha esposa e filha de 3 anos, que numa noite tão quente estavam alegres de acompanharem o evento da varanda, pois estava difícil ficar dentro de casa.

Fiquei sabendo que o Clube de Astronomia de Brasília organizou um evento de observação pública e encontro de telescópios na Praça dos Três poderes. Parece que o evento fez um estrondoso sucesso, com cerca de cinco mil pessoas presentes. Foi o Woodstock da astronomia observacional amadora em Brasília. Yeah!! De negativo só a história de quem um dos participantes, sem o conhecimento do clube, decidiu cobrar para que as pessoas pudessem observar em seu telescópio. Isso não se faz, ainda mais por que o evento foi patrocinado pelo CASB, que sempre permite que as pessoas observem gratuitamente em eventos na praça dos três poderes.

Da tranquilidade de minha varanda eu fiz até algumas fotos interessantes. A lente de 200mm foi escolhida no lugar do telescópio por que mostra mais em volta da Lua e eu queria pegar as estrelas que ficariam visíveis durante o eclipse. Mas confesso que a preguiça de montar e desmontar o telescópio também foi fator determinante.

Para fazer a imagem do topo deste post eu fiz uma única exposição, de 10 segundos em ISO 400. Um dark frame também foi feito, com o mesmo tempo de exposição e ISO, como deve ser, e subtraido no Adobe Photoshop, com o comando "Aply Image - subtract". O Skytracker da Ioptron permitiu tanto tempo de exposição sem que as estrelas deixassem rastros. No Adobe Um filtro máximo em 2x foi aplicado para aumentar as estrelas, que depois foram levemente desfocadas. Nenhum tratamento foi aplicado sobre a Lua, que está em cores naturais.

O eclipse logo no início, registrado com a lente de 200mm e depois recortado para mostrar detalhes do nosso satélite. A quantidade de detalhes que se vê, para um foto com lente, impressiona.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O que são os trackers? Uma opção para quem quer um sistema portátil e simples para astrofotografia com lentes.

Astrofotográfia amadora é tido por muitos como uma atividade bastante complexa, que envolve não apenas telescópio, câmera e montagem, mas também uma infinidade de acessórios, além de um complicado sistema de autoguiagem. Alguns associam uma viagem astrofotográfica a carros lotados até a boca de cases, caixas e bolsas com equipamentos. As vezes é mesmo assim, mas o que muitos não sabem ao começarem na astrofotografia é que existem formas bem simples de se astrofotografar com qualidade, com equipamentos que cabem numa mochila e que podem ser transportados tranquilamente em viagens de ônibus ou avião, sem preocupação em pagar excesso de bagagem, ou até mesmo carregados em longas trilhas.
A forma mais portátil de se astrofotografar é sem dúvida com o uso de lentes (não muito grandes, é claro), no lugar do telescópio. O problema é que, até pouco tempo, as boas montagens eram sempre  dimensionadas para telescópio maiores, por isso muitos astrofotógrafos que registram com lentes, preferiam colocar a câmera montada sobre o telescópio, numa técnica chamada piggy-back, que não ajudava muito a deixar as coisas mais simples.
Felizmente com o crescimento do mercado astrofotográfico nos últimos anos e o aumento das opções de equipamentos totalmente voltados para esta atividade e não pensados principalmente em observação, começaram a surgir montagens bastante portáteis dimensionadas para quem quer registrar somente com a câmera DSLR e lentes menores. São verdadeiras montagens em miniatura, para serem colocadas sobre tripés fotográficos comuns, que permitem ao astrofotógrafo colocar somente a câmera e a lente e conseguir fotos incríveis com um setup muito simples, são os chamados Trackers.
Os trackers são ótimas opções principalmente se o astrofotógrafo precisa se deslocar para locais com céu escuro e não pode ou não quer levar grande quantidade de equipamento, são muito interessantes quando a viagem é rápida, como aquela ida a fazenda de um amigo no fim de semana, ou para viagens muito distantes, principalmente se o meior de transporte usado for aéreo.
O número de trackers no mercado ainda é pequeno, dá pra contar nos dedos, mas são modelos variados, de preços e tamanhos diferentes, que podem ajudar muito o Astrofotógrafo. O mais caros que conheço são o Astrotrac e o Losmandy Starlapse, enquanto o mais barato é o Sky tracker da Ioptron, não por ocaso o que eu possuo, adquirido há algumas semanas durante o Oitavo EBA. Ele tem um concorrente muito semelhante, o Polarie Star Tracker, da Vixen. Mas a grande sensação do mercado atualmente é o Skywatcher Star Adventurer. Que é bem mais barato do que os modelos da Astrotrac e Lonsmandy e mais completo do que os modelos da Vixen e Ioptron.  A Ioptron ainda tem o Skyguider, parecido com o Adventurer, mas com cara de ser mais pesadão.
Eu não vou fazer uma comparação entre todos, principalmente os mais caros, por que não tive contato com eles. Um que não comprei, mas que pude acompanhar de perto trabalhando, foi O Adventurer. usado por dois colegas durante o EBA. Um deles, em especial estava ao meu lado.

Com o conjunto Astro Bundle o Skywatcher Star Adventurer até parece uma pequena montagem e pode ser usado até mesmo com pequenos telescópios e sem a necessidade de uma Ball Head.

O Adventurer vem em três versões, uma mais enxuta, chamada Raspberry, que acompanha Ball Head e telescópio polar, uma intermediária, que recebe o acréscimo de uma base inclinada para alinhar a montagem com o pólo sul (ou EQ wedge), chamada Photo Bundle e uma terceira, chamada Astro Bunble que, além dos acessórios já citados, acompanha um dovetail com adaptador para Ball Head e barra com contrapeso. Esta última versão, mas completa e pra mim a mais recomendada, pois o contrapeso permite maior equilíbrio no acompanhamento, principalmente com o uso de lentes maiores.
Um dos destaques do Adventurer é ter porta de Autoguiagem, permitindo ao usuário uma precisão muito grande no acompanhamento dos astros. Além disso ele vem com modos de velocidade para planetas, Sol e Lua, e outros modos para a elaborações de interessantes time lapses. Completo, com o conjunto Astro Bundle, ele se parece muito com uma minimontagem equatorial. Mas não se engane, falta ao Adventurer motorização no eixo de declinação, caracteristica dos outros trackers, por isso ele não é exatamente uma mini montagem equatorial, como A Smart EQ da Ioptron, que possui motorização no eixo de declinação e até Go-To. No adventurer, como nos outros trackers, você tem que colocar a mão na montagem para posicionar a câmera e ajustar o enquadramento. Essa é uma caracteristicas que geram alguns desconfortos, como a montagem desalinhar com o pólo enquanto você está ajustando. O colega que estava a meu lado no EBA teve que ajustar o pólo várias vezes durante o evento. Eu, com a Ioptron, também passei alguma dificuldade.
O Tracker da Ioptron, que possuo, é bem mais simples que a Adventurer. Trate-se de uma caixa pequena e achatada, com um motor, encaixe para Ball Head, telescópio polar e ajuste de declinação na base. Para usá-lo é obrigatória a aquisição de uma ball head, enquanto no Adventurer é possível posicionar a câmera em qualquer direção somente como o suporte que o acompanha, alguns astrofotógrafos até preferem usar o Adventurer sem a Ball Head, para maior estabilidade.

O Ioptron Sky Tracker é mais simples do que o Star Adventurer, mas ainda é uma opção muito melhor do que uma EQ-1 ou EQ-2.
Um bom tripé também é um acessório fundamental para qualquer tracker. Eu já tinha um em casa que parece que se deu muito bem com o Sky Tracker da Ioptron. Nota: É recomendado retirar a cabeça do tripé e conectar o tracker direto nele, que possui entrada para rosca 3/8. Isso dá muito mais estabilidade e segurança ao conjunto, além de deixar mais leve.
Durante o EBA, eu consegui tempos médios de 3 minutos de exposição com lente de 50mm, 90 segundos com lente de 135mm e um minuto com lente de 200mm, o que considerei muito adequado, mas abaixo do que eu conseguia com a CG-5. Vale lembrar que não usei contrapeso, acessório que pode ser adquirido para o Ioptron e que estou estudando a aquisição. Mesmo assim, são tempos muito superiores ao que eu conseguiria com a EQ-1 num equipamento muito mais portátil.
No Brasil já foi possível adquirir o Ioptron Sky tracker, pelo Caleidocosmo, mas eles pararam de trabalhar com a Ioptron, algo que considerei um erro. Já o Skywatcher Adventurer é vendido no Armazém do Telescópio e está em fase de renovação de estoques. É claro que vivemos uma época complicada no câmbio, mesmo assim, os trackers seguem sendo uma opção barata e portátil para quem que astrofotografar céu profundo em grande campo.

Centro da Via Láctea capturado com o Sky Tracker Ioptron em 28mm e 25 frames de 3 minutos.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Voltando do Oitavo Encontro Brasileiro de Astrofotografia

Com alguns dos participantes do encontro durante a tarde.


Há pouco mais de uma semana eu retornei do 8° Encontro Brasileiro de Astrofotografia, ou EBA. Pra quem não sabe o que é, trata-se de um encontro realizado anualmente pelo Clube de Astronomia de Brasília - CASB, onde astrofotógrafos de muitos lugares do Brasil se encontram num local sem poluição luminosa, para produzirem algumas das melhores imagens de céu profundo publicadas por brasileiros durante o ano e também para trocarem experiências.

O encontro não possui caráter competitivo. Não há uma eleição para melhor foto, melhor conjunto da obra, equipamento mais bonito, nem coisas do tipo, já que definir qual astrofotógrafo é melhor ou qual imagem é superior é algo subjetivo demais para ser avaliado. Os astrofotógrafos se reúnem principalmente para aproveitar o céu escuro e enriquecerem o seu portfólio de astrofotografias, além de trocarem experiências e conhecimento. É comum você ouvir entre os praticantes mais experientes que uma noite de EBA equivale a um ano de astrofotografia sozinho.

Os outros quatro encontros que participei ocorreram numa pousada próxima a Alto Paraíso, com o melhor céu que já vi, mas os altos preços que a pousada insistia em cobrar, aliado a total deficiência em infraestrutura, acabaram desanimando muito o CASB de realizar o encontro no mesmo local outra vez. Só pra se ter ideia, durante estes quatro encontros a administração da pousada jamais se preocupou em sequer arrumar o banheiro do restaurante, obrigado os hóspedes a fazerem fila na sala de televisão da dona da pousada enquanto esperam pela vez de usar o banheiro da casa.

Mas encontrar um lugar que substituísse a pousada em Alto Paraíso nunca foi fácil, o Clube está há anos explorando a região da Chapada dos Veadeiros em busca de um local alternativo para a realização do EBA. Infelizmente encontrar este local é bem mais difícil do que pode parecer num primeiro momento. A grande maioria das boas pousadas parece ser incapaz de entender as necessidades de um encontro como este e as poucas que entendem não tem a estrutura necessária - uma área ampla e plana para instalação dos telescópios, sem obstáculos ao horizonte, ausência de luzes próximas, ausência de hóspedes que não estejam envolvidos com o encontro, entre outras coisas.

Este ano surgiu uma oportunidade quando um dos sócios do clube ofereceu uma fazenda de sua propriedade, próxima a Padre Bernardo - GO para a realização do evento. É claro que por ser um local mais perto de Brasília, o céu não era como o da Pousada em Alto Paraíso, mas o conforto e a atenção do proprietário, com atitudes como, servir o Almoço a partir das duas da tarde, para que todos pudessem dormir o suficiente e desligar qualquer luz que pudesse atrapalhar o evento, fizerem a mudança valer a pena. O fato dele também ser um praticante de astrofotografia faz com que entenda todas as nossas necessidades ou manias.

Para minha surpresa, mesmo com o eixo de ascensão reta perfeitamente alinhado com o pólo, o refletor de 200mm deu muito trabalho sobre a HEQ5.
Infelizmente para mim, em termos de produtividade, este foi um dos piores EBAs. O sistema de autoguiagem, que funcionou tão maravilhosamente no ano passado, com o Refrator de 102mm, não se entendeu com o Refletor de 200mm. Eu levei três dias até conseguir uma guiagem aceitável e quando ela começou a funcionar bem, o céu, que já vinha com muitas nuvens, ficou ainda mas fechado. Sim, este foi um EBA com muitas nuvens. O do ano anterior já não havia sido muito bom e de jeito que o céu de Brasília anda nos últimos dias, fica parecendo que aqueles três meses sem nuvens que tínhamos entre junho e agosto estão deixando de acontecer por aqui. Será culpa do aquecimento global, do El Nino ou da Dilma?

Uma coisa legal no encontro é que adquiri um Skytracker da Ioptron logo no segundo dia, de um colega que tinha comprado ele, mas logo adquiriu um outro Tracker, mais avançado. Eu vou falar destes aparelhos num post em breve. O Skytracker serve para fotografia com lentes, permitindo à câmera acompanhar o movimento do céu. Foi um grande avanço em relação a EQ-1, que usei no primeiro dia. As imagens feitas com este equipamento salvaram algumas noites, em que o refletor e a montagem HEQ5 pareciam se recusar a colaborar. Com ele fiz algumas boas imagens, como uma composição com as principais nebulosas do Cinturão de Orion com lente de 200mm no fim deste post. Foi uma pena que muitos registros com lentes ficaram contaminados por nuvens muito ralas, imperceptíveis a olho nu, mas visíveis em capturas em longa exposição.

Eu com certeza quero voltar ano que vem e nos anos seguintes. A gente nunca consegue produzir a metade do que planeja para o EBA e sempre sai de lá com vários objetos que gostaria de ter registrado e não teve a chance. No mais, parabenizo o Clube de Astronomia de Brasília e o proprietário da fazenda por terem mais uma vez proporcionado aos astrofotógrafos Brasileiros a chance de se encontrarem num local tão adequado a nossa atividade. Só espero que nos próximos anos as nuvens colaborem um pouco mais durante o evento e eu não apanhe tanto do equipamento!!

Um Skytracker da Ioptron foi adquirido de um dos participantes do evento e usado sobre a EQ1, que funcionou somente como tripé.

Imagem capturada com a Canon sobre o Skytracker. uma lente de 200mm F4 da Nikon foi emprestada por um amigo para a captura.