terça-feira, 19 de agosto de 2014

Meu primeiro AAPOD!! Centro da Via Láctea fotografado com lente de 50mm

A imagem vencedora do AAPOD de 19 de agosto de 2014, feita num ENOC que participei no meio de 2013, mas só encontrou o seu processamento definitivo dois meses atrás.

Ontem tive uma bela ao chegar em casa. Tinha recebido um e-mail me avisando que, pela primeira vez desde que comecei na astrofotografia, uma imagem minha havia sido selecionada para o Amateur Astronomy Picture of The Day. Trata-se de um registro do Centro da Via Láctea feito com uma lente de 50mm F1.8 da Canon.
 
Eu já falei muitas vezes desta lente aqui no blog. Trata-se de longe do melhor custo benefício da Canon. Você pode encontrá-la por pouco mais de 300 reais em sites de leilão e produzir imagens de qualidade profissional com ela. Para astrofotografia é uma excelente lente para se começar se você tem uma DSLR e uma montagem equatorial motorizada, mesmo dos modelos mais simples, como por exemplo, uma EQ-1 com motor de acompanhamento simples.
 
A escolha para o AAPOD é um passo a mais no meu desenvolvimento como Astrofotógrafo e um reconhecimento de um site estrangeiro, o que me deixa muito feliz, já que, apesar de ser muito popular entre os amantes da Astronomia brasileiros, meu trabalho é bem pouco conhecido lá fora.
 

domingo, 17 de agosto de 2014

Sétimo EBA: Análise da Atik 314L+ e mais algumas imagens.



Nebulosas América do Norte (NGC7000) e do Pelicano (IC5070), capturadas durante o sétimo EBA com a Atik 314L+ e lente de 200mm.


Após mais de um ano de uso, dois EBAs e quase uma centena de captações, chegou a hora de fazer a minha análise da Atik 314L+, câmera que adquiri em fevereiro de 2013 e desde então tem sido o instrumento mais importante de minha atividade astrofotográfica tanto aqui do apartamento, como também foi no último Encontro Brasileiro de Astrofotografia, quando, ao contrário do ano passado, a produção com a CCD foi muito superior ao realizado com a DSLR.

A Atik 314L+, ao contrário da minha outra câmera de deep sky, a DSLR Canon T2i, é uma câmera já feita se pensando em Astrofotografia. Na verdade a própria Atik Cameras é um empresa totalmente dedicada a astrofotografia, criada pelo inglês Steve Chambers e pelo português Rui Tripa a menos de uma década. Apesar de tão nova, a empresa já é uma das maiores referências na fotografia de céu profundo. Suas câmeras são simples, leves e mais baratas do que a média do mercado de câmeras astrofotográficas, além de produzirem imagens que batem de frente com as melhores marcas do mercado. Características que foram definitivas para que eu tivesse certeza primeiro que queria uma Atik, para depois escolher entre os modelos da marca.

As características mais importantes da Atik 314L+ são as seguintes:

  • Monocromática: quer dizer que a câmera tira fotos em preto e branco. Isso pode parecer ruim para um leigo em astrofotografia, mas quase todos os astrofotógrafos avançados preferem câmeras monocromáticas às coloridas. Isso por que nas câmeras coloridas os pixels precisam intercalar microfiltros que depois serão interpolados, gerando ruído. Além disso, para cada quatro pixels destas câmeras, somente um é vermelho, diminuindo muito a sensibilidade para a emissão do hidrogênio, da qual são compostas grande parte das nebulosas mais espetaculares. Na câmera monocromática não há interpolação, por isso o ruído é muito menor e todos os pixels captam luz da mesma forma, sem microfiltros à frente,absorvendo o máximo de luz possível.
  • Resfriada: Quer dizer que a Atik não deixa o sensor esquentar quando está fazendo longas exposições. Este recurso não existe nativamente nas DSLRs, onde é preciso sempre tomar um cuidado com a temperatura do sensor, evitando exposições demasiadamente longas e dando bom intervalos entre as fotos. Além de ser necessário cuidados extras na produção dos frames de calibração. A Atik não apenas mantem a câmera resfriada, como permite estabilizar o sensor na temperatura desejada, limitado a 27 graus abaixo da temperatura ambiente.
  • Possuí um sensor pequeno: O tamanho do sensor da Atik 314L+, o Sony ICX285AL  é de 11mm de diagonal, pequeno se comparado com as câmeras que possuem o sensor Kodak Kaf8300, o sensor mais popular atualmente entre astrofotógrafos avançados.Você pode até dizer que o sensor da câmera é o maior entre os sensores pequenos. Seu tamanho é pouco maior do que os sensores da Atik 314e e Atik 320e. Já em relação ao KAF8300, ele é bem menor, tendo menos da metade da área.
  • O sensor ICX285AL da Atik314L+ possui pixels com 6,45 micrômetros, enquanto os pixels do Kaf8300 possuem 5,4 micrômetros. Isso quer dizer que os pixels da Atik 314L+ possuem uma área de absorvição 42% maior. Isso se reflete numa grande sensibilidade. Pra você ter ideia, a câmera mais próxima com pixels maiores, a Atik4000 (quem sabe um dia minha próxima CCD) custa mais do que o dobro da 314L.
  • O sensor possuí 1,3 megapixels. Realmente não parece grande coisa. O KAF8300 tem 8 megapixels de resolução, mas vale lembrar que o sensor da 314L+ é tão bom que não é raro que eu publique imagens com mais de 3 megapixels. Isso devido ao recurso de Drizzle no programa Deep Sky Staker. Vale lembrar que o DSS não conseguiria aplicar este recurso na imagem inteira se a resolução fosse muito maior, me obrigando a aumentar somente um pedaço da imagem e não ela inteira.

A CCD Atik314L+ que utilizo a cerca de um ano e meio. Muito mais leve do que o corpo de uma DSLR de entrada e capaz de produzir imagens muito superiores.


O resultado disso tudo é uma câmera leve, rápida, com pouquíssimo ruído e mesmo que o campo de captura seja pequeno, ele permite mostrar objetos de muito perto com telescópios e fica excelente com o uso de lentes entre 130 e 300mm, ficando menos expostos as falhas de óptica que aparecem nas bordas da projeção de lentes e espelhos. Ou seja, um sensor pequeno é bem menos exigente com a óptica do que um sensor grande. Eu nunca teria uma câmera full frame sem um telescópio e lentes com óptica perfeitas, algo que praticamente nenhum dos meus instrumentos ópticos tem, por isso eles conversam bem com a Atik 314L+. É claro que nem tudo são flores quando se tem um sensor pequeno. Colocar o objeto no campo é mais difícil, o enquadramento é mais delicado, principalmente se você faz registros do mesmo objeto em momentos diferentes, o enquadramento deve estar perfeito para não haver perda de campo. Além disso, a câmera é menos tolerante a erros de foco e alinhamento. Por isso, ter uma CCD com sensor pequeno pede um astrofotógrafo bastante concentrado no que está fazendo. Você pode esconder estes erros numa CCD de alta resolução diminuindo o tamanho da imagem, mas numa câmera com resolução pequena não há muito espaço para reduções na imagem.

A Atik 314L certamente é uma câmera menos popular do que as câmeras com sensor KAF de 8 megapixels. Na época da compra desta câmera eu fiquei muito em dúvida sobre qual câmera comprar. Até por que a diferença de preço entre elas estava praticamente irrisória. Embora reconheça uma certa superioridade do modelo com sensor KAF8300, a 314L+ é mais leve, tem mais sensibilidade e produz imagens com qualidade incrível, sem exigir muito da óptica. Hoje posso dizer que estou muito feliz com a escolha.

A se criticar, somente o plug onde você encaixa a fonte de energia. É com certeza o maior defeito da câmera. Qualquer movimento e a fonte perde contato com a energia. Devia ser algo que ficasse travado na câmera, por que ficar perdendo contato com a fonte pode até levar o aparelho a estragar, principalmente quando o resfriamento está ligado. Onde encontro conectores de 12v com presilha?

Quanto a minha experiência com a câmera, eu tenho me concentrado mais nas imagens em banda estreita. É onde tenho conseguido resultados que me deixam realmente feliz. Eu sei do potencial dela para imagens feitas com RGB, principalmente de galáxias, mas a diferença para uma boa DSLR colorida não assim coisa de outro mundo e o esforço da captura monocromática pode acabar não valendo a pena, mas quando se coloca um filtro H-alpha na frente da câmera, ela vira outra.

A Atik 314L+ conectada ao telescópio durante o Sexto EBA. Esperando para começar a fotografar.


No Brasil, a Atik 314L pode ser encontrada por cerca de 7000 mil reais. Um preço bastante salgado, que faz valer muito a pena comprar no exterior, onde custa pouco mais de 3000 mil reais. Com a diferença de preço da pra ir pegar ela no exterior e passear um fim de semana em Nova York. Como é muito leve, pedir para um amigo que esteja viajando para fora trazer para você não será considerado um abuso por ele. Mas peça para que ele seja cuidadoso.

Eu ainda devo ficar com essa câmera uns dois anos, para tirar tudo dela que eu puder. Depois disso, talvez pense num upgrade para um modelo com sensor maior, uma Atik 4000 ou 11000. Se alguém me pedir uma sugestão se deve comprar a Atik 314L+ ou a Atik 383, eu certamente irei sugerir a compra do modelo com sensor KAF8300 pelas vantagens e facilidades de um campo maior e mais resolução. A compra de uma 314L+ deve ser analisada com mais cuidado. Mas a verdade é que no momento, pela sensibilidade, pela leveza e eficiência, estou mais do que feliz com a minha CCD.

NGC 6188, capturada no sétimo EBA, com a Atik 314L+ e telescópio de 102mm.


domingo, 10 de agosto de 2014

Sétimo EBA - Andrômeda com a Lente de 200mm FD

A Galáxia de Andrômeda, registrada com 40 frames de 2 minutos.


A Galáxia de Andrômeda, ou M31 é a rainha das galáxias no céu. Nenhuma outra galáxia aparece de forma tão espetacular como ela. Possui um comprimento aparente duas vezes maior do que o diâmetro aparente da Lua, é visível a olho nu da periferia de uma uma cidade média e é uma bela visão até para telescópios pequenos ou mesmo binóculos.

Com tanto brilho e tamanho, conseguir uma boa imagem de andrômeda era para ser algo fácil, mas quem já tentou obter uma grande imagem de M31 sabe que não é bem assim. Num céu com poluição luminosa um bom registro é quase impossível e mesmo num céu escuro, a imagem que aparece depois do empilhamento nada lembra algumas imagens espetaculares que vemos principalmente de alguns astrofotógrafos do norte. Sim, por que além de tudo, aqui no Sul ainda temos o problema de M31 estar baixa no horizonte, aumentando ainda mais o desafio.

A quarta noite do Sétimo encontro de Astronomia foi marcada pela chuva que a antecedeu, durante a tarde, e por um início com o céu totalmente nublado e até ameaçando algo pior. E como a noite anterior tinha sido de produtividade zero pra mim, por causa das nuvens, o resultado disso foi que, às onze horas da noite, eu estava dormindo. Felizmente um colega, que precisava de um acessório emprestado, bateu na porta do meu quarto avisando que o céu havia limpado completamente (e é claro, perguntando pelo acessório).

Uma hora depois, com o setup totalmente montado, era hora de testar pela primeira vez a lente de 200mm FD F2.8 da Canon com a DSLR. Esta lente eu comprei ano passado, no mercado livre. Lentes antigas do tipo FD, fabricadas pela Canon, normalmente não se adaptam às DLSRs modernas, pois o sensor das câmeras digitais da Canon está um pouco mais afastado da lente do que os filmes nas câmeras analógicas. Isso faz com que o foco no infinito esteja mais para dentro do que a lente pode alcançar. Assim o único jeito de se conseguir usar lentes FD para astrofotografia numa câmera digital da Canon é usando um adaptador óptico ou cortando a lente para diminuir seu comprimento.

A Nebulosa da Califórnia recebeu 30 frames de 2 minutos


Um adaptador óptico é um adaptador que permite conectar a lente tipo FD numa câmera com baioneta EF, das lentes modernas, mas que incluí uma lente para puxar o foco um pouco para fora. Existem basicamente dois tipos destes adaptadores. Genéricos, que podem ser encontrados no mercado livre por pouco mais de uma centenas de reais e os da própria Canon, que dizem ser caríssimos. Só os segundos prestam e dizem que são tão caros que só vale a pena se você era dono de uma Teleobjetiva de milhares de dólares para valer a pena o uso. Os adaptadores ópticos genéricos não são recomendados por ninguém, embora eu nunca tenha usado um. afinal, se ninguém recomenda, eu não quis gastar dinheiro com isso.

Mas a lente FD de 200mm F2.8 que encontrei no mercado livre era especial. Além da troca no encaixe de FD para EF, ela teve o tamanho de seu tubo encurtado para que a lente atingisse o foco no infinito numa DSLR, por isso a imagem chega ao sensor sem nenhuma distorção provocada por outra lente.

É claro que, mesmo com a adaptação, de forma alguma significava que essa lente FD seria tão boa quanto a atual Canon EF 200mm f/2.8L II USM que é hoje um dos sonhos de consumo para quase todo astrofotógrafo. A FD tem 7 elementos, contra 9 da EF. além disso as lentes são separadas por décadas de evolução tecnológica. a escolha pela FD foi pela custo (1200 reais contra 2800 da EF) e pelo diafragma ainda ser manual, o que facilitaria demais o uso deste lente com a CCD Atik 314L, já que o adaptador óptico que uso com a Atik não controla o diafragma das lentes atuais da Canon, sendo necessário para fechar o diafragma de uma lente EF, colocar ela na DSLR e retirar a lente com a máquina disparando uma imagem em longa exposição. Algo que a câmera pode não aceitar muito bem.

Canon FD de 200mm. Muito leve e com diafragma manual é perfeita para astrofotografia com CCD em banda estreita, mas para DSLR é necessário fechar um pouco mais o diafragma, exigindo mais tempo de exposição.


Com a Atik 314L e filtros de banda estreita esta lente FD de 200mm sempre se mostrou uma escolha perfeita, não deixando nada a desejar na fotografia em banda estreita. Mas vale lembrar que, para fotografia em banda estreita, não é exigido muito da óptica de uma lente. Já que o filtro deixa passar só uma pequena faixa do espectro. Por isso, mesmo que a lente apresente aberrações cromáticas, causada pela dispersão da luz, ela não vai afetar o resultado final. Já o coma e a aberração esférica podem ser um problema grave, obrigando o astrofotógrafo a fechar o diafragma até que eles desapareçam. Na CCD a lente de 200mm FD fotografa bem com o diafragma fechado em F4, muito bem em F5 e maravilhosamente em F6. Com a DSLR, percebi que é necessário somar 1 para cada um dos valores anteriores.
As imagens que fiz com a FD na DSLR tiveram uma grande complicação durante o EBA. Como este setup foi colocado numa montagem sem autoguiagem, eu não consegui tempos de exposição acima de dois minutos, o que me obrigou a abrir o diafragma mais do que seria o ideal (F4), e mesmo assim não acredito que captei o tempo de exposição necessário para algumas imagens.

O maior problema foram as estrelas, que ficaram com halos violetas em torno delas. Se eu pudesse ter fechado mais o diafragma, eles desapareceriam, mas daí muito pouco dos objetos apareceria.
Os resultados com a lente de 200mm FD ficaram aquém do esperado, tando que após esta noite eu não voltei a utilizá-la com a DSLR, mas acredito que numa montagem com a autoguiagem funcionando, com tempo de exposição de cinco minutos e o diafragma mais fechado, esta lente pode produzir imagens muito interessantes. Por isso não pretendo me desfazer dela até o próximo EBA, ainda mais com os excelentes resultados que ela produziu com a CCD em banda estreita, a melhor imagem que fiz no EBA, que ainda não foi publicada, foi com esse setup.

No oitavo EBA eu devo colocar a 200mm FD na DSLR, mas dessa vez com autoguiagem ao lado, para imagens realmente boas.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sétimo EBA: Nas garras da Tarântula! - NGC 2070



NGC 2070 - Nebulosa da Tarantula
Alto Paraíso - Goiás - 26 de Julho de 2014
Luminance: 23x300 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com DSLR
Telescópio: Refrator ED 102mm f7
Montagem: HEQ5
Guiagem - miniguider 50mm e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das cores: Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

NGC 2070, ou como é conhecida: Nebulosa da Tarantula é um objeto de céu profundo enorme, comparada a ela, a Nebulosa de Órion é um pardal ao lado de uma avestruz. NGC 2070 é 30 vezes maior do que a Nebulosa de Orion. Só não aparece gigantesca em nossos céus por que está em outra Galáxia, na Grande Nuvem de Magalhães.


Mesmo estando tão longe, a Nebulosa da Tarântula é uma das mais bonitas de se fotografar, mesmo com pequenos telescópio. Um bom filtro H-alpha numa câmera monocromática revela detalhes ainda mais impressionantes.


Não acredito que a imagem acima seja tudo o que eu posso conseguir desta nebulosa. Grande parte dos frames foi captada com foco ruim e o socorro talvez tenha vindo um pouco tarde. A captação foi somente do Luminance, que recebeu as cores de uma imagem anterior, feita com a DSLR no mesmo telescópio. Mesmo assim é um enorme progresso em relação as imagens anteriores do mesmo objeto.



terça-feira, 5 de agosto de 2014

Sétimo EBA: Running Chicken com telescópio



IC 2944 - Running Chicken Nebula
Alto Paraíso - Goiás - 23 de Julho de 2014
Luminance: 25x360 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com lente de 135mm
Telescópio: Refrator ED 102mm f7
Montagem: HEQ5
Guiagem - miniguider 50mm e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das cores: Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

Uma coisa chata durante as noites do EBA é que às sete horas da noite começa a janta. Sim, na maioria das vezes é um saco ter que parar para jantar. Mas felizmente astrofotografia é uma atividade que, se você conseguir ajustar tudo de forma afinada, pode passar até horas longe do telescópio enquanto o equipamento trabalha para você, e, se nada de errado acontecer, quando voltar terá a alegria de encontrar horas de exposição daquela tão sonhada nebulosa. Por outro lado também pode descobrir que cinco minutos após você sair de perto do telescópio a guiagem perdeu a estrela de referência, o notebook ficou sem bateria por que você esqueceu de ligá-lo na energia, um pico de energia fez a montagem desligar e reiniciar, entre outras muitas coisas que que podem acontecer. Por isso, sair de perto do telescópio nem sempre é uma boa ideia.

Mas quando chega a hora da janta, não adianta. Se você não ir fazer a refeição da pousada onde o EBA ocorre, mesmo que ela se limite a caldos e pães caseiros (bem gostosos sejamos justos) pode acabar se rendendo ao cansaço no meio da noite. Por isso, deixar o telescópio fotografando algo, mesmo que nada dê certo, sempre será algo lucrativo (a não ser que chova enquanto você está a 500 metros do seu equipamento).

Na quinta noite do EBA, o céu estava repleto de nuvens, mas o Sul estava aberto e como eu não tinha muito para onde apontar, mirei em Running Chicken novamente, mas dessa vez não com a lente e sim com o telescópio. O resultado é menos campo, mas mais detalhes. Além disso, num campo pequeno as chances das nuvens estragarem a foto é bem menor.

Após jantar, voltei para o telescópio cerca de uma hora e meia depois de deixá-lo fotografando e para minha alegria, apesar do céu estar horrível, o sul ainda estava limpo e o CCD seguia fotografando. Analisei os frames e descobri que quase todos estavam bons. Uma prova de que nem sempre damos azar.

O resultado não é a minha imagem favorita do EBA, mas acho sim que é uma foto legal. É possível ver vários glóbulos de Bok, nuvens escuras de poeira que são uma das marcas registradas de Running Chicken. Está é com certeza uma das nebulosas mais bonitas que existem e voltar a ela, num bom céu e com mais tempo de exposição, certamente valerá a pena.

domingo, 3 de agosto de 2014

Sétimo EBA: A Galinha Corredora - IC 2944



IC 2944 - Running Chicken Nebula
Alto Paraíso - Goiás - 23 de Julho de 2014
Luminance: 32x240 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com lente de 135mm
Lente: Canon 200mm FD
Montagem: HEQ5
Guiagem - Refrator ED 102mm F7 e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das cores: Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

No Sexto EBA eu certamente me decepcionei com o resultado que obtive com o CCD. Aquele EBA foi salvo pelas imagens que fiz com uma lente de 135mm na DSLR, usando uma outra montagem enquanto apanhava do CCD na montagem HEQ5 com o telescópio e filtros LRGB. Neste Sétimo EBA foi muito diferente, as melhores imagens que fiz certamente foram com o CCD. O principal motivo foi que eu deixei de acreditar que não vale a pena fotografar em Banda Estreita durante o EBA e mandei ver com o filtro H-alpha de 7nm que possuo.

Antes eu achava que não valia a pena fotografar em Banda Estreita durante o EBA, porque da minha casa é possível fazer este tipo de foto, mas muitas coisas fazem valer usar um filtro H-alpha também em Alto Paraíso: primeiro, apesar de pouco, a poluição luminosa atrapalha sim a fotografia em H-alpha aqui de casa e em alguns casos, como quando faço imagens de objetos do norte, ela se torna bastante evidente. Além disso, aqui de casa várias partes do céu são bloqueadas, limitando muito o meu alcance. O objeto da imagem acima, A Nebulosa Running Chicken, por exemplo, fica pouquíssimo tempo visível na varanda do meu apartamento e me obriga a colocar o setup na ponta da varanda para captá-la por pouco mais de uma hora apenas, antes que ela se esconda atrás da parede do meu prédio. E isso só numa época específica do ano.

Além disso, no EBA é muito fácil conseguir um bom alinhamento. Basta fazer um falsa estrela polar no polo celestial Sul e apontar a montagem para ela, enquanto do meu apartamento o Sul é bloqueado. Isto me permitiu fazer imagens com frames de até 12 minutos com o telescópio. Nem é o caso da imagem acima, que usou frames bastante curtos e que consigo mesmo com um alinhamento ruim. Mas para muitas nebulosas mais pálidas, fotografar com frames mais longos é fundamental quando se está usando filtros H-alpha.

Running Chicken faz parte de minhas nebulosas favoritas. Ela ó ótima para se fotografar com qualquer setup, de lentes de 50mm a grandes telescópios, com DSLRs ou CCDs resfriada. Só é recomendável que a DSLR seja modificada, com a retirada do filtro original que bloqueia grande parte do vermelho, se não os resultados podem decepcionar um pouco.

sábado, 2 de agosto de 2014

Sétimo EBA - A alvorada da Barnard 33


Barnard 33 - IC434
Alto Paraíso - Goiás - 27 de Julho de 2014
Luminance: 8x480 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: Imagem anterior captada com DSLR não modificada.
Telescópio: ED 102mm F7
Montagem: HEQ5
Guiagem - Orion Miniguider 50mm e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das duas imagens (H-Alpha + Light): Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

A Nebulosa Cabeça do Cavalo, catalogada como Barnard 33 e também como IC 434 é uma das Nebulosas mais populares entre os astrofotógrafos. De difícil observação através de visualização por oculares, os tempos maiores de exposição que uma câmera permite em registros fotográficos fazem aparecer formas que encantam os amantes da astronomia, em especial a nebulosa escura, cuja forma lembra a cabeça de um cavalo de um jogo de xadrez.

Cabeça do Cavalo é uma nebulosa fácil de encontrar, na verdade muito fácil. Basta apontar para Alnitak, a estrela mais a oeste das Três Marias, que a nebulosa aparece. Por isso Cabeça do Cavalo foi presença constante em minhas fotos quando a CCD Atik 314L havia acabado de chegar, sendo várias vezes fotografada com Lentes, tanto de 135mm como de 200mm.

Mas faltava uma boa imagem de Barnard 33 feita com a CCD num telescópio. A evolução do uso desta câmera com distâncias focais mais elevadas, produzindo belas imagens aqui da varanda durante o inverno, captando nebulosas até mais pálidas, deixava claro que quando Cabeça de Cavalo começasse a ficar mais alta no céu, antes do amanhecer, ela seria a primeira nebulosa do Braço de Orion a ser registrada.

Eu acabei me antecipando. Aproveitei a boa auto-guiagem durante o EBA e tentei o registro da Nebulosa. Foram apenas oito frames, com oito minutos de exposição, mas o foco perfeito ajudou a uma imagem final que me deixou muito feliz. Para finalizar incluí o RGB de uma imagem que havia feito com a DSLR, em outro EBA, para dar as cores.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Sétimo EBA - A Tromba do Elefante - IC 1396



IC 1396
Alto Paraíso - Goiás - 24 de Julho de 2014
H-Alpha 8x480 segundos Bin 1x1 
OIII 10x300 segundos Bin 2x2 
Câmera: Atik 314L+
Lente: Canon 200mm F2.8 FD
Montagem: HEQ5
Guiagem - Orion ED 102mm F7
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das cores: fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

Poucas coisas me deixam mais feliz do que fotografar um objeto que nunca havia tentado antes. E neste EBA eu estava decidido capturar IC 1396, também conhecida como A Tromba do Elefante.

A grande dificuldade de se capturar este objeto é que ele está escandalosamente ao norte. Não aparece a mais de 17 graus em alto Paraíso. Mesmo assim lá ele está um pouco mais alto do que aqui da varanda do meu apartamento, em Brasília, e por de trás de um céu com zero poluição luminosa.

O setup escolhido foi a lente de 200mm F2.8 FD e a Câmera Atik 314L.  A captura foi feita com dois filtros, o H-alpha e o OIII. infelizmente nuvens destruíram completamente os frames feitos com o filtro de Enxofre (SII) impedindo que eu concretizasse um Hubble Palette.

A captura está longe de perfeita. A guiagem com o ED de 102mm apresentou-se pior do que com o Miniguider de 50mm e eu tive que abrir bem a lente para que ela capturasse mais luz. Apesar disso acho que o resultado ficou muito bom. Eu não sei se alguém capturou esta nebulosa do Brasil antes e isto dá um sabor especial ao trabalho.