domingo, 28 de abril de 2013

Dicas básicas para quem quer começar na Astrofotografia

Eu fiz o post post abaixo para ajudar pessoas que surgem com perguntas muito básicas sobre astrofotografia. Ele é direcionado àqueles que querem começar na atividade, mas estão se sentindo meio (ou completamente) perdidos.


Minha primeira imagem de céu profundo com telescópio, feita com uma montagem CG-5GT, Orion Premium ED 102mm e Canon T2i. Um frame de 15 segundos de exposição.


Dicas para quem quer começar na Astrofotografia:

  • Não seja pão duro na hora de comprar o equipamento.

Astrofotografia não é um Hobby barato, embora não seja caro a ponto de ser algo para milionários. Qualquer um que já não dependa dos pais e tenha um emprego razoável pode entrar para essa atividade. Você pode até mesmo depender de seus pais se eles ganharem bem e gostarem muito de você. O valor que considero razoável para um bom setup de astrofotografia é algo em torno de sete a dez mil reais. Com essa grana você pode comprar uma montagem H-EQ5 ou NEQ-6, um pequeno refrator apocromático ou um bom refletor (Newtoniano ou Cassegrain) e sobra dinheiro para uma Câmera DSLR ou mesmo uma CCD dedicada (esta seria aconselhável comprar no Exterior, embora existam sites que a vendam no Brasil a preços aceitáveis, como o Tellescopio.com.br).

Até com uns três mil reais é possível comprar um setup aceitável, algo como um refletor de 150mm sobre uma Eq-3 motorizada e uma DSLR usada. Você vai conseguir fotografar muitos objetos com este setup, mas se tiver condições, aconselho esperar mais para montar seu setup e comprar algo melhor.

Se a grana está apertada e seu foco for mais em céu profundo eu lhe diria: Compre primeiro uma boa DSLR, de preferência com Live View (a capacidade de mostrar a imagem ao vivo no visor LCD) e faça muitas fotos de câmera fixa, startrails, composições, raios, nascer do Sol e da Lua, entre outros. Depois compre a montagem e faça fabulosas imagens de grande campo, inclusive de objetos que dificilmente cabem no campo de um telescópio, como Rho-Ophiuchi, América do Norte, Nebulosa do Cachimbo, entre outros. É possível comprar boas lentes antigas de 100mm a 200mm por até 500 reais no mercado livre, prefira as de distância focal fixa, sem zoom. Você vai ver que é possível se divertir por muito tempo com uma Lente de 135mm acompanhada de sua câmera e montagem. Quando estiver saturado de imagens com lente e com dinheiro sobrando, compre um tubo ótico de qualidade.

  • Pesquise muito antes de comprar o equipamento:

Se você já tem o dinheiro para seu equipamento, não saia por aí comprando o primeiro telescópio e câmera que aparecerem na sua frente, há muito a saber sobre equipamentos de astrofotografia e não dá pra explicar num único post. Não espere que as pessoas pesquisem e leiam por você, essa é uma tarefa que você terá que fazer se quiser realmente aprender.

Abaixo seguem três posts deste blog com dicas para compra de equipamento de astrofotografia


  • Pesquise mais ainda depois de comprar o equipamento

Agora que você comprou o equipamento chegou a hora de fotografar. Você provavelmente tem muito o que aprender, sobre alinhamento, fotografia, programas de captura e principalmente, sobre o céu, pois você precisa saber quais são os objetos mais importantes e onde eles estão, pois mais do que nunca você tem que estudar. É claro que uma montagem com Go-to ajuda a localizar o objeto, mas ela não diz quais são os objetos mais legais, se eles são muito ou pouco brilhantes, se são adequados para o campo e resolução do seu equipamento, entre outras coisas.

Aqui vão alguns lugares muito bons onde você pode pesquisar:


Forum do Cloudy Nights (procure a seção Astrophotography and Sketching)

Astrobin.com (muito bom para você ver o que estão fotografando com determinado equipamento)


Blog do Andolfato Isso mesmo, que tal começar a ler este blog desde o seu primeiro post:


Sim, há muito pouco material em Português. Eu também acho uma pena, mas felizmente existe algo chamado Google Tradutor, que em alguns casos ajuda muito.

  • Além de um bom telescópio, câmera, e montagem, tenha também um bom computador a mão.

É muito comum a gente apontar o setup Astrofotografico como uma trinca entre montagem, câmera e telescópio (ou lente), mas um bom computador é quase tão importante como os três elementos acima, é nele que as imagens serão capturadas, armazenadas e depois empilhadas e processadas. Você precisara de uma porta USB rápida para captura de vídeos planetários, de um bom processador e placa de vídeo para o empilhamento de muitos frames e o pós-processamento, então tenha consciência de incluir um bom notebook em seu orçamento, caso você não tenha um.

Eu, na verdade, não uso um notebook potente para captura, uso um netbook, mas isso é por que tenho um bom desktop com uma grande placa de vídeo para trabalhar no processamentodas  imagens depois, se não o netbook seria inviável. Ele é usado somente para captação.

Em relação a programas, seguem alguns que utilizo.

Canon Eos Utilyties - Para operação de sua Canon DSLR através do computador.

Deep Sky Stacker - Para empilhamento de frames em fotografias de céu profundo. O ajuste de contraste no próprio DSS também é o mais recomendado.

Registax - Para empilhamento de frames de vídeos de captação planetária, solar e da Lua.

Iris - Para processamento de imagens, também faz empilhamento de frames, mas eu não uso ele para isso. Hoje o que mais faço nele é corrigir o coma das imagens

- Windows Live Photo Galery - Sim, uso muito esse programa oferecido gratuitamente com o Windows, acho que ele aumenta o contraste das imagens agredindo menos do que o photoshop e tem uma ótima ferramenta que revela detalhes em imagens aparentemente estouradas (realces).

- Adobe PhotoShop - para ajustes na imagem final. Vale muito pelos plugins, como o Astronomy Tools.

PHD Guiding - Para autoguiagem, que falarei mais embaixo.

Fitswork - Para composições RGB e mosaicos.

- Artemis Capture (programa de captação da Atik)

EOS Movie Recorder (para fotografia planetária com uma DSLR Canon)

Startrail - o nome já diz para que eu uso, faz Startrails através de muitos frames captados por uma câmera num tripé.

Há outros programas que não usei e muitos outros astrofotógrafos usam, como o MaxinDL. É claro que eu ainda quero testar eles, mas ainda não tive tempo (ou mesmo vontade). Outra que faz muito sucesso atualmente é o Pixinsight, para processamento.

  • Se for fotografar céu profundo com DSLR, pense seriamente em modificar sua câmera.
Modificar uma câmera cara como uma DSLR, retirando o filtro que bloqueia a luz infra vermelha, é algo difícil de se pensar quando você acabou de comprar sua câmera e ela ainda está com carinha de nova, mas no futuro, quando você se tornar mais exigente com suas fotografias de céu profundo, verá que remover o filtro original da câmera é quase obrigatório, pois ele bloqueia 80% da luz vermelha das nebulosas de emissão. Algumas pessoas vão mais além e constroem sistemas de resfriamento para suas DSLRs. CCDs dedicadas a astronomia não precisam ser modificadas, pois não bloqueiam nenhum tipo de luz e a maioria já vem com resfriamento. 
  • Pratique muito, pratique o máximo que puder
Essa é a dica mais óbvia. Não espere tirar fotos espetaculares já na primeira noite. Mesmo os felizardos que podem comprar os melhores equipamentos sofrem muito nas primeiras sessões astrofotográficas. Isso acontece com qualquer um que está começando uma atividade nova. Você ficará impressionado em ver como tudo estará mais fácil dentro de alguns meses. Mas você dificilmente se transformará num astrofotógrafo de primeira se botar o telescópio para fora e fotografar umas duas vezes ao ano.

E a prática não envolve apenas a captação. Também pratique muito o processamento, quanto mais você usar os programas mais vai entender os comandos e como eles afetam a sua foto. É um grande desafio tirar mais detalhes de uma imagem sem causar ruído ou deixar a imagem com aspecto de desenho. Em geral astrofotógrafos novos tendem a exagerar no processamento, o que é totalmente aceitável, mas a imagem deles vai ficando cada vez mais refinada e elegante quanto mais vão entendendo os softwares de processamento. Em geral boas captações num céu adequado precisam de  pouco esforço de processamento, são as captações defeituosas ou em céus com muita poluição luminosa que exigem uma pós-processamento mais pesado.


Imagem captada durante o quinto EBA, com a mesma CG-5GT da foto anterior, e também o mesmo Orion Ed 102mm e a mesma Canon T2i, agora modificada. Ao setup foi adicionado somente Autoguiagem. Tempo total de exposição de uma hora.


  • Em céu profundo quanto maior o tempo de exposição total, melhor a imagem final.


Essa é uma regra básica da astrofotografia de céu profundo, quanto maior o tempo de exposição, melhor. Quanto mais longos forem seus Lights frames, menor será a sensibilidade (ISO) necessária e mais detalhes aparecerão na nebulosa. Quanto maior o número de frames, menor será o ruído e a imagem final poderá sofrer mais ajustes de contraste e cores. O uso de flat, dark, dark flats, e Offset/bias frames também é muito importante. Abaixo uma breve explicação sobre cada um deles:

- Light Frames - São as fotos do objeto fotografado propriamente ditas. Quanto maior o tempo de exposição total, melhor. Entenda que o tempo de exposição total de uma imagem é a soma do tempo de exposição de todos os light frames. Por isso quando falamos que uma imagem tem um tempo de exposição total de três horas, é improvável que este tempo de exposição seja de um único light frame. Normalmente é algo como 30 frames de seis minutos que foram empilhados. O astrofotógrafo costuma colocar esta informação em suas fotos quando as publica (ou pelo menos deveria).

Para os lightframes é importante também a leitura do post abaixo:

Conceitos básicos da captura em Astrofotografia: Tempo de exposição, ISO e razão focal.



- Dark Frames - São frames feitos com o mesmo tempo de exposição e sensibilidade (ISO) dos light frames, também devem ser captados sob a mesma temperatura, mas nos Dark frames a câmera deve estar completamente tampada para que seja capturado apenas o ruído criado pela câmera e também os chamados Hotpixels, pontos coloridos que surgem no sensor em fotos de maior exposição, principalmente em câmeras não refrigeradas. O ideal é que o número de dark frames seja o mesmo da captação total na imagem colorida, ou o mesmo da captação de cada cor (ou da cor que recebeu mais captação), na captação em RGB com câmera monocromática.

- Flat frames - Esses daqui são meio chatinhos, normalmente envolvem a captura de uma imagem totalmente uniforme, como uma folha em branco iluminada por uma lanterna ou um céu azul sem nenhuma nuvem, a utilidade dos flat frames e eliminar a vinhetagem provocada por luzes em volta da imagem (muito grave em locais com muita poluição luminosa) e também possíveis sujeiras no sensor da câmera. Eu tive ótimos resultados fazendo flat frames tirando a lente totalmente do foco e captando imagens com o mesmo tempo de exposição dos Light frames, apenas tomando o cuidado de desviar um pouco a lente caso houvesse alguma estrela muito brilhantes que não saísse totalmente do foco. Mas há muitas outras formas de se fazerem Flat flames, e não vou entrar em detalhes neste post.

Exemplo de um bom flat frame. Imagem de Petri Kehusmaa.


- Dark Flat frames - Com tempos de exposição e possivelmente temperaturas diferentes dos light frames, os Flat frames tem seus próprios hotpixels e ruído, que o programa de empilhamento poderá não encontrar e eliminar, para isso é importante fazer dark frames para os flat frames também, com o mesmo tempo de exposição e sensibilidade destes.

- OffSet/Bias - São imagens feitas com a câmera tampada e mesma sensibilidade dos Light frames, mas o tempo de exposição deve ser o menor possível da câmera.

Todos os frames acima deverão ser colocados no Deep Sky stacker ou outro programa semelhante, que fará o trabalho de empilhamento para você, eliminando o ruído, a vinhetagem e os hotpixels, se as captações estiverem com boa qualidade.


Para fotografia Lunar e Planetária, o que importa é a quantidade de frames da imagem, de preferência captadas com a menor sensibilidade possível. A captação deve ser feita respeitando-se um tempo limite para muitos planetas e o Sol, pois a rotação destes astros pode estragar a imagem final. No geral o ideal é que se consiga o máximo de frames em até 3 minutos. Quanto mais rápida a câmera, melhor, mas lembre-se que num telescópio de menor abertura, se estiver com a distância focal muito elevada devido ao uso de barlows e Powemates, a imagem pode ficar muito escura caso o tempo de exposição de frames seja muito curto, aí não adianta nada ter uma câmera rápida, pois você vai ter que aumentar o tempo de exposição. Se este tempo for, por exemplo, de um décimo de segundo, nenhuma câmera ira gravar acima de dez frames por segundo.


  • Para céu profundo você provavelmente vai sentir a necessidade de algo chamado de Autoguiagem.

Autoguiagem é nada mais do que uma segunda câmera, colocada sobre outro telescópio na mesma montagem ou mesmo anexa a câmera principal que terá como função filmar uma estrela. Um programa em seu computador ( um muito popular é o PHD Guiding), irá analisar o movimento dessa estrela em relação a sua montagem e ira corrigir quaisquer desvio, permitindo tempos de exposição bastante longos.

Autoguiagem é como modificar a câmera, é algo que você não vai pensar muito no começo, mas se continuar avançando neste hobby, se tornando cada vez mais exigente com suas imagens, não vai demorar a ver que é algo fundamental para astrofotografia)

É isso aí pessoal. Não acredito que todas as suas dúvidas tenham sido sanadas, mas espero que tenha sido uma resposta aceitável.

Um Grande abraço
Rodrigo Andolfato.

sábado, 20 de abril de 2013

M17 - Nebulosa do Cisne (ou ômega) - Um Hubble Palette de que gostei




Eis uma imagem de que gostei, ainda mais por que foi feita com um céu totalmente desfavorável. Trata-se da nebulosa M17, na constelação de Sagitário. É com certeza um dos meus melhores Hubble Palettes até agora, mesmo que a nebulosa seja um pouco pequena para o campo de visão do setup. A foto anterior, NGC 6188, tinha ficado legal, mas o tom monocromático em amarelo foi considerado por mim um fracasso em relação ao que se espera quando se quer produzir uma imagem colorida através de filtros de banda estreita, quando a intenção é justamente realçar o contraste de cores. 

Acredito que talvez o fato de em NGC 6188 eu ter usado frames de cinco minutos no filtro H-Alpha e frames de 3 minutos nos outros dois, pode ter sido o responsável pela falta de mais contraste. Isso aconteceu por que na hora de fazer imagens com o outros dois filtros, eu perdi o alinhamento, não conseguindo repetir frames de 5 minutos sem que as estrelas apresentassem arrasto. Essas coisas acontecem quando você captura frames em noites diferentes.

Na imagem de hoje todos os frames foram feitos com bons 200 segundos de exposição e a lente ficou aberta em F2.5. Eu até cheguei a testar ela em F3.5, o que teoricamente deixaria a imagem mais plana e o foco mais fácil. O foco até que ficou mais fácil, mas os sub frames continuaram mostrando estrelas gordas no canto e a imagem muito mais escura não me agradou. Acho que F2.5 daqui para frente será o meu padrão de captura.

O setup tem sido o básico das últimas fotos. A verdade é que a combinação Atik 314L mais lente fotográfica, devido a sua leveza, facilidade de uso e velocidade de captação, tem se tornado um setup viciante. Consegue bons resultados sem autoguiagem, funciona sem nem sequer haver contra-pesos na montagem, já que a colocação do contra peso de 5 quilos da CG-5 se tornou inviável com esse setup, e me permite conseguir imagens razoáveis com tempos de exposição curtos. Vai ser difícil na hora que eu voltar a fotografar com o telescópio.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

NGC 6188, Nebulosas da Lagoa e Trífida num bom sábado de astrofotografia

NGC 6188. A imagem ficou bonita, mas não ficou com a riqueza de cores esperada de uma foto em Hubble Palette.

Ultimamente o céu anda super instável aqui em Brasília. a maioria das noites tem sido nubladas, mas a qualquer momento você pode ser surpreendido por uma noite de céu limpo. A noite da sábado, quando eu estou descansado e não tenho que acordar cedo no dia seguinte, é disparada a melhor noite para astrofotografia. Por isso ter céu limpo justamente na noite de sábado, quando em todas as outras o céu esteve fechado, é para mim a maior sorte que pode acontecer. E foi isso que aconteceu no último fim de semana.

Tendo o céu aberto, a principal questão que passa pela minha cabeça é: Qual objeto fotografar. Isto ficou ainda mais importante agora que tenho uma câmera monocromática. A gente fica doido para tentar um objeto novo, de preferência que não tenha fotografado antes, mas também há várias imagens em que foram captados apenas frames em H-Alpha esperando por frames com os outros filtros para ficarem coloridas. Voltar para o mesmo objeto de semanas anteriores é mais chato, mas pode ser recompensador com uma bela imagem no final.

Bem, como o tempo ajudou no sábado, tentei fazer as duas coisas. Capturei os frames com os filtros de enxofre (SII) e Oxigênio (OIII) da Nebulosa NGC 6188 e aproveitei o resto da noite (antes da corrida de Fórmula 1, o único evento televisivo ao qual eu realmente dou importantância) para pegar alguns frames da Nebulosa da Lagoa e Trífida com o setup Atik 314L+Canon135mmF2.0.

Nebulosa da Lagoa e Trífida, mais uma imagem em que eu junto o Luminance capturado com a Atik com o RGB da Canon T2i, ambos capturados com lentes de 135mm.


Os resultados ficaram bons, não perfeitos, mas bons. Ainda tenho problemas com alinhamento dos frames devido ao coma apresentado pela lente quando mais aberta. No próximo fim de semana quero fazer uns testes com a lente em F4.0 para ver se ela realmente fica plana nessa distância focal com a Atik 314L.

Algo que marcou está noite foi saber que enquanto o céu estava totalmente aberto em Águas Glaras, a apenas vinte quilômetros dali, um amigo me informava que em Sobradinho o céu permanecia completamente fechado. Era até difícil acreditar nisso, mas a foto abaixo, tirada não deixa dúvida de que mesmo estando tão perto, o céu não estava nada bom em Sobradinho, mais engraçado ainda foi saber que ficou assim a noite inteira.

Enquanto no Águas Claras tínhamos um céu bastante razoável, do outro lado do Distrito Federal, em Sobradinho, as nuvens não davam chance.


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Três livros indispensáveis para quem está começando na Astronomia

Após várias semanas sem possibilidade de fazer uma imagem de céu profundo, ou ao menos pegar mais frames das últimas imagens que fiz, achei que, ao invés de fazer um post reclamando das nuvens sobre Brasília, seria mais produtivo fazer um post de interesse geral para aqueles que estão começando na Astronomia. Eu raramente falo de Astronomia em si porque não acho que tenho domínio suficiente sobre um assunto tão complexo (embora tão apaixonante) e prefiro ficar onde é mais a minha especialidade, a Astrofotografia. Mas estou sempre lendo sobre o assunto por puro prazer. Por isso, hoje quero falar de três livros que nunca param na estante lá em casa.


Guia Ilustrado Zahar de Astronomia - Ian Ridpath - É provavelmente o livro mais comprado por quem está iniciando em Astronomia. O ponto forte são as ilustrações. O livro é ricamente ilustrado com imagens bonitas, coloridas e em grande resolução. A maioria das explicações são bem resumidas (às vezes até um pouco demais), mas a leitura é agradável e nos instiga a procurar saber mais sobre os assuntos tratados. O ponto forte, e diferencial em relação aos outros livros e a grande seção que mostra todas as constelações e os objetos mais interessantes para se ver em cada uma delas, destacando igualmente constelações do norte e do sul. Esta seção também aumenta muito a longevidade da obra.



O Livro de Ouro do Universo - Ronaldo Rogério de Freitas Mourão -  É mais profundo do que o livro anterior e menos do que o próximo. É com certeza o mais lúdico dos três, dando muito destaque para fatos históricos da astronomia e mesmo folclore e obras artísticas derivadas da Astronomia, sendo o seu diferencial. O ponto fraco são as ilustrações em baixa resolução e monocromáticas. Apesar disso, pelo texto corrido e agradável, que em muitas vezes atiça a imaginação, é no momento o livro de astronomia que mais leio.



Descobrindo o Universo - Neil F. Comins e Willian J. kaufmann III - Disparado o mais denso e de maior conteúdo entre os três e fazendo valer seu preço de mais de 150 reais (pelo menos para os padrões abusivos brasileiros), esse livro é usado em matérias de introdução à Astronomia em Faculdades de Astronomia. Apesar de ser um livro didático, pelo menos noventa por cento dele pode ser lido descontraidamente, pois a linguagem é totalmente acessível a qualquer um que tenha terminado o ensino médio de forma digna. O único capitulo que não consegui absorver foi sobre Spectografia, mas não foi culpa do livro.

Eu diria a um iniciante para que, se possível, lesse os três livros na ondem em que foram apresentados no post, pois eles vão ficando gradativamente cada vez mais complexos. Mas na verdade você sempre vai estar querendo ler os três, dependendo do tempo e ânimo em que esteja. Após cansar destes três livros, acho que já dá pra pensar em obras de temas mais específicos em Astronomia.

Ah, é claro, eu estava me esquecendo de Cosmos, de Carl Sagan. Certamente um dos melhores livros para se começar na Astronomia. Eu não tenho ele. Li faz uns dez anos um exemplar da biblioteca da universidade onde me formei. Foi um livro fantástico e imagino que não tenha ficado desatualizado, até por que a mente da Carl Sagan viajava longe. Se você conseguir encontrar um exemplar desta obra, aconselho a leitura imediata. ao contrário dos outros três, Cosmos é melhor lido como um romance, do começo ao fim.

terça-feira, 2 de abril de 2013

A Lua nascendo atrás dos prédios do Guará


Tirar fotos do nascer da Lua é algo bem legal, principalmente quando acompanhado de um cenário bonito, podendo ser ainda mais legal diante de um cenário bonito e também famoso.

Bem, o paredão de prédios que se formou recentemente no Guará 2, em Brasília, fruto da especulação imobiliária insana que ocorre nesta cidade, não é famoso, mas as linhas retas até que fazem um contraponto legal com a Lua ao fundo. Por isso, quando vi que a Lua estava nascendo atrás destes prédios achei que seria uma boa tentar umas imagens.

Fotografar a lua nascendo não é tão fácil como parece. Envolve algumas variáveis. No geral, as imagens devem ser single frames, já que a Lua está movimentando-se em relação ao cenário. A atmosfera tem que estar muito boa, transparente e sem nuvens, se não vai ser difícil conseguir visualizar detalhes da Lua, pois como ela está no horizonte, há muito mais atmosfera entre nos e a Lua do que quando ela está alta no céu.

Há uma contraposição interessante. Quanto mais baixo a Lua estiver, mas distorcida ela estará, mas também signíficará que ela não estará tão brilhante, o que permitira iluminar melhor o cenário sem estourar a Lua. Caso a Lua esteja mais alta, nosso satélite aparecerá muito bem definido, mas brilhara muito e o ideal será utilizar técnicas de HDR para equilibrar a sua luz com a do cenário.

Outra coisa legal que tentei fazer ontem, foi tentar fotografar um avião passando na frente da Lua. Como em relação a meu apartamento ela estava nasce exatamente atrás do aeroporto, imagino que, com um pouco de paciência, eu não demore a conseguir uma foto assim. Ontem foi quase. Um avião até passou na frente da Lua, mas infelizmente da parte escura.

As fotos deste post foram todas feitas com a Canon T2i e a Lente 135mm F2.0. Nem sequer um tripé foi usado, as imagens foram feitas com a câmera sobre o muro da varanda. Eu tenho muita vontade de tentar fotos assim com o telescópio, mas estava gripado demais para pensar em montar o telescópio. Na verdade eu não devia nem estar na varanda durante a noite.

Foi quase!