Chegamos ao fim de 2017. O ano que está para acabar foi um dos mais atípicos que já tive desde o começo da Astrofotografia. Certamente, o maior acontecimento deste ano foi a publicação do meu guia de astrofotografia, o Astrofotografia Prática. Após três anos de trabalho, muitos desafios, entre eles um gigantesco processo de revisão, finalmente o tão prometido livro foi publicado, com excelente recepção por parte dos astrofotógrafos. As duas versões, a impressa e a digital, tornaram-se os dois livros de fotografia mais vendidos do site Clube de Autores e a versão impressa está disponibilizada na Livraria Cultura, sem contar os grandes elogios que o livro recebeu.
Só um acontecimento do tamanho da publicação do Astrofotografia Prática para que o primeiro Eclipse Solar Total que presenciei, com uma viagem para os Estados Unidos, não se tornasse o maior acontecimento do ano. Ver um eclipse solar total é algo que todos em algum momento de sua vida devem tentar fazer. É certamente um dos maiores e mais belos acontecimento que os céus podem nos proporcionar.
O Eclipse foi um evento inesquecível, mas foi eclipsado (ha ha!) pela publicação do livro. |
Na astrofotografia em si, o ano foi um pouco pobre, marcado principalmente por fotos planetárias, principalmente belos registros de Júpiter. Por não ter férias disponíveis para o período, o Encontro Brasileiro de Astrofotografia foi o que minha participação foi mais curta até hoje. Nem a presença da nova câmera QHY163m foi capaz de evitar que fosse um dos meus EBAs menos produtivos. A falta de uma montagem portátil, com a venda do excelente Ioptron SkyTracker também foi um fator a se considerar. AQHY163m funcionou muito bem no EBA, mas o sensor maior não dialogou com a imensa poluição luminosa do apartamento em que moro.
A outra câmera QHY que comprei, a QHYIII-224c foi ainda menos aproveitada do que a QHY163m. Até agora, essa câmera planetária colorida foi muito mais utilizada como câmera de guiagem do que em fotografias. Eu sempre me perguntei se a QHY290mono não teria sido uma compra melhor (e teria), mas eu estava afim de ter um pouco de experiência com câmeras planetárias coloridas. Júpiter está chegando no começo do ano e só os resultados com este planeta mostrarão se esta compra realmente valeu a pena, nem que tenha sido pela curiosidade.
Mas 2018 está chegando. Uma nova estiagem virá, Júpiter e Saturno estarão disponível para fotografia, uma espetacular oposição de Marte ocorrerá em Julho, época sem nuvens, e os projetos para céu profundo são muitos.
O ano de 2018 deve começar com a publicação de um novo livro. Isso mesmo! Mas não será um guia de Astrofotografia. Será o meu primeiro livro de fotos. Algo que muita gente me pedia, principalmente meus amigos e seguidores que são mais interessados em Astronomia do que propriamente em Astrofotografia, e mesmo quem não é da área da Astronomia, mas que gostaria de ter um livro com essas fotos me perguntava por este livro. Eles me diziam: :"Eu não quero um livro sobre como fazer fotos, eu quero um livro com as suas fotos". Por isso, logo após o Astrofotografia Prática, eu iniciei a confecção do Viajante Espacial. A ideia era publicar o livro antes do Natal, mas decidi adiar a publicação por dois motivos: um melhor processo de revisão e também não correr o risco de ver pessoas comprando o livro como presente de Natal e não receberem o exemplar a tempo, o que deixaria muitas pessoas tristes. Decidi deixar a publicação para janeiro. Assim, não haverá preocupação de que o livro seja entregue numa data específica.
Com a publicação do Viajante Espacial, eu poderei ter um ano astrofotográfico muito mais intenso do que o anterior. Uma de minhas maiores apostas é que voltarei a ter uma montagem ultraportátil para Astrofotografia com lentes, principalmente a de 200mm. O já vendido Ioptron Skytracker será substituído pelo SkyGuider, também da Ioptron. Esse tracker tem duas vantagens relevantes em relação ao Skytracker. Possui pacote com contrapeso e também entrada para autoguiagem. Eu estava entre este Skyguider e a minimontagem SmartEQ, também da Ioptron.
A SmartEQ tem uma grande vantagem em relação ao Skyguider. Possui motorização no eixo de declinação, o que permite que a montagem também tenha GoTo e possa ser controlada por computador. Mas tem uma desvantagem considerável. É maior e mais pesada do que o Skyguider, sendo menos portátil. É uma montagem um pouco mais complicada para ser transportada numa mochila ou numa viagem de avião. Além disso, vi alguns comentários negativos em relação ao acabamento da SmartEQ, que muitas vezes necessita que o astrofotógrafo faça modificação no equipamento para funcionar perfeitamente.
Para quem não tem um observatório, ter uma montagem ultra portátil é sempre algo a se considerar. Já deixei de participar em muitos eventos de Astrofotografia simplesmente porque não estava disposto ao trabalho de arrumação e transporte de um telescópio e uma montagem EQ5 depois de uma semana puxada no trabalho. Com uma montagem menor, é sempre mais fácil eu largar a preguiça e me animar para uma viagem de uma ou duas noites para Astrofotografia, principalmente para lugares mais distantes.
O Ioptron Skyguider é basicamente o Skywatcher Adventurer da Ioptron. |
Mas o ano de 2018 não será feito só de Skyguider e fotografia com lentes. Também adquiri recentemente um corretor de coma da Baader, para o refletor de 200mm, que apresentava coma mesmo quando utilizado com a Atik314L+ e seu pequeno sensor de 2/3 polegadas. Com este corretor, poderei usar o refletor até com a QHY163m. A atik314L+, diga-se de passagem, não será vendida. Esta câmera é bem menos sensível à poluição luminosa de Brasília do que a QHY163m e capaz de produzir uma imagem de objetos menores superior. Por isso, não vejo razão para me desfazer da Atik314L+
Mas 2018 não trará somente equipamentos novos. Também trará diferenças na minha forma de tratar a Astrofotografia. Nos últimos meses, eu tenho consumido muito mais material sobre Astronomia do que vinha consumindo nos anos anteriores. Por isso, o futuro deste blog é ser mais astronômico e não somente tão astrofotográfico, usando minha fotos mais como base dos posts, mas sempre falando de qualquer aspecto astrofotógráfico que seja relevante.
É isso aí pessoal. Já estou há seis anos dedicado à astrofotografia e posso dizer que me sinto tão empolgado como no início. Nesses anos eu vi colegas começando e saindo da astrofotografia. Muitos enfrentaram obstáculos em suas vidas, outros iniciaram novos projetos, principalmente os mais novos. Mas o tema é enorme. Há ainda milhares de objetos esperando serem visitados por mim, galáxias, nebulosas, algumas que já devia ter visitado faz tempo, e espero que 2018 seja um ano bastante intenso na astrofotografia e, principalmente, neste blog.
Amigo Rodrigo, vc é o cara, com certeza. Amém, para as suas palavras, que vc venha mais inspirado do que já é e com a mesma paixão que demonstra não apenas pelas belas imagens bem como pelo farto repertório de informações e técnicas que são um show a parte. Muito obrigado por tudo que nos tem presenteado. Em ritmo de Natal posso dizer que vc é um verdadeiro Noel da astrofotografia, no geral, e o melhor de tudo é nosso, é verde e amarelo, parabéns pelo merecido sucesso com seu livro e também com seu blog, eu apesar de um pouco distante dos céus por motivos alheios, com certeza contra a vontade rsss... mesmo assim me aprimoro e aprendo com a leitura de seu belíssimo livro e com as visitas quase que diárias ao seu blog em busca de novidades.
ResponderExcluirGrande abraço, que Deus continue abençoando vc e sua família e que vc continue sendo essa pessoa espetacular que não mede esforços para desbravar, para mostrar seu trabalho e para nos ensinar.
Boas festas mestre.
Sou iniciante nesta arte e seu primeiro livro foi fundamental para mim. Espero ansioso por novas publicações no blog. Ah, e estou na fila esperando a publicação de seu novo livro!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Rodrigo, como vai?
ResponderExcluirEu comprei seu livro " Astrofotografia Prática" no começo do ano e posso dizer que aprendi muita coisa (ainda estou aprendendo) com ele. Posso dizer com certeza que o texto fará parte de muitos acervos bibliográficos sobre Astronomia no Brasil. Parabéns pela iniciativa! Preencheu uma grande lacuna sobre o tema aqui no país.
Seus comentários são sempre incentivadores, e sua experiência com equipamentos sempre ajudam muitos na escolha.
ResponderExcluirQue tenha um 2018 repleto de realizações.
Abraço
Olá Rodrigo, parabéns pela sua dedicação em compartilhar conhecimentos de astronomia no nosso país, onde a atividade é tão pouco conhecida.
ResponderExcluirEu mesmo iniciei o hobby há 02 anos, e infelizmente percebi que comprar equipamento aqui no Brasil está definitivamente sem futuro. Esses dias encomendei um binóculo novo para substituir o meu primeiro 10x50 Octans. Escolhi um Skylife Avalon 7x50, comprado na quase única loja funcionante da internet aqui do país. Cara, que decepção! Equipamento frouxo, oculares balançam ao toque do dedo, focalizador se mexe ao encostar as oculares no rosto....ainda veio descolimado.
Me impressiona como se opta por importar produtos de qualidade duvidosa ao invés de marcas conhecidas, e que dispõem de preços bons! O consumidor que quer comprar aqui fica limitado ao estoque das lojas, e tem que "torcer" para que tenha feito uma boa escolha.....já percebi que o caminho é importar mesmo.
Falo isso porque esse cenário é um forte desânimo para quem está iniciando na Astronomia, capaz de espantar potenciais admiradores do céu que, se não tiverem uma boa dose de persistência e PACIÊNCIA, são capazes de abandoná-la precocemente.
Parabéns pelo seu trabalho, continue assim.
Para curar minha decepção inicial, importei da Amazon um Orion Scenix 7x50, que chegou ontem! Excelente binóculo, entrega rápida mesmo sendo do exterior (e olhe que teve atraso na alfândega. Sem dúvida muito melhor que comprar no Brasil 😊
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