domingo, 29 de abril de 2012

Nebulosa de Cisne em 29 de abril e um pouco sobre autoguiagem.

M17 fotografada do Águas Claras, com o uso de Autoguiagem

Eu estou cada vez mais feliz com as condições e a capacidade de se fotografar da varanda de meu novo apartamento em Águas Claras. Até o EBA, no final de Julho, acho que poderei fotografar diversos objetos interessantes daqui.

Nesse sábado, com o céu limpando bastante depois da meia noite, decidi que era hora de tentar uma foto da Nebulosa de Cisne, também conhecida com M17 ou Nebulosa da Ômega. Depois da Nebulosa da Lagoa e da Trífida, essa nebulosa era um alvo natural, já que tenho excelentes imagens da Nebulosa da Águia, sua vizinha. A Nebulosa da Ômega foi uma das primeiras imagens que fotografei em minha história de astrofotografia e eu tinha certeza que mesmo aquela foto tendo sido tirada na chácara, eu conseguiria aqui do Águas Claras uma imagem muito superior. Já que hoje tenho mais técnica.

Um outro objetivo que tinha esse final de semana era voltar a usar autoguiagem. Técnica que não usava deste o Quarto Encontro Brasileiro de Astrofotografia, no distante Julho passado. Autoguiagem, para quem não sabe é uma técnica que se basea no uso de uma segunda câmera, normalmente uma webcam, uma câmera planetária ou mesmo uma dedicada a autoguiagem. Essa segunda câmera ira filmar uma estrela no céu para dizer, através de um sistema que a ligue a um tripé com entrada para autoguiagem, qual caminho a montagem deve seguir para se conseguir tempos maiores de exposição sem que as estrelas deixem rastros.

Existem duas formas de se ligar a câmera secundária à montagem. Algumas câmeras dedicadas a autoguiagem ligam-se a um computador que, através do programam PHD Guiding ou similar, manda a informação para a montagem. Essas câmera tem dois cabos, um ligando ao computador e outro ligando a montagem. A informaçào sai da câmera, vai para o PC, o PHD Guiding processa, manda de volta para a câmera que reenvia para a montagem. Há câmeras que possuem um pequeno LCD e que só podem ser ligadas diretamente a montagem, sem a necessidade de um computador.

Câmera da Celestron especializada em autoguiagem. A tela de LCD dispensa o uso de um computador.



A outra forma é ligar sua câmera planetária ao computador e com um cabo especial, ligar o PC à montagem. Eu uso desse jeito, ligando uma câmera planetária ao netbook e ligando netbook à montagem com um cabo GPUSB. Antigamente eu usava a Neximage, que não conseguia exposições de mais de 2 décimos de segundo. Agora uso uma DMK21AU04.AS, que consegue praticamente o tempo de exposição que eu quiser (ela vai até 60 minutos).

Existem duas formas de se usar as câmeras na autoguiagem. Uma é com um telescópio menor sobre o telescópio principal e outra é colocando a câmera segundária junto com a câmera principal, pegando um pouco do campo da imagem transmitida pelo telescópio. Como os sensores das câmera são quadrados e os barris onde elas encaixam são redondos, normalmente sobra um pedaço de campo, acima do sensor onde se pode captar a imagem através de um prisma e mandar a informação para a câmera de autoguiagem. Para isso é necessário um adaptador. Esta última forma tem a vantagem de não exigir um segundo telescópio e a desvantagem de que não é possível fazer ajustes no campo de visão da câmera. Você tem que usar o que está lá. Eu na verdade uso a primeira forma, com um pequeno refrator de 70mm de abertura sobre o telescópio principal. Com um segundo telescópio você pode fazer alguns ajustes movimentando ele levemente para encontrar aquela estrela que não apareceu no campo de visão.

Autoguiagem com dois telescópios

Autoguiagem com um telescópio. As duas câmeras dividem o campo da imagem através de um adaptador


Autoguiagem, quando funciona é algo extremamente recompensador, que lhe propicia  exposições bem longas. Numa CG-5GT torna viável exposições de até seis minutos, por exemplo. O problema é que autoguiagem também pode ser algo bastante chato de se configurar. Não é a toa que eu estava a quase um ano sem usar, por que nas últimas vezes preferi gastar tempo alinhando o telescópio e usei ISO maiores para conseguir imagens  melhores.

O que normalmente acontece comigo é que eu ligo a autoguiagem, conecto a câmera e o telescópio, faço a calibração e quando começa o "Guidind", a estrela que serve de referência sempre acaba correndo para um lado e o programa perde ela. Quando vejo a imagem resultante na câmera principal, o que aparece é uma imagem mais desalinhada do que se eu não estivesse usando autoguiagem.

Felizmente a revista Astronomy do último mês veio com algumas dicas interessantes sobre o uso de autoguiagem. A revista diz que a configuração do PHD Guiding devem ser feita de acordo com o Seeing do momento. Se as estrelas estão sempre bem pontilhadas e há pouca turbulência atmosférica, você pode colocar o "RA Aggressiviness" no setup do programa em 100 por cento. Caso o seeing esteja ruim esse valor deve ser reduzido, ficando entre 50% e 60% para noites turbulentas. A revista também diz que quanto pior o seeing maior deve ser o tempo de exposição entre os frames.

Sabendo disso, ontem resolvi finalmente colocar o Celestron Travescope em cima do  ED de 102mmm e tentar usar a autoguiagem. Coloquei o RA aggressiviness em 70 por cento, o tempo de exposição em 1 segundo e mandei calibrar a autoguiagem. Funcionou perfeitamente durante uns 40 minutos, quando o tempo começou a ficar estranho, com nuvens no céu e a atmosfera embaçada. Depois o céu nublou completamente e eu recolhi meu equipamento. Foi uma pena. Essa foto da Nebulosa de Cisne não ficou ruim, principalmente se pensarmos que foi feita numa área urbana densa, mas eu esperava pelo menos umas duas horas de exposição e consegui pouco menos de meia hora. Bem aquém do plano original.

Imagem tirada na chácara, com basicamente o mesmo setup um ano atrás. O céu era excelente, mas eu ainda tinha muito a aprender.

2 comentários:

  1. O progresso foi bem grande realmente. Observei que você utilizou a DMK como autoguider. Como foi feita a conexão com a montagem?

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  2. Valeu Gerson. Para conectar a câmera à montagem, eu conecto ela normalmente pelo cabo USB ao PC e conecto o PC à montagem por um cabo GPUSB como esse:

    http://astroshop.com.br/produto.asp?CodProd=52081

    Abraços
    Rodrigo

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Eu tenho me esforçado para responder todos os comentários, mas posso demorar um pouco, ou mesmo esquecer algum. Por isso, peço paciência e não fiquem constrangidos de me darem um toque, caso eu esteja demorando demais.