domingo, 25 de novembro de 2012

Um pequeno trecho do livro que estou escrevendo

Enquanto as nuvens seguem cobrindo Brasília sem dar chance até para algumas fotos da Lua, eu sigo escrevendo o meu livro de astrofotografia, que espero terminar no último trimestre do ano que vem. Eu tenho uma boa noção do tamanho do empreendimento e do desafio que tenho para frente, mas também tenho me divertido com a obra.

Não há nenhuma editora a vista, mas umas trinta pessoas já me pediram para reservar a obra, o que é muito motivador. Em relação a edição, isto é algo que não me preocupa muito. O que mais me preocupa é o preço que custará imprimir a obra caso tenha muitas imagens. Eu gostaria de colocar muitas fotos, mas se isso encarecer demais a edição final, vou dar mais foco no texto, que não busca apenas ser um manual de astrofotografia, mas também um divertido livro sobre astrofotografia, com trechos como o que você vê abaixo:

"Coisas que você deve saber sobre astrofotografia ... 

 ...4 - Astrofotografia nem sempre é relaxante Na verdade pode ser é bem estressante: Sim, astrofotografia é para mim a atividade que mais me faz bem. Durante as noites de astrofotografia eu me sinto totalmente conectado com o que estou fazendo. Nada mais importa. E esse de sligamento de todo o resto é algo maravilhoso. Mas como eu disse no item anterior, muita coisa pode dar errado, ou pior, em certas noites parece que nada dá certo. A primeira noite de um encontro de astrofotografia pode ser meio surpreendente para um novato, que muitas vezes imaginaria como sendo o mais calmo dos encontros. No geral na primeira noite de um encontro assim, quase todos os astrofotógrafos encontram problemas (principalmente aqueles que resolvem detonar o estoque de vodka e conhaque). E o que se vê é um clima de stress, nervosismo ou mesmo desespero. Um descobre que esqueceu aquele parafuso de dois centímetros que serve para estabilizar a montagem, outro esqueceu o adaptador para ligar a fonte na energia, outro derrubou o telescópio de cinco mil dólares que chegou semana passada no chão por que esqueceu de apertar o parafuso do dovetail. Nas noites seguintes, a bebida vai acabando, os problemas vão se resolvendo e os astrofotógrafos vão se acalmando (alguns não se acalmam justamente por que acabou a bebida)." 

Um grande a braço a todos

sábado, 17 de novembro de 2012

Plêiades com a lente de 50mm, da varanda do apartamento

 M45 - Aglomerado Aberto Plêiades
Águas Claras- DF - 15 de novembro de 2012
Exposição 36x30 segundos ISO 800
Canon T2i modificada - Lente 50mm F1.8 (em F3.5) - EQ-1 motorizada
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 +20 darks,
Pós-Processamento - Photo Shop CS4


Finalmente o céu abriu um pouco aqui no Águas Claras, depois de quase três semanas de nuvens (a última foto que tirei foi dia 27 de outubro). Foi uma pena que era uma noite em que eu tinha que acordar às seis e meia da manhã no dia seguinte, e não pude aproveitar muito. além disso, as nuvens não deram uma trégua completa, aparecendo de tempos em tempos para dificultar as coisas para mim.

E como eu sabia que não teria muito tempo, não arrisquei levar a CG-5 com o ED de 102mm para a varanda. Nessas horas a leveza e praticidade de EQ-1 acabam falando mais alto, ainda mais com o risco de uma chuva inesperada a qualquer momento. Como a lente de 135mm já foi devolvida ao dono e eu não tinha estreado a lente de 50mm F1.8 para astrofotografia ainda, achei que estava na hora de testá-la. Pluguei a lente na Canon T2i, coloquei o conjunto na EQ-1 e fui para a varanda.

O Alvo da noite foram as Plêiades, um dos aglomerados abertos mais próximos do Sistema Solar (as Híades são o aglomerado mais próximo). É um objeto de tamanho aparente pequeno para uma lente com apenas 50mm de distância focal. Eu até poderia ter colocado as Híades na foto, mas se fizesse isso, tanto as Plêiades como as Híades ficariam no canto da imagem.
Por falar em canto da imagem, é incrivél como as estrelas ficaram distorcidas nos cantos das fotos quando a lente estava com o diafragma aberto em F1.8. A imagem só ficou completamente uniforme com o diafragma em F4.5. apesar disso optei por uma abertura intermediária, F3.5, pois queria captar mais luz e sabia que acabaria cropando a imagem final.

O Resultado final foi bom, mas foi prejudicado pela ausência de Flat Frames. Eu até estava querendo fazer alguns, mas o céu ficou muito nublado e não havia uma área uniforme para a captação somente da vinhetagem. Lembrando sempre que não dá para comparar as imagens feitas da varanda do apartamento com aquelas feitas na chápada ou na chácara, longe da poluição luminosa de Brasília.

domingo, 11 de novembro de 2012

Coisas que você vai aprender quando quiser comprar um telescópio

O post mais visitado e comentado deste Blog é "Coisas que você vai aprender quando quiser comprar um binóculo". Então é engraçado que eu nunca tenha feito um equivalente sobre telescópios. Por isso, aproveito este momento em que as nuvens cobrem o céu de brasília há semanas para me redimir disso.

Escolher o telescópio certo para você não é fácil. Na verdade acredito que é uma das coisas mais difíceis de se comprar devido a enorme quantidade de modelos disponíveis. Certamente é bem mais difícil de escolher do que um binóculo. Mesmo assim, vou tentar ajudar nos parágrafos a seguir, lembrando que esse post é voltado para quem quer comprar o primeiro telescópio voltado para astronomia observacional.

Primeiro: Não se compra telescópios pelo aumento.


Como eu disse no post "O primeiro telescópio: Primeiro Passo: Aceitar que qualidade tem um preço", quase todo shopping tem uma loja com alguns telescópios pequenos expostos na vitrine. Normalmente são lojas de presentes e eu acredito que elas colocam os telescópios ali mais para chamar atenção para a loja do que propriamente para vendê-los, até por que eles normalmente custam um preço que deveria assustar um comprador um pouco mais exclarecido e assim ficar mais tempo enfeitando a loja. Acontece que sempre aparece alguém com mais dinheiro do que conhecimento sobre telescópios e acaba levando os aparelhos.

Normalmente nessas lojas de shopping é colocado um pequeno cartaz nos telescópios, anunciando o aumento do aparelho, quase sempre com números impressionantes, como 625x. Isso certamente chama a atenção de quem está afim de seu primeiro telescópio e não entende nada desse assunto. Mas digo: anunciar um telescópio pelo aumento é um erro sem tamanho, pois não representa nada. Bem! Na verdade temos esse valor através da medida da distância focal do telescópio dividida pelo tamanho da menor ocular multiplicada pelo aumento da barlow que acompanha o conjunto, mas nestes telescópios de shopping esse aumento sempre ultrapassa de longe o aumento real que o telescópio pode fornecer, que nessa configuração não produz nada de forma decente, nem sequer quando usado para observações diurnas.

Segundo: A principal característica da ótica de um telescópio é a abertura, depois vem a distância focal.

Não adianta um telescópio prometer aumentos se ele não tem abertura para isso. Um telescópio de 60mm prometer um aumento de 500 vezes é como um carro popular com motor 1.0 prometer atingir 400 km por hora numa subida carregando um trailer nas costas. Isso vai totalmente contra a potência do carro. E o que define a potência do telescópio é a sua abertura. Quanto maior for a abertura, maior será a capacidade do telescópio de absorver luz e também a sua resolução. Abertura nada mais é do que o diâmetro da lente ou do espelho primeiro de um telescópio. Para os mais leigos, abertura é a grossura do tubo de um telescópio (a não ser que haja um sacana que coloque um espelho de 60mm num tubo de 200mm). Quanto mais grosso for um telescópio, mais potente ele será.

Outra característica importante do telescópio é a distância focal. Distância focal é a medida entre a lente e o seu ponto focal. É a distância em que você deixava a lente da folha de papel para queimar a folha, na sua infância, ou a distância que você afastava a lente dos seus olhos até que a imagem se invertesse. É nessa distância que as oculares do telescópio devem ficar para que você consiga ver a imagem com foco.

Refletor com 200mm de abertura e 800mm de distância focal, ou seja F4 (Distância focal dividida pela abertura), bom para observação de objetos de céu profundo.

A principal importância da distância focal para o telescópio é que quanto maior for essa distância, maior será o aumento. Por exemplo, num telescópio de 120mm, com distância focal de 900mm, se você colocar uma ocular de 10mm, terá um aumento de 90 vezes. Já num telescópio com os mesmos 120mm de abertura, mas com 450mm de distância focal, se você colocar a mesma ocular de 10mm terá um aumento de 45 vezes. É interessante notar que mesmo que você aumente a abertura, ou seja, o tamanho do espelho ou da lente, se a distância focal for a mesma do telescópio menor, o aumento continuará o mesmo. A diferença é que este telescópio de abertura maior irá produzir uma imagem mais clara e com melhor resolução.

Não apenas os valores absolutos da abertura e da distância focal são importantes, mas também a relação entre os dois. Quanto menor for o valor da distância focal dividido pela abertura, mais claro será o telescópio. Não adianta muito um telescópio ter 200mm de abertura, mas uma distância focal de três metros, que seria chamada de F15 (3000mm dividido por 200mm). Ele será um telescópio muito escuro para galáxias e nebulosas, embora seja excelente para planetas, que precisam de mais aumento do que luz. Para se usar esse telescópio de forma satisfatória para objetos de ceu profundo você precisará de grandes oculares, uma ocular de 30mm gerará imagens com aumentos de 100 vezes. Não parece muito, mas saiba que, a cada duas vezes que você aumenta a distância focal, a absorção de luz diminui quatro vezes.

Grande refrator com distância focal 15 vezes maior do que a abertura (F15), ideal para observação planetária.


Já o contrário, um telescópio de 200mm com distância focal de 800mm, que é chamado de F4, terá bastante claridade e será muito bom para galáxias e nebulosas, mas para se conseguir imagens dos planetas com maiores detalhes, será necessário o uso de barlows e oculares bem pequenas. Para se conseguir um aumento de 200x (bem adequado para observação planetária) num tele com distância focal de 800mm, você precisará de uma ocular de 4mm ou de uma de 8mm com uma barlow de 2x.

Repare que a distância focal afeta o uso de um telescópio sim, mas não é como a abertura. Se a qualidade ótica for boa, você pode adaptar a distância focal com o uso de barlows (aumentam a imagem), redutores focais (diminuem a imagem) ou oculares maiores e menores, mas com abertura não adianta. Barlows não vão fazer a imagem de Júpiter melhorar num telescópio de 60mm de abertura, vão apenas transforma-lo num borrão. E também não adianta colocar uma ocular de 40mm num refrator de 60mm com 1200mm de distâncial focal que não irão aparecer detalhes mesmo das nebulosas mais brilhantes. Embora eu goste de refratores de distância focal pequena, por que terão campos maiores e são muito bons para se aprender a explorar o céu (um binóculo, por exemplo, são dois pequenos refratores de distância focal curta colocados lado a lado).

Devido às características da sua ótica, cassegrains conseguem ter grandes distâncias focais em tubos menores. O modelo acima tem 127mm de abertura, mas 1500mm de distância focal (F11.8), produzindo grandes aumentos.


Terceiro: A montagem de um telescópio deve ser analisada com tanta atenção quanto a sua ótica.

A montagem de um telescópio é o tripé ou qualquer outra estrutura que carregue o tubo ótico. É muito comum iniciantes não se importarem muito com ela e olharem apenas para o tubo. Mas comprar um telescópio com uma montagem ruim é um erro tão grave quando comprar um telescópio com ótica ruim. Nada é pior que apontar o telescópio para Júpiter e ele ficar balançando até que saia do campo de visão (em montagens sem motorização). As melhores marcas costumam vender telescópios com montagens adequadas ao tubo ótico. Mas marcas inferiores podem vender telescópios grandes sobre montagens muito fracas, que suportam o peso do telescópio, mas só isso, sem qualquer estabilidade. Lembre-se de que num aumento de 300 vezes, qualquer balançar imperceptível no tubo é um verdadeiro terremoto ao se olhar pela ocular.

Se puder, compre telescópios com montagens motorizadas, ou que possam ser motorizadas depois. Acompanhar um objeto numa montagem motorizada, principalmente em grandes aumentos, é indescritívelmente melhor do que numa sem motor. Em grandes aumentos os objetos celestes, por causa da rotação da Terra, movimentam-se muito rápido no campo de visão da ocular, isso acaba fazendo que você nunca consiga ver muito bem os objetos e atrapalha muito na percepção dos detalhes.

Quarto: O melhor telescópio para seu amigo pode não ser o melhor telescópio para você.

Você mora num apartamento no centro de uma cidade grande, com os pais, não tem carro e nem carteira de motorista, mas foi na casa de um amigo do seu pai e descobriu que ele tem um telescópio enorme e ficou doido por ele. Também leu em vários fóruns (inclusive neste texto faz uns dois minutos), que abertura é a característica mais importante de um telescópio. Então decidiu economizar para comprar aquele refletor de 300mm de abertura que viu no mercado livre. Cuidado, você pode estar fazendo uma tremenda besteira se não tiver realmente condições de usar esse telescópio. Talvez para o amigo do seu pai um telescópio grande seja a melhor opção, se ele mora numa chácara ou tem um carro grande para levar para lugares mais escuros, ou mesmo se tem um observatório. Já para você, talvez esse mamute se transforme num elefante branco, que quase nunca será usado e provavelmente um aparelho menor, que você consiga carregar, ou transportar no carro sem surtar os seus pais, seja uma opção muito melhor. Um cassegrain de 102mm pode ser muito melhor para algumas pessoas do que um refletor de 300mm. Analise bem as suas condições de uso e transporte do telescópio antes de comprá-lo.

O astrônomo Conrado Serodio, usando um bom telescópio portátil. Cassegrains são excelentes para quem precisa de um setup leve e que possa ser levado para lá e para cá sem causar dores de cabeça.

Quinto: Antes de se comprar um telescópio, você deve saber claramente o que espera dele e para que ele será usado.

Nunca compre um telescópio apenas por que quer um telescópio. É difícil achar um telescópio que seja bom em todas as áreas da astronomia. Alguns são melhores para planetas, outros para céu profundo. Alguns aparelhos são mais voltados para astrofotografia do que para observação. Você tem que saber exatamente o que quer deste aparelho antes de comprar seu primeiro telescópio. Se você mora numa cidade grande por exemplo e não tem condições de ir para um lugar escuro, acompanhar e fotografar planetas pode ser uma atividade muito mais recompensadora do que tentar observar galáxias. Procure um telescópio especializado em planetas e você terá anos de diversão da janela do seu apartamento. Já se você mora num local escuro, um telescópio de grande abertura será algo que você não irá querer abrir mão.

Sexto: Não compre um telescópio pelos acessórios que vem com ele. 

Nunca escolha um telescópio pior com muitos acessórios no lugar de um melhor com poucos acessórios. Pois você poderá melhorar este último comprando os acessórios quando sobrar mais dinheiro. Já um telescópio ruim não pode ser melhorado. Normalmente nenhum acessório que você for comprar irá melhorá-lo, não importa qual seja a ocular ou o o filtro, ele sempre vai lhe dar uma imagem ruim.

Mais vale comprar um bom telescópio com poucos acessórios do que um telescópio ruim com muitos acessórios. Os acessórios podem ser comprados depois.

Vale lembrar que, produtos muito inferiores muitas vezes nem sequer tem compatibilidade com os acessórios disponíveis no mercado. Se você comprar um telescópio cujo barril da ocular não esteja no padrão do mercado, muito dificilmente conseguirá adquirir uma barlow, um filtro, ou uma ocular que sirva nele.

Sétimo: Deve se prestar atenção na marca de um telescópio

A marca de um telescópio, na maioria das vezes, indica o nível de qualidade do aparelho. Existem praticamente três níveis de marcas em equipamentos astronômicos. Na base estão as que vendem produtos cuja qualidade normalmente decepciona seus usuários, onde as mais famosas são Toya, Greica e Tasco. Se o telescópio não tiver nenhuma marca evite mais ainda. Pode até ser um excelente exemplar fabricado na Rússia, mas se você não puder testá-lo muito antes de comprar, não arrisque.

No nível acima temos as marcas que investem no custo benefício. Essas marca às vezes tem um pé nos produtos lixo (A Celestron, por exemplo, vendia, ou ainda vende, um refletor com lente Relay, algo que os astrônomos amadores mais experientes abominam), e outro pé nos produtos top, mas no geral vendem bons produtos de qualidade a preços mais acessíveis. São as marcas mais famosas como Orion, Celestron, Sky-Watcher, GSO. O Grande problema dessas marcas é que seus produtos são de uma diversidade tão grande, que essa informação acaba não ajudando tanto na compra (o mais importante aqui é evitar as marcas ruins).

Também há aquelas marcas dedicadas a produtos de primeiríssima linha, como Takahashi, TeleVue, Oficina Stellare e outras. Essas marcas se concentram em produtos de qualidade premium, em geral muito apreciados por astrofotógrafos avançados. A Vixen já foi uma dessas, mas hoje tem se posicionado entre o grupo do parágrafo anterior e este. Pode ser inesperado o que eu vou dizer, mas tome cuidado com as marcas top também. Elas podem ter produtos que custam cinco vezes mais, mas que entregam dez por cento a mais de qualidade na imagens e na qualidade da montagem do que o grupo do parágrafo anterior (isso acontece em muitas outras áreas além da astronomia). Veja se você realmente precisa desse nível de qualidade. Nessa faixa muitos telescópios e montagens são mais voltados para Astrofotografia do que para observação. Um telescópio apocromático com três elementos de 90mm é um instrumento maravilhoso para astrofotografia, mas na ocular não lhe dará imagens mais interessantes de uma nebulosa do que um bom refletor de 200mm que pode custar até 10 vezes menos. Mesmo que o APO seja mais portátil, um bom cassegrain de 127mm irá pesar a mesma coisa e fornecer imagens tão boas por uma fração do preço.

Oitavo: Para Brasileiros, comprar telescópios é bem mais complicado do que para americanos ou europeus.

Esta é uma triste verdade. Quando queremos comprar um bom telescópio no Brasil a sensação que temos é de que vivemos em outro planeta e os telescópios precisam ser trazidos para cá em sondas espaciais, por isso chegam sempre muito mais caros e muitas vezes se chocam com um asteróides e acabam nem chegando até nós. Infelizmente a melhor forma de ter um bom telescópio no Brasil muitas vezes é você mesmo ir para o exterior e se aventurar trazendo o aparelho para cá. Há muitos bons modelos até a cota de 500 dólares. E se você for mais corajoso, compre um mais caro e tente colocar ele no meio da bagagem e torça para que ninguém da receita pare você.

O melhor lugar para se comprar telescópios no Brasil, é sem dúvida o site Armazém do Telescópio. Eu não estou fazendo nenhuma propaganda, estou apenas dizendo uma verdade conhecida por todo astrônomo com um pouco mais de experiência em comprar equipamentos na área. O Armazém vende produtos de qualidade por preços bastante acessíveis. Vale lembrar que eles vendem telescópios e montagens grandes, que você dificilmente animaria trazer na bagagem numa viagem para o exterior. O defeito do Armazém é que eles não tem muitos modelos e às vezes ficam meses sem estoques, até por que, quando eles são renovados, muitos modelos são totalmente vendidos em questões de dias. A Astroshop também pode ser um opção. Eles tem uma grande variedade de telescópios, embora com preços mais elevados.

Nono: Nunca compre um telescópio por que ele é bonito.

O que estou dizendo pode parecer óbvio, mas a verdade é que já vi muita gente decidir por um modelo simplesmente por que ele era mais bonito. Esse na verdade é um dos erros mais comuns que astrônomos iniciantes fazem. Realmente telescópios são aparelhos bonitos, lembram armas laser futuristas e, por isso, podemos acabar nos encantando pelo modelo mais vistoso em detrimento de um aparelho muito melhor, cuja aparência não nos agradou tanto. Lembre-se: telescópio é um instrumento de precisão. Todas as peças devem ser fabricadas com esmero, se não darão aos usuários apenas dores de cabeça. compre um telescópio pela beleza apenas se você já tiver consciência de que não irá utilizá-lo para observações e sim como enfeite da sala de visita.

Se quer um telescópio para enfeitar a sala, compre um destes
Se você ficou um pouco confuso sobre os modelos de telescópios, pretendo, no próximo post fazer uma enumeração dos tipos de telescópios existentes no mercado.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Falando sobre os dois filmes mais astronômicos de 2012: Parte 1: Melancolia

Cena de "Melancolia" filme de Lars Von Trier

Finalmente consegui assistir a "Melancolia" e "A Árvore da Vida". E por que resolvi falar desses filmes neste Blog? Simplesmente por que foram os dois filmes mais ligados a Astronomia que eu vi este ano e ambos contém material astrofotógrafico, foi isso que me atraiu nestes dois filmes, e, após assistí-los, resolvi falar das duas obras.

Atenção, o texto abaixo contém spoilers, por isso se você pretende assistir ao filme e não quer saber o final, caia fora enquanto pode!
Melancolia é, dois dois filmes, aquele em que a astronomia está mais forte dentro do tema. O filme começa mostrando um casamento da aristocracia, numa bela mansão que mais parece um castelo. Nós acompanhamos a protagonista da primeira parte da produção, Justine, a noiva, que parece ser incapaz de se adaptar a aquele ambiente social e é nos apresentada como uma mulher enlouquecida. O filme já dá algumas dicas de que tem algo estranho no céu. Várias vezes vemos um telescópio em cena e a protagonista uma hora comenta que a estrela Antares desapareceu (foi ocultada pelo planeta), mas essa primeira parte é mesmo sobre o casamento, que termina em fiasco devido as pirações da noiva. O noivo a larga depois que ela se atraca com um estagiário da empresa do sogro em plena festa. Tudo para decepção da irmã e do cunhado de Justine, que haviam feito todos os esforços para dar a ela o casamento mais espetacular do mundo.

A segunda parte do filme foca na irmã, Claire, e no cunhado de Justine, John. Eles esquecem o casamento e agora estão mesmo é preocupados com a história de um planeta, chamado Melancolia, que está aproximando-se da a Terra. Claire lê algumas notícias temerárias na internet, que indicam que o planeta irá se chocar com o nosso planeta, enquanto John, que também é astrônomo amador se mostra otimista, acreditando que os planetas vão apenas passar bem perto um do outro e tudo o que teremos será a espetacular oportunidade de observá-lo de perto.

Noite com duas Luas. Uma delas é o Planeta Melancolia

Os dois planetas passam perto e se afastam, para alegria de John, mas devido a um efeito gravitacional já previsto por um site que Claire havia lido, os dois corpos celestes voltam a se aproximar e dessa vez parece que nada vai impedir o fim de toda a vida na Terra.

Tanto Claire como John, mostrados como sustentáculos da família de Justine na primeira parte do filme, agora desabam com a realidade. John vai para o estábulo e se entope de comprimidos, se matando e deixando o filho e a esposa sozinhos na hora que mais precisariam dele. Claire corre como uma barata tonta pelos campos até que decide se juntar a Justine, que parecia estar aceitando o fim do mundo melhor do que muita gente aceita ter tomado uma multa.
A mensagem que entendi do filme foi: No contexto aristocrático de uma sociedade repleta de regras de etiqueta, Justine é a louca, mas diante de um acontecimento natural muito maior, aquela sociedade se desmantela enquanto Justine agora mostra-se a única capaz de lidar com a situação de uma forma digna. E ela que dá a irmã e ao sobrinho o suporte negado pelo cunhado.

Eu não conheço os outros trabalhos do diretor do filme, Lars von Trier, mas li que ele é bem polêmico e misantrópico. Assisti a Melancolia devido principalmente a temática Astronómica, embora alguns misturem o tema do filme com aquela história maluca de Niburo. Não sei até que ponto o filme foi inspirado nisso. Ele é muito mais focado em mostrar a reação das pessoas diante do fim do que no ato em si. Me fez lembrar de uma frase famosa de Carl Seagan, que diz: "O universo não parece nem benigno nem hostil, apenas indiferente". Melancolia pra mim, é sobre como as pessoas se comportam ao terem diante desta indiferença cósmica.

Gostei muito das imagens do planeta, em especial a cena em que o céu parece ter duas luas. Depois Melancolia (o planeta) fica bem maior e ameaçador do que a Lua. A sequência final, do choque do planeta foi simples, mas perfeita dentro do contexto do filme.

John usa um aparato simples, feito com arame, para acompanhar a aproximação do planeta.

Durante uma cena aparecem algumas astrofotos. Mas fiquei pensando se elas foram feitas pelo próprio diretor ou algum amigo dele, pois até eu, com meu equipamento simples, conseguiria fazer imagens melhores.

Eu gostei muito do filme. Em especial por que adoro filmes lentos, mas que tenham uma boa história. Quem estiver esperando algo com o ritmo de um Cavaleiro das Trevas ou Vingadores pode ficar entediado com o ritmo da obra (em minha opinião isso será mais culpa sua do que do filme). A primeira parte, focada no casamento, me deixou um pouco preocupado, confesso, me fez me perguntar se o filme me daria aquilo que eu esperava dele, na segunda parte as minhas espectativas foram preenchidas. Gostei muito de Melancolia, mas gostei ainda mais do outro filme: Á Arvore de Vida,  para não me estender muito, vou falar dele no próximo post.

domingo, 4 de novembro de 2012

Dois anúncios muito importantes (e legais)

Senhores, hoje tenho dois anúncios que acho que os leitores deste blog vão gostar muito.

O primeiro é que fui convidado a participar de uma mesa redonda sobre astrofotografia na Campus Party 2013, que ocorre em São Paulo, em fevereiro. O que me deixou mais feliz é que fiquei sabendo que os convidados foram eu, o José Carlos Diniz e o Fábio Plocos. Ter sido convidado junto com dois dos melhores astrofotógrafos do Brasil foi uma grande honra para mim.

Ainda lembro muito bem da Campus Party de 2011. Eu fui só para assistir, não participei de nada e estava interessado principalmente nas palestras sobre astrofotografia, que foram dadas justamente pelo Diniz e pelo Plocos, que foram ótimas e certamente muito importantes para mim, que na época não havia nem sequer adquirido o telescópio ou mesmo a câmera. E agora, dois anos depois, ser convidado para participar justamente com esses dois para um debate é incrível. Foram dois anos para que eu saísse de aspirante a palestrante de Astrofotografia, o que mostra que, apesar de um ou outro erro, eu segui o caminho certo.

Outra notícia que quero dar é que comecei a finalmente escrever meu livro de Astrofotografia. Isso mesmo, eu sei que não sou o melhor astrofotógrafo do mundo, nem domino todas as técnica existentes, mas acho que sei um bocado para tentar ajudar, principalmente quem está começando. Astrofotografia é uma atividade apaixonante e viciante, mas vejo muitas pessoas com dificultade para conseguir se firmar nessa área por várias questões: compra do equipamento inadequado, dificuldade com alinhamento, dificultade em processar imagens, entre outras. Vejo pessoas que investem grandes somas em equipamentos equivocados e depois passam anos sofrendo, tentando tirar leite de pedra sem entender por que suas fotos não ficam tão boas como a dos outros astrofotógrafos. Mas também vejo pessoas que compram o equipamento correto, do qual a gente espera fotos espetaculares, mas não conseguem utilizá-los do jeito certo e desaparecem dos fóruns de astronomia, deixando instrumento que poderiam conseguir resultados maravilhosos parados por anos até serem vendidos em sites de leilões.

Espero acabar este livro até o EBA de 2013, onde espero conseguir mais algumas belas fotos para ilustrar ainda melhor a obra. Anuncio este livro hoje por que não me importo se outros astrofotógrafos tiverem a mesma idéia e também tentem publicar um livro no assunto, muito pelo contrário, apoiaria totalmente esta outra obra e certamente seria um interessado em adquirir este livro, pois eu sonho em ver a astrofotografia como um hobby disseminado no Brasil, algo que será bom para todos nós.

Imagem das Nebulosas Pata de Gato e Lagosta feitas com uma Canon T2i sobre uma modesta montagem EQ-1. A idéia do livro é ajudar quem está começando na astrofotografia a conseguir imagens como está, sabendo o que é necessário para isto tanto em equipamento como em técnica.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Um passo adiante para imagens em Hubble Palette com DSLR

 M42 - Nebulosa de Orion
Águas Claras- DF - 27 de Outubro de 2012
Exposição 13x120 segundos ISO 800(para cada canal - H-ALpha, OIII e SII)
Canon T2i modificada - ED 102mmF7 - CG5
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+10 darks, +4 Flats e 4 dark Flats para cada canal)
Pós-Processamento - Photo Shop CS4 e Windows Live Galery

Veja a imagem acima. Está longe de ser a minha melhor foto. Tem erros visíveis e foi tirada durante a Lua Cheia. Mas é uma das imagens que mais me deu alegria até hoje. E por que uma imagem tão deficitária me deixaria tão feliz? Repare bem nela e você verá que essa não é uma foto comum da nebulosa de Orion (M42), ela foi feita a partir de três imagens cada uma captada com um filtro especial diferente (H-Alpha, OIII e SII). Reparem também que foi utilizado o Hubble Palette na imagem, e com sucesso.

Eu estava tão ansioso para fotografar em Hubble Palette que tive que aproveitar o céu aberto em plena Lua cheia. Eu também acabei fotografando mais cedo do que devia. Se tivesse esperado um pouco mais, Orion estaria mais alta no céu e longe das luzes do plano piloto aqui em Brasília. Além disso, se o céu estava aberto, estava longe de estar limpo. Praticamente todo o céu estava embaçado, no dia seguinte, com a Lua já praticamente um circulo perfeito, deu pra ver claramente que o céu estava muito mais limpo.

Agora é esperar pela Lua nova, fazer muito mais frames do que os 13 que fiz para cada filtro (120 segundos em ISO 800), trabalhar melhor o foco (num refrator ED, cada filtro apresenta um ponto focal diferente) e tentar uma foto realmente bonita da Nebulosa de Orion. Agora é rezar, e muito, para um céu limpo no feriado de 15 de novembro. Eu espero também, publicar junto com esta nova imagem um tutorial bem legal de como fotografar imagens em Hubble Palette com DSLRs.

Assim estava a Lua no dia da imagem acima. Esta foto foi feita com o Setup de Autoguiagem (Travelscope 70mm + DBK 41AU02.AS

sábado, 27 de outubro de 2012

Comparando uma Câmera CCD colorida com sua equivalente monocromática

Ontem o céu estava limpíssimo aqui em Brasília. Era uma pena que a Lua estivesse quase cheia, mas resolvi aproveitar a situação e comparar duas câmeras que estão comigo aqui em casa. A primeira é a DMK41AU02.AS emprestada por um amigo e a segunda é uma DBK41AU02.AS que eu possuo. Essa sopa de letrinhas pode parecer meio confusa, por isso vou dizer apenas que são duas câmeras totalmente equivalentes. A única diferença é que a primeira é o modelo monocromático, enquanto a segunda é o modelo colorido.

Para quem não se lembra. Eu havia comprado o modelo monocromático de uma loja de Portugal. Mas infelizmente eles me mandaram o modelo colorido por engano. Meu amigo que me emprestou a câmera monocromática adquiriu a DMK41 e a DMK21 por indicação minha. Felizmente ele deu mais sorte e recebeu as câmeras corretas.

Mas vamos ao teste. De cara eu percebo algo muito interessante entre as duas câmeras. A câmera monocromática só registra no modo de compressão Y800, em até 15 frames por segundo. A Colorida também registra nesse modo de compressão e quando colocada neste modo também grava em 15 frames por segundo, mas daí a imagem fica com um aspecto esquisito, toda quadriculada. A câmera colorida também tem o modo de compresão UYVY, que não apresenta interferências. Mas neste modo, que é o único usável, grava apenas em 7.5 frames por segundo (Isso no meu netbook). Além de gravar com a metade da velocidade, os arquivos também ficam com o dobro do tamanho. Então, para gravar 700 frames a câmera monocromática cria um vídeo com 900 megabytes, enquanto a colorida, para o mesmo número de frames, cria um arquivo com 1,8 gigabytes.

É de conhecimento de todos com um pouco de leitura sobre astrofotografia, que câmeras monocromáticas são melhores para astrofotografia do que câmeras coloridas. Então, esse teste não foi para ver qual duas duas é melhor, já que teríamos uma óbvia vencedora. O que eu queria ver é qual é a exata diferença entre as duas câmeras.

No teste eu comparei duas imagens feitas com a Shorty 2x Barlow destacando a cratera de Tycho. Resolvi usar como critério o tamanho dos vídeos e não o número de frames. Ambos os vídeos tem cerca de 800 megas. Com 350 frames para a câmera colorida e 700 para a câmera monocromática. Vale lembrar que o tempo de captação também foi o mesmo para ambos, pois a monocromática captura duas vezes mais frames por segundo. Por isso eu considero esta a comparação mais justa, pois temos tanto o tempo de captação como o espaço em disco ocupado equivalentes. Vale ainda lembrar que se o vídeo tiver mais de um Gigabyte, o Registax entra em Extended Vídeo Mode, ou "modo retardado", onde para cada comando é necessário esperar uns cinco minutos pela resposta.

Vamos abaixo as duas imagens.

Imagem feita com a câmera MONOCROMÁTICA

Imagem feita com a câmera COLORIDA
Com as imagens em tamanho pequeno não é muito fácil perceber a diferença. Apenas parece que a da câmera monocromática está ligeiramente mais escura. Você pode ver as fotos em tamanho maior clicando nas imagens, mas o ideal mesmo é darmos um crop em detalhes da imagem, para vermos melhor a diferença de desempenho entre as duas câmeras.

Crop da imagem anterior, destacando a cratera de Tycho

Na imagem acima percebemos claramente a diferença entra as duas imagens. Não é assim um escândalo, mas ela existe e é visível. Chega a parecer que a imagem acima está um pouco embaçada.
Vamos agora pegar uma parte mais escura da Lua, na interessante cratera Schiller. Nessa imagem, a diferença entre as duas fica ainda mais evidente. O nível de detalhes percebido é muito maior.

Crop da imagens anteriores, destacando a cratera de Schiller

A câmera colorida não fez feio, mas ao analisarmos a imagem mais de perto, percebemos claramente a diferença. Se a intenção for publicar a foto num tamanho maior e observar o máximo de detalhes possível das crateras, a diferença ficará bastante evidente. E interessante como não dá para perceber na imagem sem crop o que vemos na imagem da cratera Schiller, a câmera monocromática lida muito melhor com o contraste entre a parte escura e a parte clara da Lua. Eu ainda quero fazer um teste comparando a DBK41AU02.AS com a Canon T2i + EOS Movie Recorder. Imagino que o desempenho será muito parecido.

O que tenho a dizer é que no fundo não gostei muito de nenhuma das duas câmeras, que não permitem um número muito elevado de frames antes de estourarem a "cota" do Registax. Com vídeos acima de um Giga é preciso muita paciência para lidar com este programa. Em minha opinião, A DMK21AU02.AS, modelo da Imaging Source que faz vídeos de 60 frames por segundo em 640x480 é muito superior na captação de detalhes das crateras, pois permite vídeos de até 3500 frames com o mesmo gasto de tempo de captação antes de atingirem 1 gigabyte de tamanho, produzindo imagens muito melhores. E com a Lua é muito fácil de fazer mosáicos.

Também acho muito estranho que a Imaging Source não permita que as suas câmeras que gravam na resolução de 1280x960 não possam dar um crop no sensor e gravar em 60 frames por segundo na resolução 640x480. O Armazém do Telescópio está vendendo umas interessantes câmeras que possuem essa capacidade, de gravar em várias resoluções e velocidades de gravação. Acho que a Imaging Source não faz isso para obrigar as pessoas a comprarem as duas câmeras. A DMK41 tem algumas vantagens em relação a sua irmã menor: é uma câmera de autoguiagem com 4 vezes mais campo, é melhor na astrofotografia Solar, onde mosáicos são muito mais difíceis de serem feitos (embora perfeitamente possíveis) e também irá ser superior se você arriscar fotografia de céu profundo com câmeras da Imaging Source.

Na dúvida entre a DMK21AU02.AS, com 60 frames por segundo em 640x480, e a DMK41AU02.AS, com 15 frames por segundo em 1280x960 leve a DMK31AU03.AS que grava 30 frames por segundo em 1024x768. O Armazém do Telescópio também está com uma excelente série de câmeras capazes de gravar em várias velocidades e resoluções (quanto menor a resolução, maior a velocidade), é uma pena que parece que fizeram tanto sucesso que esgotaram na primeira semana.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nebulosa de Orion em 3 frames e um pouco sobre cores mapeadas

Eu normalmente tentava lutar contra as nuvens nessa época de chuvas. Normalmente mantinha o blog animado com muitas imagens, principalmente do Sol. Mas agora que estou definitivamente focado em céu profundo, vai ser difícil conseguir mostrar boas fotos neste luta ingrata. A fotografia de ceu profundo não aceita um céu mais ou menos aberto, você precisa de longos tempos de exposição e o campo é muito maior, por isso a presença de umas poucas nuvens no céu podem complicar as coisas. Já para fotografia planetária e lunar, uma pequena brecha de cinco minutos pode ser o suficiente para milhares de frames que serão empilhados no Registax.

Sexta-feira o céu estava bastante aberto, então finalmente, depois de meses, tomei coragem e levei meu telescópio para a varanda  (antes eu tinha fotografado DSO's no EBA e na chácara). Eu tive cerca de duas horas de céu limpo antes que as nuvens tomassem o céu. Metade desse tempo eu gastei alinhando o telescópio e no resto tentei uma imagem das Plêiades, que não ficou muito boa, por causa, principalmente, de uma falha na captação dos flat frames (eu usei uma tampa de uma caixa de  CD).

Depois parti para a Nebulosa de Orion, era quando a situação ia ficar realmente divertida e eu ia testar os filtros de cores mapeadas (H-Alpha,OIII e SII). Mas nuvens tomaram o céu. Eu até consegui fazer um frame com cada filtro, só para testar. Achei interessante como o foco muda quando se coloca o filtro SII. Isso é algo que já tinha ouvido falar. Quando você utiliza roda de filtros, principalmente num telescópio refrator, o ponto focal pode mudar de um filtro para outro. 

Apesar de ter conseguido apenas um frame de cada imagem, e de estar fotografando em JPG e em tamanho pequeno, afinal, era só um teste, deixo aqui a composição que fiz com as três imagens. Estou ansioso para conseguir empilhar uns 30 frames de cada e em RAW.

M42 com apenas 3 frames (1 H-Alpha - 1 OIII e 1 SII)


A utilização de DSLRs coloridas para captação das chamadas cores mapeadas não é recomendável, mas é possível, principalmente em nebulosas de campo aparente maior, já que a DSLR perde muito em resolução. Eu estou em vistas de adquirir minha primeira CCD para céu profundo (espero que eu não dê o azar que dei com a DMK41) e minha primeira experiência com imagens coloridas a partir de fotos monocromáticas, com Júpiter, se revelou bastante divertida.

Reparem também, na imagem acima, praticamente não houve tratamento e mesmo assim se vê muito pouco da poluição luminosa de Brasília. e olha que Orion estava para o leste, na direção do Plano Piloto, o lado com mais poluição luminosa. Essa é uma das grandes vantagens de se usar filtros de cores mapeadas em áreas urbanas. Como eles absorvem apenas uma faixa da luz, acabam absorvendo bem menos poluição luminosa do que  numa fotografia normal.

foi uma pena que as nuvens fecharam completamente o céu logo após a captação dessas imagens e eu tive que aceitar. No sábado estava combinado de um amigo ir aqui em casa para gente fazer uns testes, mas o céu fechou de forma maciça só voltando a abrir no domingo, quando eu não podia praticar astrofotografia por ter que dormir cedo.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Coroa Austral, com a lente de 135mm

Wide Field Coroa Austral
Uberlãndia - MG - 10 de Setembro de 2012
Exposição 30x60 segundos ISO 800
Canon T2i modificada - Lente 135mm F2.5 - EQ-1 Motorizada
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+10 darks)
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

O Tempo aqui em Brasília nas últimas semanas não tem dado chance para a prática da astrofotografia. no último feriado, dia 12, eu estava cheio de vontade de brincar com uma DMK41AU02.AS que um amigo me emprestou, mas as chuvas não deram chance.

Então, eu andava meio que sem nada para publicar no blog, mas eis que descubro que deixei passar completamente uma interessante imagem que fiz na chácara durante o feriado de 7 de sembro. Da região conhecida como Coroa Austral, que se destaca pelas nebulosas escuras presentes. eu já tinha feito duas imagens dessa região.

Ainda tenho o que melhorar, mas essa é a minha melhor imagem dessa região, cuja área ocupada é totalmente adequada a lente de 135mm. Nebulosas escuras, principalmente quando não estão a frente de uma área massiva de estrelas, são melhor fotografas com CCDs monocromáticas, mas com um bom céu dá pra fazer alguma coisa com uma DSLR.

domingo, 7 de outubro de 2012

Júpiter com a DMK21AU04.AS - Primeira imagem com filtros RGB


Ontem foi dia de visitar meu amigo Gabriel, que possuí um C11 e estava estreando uma possante montagem Losmandi G11. A gente queria aproveitar também para tentar uma foto de Júpiter com a DMK21AU04.AS. Vale lembrar que não se trata mais da minha câmera, que foi vendida essa semana, mas do Gabriel, que comprou também uma DMK41AU02.AS, que diga-se de passagem, ele me emprestou ao final da noite.

Infelizmente não conseguimos fazer o Go-To da G11 funcionar. O Gabriel deve pedir ajuda para um amigo que possuí uma montagem igual e que provavelmente vai explicar o que não conseguimos entender na montagem. Então colocamos o C11 sobre a boa e velha CG-5 mesmo, mais a roda de filtro L-RGB, os filtros e a DMK21 e tentamos a que seria a minha primeira foto RGB. Haviam outros astrônomos amadores no local, mas a captação foi feita basicamente por mim e pelo Gabriel. O processamento foi feito por mim.

A imagem ficou boa, foi minha mellhor foto planetária. Juntar as imagens monocromáticas para criar a imagem colorida foi muito fácil e as cores ficaram excelentes. Só lamento que o nível de detalhes apresentado pela imagem final tenha sido fraco para o nível do equipamento usado. Muita coisa pode ter atrapalhado. Em cima da CG-5 o C11 balança muito, não foram capturados tantos frames e o C11 pode não estar tão colimado. Apesar de tudo é uma evolução e ver que juntar imagens monocromáticas é algo tão simples, me deixa muito animado. Já na semana passada que acabei decidindo não vender meu conjunto de filtros e vou esperar para ter condições para comprar uma Atik 383 monocromática. E semana que vem devo tentar umas fotos de céu profundo com a DMK41 emprestada pelo Gabriel.

Deixo para vocês um vídeo que mostra como juntei os canais RGB. Talvez tenha ficado meio corrido, mas acho que dá pra entender bem nas partes principais.