terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nebulosa de Orion em 3 frames e um pouco sobre cores mapeadas

Eu normalmente tentava lutar contra as nuvens nessa época de chuvas. Normalmente mantinha o blog animado com muitas imagens, principalmente do Sol. Mas agora que estou definitivamente focado em céu profundo, vai ser difícil conseguir mostrar boas fotos neste luta ingrata. A fotografia de ceu profundo não aceita um céu mais ou menos aberto, você precisa de longos tempos de exposição e o campo é muito maior, por isso a presença de umas poucas nuvens no céu podem complicar as coisas. Já para fotografia planetária e lunar, uma pequena brecha de cinco minutos pode ser o suficiente para milhares de frames que serão empilhados no Registax.

Sexta-feira o céu estava bastante aberto, então finalmente, depois de meses, tomei coragem e levei meu telescópio para a varanda  (antes eu tinha fotografado DSO's no EBA e na chácara). Eu tive cerca de duas horas de céu limpo antes que as nuvens tomassem o céu. Metade desse tempo eu gastei alinhando o telescópio e no resto tentei uma imagem das Plêiades, que não ficou muito boa, por causa, principalmente, de uma falha na captação dos flat frames (eu usei uma tampa de uma caixa de  CD).

Depois parti para a Nebulosa de Orion, era quando a situação ia ficar realmente divertida e eu ia testar os filtros de cores mapeadas (H-Alpha,OIII e SII). Mas nuvens tomaram o céu. Eu até consegui fazer um frame com cada filtro, só para testar. Achei interessante como o foco muda quando se coloca o filtro SII. Isso é algo que já tinha ouvido falar. Quando você utiliza roda de filtros, principalmente num telescópio refrator, o ponto focal pode mudar de um filtro para outro. 

Apesar de ter conseguido apenas um frame de cada imagem, e de estar fotografando em JPG e em tamanho pequeno, afinal, era só um teste, deixo aqui a composição que fiz com as três imagens. Estou ansioso para conseguir empilhar uns 30 frames de cada e em RAW.

M42 com apenas 3 frames (1 H-Alpha - 1 OIII e 1 SII)


A utilização de DSLRs coloridas para captação das chamadas cores mapeadas não é recomendável, mas é possível, principalmente em nebulosas de campo aparente maior, já que a DSLR perde muito em resolução. Eu estou em vistas de adquirir minha primeira CCD para céu profundo (espero que eu não dê o azar que dei com a DMK41) e minha primeira experiência com imagens coloridas a partir de fotos monocromáticas, com Júpiter, se revelou bastante divertida.

Reparem também, na imagem acima, praticamente não houve tratamento e mesmo assim se vê muito pouco da poluição luminosa de Brasília. e olha que Orion estava para o leste, na direção do Plano Piloto, o lado com mais poluição luminosa. Essa é uma das grandes vantagens de se usar filtros de cores mapeadas em áreas urbanas. Como eles absorvem apenas uma faixa da luz, acabam absorvendo bem menos poluição luminosa do que  numa fotografia normal.

foi uma pena que as nuvens fecharam completamente o céu logo após a captação dessas imagens e eu tive que aceitar. No sábado estava combinado de um amigo ir aqui em casa para gente fazer uns testes, mas o céu fechou de forma maciça só voltando a abrir no domingo, quando eu não podia praticar astrofotografia por ter que dormir cedo.

7 comentários:

  1. Ola, venho acompanhando seu blog, que por sinal é de extrema qualidade e muito divertido (me perco nas horas o vendo), e estou querendo me iniciar nesta aventura.
    Porém, como qualquer iniciante estou cheio de duvidas, mas perguntar a mais pertinente.
    Vou começar apenas com uma câmera DLSR (D5100) com lentes do Kit (18-55mm) e outra 55-200mm, então a duvida é:
    Possuo um tripé normal para câmeras (fixa), olhando suas fotos de longa exposição eu não sei dizer se eu tenho que fazer um enquadramento a cada frame, ou se deixo fixo durante todo ensaio (que por sua vez o motivo a ser fotografado terá "andado").

    No caso eu tenho que fazer o acompanhamento a cada frame?

    E no caso de composições, com arvores ao fundo por exemplo, se faço o acompanhamento celeste, o motivo ficaria estático, porém as arvores não. Pergunto isso para empilhamento usando o DSS.

    Me desculpe o longo post, mas se for possível me ajudar, agradeço.

    Muito obrigado e ótimas fotos.

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  2. Valeu Roberto. Bem, para câmera fixa você dificilmente usará a lente de 55-200. câmera fixa pede campos maiores (ou zoons menores), para que o movimento das estrelas não seja perceptível. Em 18 ou até uns 30mm é possível tirar umas vinte fotos sem que o objeto se movimento siginificamente. Depois você mexe o tripé um pouco para compensar a movimentação e tira mais umas 20 imagens.

    eu tenho feito excelentes fotos com a câmera e uma lente de 135mm, mas não é câmera fixa, estou usando uma Eq-1 motorizada, que me custou pouco mais de 500 reais. Investimento que vale muito a pena, pois permite exposições de até um minuto ou mais e não há necessidade de mexer no tripé. O motor está a venda na Astroshop, mas infelizmente eu comprei a última Eq-1.

    Quanto a fotos com cenários a frente, como árvores e montanhas. Essas fotos precisam mais é de uma lente bem clara, para que o ISO seja mais baixo e a imagem de frame único tenha menos ruído. Abraços, Rodrigo

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    1. Valeu Rodrigo, obrigado pela rapida resposta.

      Espero que at[e Dezembro eu consiga achar a EQ1, ou melhor a EQ2, para ter um setup rasoável para começo.

      Enquanto isso vou me aventurando com as grandes aberturas.

      Boas fotos.

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  3. Não sei se as postagens anteriores que enviei formam publicadas - acho que não pelo que ví, então estou repetindo a mesma dúvida:
    Tenho um refrator de 90 mm (simples) o qual só troquei a montagem por uma EQ 3-2 motorizada nos dois eixos. Estou pensando em retirar o filtro infravermelho de minha DSLR e substituí-lo por esse:
    http://caleidocosmo.commercesuite.com.br/baader-filtro-bcf-de-conversao-para-cameras-dslr-canon-eos-pr-495-359578.htm
    Vale a pena a modificação? Terei ganho significativo nas imagens com meu (simples) equipamento?
    E esta história de cores mapeadas...enviei esta dúvida para um fornecedor de filtros e ele me disse que os 3 filtros que postei não se destinavam para câmeras DSLR:
    http://caleidocosmo.commercesuite.com.br/baader-filtro-o-iii-padrao-1-25-pr-274-359578.htm
    http://caleidocosmo.commercesuite.com.br/baader-filtro-h-alpha-35nm-padrao-1-25-pr-282-359578.htm
    http://caleidocosmo.commercesuite.com.br/baader-filtro-sii-8nm-ccd-padrao-1-25-pr-290-359578.htm
    Procede a orientação? Mesmo com esses filtros teria que retirar o infra da DSLR?
    Vou aproveitar a postagem....vem algum livro SEU sobre astrofotografia por aí???
    Ufa! Obrigado pela paciência e um grande abraço...

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    1. André, primeiro em relação ao filtro BFC. É esse mesmo. Este é o filtro que comprei pra minha câmera e ele foi uma aposta mais do que acertada.

      Quanto aos filtros de banda estreita, eles são mais indicados para câmeras monocromáticas, mas eu já tive algumas boas experiências usando estes filtros com DSLRs, pena que ao adquirir uma CCd monocromática não dei continuidade aos trabalhos.

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  4. Bom dia Rodrigo! Modifiquei minha DSLR como havia perguntado na postagem anterior e realmente a decisão foi mais que certa - ficou ótima para DSO. Obrigado pelo conselho!!!
    Contudo confesso que tinha dificuldades em trabalhar com o programa de empilhamento D.S.S., mas depois de algum treino (e assistindo seu vídeo) estou me entendendo com os comandos. Aí fico olhando sua foto de Órion acima e gostaria de tentar "brincar" com as cores mapeadas. Com a DSLR modificada conseguirei captar emissões utilizando filtros LRGB suficientes para empilhar no D.S.S.? Se sim, os filtros poderiam ser esses:
    http://caleidocosmo.commercesuite.com.br/baader-conjunto-de-filtros-lrgb-padrao-1-25-pr-280-359578.htm
    Um grande abraço e obrigado!

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    1. André. Os filtros não são esses. Estes filtros LRGB são para se fazer imagens em cores naturais com câmeras monocromáticas, algo que não faz sentido numa câmera colorida. Para cores mapeadas você precisa dos filthos H-Alpha, OIII e SII. É possível fazer imagens em cores mapeadas com câmeras coloridas. Pode não ficar a mesma coisa do que numa monocromática, mas fica interessante, principalmente porque a grande resolução da Canon compensa o maior ruído. Hoje, como tenho uma câmera monocromática, confesso que perdi o interesse de tentar fotos em cores mapeadas com a Canon.

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Eu tenho me esforçado para responder todos os comentários, mas posso demorar um pouco, ou mesmo esquecer algum. Por isso, peço paciência e não fiquem constrangidos de me darem um toque, caso eu esteja demorando demais.