terça-feira, 30 de outubro de 2012

Um passo adiante para imagens em Hubble Palette com DSLR

 M42 - Nebulosa de Orion
Águas Claras- DF - 27 de Outubro de 2012
Exposição 13x120 segundos ISO 800(para cada canal - H-ALpha, OIII e SII)
Canon T2i modificada - ED 102mmF7 - CG5
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+10 darks, +4 Flats e 4 dark Flats para cada canal)
Pós-Processamento - Photo Shop CS4 e Windows Live Galery

Veja a imagem acima. Está longe de ser a minha melhor foto. Tem erros visíveis e foi tirada durante a Lua Cheia. Mas é uma das imagens que mais me deu alegria até hoje. E por que uma imagem tão deficitária me deixaria tão feliz? Repare bem nela e você verá que essa não é uma foto comum da nebulosa de Orion (M42), ela foi feita a partir de três imagens cada uma captada com um filtro especial diferente (H-Alpha, OIII e SII). Reparem também que foi utilizado o Hubble Palette na imagem, e com sucesso.

Eu estava tão ansioso para fotografar em Hubble Palette que tive que aproveitar o céu aberto em plena Lua cheia. Eu também acabei fotografando mais cedo do que devia. Se tivesse esperado um pouco mais, Orion estaria mais alta no céu e longe das luzes do plano piloto aqui em Brasília. Além disso, se o céu estava aberto, estava longe de estar limpo. Praticamente todo o céu estava embaçado, no dia seguinte, com a Lua já praticamente um circulo perfeito, deu pra ver claramente que o céu estava muito mais limpo.

Agora é esperar pela Lua nova, fazer muito mais frames do que os 13 que fiz para cada filtro (120 segundos em ISO 800), trabalhar melhor o foco (num refrator ED, cada filtro apresenta um ponto focal diferente) e tentar uma foto realmente bonita da Nebulosa de Orion. Agora é rezar, e muito, para um céu limpo no feriado de 15 de novembro. Eu espero também, publicar junto com esta nova imagem um tutorial bem legal de como fotografar imagens em Hubble Palette com DSLRs.

Assim estava a Lua no dia da imagem acima. Esta foto foi feita com o Setup de Autoguiagem (Travelscope 70mm + DBK 41AU02.AS

sábado, 27 de outubro de 2012

Comparando uma Câmera CCD colorida com sua equivalente monocromática

Ontem o céu estava limpíssimo aqui em Brasília. Era uma pena que a Lua estivesse quase cheia, mas resolvi aproveitar a situação e comparar duas câmeras que estão comigo aqui em casa. A primeira é a DMK41AU02.AS emprestada por um amigo e a segunda é uma DBK41AU02.AS que eu possuo. Essa sopa de letrinhas pode parecer meio confusa, por isso vou dizer apenas que são duas câmeras totalmente equivalentes. A única diferença é que a primeira é o modelo monocromático, enquanto a segunda é o modelo colorido.

Para quem não se lembra. Eu havia comprado o modelo monocromático de uma loja de Portugal. Mas infelizmente eles me mandaram o modelo colorido por engano. Meu amigo que me emprestou a câmera monocromática adquiriu a DMK41 e a DMK21 por indicação minha. Felizmente ele deu mais sorte e recebeu as câmeras corretas.

Mas vamos ao teste. De cara eu percebo algo muito interessante entre as duas câmeras. A câmera monocromática só registra no modo de compressão Y800, em até 15 frames por segundo. A Colorida também registra nesse modo de compressão e quando colocada neste modo também grava em 15 frames por segundo, mas daí a imagem fica com um aspecto esquisito, toda quadriculada. A câmera colorida também tem o modo de compresão UYVY, que não apresenta interferências. Mas neste modo, que é o único usável, grava apenas em 7.5 frames por segundo (Isso no meu netbook). Além de gravar com a metade da velocidade, os arquivos também ficam com o dobro do tamanho. Então, para gravar 700 frames a câmera monocromática cria um vídeo com 900 megabytes, enquanto a colorida, para o mesmo número de frames, cria um arquivo com 1,8 gigabytes.

É de conhecimento de todos com um pouco de leitura sobre astrofotografia, que câmeras monocromáticas são melhores para astrofotografia do que câmeras coloridas. Então, esse teste não foi para ver qual duas duas é melhor, já que teríamos uma óbvia vencedora. O que eu queria ver é qual é a exata diferença entre as duas câmeras.

No teste eu comparei duas imagens feitas com a Shorty 2x Barlow destacando a cratera de Tycho. Resolvi usar como critério o tamanho dos vídeos e não o número de frames. Ambos os vídeos tem cerca de 800 megas. Com 350 frames para a câmera colorida e 700 para a câmera monocromática. Vale lembrar que o tempo de captação também foi o mesmo para ambos, pois a monocromática captura duas vezes mais frames por segundo. Por isso eu considero esta a comparação mais justa, pois temos tanto o tempo de captação como o espaço em disco ocupado equivalentes. Vale ainda lembrar que se o vídeo tiver mais de um Gigabyte, o Registax entra em Extended Vídeo Mode, ou "modo retardado", onde para cada comando é necessário esperar uns cinco minutos pela resposta.

Vamos abaixo as duas imagens.

Imagem feita com a câmera MONOCROMÁTICA

Imagem feita com a câmera COLORIDA
Com as imagens em tamanho pequeno não é muito fácil perceber a diferença. Apenas parece que a da câmera monocromática está ligeiramente mais escura. Você pode ver as fotos em tamanho maior clicando nas imagens, mas o ideal mesmo é darmos um crop em detalhes da imagem, para vermos melhor a diferença de desempenho entre as duas câmeras.

Crop da imagem anterior, destacando a cratera de Tycho

Na imagem acima percebemos claramente a diferença entra as duas imagens. Não é assim um escândalo, mas ela existe e é visível. Chega a parecer que a imagem acima está um pouco embaçada.
Vamos agora pegar uma parte mais escura da Lua, na interessante cratera Schiller. Nessa imagem, a diferença entre as duas fica ainda mais evidente. O nível de detalhes percebido é muito maior.

Crop da imagens anteriores, destacando a cratera de Schiller

A câmera colorida não fez feio, mas ao analisarmos a imagem mais de perto, percebemos claramente a diferença. Se a intenção for publicar a foto num tamanho maior e observar o máximo de detalhes possível das crateras, a diferença ficará bastante evidente. E interessante como não dá para perceber na imagem sem crop o que vemos na imagem da cratera Schiller, a câmera monocromática lida muito melhor com o contraste entre a parte escura e a parte clara da Lua. Eu ainda quero fazer um teste comparando a DBK41AU02.AS com a Canon T2i + EOS Movie Recorder. Imagino que o desempenho será muito parecido.

O que tenho a dizer é que no fundo não gostei muito de nenhuma das duas câmeras, que não permitem um número muito elevado de frames antes de estourarem a "cota" do Registax. Com vídeos acima de um Giga é preciso muita paciência para lidar com este programa. Em minha opinião, A DMK21AU02.AS, modelo da Imaging Source que faz vídeos de 60 frames por segundo em 640x480 é muito superior na captação de detalhes das crateras, pois permite vídeos de até 3500 frames com o mesmo gasto de tempo de captação antes de atingirem 1 gigabyte de tamanho, produzindo imagens muito melhores. E com a Lua é muito fácil de fazer mosáicos.

Também acho muito estranho que a Imaging Source não permita que as suas câmeras que gravam na resolução de 1280x960 não possam dar um crop no sensor e gravar em 60 frames por segundo na resolução 640x480. O Armazém do Telescópio está vendendo umas interessantes câmeras que possuem essa capacidade, de gravar em várias resoluções e velocidades de gravação. Acho que a Imaging Source não faz isso para obrigar as pessoas a comprarem as duas câmeras. A DMK41 tem algumas vantagens em relação a sua irmã menor: é uma câmera de autoguiagem com 4 vezes mais campo, é melhor na astrofotografia Solar, onde mosáicos são muito mais difíceis de serem feitos (embora perfeitamente possíveis) e também irá ser superior se você arriscar fotografia de céu profundo com câmeras da Imaging Source.

Na dúvida entre a DMK21AU02.AS, com 60 frames por segundo em 640x480, e a DMK41AU02.AS, com 15 frames por segundo em 1280x960 leve a DMK31AU03.AS que grava 30 frames por segundo em 1024x768. O Armazém do Telescópio também está com uma excelente série de câmeras capazes de gravar em várias velocidades e resoluções (quanto menor a resolução, maior a velocidade), é uma pena que parece que fizeram tanto sucesso que esgotaram na primeira semana.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nebulosa de Orion em 3 frames e um pouco sobre cores mapeadas

Eu normalmente tentava lutar contra as nuvens nessa época de chuvas. Normalmente mantinha o blog animado com muitas imagens, principalmente do Sol. Mas agora que estou definitivamente focado em céu profundo, vai ser difícil conseguir mostrar boas fotos neste luta ingrata. A fotografia de ceu profundo não aceita um céu mais ou menos aberto, você precisa de longos tempos de exposição e o campo é muito maior, por isso a presença de umas poucas nuvens no céu podem complicar as coisas. Já para fotografia planetária e lunar, uma pequena brecha de cinco minutos pode ser o suficiente para milhares de frames que serão empilhados no Registax.

Sexta-feira o céu estava bastante aberto, então finalmente, depois de meses, tomei coragem e levei meu telescópio para a varanda  (antes eu tinha fotografado DSO's no EBA e na chácara). Eu tive cerca de duas horas de céu limpo antes que as nuvens tomassem o céu. Metade desse tempo eu gastei alinhando o telescópio e no resto tentei uma imagem das Plêiades, que não ficou muito boa, por causa, principalmente, de uma falha na captação dos flat frames (eu usei uma tampa de uma caixa de  CD).

Depois parti para a Nebulosa de Orion, era quando a situação ia ficar realmente divertida e eu ia testar os filtros de cores mapeadas (H-Alpha,OIII e SII). Mas nuvens tomaram o céu. Eu até consegui fazer um frame com cada filtro, só para testar. Achei interessante como o foco muda quando se coloca o filtro SII. Isso é algo que já tinha ouvido falar. Quando você utiliza roda de filtros, principalmente num telescópio refrator, o ponto focal pode mudar de um filtro para outro. 

Apesar de ter conseguido apenas um frame de cada imagem, e de estar fotografando em JPG e em tamanho pequeno, afinal, era só um teste, deixo aqui a composição que fiz com as três imagens. Estou ansioso para conseguir empilhar uns 30 frames de cada e em RAW.

M42 com apenas 3 frames (1 H-Alpha - 1 OIII e 1 SII)


A utilização de DSLRs coloridas para captação das chamadas cores mapeadas não é recomendável, mas é possível, principalmente em nebulosas de campo aparente maior, já que a DSLR perde muito em resolução. Eu estou em vistas de adquirir minha primeira CCD para céu profundo (espero que eu não dê o azar que dei com a DMK41) e minha primeira experiência com imagens coloridas a partir de fotos monocromáticas, com Júpiter, se revelou bastante divertida.

Reparem também, na imagem acima, praticamente não houve tratamento e mesmo assim se vê muito pouco da poluição luminosa de Brasília. e olha que Orion estava para o leste, na direção do Plano Piloto, o lado com mais poluição luminosa. Essa é uma das grandes vantagens de se usar filtros de cores mapeadas em áreas urbanas. Como eles absorvem apenas uma faixa da luz, acabam absorvendo bem menos poluição luminosa do que  numa fotografia normal.

foi uma pena que as nuvens fecharam completamente o céu logo após a captação dessas imagens e eu tive que aceitar. No sábado estava combinado de um amigo ir aqui em casa para gente fazer uns testes, mas o céu fechou de forma maciça só voltando a abrir no domingo, quando eu não podia praticar astrofotografia por ter que dormir cedo.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Coroa Austral, com a lente de 135mm

Wide Field Coroa Austral
Uberlãndia - MG - 10 de Setembro de 2012
Exposição 30x60 segundos ISO 800
Canon T2i modificada - Lente 135mm F2.5 - EQ-1 Motorizada
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45 (+10 darks)
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

O Tempo aqui em Brasília nas últimas semanas não tem dado chance para a prática da astrofotografia. no último feriado, dia 12, eu estava cheio de vontade de brincar com uma DMK41AU02.AS que um amigo me emprestou, mas as chuvas não deram chance.

Então, eu andava meio que sem nada para publicar no blog, mas eis que descubro que deixei passar completamente uma interessante imagem que fiz na chácara durante o feriado de 7 de sembro. Da região conhecida como Coroa Austral, que se destaca pelas nebulosas escuras presentes. eu já tinha feito duas imagens dessa região.

Ainda tenho o que melhorar, mas essa é a minha melhor imagem dessa região, cuja área ocupada é totalmente adequada a lente de 135mm. Nebulosas escuras, principalmente quando não estão a frente de uma área massiva de estrelas, são melhor fotografas com CCDs monocromáticas, mas com um bom céu dá pra fazer alguma coisa com uma DSLR.

domingo, 7 de outubro de 2012

Júpiter com a DMK21AU04.AS - Primeira imagem com filtros RGB


Ontem foi dia de visitar meu amigo Gabriel, que possuí um C11 e estava estreando uma possante montagem Losmandi G11. A gente queria aproveitar também para tentar uma foto de Júpiter com a DMK21AU04.AS. Vale lembrar que não se trata mais da minha câmera, que foi vendida essa semana, mas do Gabriel, que comprou também uma DMK41AU02.AS, que diga-se de passagem, ele me emprestou ao final da noite.

Infelizmente não conseguimos fazer o Go-To da G11 funcionar. O Gabriel deve pedir ajuda para um amigo que possuí uma montagem igual e que provavelmente vai explicar o que não conseguimos entender na montagem. Então colocamos o C11 sobre a boa e velha CG-5 mesmo, mais a roda de filtro L-RGB, os filtros e a DMK21 e tentamos a que seria a minha primeira foto RGB. Haviam outros astrônomos amadores no local, mas a captação foi feita basicamente por mim e pelo Gabriel. O processamento foi feito por mim.

A imagem ficou boa, foi minha mellhor foto planetária. Juntar as imagens monocromáticas para criar a imagem colorida foi muito fácil e as cores ficaram excelentes. Só lamento que o nível de detalhes apresentado pela imagem final tenha sido fraco para o nível do equipamento usado. Muita coisa pode ter atrapalhado. Em cima da CG-5 o C11 balança muito, não foram capturados tantos frames e o C11 pode não estar tão colimado. Apesar de tudo é uma evolução e ver que juntar imagens monocromáticas é algo tão simples, me deixa muito animado. Já na semana passada que acabei decidindo não vender meu conjunto de filtros e vou esperar para ter condições para comprar uma Atik 383 monocromática. E semana que vem devo tentar umas fotos de céu profundo com a DMK41 emprestada pelo Gabriel.

Deixo para vocês um vídeo que mostra como juntei os canais RGB. Talvez tenha ficado meio corrido, mas acho que dá pra entender bem nas partes principais.